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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O IBRI e a RBPI: sintese da producao intelectual brasileira em RI e PExtBr, 1954-2014

Estou revisando o trabalho abaixo, na verdade parte de um texto bem mais largo, que teve de ser encurtado para fins de publicação na plataforma Mundorama e no Boletim Meridiano 47, dirigido de forma competente pelo professor Antônio Carlos Lessa, aliás editor da Revista Brasileira de Política Internacional, da qual acontece eu eu ser editor-adjunto (seja lá o que isso queira dizer).
Vou publicar antecipadamente aqui apenas o início e o final dessa nota recapitulativa, bem como o início e o final do quadro analítico sobre a produção brasileira em relações internacionais e política externa do Brasil nestes últimos 60 anos.
O artigo completo será divulgado oportunamente, assim como partes que foram suprimidas, muito provavelmente em outro artigo. Em todo caso, o quadro analítico completo pode ser um instrumento útil aos pesquisadores da área, razão pela qual eu já o coloquei à disposição dos interessados na plataforma Academia.edu, como informado in fine.
Eu sempre digo divirtam-se, mas não creio que seja o caso desta vez, pois tem muita coisa para ler, e para pesquisar, nos mais de 60 desde a criação do IBRI, no velho Palácio Itamaraty do Rio de Janeiro.
Paulo Roberto de Almeida


O Instituto Brasileiro de Relações Internacionais e a Revista Brasileira de Política Internacional: contribuição intelectual, de 1954 a 2014

Paulo Roberto de Almeida
Diplomata de carreira; professor no Uniceub; editor-adjunto da RBPI.

Em 27 de janeiro de 1954, um pequeno grupo de intelectuais, de funcionários públicos e de profissionais liberais se reuniu no Palácio Itamaraty do Rio de Janeiro, sede do Ministério das Relações Exteriores desde o início da República, e tomou a decisão de criar a primeira instituição brasileira especificamente dedicada ao estudo da política internacional e de questões atinentes às relações exteriores do Brasil: o Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IBRI). Ele foi definido, nos seus estatutos, como uma sociedade civil com finalidades culturais, com o objetivo de “realizar, promover e incentivar estudos sobre problemas internacionais, especialmente os de interesse para o Brasil”. Condizente com a sede que abrigava o conclave, o IBRI congregaria, ao longo de sua existência continuada, vários diplomatas engajados em suas atividades, assim como devotaria parte de seus esforços analíticos e das iniciativas empreendidas nos anos e décadas seguintes ao registro, à exposição, para um público mais vasto, e à discussão dos mais diversos temas vinculados à relações internacionais, em especial ao pensamento e à ação da diplomacia brasileira.
Uma primeira grande iniciativa concretizou-se quatro anos depois, sob a forma de um periódico, a Revista Brasileira de Política Internacional (RBPI), o mais antigo e o mais prestigioso dos veículos especializados em temas internacionais no Brasil (ver o n. 1 neste link: http://cafemundorama.files.wordpress.com/2013/10/rbpi_1958_1.pdf). Ambos, o IBRI e a RBPI, passaram por diferentes etapas em seus itinerários respectivos de mais de meio século, em duas fases bem caracterizadas: a do Rio de Janeiro, de 1954-58 até 1992, e a de Brasília, a partir de 1993 aos nossos dias. Um pouco de sua história, ao completar o IBRI meio século de vida, foi recapitulada por este autor na nota comemorativa “Instituto Brasileiro de Relações Internacionais: 50 anos de um grande empreendimento intelectual” (Revista Brasileira de Política Internacional, vol. 47, n. 2, 2004, p. 223-226; link: http://www.scielo.br/pdf/rbpi/v47n2/v47n2a08.pdf ). 
(...)
Quanto à revista, ela não apenas recuperou suas excelentes qualidades analíticas dos anos do Rio de Janeiro, quanto cresceu exponencialmente em prestígio e audiência internacionais, o que é confirmado pela ampla gama de instrumentos de citação e de indexação de âmbito mundial. Dois nomes foram essenciais para essa feliz evolução institucional e intelectual: o professor emérito Amado Luiz Cervo, seu primeiro editor durante os primeiros dez anos da fase de Brasília, e desde 2004 o professor Antônio Carlos Lessa, que imprimiu notável modernização editorial e gráfica à revista, bem como atuou de forma decisiva para inculcar-lhe os mais rigorosos padrões de qualidade propriamente acadêmica (ver a coleção: http://ibri-rbpi.org/category/edicoes-da-rbpi/).
Ela é parte de um esforço mais amplo que também vem acompanhado de outros veículos e instrumentos de pesquisa e publicação, como a antiga plataforma Relnet e, desde muitos anos, a plataforma Mundorama. Por iniciativa do prof. Lessa, em 2000, foi criado o Boletim Meridiano 47, cujo significado foi explicado em seu primeiro número nestes termos: “Meridiano 47 é uma homenagem que o IBRI faz a Brasília (cidade cortada por aquela linha), onde está funcionando desde 1993, com o que renova o seu compromisso permanente com a análise de alto nível na área de relações internacionais, há muito firmado com a publicação ininterrupta da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI, que desde 1958 é testemunha e muitas vezes veículo preferencial  dos movimentos intelectuais e políticos que renovaram a ação internacional do Brasil, assumindo desde logo um papel de relevo na cultura política e acadêmica do país.” (n. 1 do boletim, neste link: http://periodicos.unb.br/index.php/MED/article/view/4774/4007)
O quadro analítico ao final deste ensaio tenta seguir esse longo itinerário a partir de uma compilação seletiva da produção intelectual em relações internacionais e sobre a política externa do Brasil, tal como repercutida em obras de acadêmicos, de diplomatas profissionais e de alguns poucos analistas estrangeiros, obras que foram consideradas relevantes para enquadrar essa rica evolução intelectual e prática do pensamento e da própria ação da diplomacia brasileira. Ele fornece um rápido instrumento de consulta sobre os trabalhos mais importantes publicados no Brasil nas últimas seis décadas, com destaque para a própria RBPI, ademais de uma seleção dos livros já integrados à literatura desses campos, e que marcaram cada um desses anos de aprofundamento analítico e de crescimento intelectual. O IBRI e a RBPI são peças destacadas, e certamente meritórias, desse cenário de realizações intelectuais, como tais destinados a perdurar no futuro previsível, num ambiente certamente mais competitivo do que o das primeiras décadas, e por isso mesmo mais estimulante em termos de rigor analítico e de preservação dos padrões de qualidade que sempre foram os seus.

