O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Academia.edu: estatisticas de acesso a trabalhos PRA, nos ultimos 30 dias

Como faço ocasionalmente, quando as estatísticas do Analytics aparecem em alguma mensagem, dou uma olhada nos acessos da temporada, apenas para verificar quais títulos são mais requisitados, visitados eventualmente descarregados.
O resultado dos últimos 30 dias segue abaixo, sem comentários especiais.
Ou apenas um: no dia 13 de novembro, o número de downloads (70) foi superior ao de visualizações (57), o que nunca ocorre. Não sei explicar.
Talvez algum serviço secreto descarregou tudo sem sequer saber o que era. Só pode ser isso...
Paulo Roberto de Almeida

Analytics do Academia.edu, 30Days Views 
(apenas até os 10 mais visitados, do contrário a lista seria interminável

Title
30-Day Views
30-Day Uniques
30-Day Downloads
All-Time Views
All-Time Downloads
177
146
21
926
131
83
72
3
237
8
62
40
19
62
19
59
48
6
103
19
47
32
15
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31
41
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6
167
26
41
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11
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38
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38
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25
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86
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16
0
188
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11
0
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1
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16
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6
16
6
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5
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3
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0
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0
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0
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2
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1
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9
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7
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35


sábado, 6 de dezembro de 2014

O IBRI e a RBPI, por um ex-diretor - Jose Flavio Sombra Saraiva (Mundorama)

Eu fui diretor do IBRI depois do Professor José Carlos Brandi Aleixo, seu primeiro diretor, hoje diretor de honra. Devo ter assumido no final de 1995, e fiquei até partir para Washington, em 1999. Flávio Saraiva me substituiu. Ele escreve aqui sobre o "nosso" instituto e a revista.
Paulo Roberto de Almeida

Um pensamento internacional do Brasil: a invenção do IBRI
José Flávio Sombra Saraiva
Mundorama, 6/12/2014

Comemoram-se nesses dias os 60 anos da criação do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais - IBRI. O ano de 1954 permitiu que uma plêiade de intelectuais consolidasse, em forma institucional, conceitos inéditos acerca das potencialidades do Brasil no mundo que se desenhava naqueles anos.

A transição brasileira do mundo agrário para a industrialização, o impacto do congelamento do poder mundial, os debates duros da Guerra Fria, o desiderato do crescimento econômico em país na periferia, entre outros temas, moveram debates no seio das elites brasileiras que criaram o IBRI. Os fundadores ensaiaram, em estudos e ações, tanto em suas carreiras no Itamaraty quanto nos institutos públicos e privados, o novo lugar que podia alcançar o Brasil. Para vários deles, como Hélio Jaguaribe, o Brasil não poderia viver apenas nas margens do poder mundial. Deveria apresentar suas aspirações próprias no sistema mundial e deveria exercer certas margens de autonomia decisória.

Os inventores do IBRI vinham da geração nascida em torno do início do século XX, ou já na Primeira Guerra Mundial, colhendo, na juventude, a chegada do Brasil aos foros internacionais criados após a Segunda Guerra Mundial, como a ONU e o GATT. Entediam os criadores do IBRI que o nacionalismo poderia ser mais prático na exploração das potencialidades de uma inserção internacional compatível com o tamanho e as potencialidades de um país como o Brasil, relativamente diferente em seu meio latino-americano.

Os primeiros ibrianos enxergaram essa brecha dos anos 1950. Era um bom tempo para influenciar a inserção do Brasil nos debates mundiais. Para tal, urgia o debate e a discussão livres. Daí a idéia, acalentada por Paiva Leite, da criação de um veículo de discussão. Surgia a Revista Brasileira de Política Internacional, a RBPI, criada em 1958, que se tornaria um bom instrumento de reflexão e influência para as elites brasileiras interessadas em temas da inserção internacional do Brasil. A Política Externa Independente (PEI) foi anunciada nas edições ricas do início da década de 1960. Foi a PEI lançada antes nas páginas da RBPI e nos debates do IBRI, antes de ser apresentada ao escrutínio das políticas de Estado.

