Andei lendo a Resolução Política do Diretório Nacional do PT -- que todo mundo pode consultar neste link:
http://www.pt.org.br/wp-content/uploads/2014/11/Resolu%C3%A7%C3%A3o-Pol%C3%ADtica.pdf -- e pensei que tínhamos recuado no tempo e no espaço.
Pensei que estávamos no início da Guerra Fria, numa dessas "democracias populares" da Europa oriental, onde o Exército Soviético ajudava os frágeis partidos comunistas da região a "revolucionar a sociedade", a "criar o homem novo", tentando convencer os desconfiados cidadãos que tudo aquilo era luta anti-fascista, que tudo aquilo era a continuidade da luta contra o nazismo, e que o socialismo em construção representaria a verdadeira liberdade e que tudo isso iria trazer prosperidade ao povo.
Só trouxe miséria e opressão, obviamente, e por isso esses povos se revoltaram várias vezes, até tudo desmoronar na queda do muro de Berlim, exatamente 25 anos atrás (vejam post anterior).
Pois bem: ao ler essa resolução do PT pensei que estivéssemos recuando para tempos anteriores, e que o PT, como esses partidos do stalinismo triunfante apenas desejasse confirmar velhas mentiras, e convencer todo mundo que a sua visão do mundo é que está certa.
Destaco algumas pérolas desse documento.
1) "Uma
vitória comemorada por todos os setores
democráticos, progressistas e de esquerda no mundo e, particularmente, na
América Latina e no Caribe.
"
PRA: Sem dúvida: os comunistas cubanos (que devem sua sobrevivência financeira aos companheiros brasileiros) e os bolivarianos em geral rejubilaram com essa notícia. Ufa!, disseram.
2) "
Foi uma disputa duríssima, contra adversários
apoiados pela direita, pelo oligopólio da mídia, pelo grande capital e seus
aliados internacionais.
"
PRA: Exatamente a mesma linguagem que os stalinistas usavam nos anos 1950: sempre o grande capital e a grande mídia são os inimigos dos companheiros. Que coisa hem?
3) "
Vencemos graças à consciência política de
importantes parcelas de nosso povo, da mobilização da antiga e da nova
militância de esquerda, da participação de partidos de esquerda
..."
PRA: Essa consciência política se chama dependência dos mais pobres do Bolsa Família, submetidos ao terrorismo eleitoral dos companheiros, que nunca deixaram de dizer que a prebenda só continuaria com o voto no partido do poder. Pobres em geral sempre votam no governo. Basta ver a alta correlacão entre voto no oficialismo e proporção da população inscrita no BF. Quanto aos militantes, metade dispõe de uma boquinha no Estado, e não poderiam ficar fora da luta pelo continuismo.
4) "
A oposição, encabeçada por Aécio Neves, além de
representar o retrocesso neoliberal, incorreu nas piores práticas políticas: o
machismo, o racismo, o preconceito, o ódio, a intolerância, a nostalgia da
ditadura militar.
"
PRA: Essas foram justamente as mentiras e as calúnias usadas intensamente durante a campanha. Nunca antes no Brasil um partido havia descido tão baixo na fraude política.
5) "
É urgente construir hegemonia na sociedade,
promover reformas estruturais, com destaque para a reforma política e a
democratização da mídia.
"
PRA: Exatamente a linguagem do gramscismo de botequim que eles usam em todas as ocasiões. O partido deve controlar a sociedade, o partido é maior do que o país. Isso se chama totalitarismo.
6) "...será
necessário, em conjunto com partidos de esquerda,
desencadear um amplo processo de mobilização e organização dos milhões de
brasileiros e brasileiras que saíram às ruas
para apoiar Dilma Rousseff, mas também para
defender nossos direitos humanos, nossos direitos à democracia, ao bem estar
social, ao desenvolvimento, à soberania nacional."
PRA: Idem, idem. Registre-se que se trata de "
nossos direitos humanos, nossos direitos à democracia"; ou seja, são os deles, não os de toda a população.
7) "...
para transformar o Brasil, é preciso combinar
ação institucional, mobilização social e revolução cultural.
"
PRA: Revolução Cultural? Vai ter algum livrinho vermelho, vão colocar os professores em campos de reeducação?
8) "...
certas medidas, impostas pela realidade
internacional e nacional, mas principalmente pela atitude de reação permanente
da oposição, precisam ser tomadas imediatamente.
"
PRA: O partido totalitário tem pressa em assegurar sua hegemonia sobre toda a sociedade. O projeto orwelliano precisa ser implementado rapidamente.