Compilação seletiva da produção acadêmica e profissional em relações internacionais e em política externa do Brasil, de 1954 a 2014
1954
Fundação do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, no Palácio Itamaraty, RJ;
Cassiano Ricardo: O Tratado de Petrópolis; Lygia Azevedo e José S. da Gama e Silva: Evolução do Ministério das Relações Exteriores;
Lançamento do Boletim da ADESG (em 1968: Segurança e Desenvolvimento).
1955
Afonso Arinos: Um Estadista da República: Afrânio de Melo Franco e seu tempo; Álvaro Teixeira Soares: Diplomacia do Império no Rio da Prata.
1956
Revista do Clube Militar: Delgado de Carvalho e Therezinha de Castro: A Questão da Antártica.
1957
A. J. Bezerra de Menezes: O Brasil e o mundo ásio-africano; João Neves da Fontoura: Depoimentos de um ex-ministro.
1958
Lançamento da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI; no Rio de Janeiro de1958 a 1992; ano I, n. 1: Raul Fernandes: O malogro da segurança pela união das nações e a liderança americana; Hermes Lima: A conferência econômica da Organização dos Estados Americanos; ano I, n. 2: Oswaldo Aranha: Relações diplomáticas com a União Soviética; José Garrido Torres: Por que um mercado regional latino-americano?; ano I, n. 4: O. A. Dias Carneiro: Interesses políticos e econômicos dos Estados Unidos na América Latina;
Hélio Jaguaribe: O Nacionalismo na Atualidade Brasileira; Hélio Vianna: História diplomática do Brasil; Caio de Freitas: George Canning e o Brasil; Gilberto Freyre: Sugestões em torno de uma nova orientação para as relações internacionais do Brasil; Hélio Vianna: História Diplomática do Brasil.
 (...)
2014
Paulo Roberto de Almeida: Nunca Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais; Francisco Doratioto: O Brasil no Rio da Prata (1822-1994); Luiz Felipe Lampreia: Aposta em Teerã: o acordo nuclear entre o Brasil, Turquia e Irã; Lauro Escorel: Introdução ao Pensamento Político de Maquiavel (3a. ed.); Fernando Cacciatore de Garcia: Como Escrever a História do Brasil: Miséria e Grandeza;  
RBPI: Special issue: China; Henrique Altemani de Oliveira & Antônio Carlos Lessa: China rising: strategies and tactics of China's growing presence in the world; Jose León-Manríquez; Luis F. Alvarez: Mao's steps in Monroe's backyard: towards a United States-China hegemonic struggle in Latin America?; José Augusto Guilhon de Albuquerque: Brazil, China, US: a triangular relation?; RBPI, vol. 57, n. 1: Andrea Q. Steiner et alii: From Tegucigalpa to Teheran: Brazil's diplomacy as an emerging Western country.
Fontes: Elaboração de Paulo Roberto de Almeida, com base nos arquivos do IBRI/RBPI (http://ibri-rbpi.org/), do boletim Meridiano 47 (http://periodicos.unb.br/index.php/MED/issue/archive) e do Scielo (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0034-7329&lng=en&nrm=iso); 02/12/2014.

Nota: Versão completa deste quadro analítico, sob o título “Política internacional, contexto regional e diplomacia brasileira, acompanhada de listagem seletiva da produção acadêmica em relações internacionais e em política externa do Brasil, de 1954 a 2014”, encontra-se disponível na plataforma Academia.edu, sob o seguinte link: https://www.academia.edu/9617558/2723_Produ%C3%A7%C3%A3o_intelectual_sobre_rela%C3%A7%C3%B5es_internacionais_e_pol%C3%ADtica_externa_do_Brasil_1954-2-14_.

Vale uma consulta, igualmente, ao número comemorativo dos 40 anos da RBPI, que eu coordenei, contendo uma síntese de tudo o que a revista havia publicado desde 1958, neste link:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0034-732919980003&lng=en&nrm=iso


[Hartford, 4 de dezembro de 2014]

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Estamos sendo governados por uma organizacao criminosa? Voce ainda tem alguma duvida disso?