O IBRI foi criado no centro da furação político do Brasil, na velha capital, no centro da diplomacia nacional, com a intenção de ser “uma associação cultural, sem fins lucrativos,mantida por contribuições de seus sócios, doações de entidades privadas e subvenções dos podres públicos”, como indica seu estatuto de 1954. Seu objetivo era o de “promover e estimular o estudo imparcial dos problemas internacionais, especialmente dos que interessam à política exterior do Brasil.”

O IBRI emergiu com um novo Brasil. Desenvolveu-se, assistiu e instruiu as emergentes classes médias que começaram a se interessar pelas áreas internacionais dos jornais do Rio de Janeiro e São Paulo. Influenciou o ensino no antigo Instituto Rio Branco, ainda nos anos do seu funcionamento no Rio de Janeiro, até 1974, quando foi transferido para a nova capital. A formação de classes pudentes com vocação internacional, formados nas urbes, nas nascentes universidades brasileiras, ou parte pela diplomacia e do mercado, foram forças positivas que permitiram a elevação do debate das ‘coisas do mundo’ e da política externa do Brasil em âmbitos mais sofisticados.

Se os tempos eram propícios a essa invenção, a iniciativa da criação do IBRI se deve a pioneiros, originários da academia e da diplomacia, principalmente, mas que escrutinaram, naqueles anos, os meios para a ampliação da presença do Brasil no sistema mundial.

A criação do IBRI é, sobretudo, um marco da elevação do pensamento brasileiro das relações internacionais. Renascia com o IBRI o padrão histórico que insistira na seta do tempo da inserção internacional do Brasil. Esse padrão conferiu continuidade da política externa do Brasil (PEB). E é ainda invocada, aqui e acolá, nos tempos mais recentes da política externa do Brasil, sempre que há um movimento de busca de abertura de margens de poder e influência do Brasil no sistema internacional.

Esse conceito central no pensamento daquela geração do IBRI dos 1950 era a autonomia decisória. As diferentes significações do conceito no tempo - do nascimento do Estado nacional em 1822 àqueles dias buliçosos do nacionalismo brasileiro em brasa dos anos 1950 e 1960, dos conflitos políticos entre nacionalistas e liberais, bem como o concurso de projetos para um novo Brasil que se elevava no seio da sociedade internacional - todos esses temas estão anotadas nas discussões do IBRI de então e exaradas nos artigos dos primeiros volumes da RBPI, já em 1958 e 1959.

Um tema permanente foi a autonomia instrumental que um país às margens do poder mundial poderia exercer, mesmo sem poder nuclear. No fim da década de 1950, e mais ainda no início dos anos 1960, o conceito de autonomia decisória se fez jargão da política externa. O conceito penetrou em várias camadas sociais e políticas, no seio da sociedade, do parlamento às ruas. San Tiago Dantas deixou sua marca no IBRI e na RBPI. Sugeriu e praticou, com suas idéias de autonomia necessária, inflexão política nos governos do período imediatamente anterior ao golpe militar de 1964. E, tenhamos coragem, também em parte em alguns momentos importantes do próprio governo dos generais.

Parece relevante anotar que, há 60 anos atrás, mesmo na dominância do léxico da Guerra Fria, conceitos brasileiros como o de desenvolvimento, desarmamento e a formação de um mercado regional na América Latina já eram noções difundidas pelos criadores do IBRI. Eis os temários do número 2 da Revista Brasileira de Relações Internacionais (RBPI), lançada no ano de 1958 pelos fundadores do IBRI: Oswaldo Aranha escrevera acerca das relações diplomáticas com a União Soviética, Gonzalo Fácio estudou o desarmamento como fator de desenvolvimento econômico na América Latina, Bezerra de Meneses já apontava a dimensão atlântica da política do Brasil com o artigo-alerta voltado para a era do petróleo na África e Garrido Tôrres propunha um mercado regional latino-americano.