9) "
Adotar iniciativas para dar organicidade ao
grande movimento político-social que venceu o segundo turno... Compor uma ampla frente...
em defesa de reformas democrático-populares."
PRA: O mesmo gramscismo incontido, a mesma vontade de se impor sobre toda a sociedade. Reformas democrático-populares são todas aquelas que servem ao partido totalitário.
10) "
Relançar a campanha pela reforma política e pela
mídia democrática
..."
PRA: Ou seja, dominar completamente a sociedade, como sempre fizeram os partidos stalinistas.
11) "...
reforma política, precedida de um plebiscito,
através de uma Constituinte exclusiva;"
PRA: Leia-se: contornar os obstáculos constitucionais e legais à ditadura stalinista.
12) "
democracia na comunicação, com uma Lei da Mídia
Democrática
"
PRA: Leia-se: desmantelar o Partido da Imprensa Golpista, ou seja, a imprensa não subordinada ao partido e ainda independente.
13) "
democracia representativa, democracia direta e
democracia participativa, para que a mobilização e luta social influenciem a
ação dos governos, das bancadas e dos partidos políticos. O governo precisa dar
continuidade à participação social na definição e acompanhamento das políticas
públicas e tomar as medidas para reverter a derrubada da Política Nacional de
Participação Social, objeto de um decreto presidencial cancelado pela maioria
conservadora da Câmara dos Deputados
..."
PRA: A ofensiva pelo estrangulamento de toda a sociedade e sua submissão ao partido stalinista vai continuar...
14) "
compromisso com as reformas estruturais, com
destaque para a reforma política, as reformas agrária e urbana, a
desmilitarização das Polícias Militares;
"
PRA: Como as Forças Armadas ainda não se deixaram submeter, vão tentar começar pelas forças militares estaduais, colocando-as se possível sob o mando federal, do governo stalinista.
15) "
ampliar a importância e os recursos destinados
às áreas da comunicação, da educação, da cultura e do esporte, pois as grandes
mudanças políticas, econômicas e sociais precisam criar raízes no tecido mais
profundo da sociedade brasileira;
"
PRA: Este é o terreno de ação por excelência do gramscismo stalinista: quanto mais dinheiro da sociedade para as suas correias de transmissão melhor para os totalitários.
16) "
Afirmamos o compromisso com a revisão da Lei da
Anistia de 1979 e com a punição dos torturadores.
"
PRA: os guerrilheiros derrotados querem se vingar dos que os derrotaram.
17) "
controle democrático e republicano sobre as
instituições que administram a economia brasileira, entre as quais o Banco
Central, a quem compete entre outras missões combater a especulação financeira.
"
PRA: cenas explícitas de intervencionismo econômico e de estatistmo desenfreado.
18) "...
o Partido tem que retomar sua capacidade de
fazer política cotidiana, sua independência frente ao Estado, e ser muito mais
proativo no enfrentamento das acusações de corrupção, em especial no ambiente
dos próximos meses, em que setores da direita vão continuar premiando
delatores.
"
PRA: O problema não é a corrupção, ela pode e deve continuar. O problema são as acusações de corrupção, que devem ser combatidas. Elementar, não é mesmo?
19) "...
sugerir medidas claras no debate sobre a
política econômica, sobre a reforma política e em defesa da democracia nos
meios de comunicação. É preciso incidir na disputa principal em curso neste
início do segundo mandato: as definições sobre os rumos da política econômica."
PRA: Idem, idem. Os stalinistas precisam controlar tudo, do contrário nunca estarão satisfeitos.
20) "...
avançaremos em direção a um Brasil democrático-popular.
"
PRA: Todos os regimes ditatoriais do extinto socialismo pretendiam ser "democrático-populares". O partido totalitário não tem vergonha de propor esse modelo para a sociedade brasileira.
Não é preciso dizer mais nada sobre o partido totalitário. Ele se revelou totalmente nessa declaração política que é absolutamente clara nos seus objetivos de converter o Brasil num país dominado pelo partido stalinista, nos mesmos moldes do que existia nas antigas "democracias populares" do universo concentrácionario soviético que desmoronou com o muro de Berlim.
Os companheiros ainda não se converteram: eles continuam no stalinismo puro e duro da época triunfante do sistema soviético.
Para os que não conhecem suficientemente esse universo de totalitarismo, de privações política, de opressão individual e de miséria econômica, eu recomendaria os livros de Archie Brown, sobre a história do comunismo, e os dois de Anne Applebaum, sobre o Gulag e sobre a Europa oriental nos anos do stalinismo triunfante no imediato pós-Segunda Guerra. Leituras depressivas, mas necessárias.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 6 de novembro de 2014
(25 anos da queda do muro de Berlim)