Desde que começou o caso Mensalão, quando se revelou toda a extensão das patifarias, falcatruas, ladroagem, roubalheiras, malversações, desvios, extorsões, chantagens, mentiras mentirosas (é preciso reforçar), mistificações, cinismo e desfaçatez -- e vocês continuem buscando no dicionário todos os demais adjetivos e substantivos apropriados -- os brasileiros mais atentos, simples cidadãos bem informados, que sabem ler os jornais -- como eu e você, por exemplo -- já tinhamos chegado a esta conclusão singela: sim, estamos sendo governados por uma organização criminosa, uma máfia, no sentido estrito e em todos os sentidos latos dessa expressão.
Na verdade, a compulsão para o crime, e a criminalidade (sempre a redundância, pois neste caso é inevitáve), precede a campanha de 2002 e os "recursos não contabilizados" desde antes, durante e depois, desde sempre, e continuando, mesmo durante o Mensalão, até agora mesmo, em várias esferas que ainda não foram descobertas pelos investigadores atilados.
Os companheiros, como vários outros ladrões de galinhas, começaram modestamente: roubando a merenda das crianças, as verbas do recolhimento de lixo, os contratos de transportes públicos nas pequenas prefeituras de interior. Mas isso ainda era na fase de acumulação primitiva, quanto eles estavam no que se poderia chamar de "modo artesanal de corrupção", que é o de todo bandido dos becos e dos corredores de certos poderes, enfim, o que fazem os profissionais do ramo, no puro estilo pork barrel, como diriam os americanos (que entendem de todos os tipos de corrupção, mas são ainda superados pelos japoneses e sobretudo pelos italianos).
Depois, os companheiros passaram à extorsão pura e simples, quando chegaram a algumas prefeituras mais importantes, aquelas de PIB relevante, o que pode ter dado até uma morte ou duas, por acidentes de trabalho, digamos assim.
Nessa fase, os companheiros ainda contavam com a ajuda dos amigos de fé e bons camaradas, os cubanos, os narcotraficantes, os bolivarianos uma vez instalados no poder, e podendo contar com a sua vaca petrolífera. Foi bastante dinheiro por essa via, tanto é que agora eles estão devolvendo, até em dobro, ou o triplo, a quem é mais necessitado do que eles, quem na verdade conseguiu produzir no país um retrato perfeito do que é o socialismo: penúria, mentira, corrupção, desorganização econômica, corrupção, fraudes sem fim, Estado policiais, mais corrupção, privilégios para a nomenklatura, a nova classe, ainda mais corrupção, etc...
Mas, esses tempos de pequenos golpes de punguistas de bairro ficaram para trás. Quando os companheiros se apossaram de sua vaca petrolífera, foi como o Abre-te Sésamo do Ali Babá contemplando a caverna cheia de tesouros dos quarenta ladrões: uma riqueza infinita. Eles ficaram extasiados: não precisavam mais roubar a varejo. Finalmente, eles chegaram no modo industrial de produção, aliás até mais: na etapa superior da corrupção, da extorsão, da roubalheira generalizada. O Abre-te Sésamos era uma mina inesgotável de recursos para construir todos os projetos de dominação, comprando as vontades, os bolsos, abastecendo as contas, e até tomando conta das consciências dos amadores que os precederam.
E tudo isso montado com gente que foi treinado pela DGI e que sabe mentir como os melhores chefes de famiglia, os capi di tutti i capi. Pois é, o chefe da quadrilha conseguiu montar um império do crime. E por enquanto anda impune por aí.
Você ainda duvida de que estamos à sombra de uma organização criminosa? Não duvide mais. As provas estão pingando por todos os lados. Mas o que vai abaixo são apenas matérias para registro histórico. No fundo, todos nós já sabíamos que estávamos sendo governados por mafiosos.
Paulo Roberto de Almeida

Executivo diz que Duque e Costa ficaram com parte da propina paga por empreiteiras