Ao se analisar os temários de 1958, descobrimos os inventores do IBRI, a partir de sua preciosa revista RBPI. Mas ela segue mais viva, sobrevive aos dias atuais, em outro formato e mais acadêmica, sob a métrica de uma revista científica A1 na área de Ciência Política e Relações Internacionais (CAPES), sob a edição do professor Antonio Carlos Lessa, da Universidade de Brasília. Mas é relevante observar o peso histórico de textos e artigos que ainda estão marcados pela filosofia política fundada pelo velho IBRI, como o conceito autonomista. Mesmo sem a ênfase de antes, a inserção internacional atual convoca o conceito, em feição mais adaptada ao mundo que temos. É o novo pensamento brasileiro das Relações Internacionais.

Nos dias atuais, tempo no qual a autonomia decisória adquiriu feição mais relacional às condições mutantes e rápidas do sistema internacional, o sentido da autonomia sugere integração e associação ao mundo. Autonomia não é mais isolamento, é participação. A globalização, a economia internacional em escala planetária e os novos ensaios de governança global vêm reduzindo a força telúrica do conceito de autonomia decisória mesmo nas economias centrais e nos países que se situam na condição de construtores de regras e regimes internacionais.

O conceito, no entanto, segue sendo compulsado. Segue como alter ego na formação dos processos decisórios da política externa brasileira. Embora alguns autores nacionais sugiram que o conceito de autonomia decisória seja essência, e também anima de formulações, discursos, diretrizes e práticas da PEI, esse pequeno artigo teve a vontade de lembrar que o passado ainda subsiste na história recente do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, nosso IBRI, nossa quimera.

Ao concluir, desejo boa vida ao IBRI no seu aniversário de 60 anos de contribuição ao pensamento brasileiro das Relações Internacionais. Que venha o centenário em 2054. Que novas idéias e conceitos sejam lançados na prática e no pensamento da inserção do Brasil em tempos tão complexos como interessantes.

José Flávio Sombra Saraiva, professor titular de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, foi diretor-geral do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais - IBRI, entre 1998 e 2012 (jfsombrasaraiva@gmail.com).


A Cleptocracia Companheira: o cancer que consome o Brasil - Revista Veja (e um livro sobre Putin, o cleptocrata)

Não li, pois não tenho acesso à revista, mas, como todo cidadão bem informado, sei do que se trata, e se trata, simplesmente, da mais vasta, da mais insidiosa, da mais efasta organização criminosa que assumiu o poder no Brasil. Os neobolcheviques mafiosos devem ter dilapidado a nação de centenas de bilhões, por baixo...
Paulo Roberto de Almeida

Revista Veja
VEJA.com - veja@abril.com.br

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Edição da semana (nº2403 - 10 de dezembro de 2014)
 

O PT treme de novo
Em 2005, Duda Mendonça confessou ter recebido do PT 5 milhões de dólares por debaixo do pano, dinheiro depositado em contas bancárias no exterior. Era o começo do mensalão. Agora, empresários, como Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da empreiteira Toyo Setal, admitem ter pago 150 milhões de reais em propina ao PT e a aliados. É o início do petrolão.


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E por falar em cleptocracia, recomendo este livro: 

Putin's Kleptocracy: Who Owns Russia? Hardcover – September 30, 2014


Apresentação do livro pela autora, no Wilson Center: http://www.wilsoncenter.org/event/putins-kleptocracy-who-owns-russia

Resenhas:
1) no Wall Street Journal: http://www.wsj.com/articles/book-review-putins-kleptocracy-by-karen-dawisha-1412118992
2) No New York Times Book Review: http://www.nytimes.com/2014/11/30/books/review/putins-kleptocracy-by-karen-dawisha.html
3) The Washington Free Beacon: http://freebeacon.com/culture/review-putins-kleptocracy/

e tem muito mais...