Laryssa Borges
VEJA.com, 03/12/2014

Indicado pelo ex-ministro mensaleiro José Dirceu para a Diretoria de Serviços da Petrobras, Renato Duque era o responsável direto por negociar a cobrança de propina com as empreiteiras que tinham contratos com a estatal. As revelações constam do depoimento do executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da empresa Toyo Setal, que firmou um acordo de delação premiada para revelar detalhes do esquema do petrolão em troca de possíveis benefícios judiciais. Ao lado do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, Renato Duque recebia listas manuscritas com o acordo feito pelas empreiteiras e sabia previamente quais empresas deveriam ser convidadas para participar das licitações da Petrobras.
Mais: todas as construtoras que participavam dos acertos tinham conhecimento prévio do valor da extorsão que tanto Costa quanto Duque pretendiam cobrar para oficializar a empresa vencedora: a propina a Costa seria de 1% por contrato, e de Duque outros 2%, embora cada empresa negociava diretamente com os diretores, em uma espécie de barganha de propina. No caso da Toyo Setal, por exemplo, Duque recebeu 1,3% de propina por contrato celebrado com a Petrobras, enquanto Costa recebeu 0,6%.
Cabia ao presidente da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, repassar a Duque os detalhes do acerto prévio do chamado “Clube do Bilhão”, o cartel de empresas que partilhavam os contratos da Petrobras.
Na noite desta terça-feira, o ministro Teori Zavaski, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou a prisão preventiva de Duque, que deixou a carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR) nesta quarta.
“Existia um acerto de comissões entre as empresas do Clube do Bilhão vencedoras das licitações da Petrobras e os diretores Paulo Roberto Costa e Renato Duque”, revelou Mendonça Neto. “Era importante que os dois diretores [Duque e Costa] soubessem a lista das empresas que seriam convidadas”, completou. Em alguns casos, disse o executivo em depoimento de delação premiada. Em alguns casos, 3% em comissão poderiam representar até 50% do lucro que seria auferido pela empresa vencedora. “O impacto financeiro da propina nos contratos era bastante significativo”, resumiu o empresário, que detido ao lado dos executivos das principais empreiteiras do país na sétima fase da Operação Lava Jato, no dia 14 de novembro.
Além de ter dado detalhes do esquema criminoso de pagamento de propina e fraude em licitações na Petrobras, Mendonça Neto explicou a profissionalização do “clube de empreiteiras” e disse que, para organizar o cartel e garantir que as empreiteiras saíssem vitoriosas nos contratos de seu interesse, havia um regulamento semelhante a de um campeonato de futebol. “As regras do Clube ao longo do tempo foram aprimoradas e chegaram a ser escritas como se fossem um regulamento de campeonato de futebol”, disse. A partir das reuniões do Clube, o coordenador do grupo, Ricardo Pessoa, elaborava a lista e a entregava a Renato Duque, mencionando quais as empresas que deveriam ser convidadas pela Petrobras para o certame específico. As mesmas listas foram entregues a Paulo Roberto Costa. O Clube estabeleceu uma relação direta com o então diretor de Engenharia Renato Duque para que as empresas convidadas para cada certame fossem as indicadas previamente.
O Clube era formado por Márcio Faria, da Odebrecht, Ricardo Pessoa, da UTC, João Auler, da Camargo Correa, Elton Negrão, da Andrade Gutierrez, um interlocutor citado como Vilaça, em nome da Mendes Junior. Pessoa, presidente da UTC, era o “meio de campo” e “intermediário” com Renato Duque e mandava mensagens de texto para cada representante das empresas para agendar as reuniões do Clube. “As reuniões do Clube tinham o propósito de analisar o programa de obras da Petrobras, somando as informações de todos os participantes porque, apesar do programa de obras da Petrobras ser algo anunciado pela própria estatal, a forma como os pacotes seriam divididos  e quando eles seriam efetivamente licitados eram informações que dependiam de relacionamento diário com as áreas da Petrobras”, relatou o executivo ao descrever a atuação criminosa dos empreiteiros.

Outro executivo da Toyo Setal detalha depósitos em bancos no Uruguai, na Suíça, na China continental e em Hong Kong

Reinaldo Azevedo, 03/12/2014

É, leitores, dá para escolher a natureza do crime! Que coisa! A sensação de que o país é dominado por uma quadrilha é bem mais do que isso. Parece mesmo ser um dado objetivo. Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, um dos executivos da Toyo Setal, afirmou que a propina que a empresa pagou para o esquema fluiu na forma de doações legais ao PT. É claro que é muito grave porque isso transforma o partido numa organização criminosa que usa a sua fachada legal para extorquir empresas.
Júlio Camargo, o outro executivo da Toyo Setal, que também fez acordo, disse coisa um pouco diferente, de não menos gravidade, mas outra espécie de dolo. Segundo disse à Polícia Federal, ele pagou R$ 137 milhões em propinas: US$ 40 milhões (R$ 102 milhões pelo câmbio de hoje) a Fernando Baiano e R$ 35 milhões ao petista Renato Duque, então diretor de Serviços, e a Pedro Barusco, seu subordinado — aquele que vai devolver US$ 97 milhões aos cofres públicos.
Querem ver como as coisas começam a se complicar: segundo Camargo, ele era orientado a fazer depósitos em contas na Suíça, no Uruguai, em Hong Kong e na China continental. Em que o seu depoimento difere do de Mendonça Neto, seu parceiro de empresa? Ambos admitem que faziam, sim, pagamento de propina, mas Camargo diz que esse dinheiro não se confundia com doações; já o outro sustenta que sim. O que é melhor para o Brasil e para a Petrobras? Nem uma coisa nem outra. O que é melhor para os partidos? Entendo que o crime cometido é o mesmo, com a diferença de que o esquema revelado por Mendonça Neto traz também o crime eleitoral.
Mas atenção: uma forma não exclui a outra. Ambas podem ter convivido e se estreitado num abraço insano. Vejam que mimo: em dois contratos apenas, firmados para o Projeto Cabuínas 2 e o consórcio Interpar, Camargo confirmou ter pagado a Duque e Barusco R$ 15 milhões através de contas fora do país. Segundo ele, os repasses a Paulo Roberto eram feitos através do doleiro Alberto Youssef.
Segundo Camargo, ele criou as empresas de consultoria Treviso, Piemonte e Auguri para receber as comissões e repassar ao esquema. Os consórcios vencedores das obras depositavam o dinheiro sujo no banco uruguaio Interbotom e nos suíços Credit Suisse e Banque Cramer.
Por Reinaldo Azevedo

Se Mendonça Neto fala a verdade, a organização criminosa é mesmo o PT

Reinaldo Azevedo, 03/12/2014, às 17:15

O executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Toyo Setal, que fez acordo de delação premiada, afirmou em depoimento à Justiça que parte da propina manipulada pela quadrilha foi repassada ao PT na forma de doações legais, entre 2008 e 2011. Em entrevista recente, o tucano Aécio Neves afirmou que perdeu a eleição para uma organização criminosa. Será? Já chego ao ponto. Vamos ver.
Lembram-se da CPI dos Correios — ou CPI do Mensalão? Duda Mendonça admitiu que recebeu no exterior US$ 3,6 milhões como parte do pagamento pela campanha eleitoral de Lula em 2002. Atenção: o pagamento foi feito quando o Babalorixá de Banânia já era presidente da República. Origem do dinheiro? Ninguém sabe. Que era caixa dois, bem, isso era, né? Era dinheiro público? Até onde se sabe, não.
E agora? Tudo piorou. A ser verdade o que diz Mendonça Neto, o PT fez campanha eleitoral com dinheiro da Petrobras. O que isso tem a ver com doação legal? Nada! Trata-se, obviamente, de usar a lei para lavar a propina. Segundo o executivo, os pagamentos foram feitos entre 2008 — ano de eleições municipais — e 2011. Entre as duas pontas, está 2010, quando Dilma se elegeu presidente pela primeira vez. Se ele não estiver mentindo, houve dinheiro sujo na campanha.
Ah, sim: Mendonça Neto diz ainda que só a sua empresa repassou à dupla Renato Duque — o petista que era diretor de Serviços da Petrobras e que foi solto pelo ministro Teori Zavascki — e Pedro Barusco nada menos de R$ 30 milhões. Lembrança à margem: Barusco fez acordo de delação premiada e aceitou devolver a fantástica soma de US$ 97 milhões aos cofres públicos. O empresário afirmou que, no caso da Toyo Setal, Paulo Roberto Costa recebia 0,6% de propina sobre o valor do contrato; Duque, o petista, 1,3%.
Avancemos um pouco. Tanto Paulo Roberto como Alberto Youssef disseram em seus respectivos depoimentos que a prática não era diferente nas demais estatais e em ministérios. E por que deveríamos achar o contrário? Os critérios de nomeação não são os mesmos? Não se procede igualmente ao loteamento de cargos? Até hoje ninguém me respondeu por que um partido político quer a diretoria de Serviços de uma estatal. Para tocar piano?  Por razões ideológicas? Mais: o executivo da Toyo Setal se refere ao período 2008-2011. Ocorre que, quando a PF deflagrou a operação Lava Jato, a roubalheira estava em curso.
Organização criminosa?
Pois é… o senador Aécio Neves afirmou numa entrevista que perdeu a eleição para uma organização criminosa. Rui Falcão, presidente do PT, partido que ganhou a disputa, afirmou que vai processá-lo. Huuummm… Eu tinha entendido que o presidente do PSDB não se referia propriamente ao PT, mas aos métodos empregados. 
Se Mendonça Neto estiver falando a verdade, aí não se duvide: a organização criminosa é mesmo o PT.
Por Reinaldo Azevedo

‘Propina foi paga em doações legais ao PT’, diz executivo

Vanessa Borges e Marcela Mattos
VEJA.com, 3/12/2014

 O executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da empresa Toyo Setal, disse em depoimento à Justiça, após firmar um acordo de delação premiada, que parte da propina recolhida pela quadrilha que se instalou na Petrobras foi repassada para o caixa do Partido dos Trabalhadores por meio de doações oficiais, entre 2008 e 2011. Segundo ele, os repasses foram feitos por meio das contas das empresas Setec Tecnologia e PEM Engenharia. A maquiagem nos desvios, incluindo os recursos como se fossem doações partidárias, era uma estratégia para dificultar o rastreamento do dinheiro oriundo do crime. De acordo com Mendonça Neto, apenas em relação a sua empresa, os ex-diretores da Petrobras Renato Duque e Paulo Roberto Costa receberam propina de até de 30 milhões de reais.
Braço direito de Duque, cabia ao ex-gerente de Serviços Pedro Barusco tratar diretamente da propina com a empresa. Conforme o depoimento, o ex-funcionário, que fez acordo com a justiça para devolver quase 100 milhões de dólares, recebeu os valores das empreiteiras em parcelas em dinheiro, remessas em contas indicadas no exterior e como doações oficiais ao PT. No esquema do petrolão, Barusco chegou a pedir que parte da propina fosse entregue em dinheiro vivo em um escritório em São Paulo, enquanto os pagamentos no exterior eram destinados a uma única conta definida previamente por Renato Duque. (…)
Aeroportos – O executivo da Toyo Setal informou ainda ter tido notícias de cobrança de propina durante as obras de instalações elétricas no aeroporto de Brasília em 2002. O contrato original era entre a Infraero e a Construtora Beter, mas a empreiteira subcontratou a PEM Engenharia para executar a obra, informando à subcontratada da necessidade de pagar propina ao então presidente da estatal aeroportuária Carlos Wilson. Mendonça Neto diz, porém, que “não possui nenhum elemento concreto acerca do suposto pagamento de comissão para Carlos Wilson”, porque a propina estava sendo negociada exclusivamente pela Beter.?
Duque
Indicado pelo ex-ministro mensaleiro José Dirceu para a Diretoria de Serviços da Petrobras, Renato Duque era o responsável direto por negociar a cobrança de propina com as empreiteiras que tinham contratos com a estatal. Ao lado do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, Renato Duque recebia listas manuscritas com o acordo feito pelas empreiteiras e sabia previamente quais empresas deveriam ser convidadas para participar das licitações da Petrobras.
Mais: todas as construtoras que participavam dos acertos tinham conhecimento prévio do valor da extorsão que tanto Costa quanto Duque pretendiam cobrar para oficializar a empresa vencedora: a propina a Costa seria de 1% por contrato, e de Duque outros 2%, embora cada empresa negociasse diretamente com os diretores, em uma espécie de barganha de propina. No caso da Toyo Setal, por exemplo, Duque recebeu 1,3% de propina por contrato celebrado com a Petrobras, enquanto Costa recebeu 0,6%.
Cabia ao presidente da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, repassar a Duque os detalhes do acerto prévio do chamado “Clube do Bilhão”, o cartel de empresas que partilhavam os contratos da Petrobras.
Na noite desta terça-feira, o ministro Teori Zavaski, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou a prisão preventiva de Duque, que deixou a carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR) nesta quarta.
Por Reinaldo Azevedo