Producao intelectual brasileira em RI e PExtBr, 1954-2014: on the rise in Academia.edu

Vendendo como pão quente, eu poderia dizer se estivesse em Paris. De qualquer modo, acho que atraiu o povo para o qual essa compilação está dirigida.
OK Academia.edu: aceito as congratulações...
Paulo Roberto de Almeida

Política internacional, contexto regional e diplomacia brasileira, acompanhada de listagem seletiva da produção acadêmica em relações internacionais e em política externa do Brasil, de 1954 a 2014
 
Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/9617558/2723_Produ%C3%A7%C3%A3o_intelectual_sobre_rela%C3%A7%C3%B5es_internacionais_e_pol%C3%ADtica_externa_do_Brasil_1954-2-14_; download pdf: https://www.academia.edu/attachments/35822293/download_file?st=MTQxNzY3OTE4Nyw3MS4yMzUuMjAzLjExLDc4NTEwNjY%3D&s=swp-toolbar). 

Hi Paulo Roberto, 
Congratulations! You uploaded your paper 2 days ago and it is already gaining traction. 
Total views since upload: 

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You got 35 views from Australia, Brazil, Argentina, the Republic of Korea, Uruguay, and Portugal on "2723) Produção intelectual sobre relações internacionais e política externa do Brasil (1954-2-14)".

Republica da Gatunagem, e a organizacao criminosa que a controla - Reinaldo Azevedo

Roubar pouco é bobagem, diria alguém, o glorioso é roubar muito, e passar para a história.
Nunca antes na história deste país, uma organização criminosa tinha roubado tanto, e facilitado a vida de tantos outros gatunos.
Paulo Roberto de Almeida

Reinaldo Azevedo, 05/12/2014
 às 16:32

O Brasil tem jeito: privatização de estatais e quase extinção de cargos de confiança. Vai encarar, Dilma, ou só embromar?