Executivo diz que Duque e Costa ficaram com parte da propina paga por empreiteiras

Por Laryssa Borges, na VEJA.com:
Indicado pelo ex-ministro mensaleiro José Dirceu para a Diretoria de Serviços da Petrobras, Renato Duque era o responsável direto por negociar a cobrança de propina com as empreiteiras que tinham contratos com a estatal. As revelações constam do depoimento do executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da empresa Toyo Setal, que firmou um acordo de delação premiada para revelar detalhes do esquema do petrolão em troca de possíveis benefícios judiciais. Ao lado do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, Renato Duque recebia listas manuscritas com o acordo feito pelas empreiteiras e sabia previamente quais empresas deveriam ser convidadas para participar das licitações da Petrobras.
Mais: todas as construtoras que participavam dos acertos tinham conhecimento prévio do valor da extorsão que tanto Costa quanto Duque pretendiam cobrar para oficializar a empresa vencedora: a propina a Costa seria de 1% por contrato, e de Duque outros 2%, embora cada empresa negociava diretamente com os diretores, em uma espécie de barganha de propina. No caso da Toyo Setal, por exemplo, Duque recebeu 1,3% de propina por contrato celebrado com a Petrobras, enquanto Costa recebeu 0,6%.
Cabia ao presidente da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, repassar a Duque os detalhes do acerto prévio do chamado “Clube do Bilhão”, o cartel de empresas que partilhavam os contratos da Petrobras.
Na noite desta terça-feira, o ministro Teori Zavaski, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou a prisão preventiva de Duque, que deixou a carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR) nesta quarta.
“Existia um acerto de comissões entre as empresas do Clube do Bilhão vencedoras das licitações da Petrobras e os diretores Paulo Roberto Costa e Renato Duque”, revelou Mendonça Neto. “Era importante que os dois diretores [Duque e Costa] soubessem a lista das empresas que seriam convidadas”, completou. Em alguns casos, disse o executivo em depoimento de delação premiada. Em alguns casos, 3% em comissão poderiam representar até 50% do lucro que seria auferido pela empresa vencedora. “O impacto financeiro da propina nos contratos era bastante significativo”, resumiu o empresário, que detido ao lado dos executivos das principais empreiteiras do país na sétima fase da Operação Lava Jato, no dia 14 de novembro.
Além de ter dado detalhes do esquema criminoso de pagamento de propina e fraude em licitações na Petrobras, Mendonça Neto explicou a profissionalização do “clube de empreiteiras” e disse que, para organizar o cartel e garantir que as empreiteiras saíssem vitoriosas nos contratos de seu interesse, havia um regulamento semelhante a de um campeonato de futebol. “As regras do Clube ao longo do tempo foram aprimoradas e chegaram a ser escritas como se fossem um regulamento de campeonato de futebol”, disse. A partir das reuniões do Clube, o coordenador do grupo, Ricardo Pessoa, elaborava a lista e a entregava a Renato Duque, mencionando quais as empresas que deveriam ser convidadas pela Petrobras para o certame específico. As mesmas listas foram entregues a Paulo Roberto Costa. O Clube estabeleceu uma relação direta com o então diretor de Engenharia Renato Duque para que as empresas convidadas para cada certame fossem as indicadas previamente.
O Clube era formado por Márcio Faria, da Odebrecht, Ricardo Pessoa, da UTC, João Auler, da Camargo Correa, Elton Negrão, da Andrade Gutierrez, um interlocutor citado como Vilaça, em nome da Mendes Junior. Pessoa, presidente da UTC, era o “meio de campo” e “intermediário” com Renato Duque e mandava mensagens de texto para cada representante das empresas para agendar as reuniões do Clube. “As reuniões do Clube tinham o propósito de analisar o programa de obras da Petrobras, somando as informações de todos os participantes porque, apesar do programa de obras da Petrobras ser algo anunciado pela própria estatal, a forma como os pacotes seriam divididos  e quando eles seriam efetivamente licitados eram informações que dependiam de relacionamento diário com as áreas da Petrobras”, relatou o executivo ao descrever a atuação criminosa dos empreiteiros.
Por Reinaldo Azevedo

Zavascki, um dos prediletos do PT, manda soltar Renato Duque, o petista que era diretor da Petrobras

Reinaldo Azevedo, 02/12/2014

O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, concedeu uma liminar revogando a prisão de Renato Duque, ex-diretor de serviços da Petrobras e homem do PT na empresa. Ele é ligado ao ex-ministro José Dirceu. Segundo Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, era Duque quem cuidava da parte da propina destinada ao PT. Só para lembrar: um subordinado de Duque, Pedro Barusco, se comprometeu a devolver US$ 97 milhões aos cofres públicos.
Até o começo da madrugada desta quarta, não se conheciam os motivos que levaram Zavascki a conceder a liminar. Ele disse que ainda divulgaria o inteiro teor da sentença. A sua única ação preventiva foi recolher o passaporte de Duque. Até agora, apesar de todas as evidências, o petista nega que tivesse conhecimento de qualquer irregularidade na estatal. Como é notório, “não saber” é uma tradição do petismo. Vamos ver qual é o critério, né? Tudo indica que, se Duque pode ter revogada a prisão preventiva, os demais presos também podem.
A Galvão Engenharia, por exemplo, entregou à Justiça Federal do Paraná provas de que pagou propina de R$ 8,8 milhões a uma empresa de consultoria do engenheiro Shinko Nakandakari. Segundo a empreiteira, tratava-se de mera operação de despiste. Shinko, na verdade, faria a coleta de dinheiro sujo em nome da Diretoria de Serviços, comandada pelo petista Duque.
O indicado de Dirceu era, sim, originariamente, funcionário da Petrobras, mas era considerado apenas “mediano”. Foi a chegada da companheirada ao poder que lhe abriu o caminho para a glória: tornou-se o titular da poderosa Diretoria de Serviços, onde permaneceu de 2003 a 2012.
A menos que haja uma razão muito particular, até agora desconhecida, para libertar Duque, pode-se esperar um festival de solturas nas próximas horas. Se ele pode sair da cadeia, por que não os outros?
Teori Zavascki compôs, ao lado de Roberto Barroso, a dupla de ministros do Supremo que abriu caminho para anular a condenação de José Dirceu, de Delúbio Soares e de José Genoino por formação de quadrilha no escândalo do mensalão. Ele e Barroso são os dois ministros do tribunal mais apreciados pelos petistas. Ganham até de Ricardo Lewandowski. E olhem que a concorrência é dura!
Por Reinaldo Azevedo 
A VERDADE QUE NÃO QUER CALAR – Em CPI, Paulo Roberto diz que roubalheira é generalizada e que esquema corrupto da Petrobras está em vigência em todos os órgãos do governo
Reinaldo Azevedo, 02/12/2014

Paulo Roberto Costa falou pouco na CPMI da Petrobras, na sessão marcada para uma acareação entre ele e Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da empresa. Falou pouco, mas bem mais do que o governo e a oposição esperavam. Ex-diretor de Abastecimento da estatal, ele fez um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Deixou claro, de saída, que não poderia entrar em detalhes, mas, ainda assim, foi inequívoco e disse que reafirma todo o conteúdo da delação premiada. Foi além. Segundo disse, o esquema de roubalheira semelhante ao da Petrobras funciona também nas outras áreas da administração, a saber: “nas rodovias, portos, ferrovias e aeroportos”.
Muito bem, leitores! Desde que esse escândalo veio à luz, tenho insistido neste aspecto: se uma quadrilha de criminosos se apoderou da Petrobras, por que seria diferente nas outras estatais e nos organismos diretamente vinculados a ministérios? Não há razão para ser. Afinal, os critérios para nomear diretores de outras estatais ou de autarquias do governo são os mesmos: loteamento entre partidos. Volto à minha pergunta de sempre: por que uma legenda faz tanta questão de ter a diretoria de uma empresa pública? Por ideologia, convenham, não é. Se a safadeza na Petrobras assume proporção multibilionária, imaginem o que se passa no conjunto do país.
Paulo Roberto admitiu ter assumido a diretoria de Abastecimento em razão de um arranjo político, indicado pelo PP. Disse ter saído em 2012 porque não aguentava mais as pressões: “Às vezes você entra em um processo e não tem como sair. Mas eu saí. Saí em 2012, mas o processo continuava.” Então pensemos: os cargos continuam a ser indicados em razão da influência política? A resposta, obviamente, é “sim”. Tanto é verdade que Sérgio Machado deve deixar de vez a presidência da Transpetro, e caberá ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), informalmente ao menos, indicar o substituto.
E-mail
Costa referiu-se ao e-mail que ele enviou em 2009 à então ministra Dilma Rousseff, revelado por reportagem de VEJA. Só para lembrar: na mensagem, ele alertava para o fato de que o TCU recomendara a suspensão de recursos para obras da Petrobras — justamente aquelas em que havia corrupção. E Paulo Roberto sugere que o governo deveria ignorar as advertências. E Lula as ignorou, é bom destacar.
O ex-diretor da Petrobras, nesse particular, contou uma história um pouco inverossímil: disse que só mandou o e-mail porque estava “enojado” com o que se passava na empresa. Não dá par cair nessa conversa. Membro ativo da quadrilha, o texto sugere que ele estava é preocupado com a possibilidade de ver secar a fonte. Ele sustenta ainda que o petista José Sérgio Gabrielli, então presidente da estatal, teve conhecimento prévio da mensagem.  De todo modo, aquele e-mail revela que Dilma e Lula tinham como ter estancado a sangria.
E as provas? Paulo Roberto responde: “Não tem nada na delação que eu não confirme. É um instrumento extremamente sério. Não pode ser usado de artifício. O que está lá, eu confirmo. Provas? Estão existindo, estão sendo colocadas. Falei de fatos, dados e das pessoas. Tudo o que eu falei eu confirmo”. A terra ainda pode tremer. Até porque ele reafirmou que “algumas dezenas” de políticos estão envolvidos na roubalheira.
Por Reinaldo Azevedo
 

Prata da Casa: os livros dos diplomatas: sucesso absoluto de "vendas" no Academia.edu

Este é o livro objeto das estatísticas abaixo, do Academia.edu, que tem saído como pão quente, como diríamos se estivéssemos em Paris, numa daquelas boulangeries que soltam baguette fresquinha às 5hs da tarde, e que o francês leva para casa bem embaixo do braço: 


1136. Prata da Casa: os livros dos diplomatas 
(Hartford: Edição de autor, 2014, 700 p.)
Relação de Originais n. 2533.

Se fosse realmente vendido, talvez eu estivesse rico, ou pelo menos daria para comprar muitas ações da Petrobras, atuamente bem baratinhas, quase em liquidação de ponta de estoque...
Tem sido assim nas últimas semanas: sempre na frente de qualquer outra visita ou download.
Que seja, mas o livro é pesado: já dividi em três livros independentes.
Informo ao final os livros disponíveis no Academia.edu.
Paulo Roberto de Almeida

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Livros disponíveis no Academia.edu

1150. Volta ao Mundo em 25 Ensaios: Relações Internacionais e Economia Mundial
Hartford, 5 novembro 2014, 110 p. Livro montado com base nos textos preparados para o site Ordem Livre em dezembro de 2009 e janeiro de 2010, e divulgados ao longo de 2010, e esporadicamente e aleatoriamente ulteriormente.
Inserido na plataforma Academia.edu
link: https://www.academia.edu/9126863/26_Volta_ao_Mundo_em_25_Ensaios_Rela%C3%A7%C3%B5es_Internacionais_e_Economia_Mundial_2014_
Divulgado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/11/volta-ao-mundo-em-25-ensaios-relacoes.html). Relação de Originais n. 2712.

1149. Rompendo Fronteiras: a Academia pensa a Diplomacia
 Hartford, 4 novembro 2014, 414 p. Livro de resenhas de não-diplomatas, completando os dois anteriores na série de três derivados do Prata da Casa
Disponibilizado na plataforma Academia.edu
link: https://www.academia.edu/9108147/25_Rompendo_Fronteiras_a_academia_pensa_a_diplomacia_2014_
Informado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/11/rompendo-fronteiras-academia-pensa.html). Relação de Originais n. 2710.

1148. Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros
Hartford, Edição de Autor, 2014, 326 p. Livro digital, inserido na plataforma Academia.edu
link: https://www.academia.edu/9084111/24_Codex_Diplomaticus_Brasiliensis_livros_de_diplomatas_brasileiros_2014_
 Relação de Originais n. 2707.

1146. Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomata
 Disponível na plataforma Academia.edu
link: https://www.academia.edu/8815100/23_Polindo_a_Prata_da_Casa_mini-resenhas_de_livros_de_diplomatas_2014_
Prefácio e Sumário disponíveis no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/10/mini-resenhas-de-livros-de-diplomatas.html). Relação de Originais n. 2693.

Coreia do Norte: so existe UM unico Kim Jong Un; todos os outros devem mudar de nome...

Nem Eric Blair, aliás George Orwell, poderia ter imaginado uma coisa desse tipo...
Paulo Roberto de Almeida

North Korea ordered citizens named Kim Jong Un to change their names, says new report

The Washington Post, December 3 at 11:26 AM
Kim Jong Un, North Korea's young dictator, sits at the top of a nation that for decades has enshrined the ruling Kim dynasty as demigods. The personality cult that surrounds the hermit kingdom's leadership is one of the strange realities of this pariah state, spawning eerie totalitarian spectacles and the most vigorous displays of clapping the world has ever seen.
It also leads to whole ranks of the population having to surrender their names.
According to a new report on a South Korean TV station, North Korean authorities issued a directive in 2011 — when Kim Jong Un came to power after the death of his father, Kim Jong Il — to reject birth certificates of newborns named Kim Jong Un and to revise the official documentation and identity cards of those who still had that name.
“All party organs and public security authorities should make a list of residents named Kim Jong Un … and train them to voluntarily change their names,” read the document, which was revealed by the KBS TV station on Tuesday.
“Authorities should make sure that there is no one making unnecessary complaints or spreading gossip … regarding this project,” it said.
The document had been obtained by a North Korean defector who reached South Korea in 2008. As is often the case with these sorts of revelations, its authenticity cannot be independently confirmed.
But the order, if true, should not come as a surprise. Both Kim's father and grandfather Kim Il Sung instituted the same vanity project, insisting on being the first and last holders of their names. The practice has echoes in the deep history of East Asian kingdoms but, like much else in North Korea, really ought not have a place in the 21st century.
Ishaan Tharoor writes about foreign affairs for The Washington Post. He previously was a senior editor at TIME, based first in Hong Kong and later in New York.