Na minha coluna  na Folha desta sexta, escrevo: “Tanto Paulo Roberto Costa como Youssef afirmam que o esquema da Petrobras era apenas uma das cabeças da hidra. É claro que a empresa não reúne condições particulares para ser tomada por uma quadrilha. Vigoram ali as condições estruturais presentes nas demais estatais e na administração. Logo… Até hoje ninguém se dispôs a me explicar por que um partido político reivindica a diretoria de operações de uma estatal. Com que propósito?”
Muito bem! Ao negar o pedido de revogação da prisão preventiva de Gerson de Mello Almada, vice-presidente da empresa Engevix, que está na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, o juiz Sérgio Moro afirmou haver indícios de que “os crimes transcenderam a Petrobras”, classificando de “perturbadora” uma tabela apreendida em março com o doleiro Alberto Youssef. Ela traz uma lista com 750 obras públicas de infraestrutura. No papel, constavam “a entidade pública contratante, a proposta, o valor e o cliente do referido operador, sendo este sempre uma empreiteira”.
Pois é. O alerta que fiz na coluna da Folha não é o primeiro. Há tempo afirmo aqui que a Petrobras é apenas uma das franjas da organização criminosa que tomou conta do país. Como é que a gente coíbe a roubalheira? Se vocês querem saber, severas as leis até que são. O problema está na lentidão com que são aplicadas e na forma de organização do estado brasileiro.
Eis a palavra-chave para abrir as portas do enigma: estado. A corrupção não é nova no Brasil nem foi inventada pelo PT. Criadas as condições ideais, estejam certos, ela floresce em qualquer lugar: no Brasil, na Somália ou na Suécia. São as instituições e a certeza da punição que contêm os maus apetites humanos.
Vamos pensar de maneira lógica, uma dificuldade frequente no Brasil. E se a Embraer ainda fosse estatal? Resposta: ela estaria tomada pela máquina corrupta. E se a Vale ainda fosse estatal? Ela estaria tomada pela máquina corrupta. E se a telefonia ainda fosse estatal? Ela estaria tomada pela máquina corrupta. Vale dizer: mais estatais, mais poder aos corruptos. A relação é direta.
Sim, claro! Além das disposições objetivas — as tais condições —, é preciso que haja um partido que faça da corrupção um método, uma categoria de pensamento, um norte ético. A corrupção atinge proporções inéditas no país porque, nos 12 anos do mandarinato petista, o estado, mesmo sem aquelas empresas privatizadas em governos anteriores, passou a ter uma presença na economia só comparável à que havia no regime militar — que, todos sabemos, era essencialmente menos corrupto, o que não quer dizer que fosse desejável em muitos outros aspectos. É que a moral dos quartéis é mais severa do que a dos políticos.
Não se agiganta o estado impunemente. Acreditem: mesmo quando administrado por homens individualmente honestos, ele passa a atender a interesses de corporações, de grupos de pressão, de voluntariosos organizados que reivindicam para si o direito de comandar os destinos do país.
Se Dilma realmente quisesse deixar uma herança virtuosa, se tudo não passasse de embromação para fazer passar o tempo, se tivesse, de fato, a disposição de moralizar a vida pública, como prega em discursos, ela começaria o seu período de reformas não pela política, mas pela administração: profissionalize todos os postos das estatais, reduza os cargos federais de livre nomeação à sua dimensão mínima e reinicie o programa de privatizações. Começando pela Petrobras.
Vamos lá, Dilma, deixe a esquerda raivosa e a direita perplexa, como disse Collor um dia — só que sem a farsa! É claro que estou fazendo uma ironia. Não vai acontecer. Só estou evidenciando que o Brasil tem jeito. O que não tem jeito no país é a canalha que se apossa do bem público em proveito próprio. E ela é ainda mais safada quando alega fazer isso em nome de uma ideologia.
Por Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Espionagem sovietica no Brasil: arquivos dos servicos de inteligencia da ex-Tchecoslovaquia

Um estudioso de arquivos -- chamemo-lo assim -- me envia um link relativo a arquivos do antigo serviço de inteligência da ex-República Socialista da Tchecoslováquia e seu relacionamento com seus agentes no Brasil e eventuais brasileiros trabalhando para os serviços diplomáticos do Brasil na antiga "Cortina de Ferro" (termos da Guerra Fria).
O tema tem a ver com esta antiga postagem neste blog:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/04/izot-e-aleks-nosso-diplomatas-agentes.html
Paulo Roberto de Almeida

O link remetido é este aqui: http://cepol24.pl/stb_bra.html

Por ele, chega-se a esta informação, que está em tcheco, polonês (pois os arquivos se encontram na Polônia) e em Português:


StB a Brazílie, StB i BraziliaStB no Brasil


Nesta página iremos apresentar fatos relacionados com a polícia secreta da Tchecoslováquia StB (estamos falando principalmente sobre o I Departamento StB, ou seja, o serviço de inteligência) e o Brasil, de acordo com os documentos da StB, o que significa, que não estamos afirmando que se trata da verdade absoluta. Quanto a esta, vamos nos esforçar para verificar de todas as maneiras possíveis. Na presente etapa de nossas pesquisas, nos concentraremos no período da história brasileira que está relacionado com o presidente J. Kubitschek, que era descendente de tchecos e também no final dos anos 50 e nos anos 60. Os documentos do arquivo tcheco ABS (StB) dão uma nova luz aos acontecimentos e no papel das pessoas relacionadas com os mesmos. Estes documentos certamente não são a única fonte histórica que deve ser levada em conta, mas é impossível não lhes dar o devido valor merecido ou fingir que não existem. Faremos um esforço para,a medida do possível, fornecer as fontes, o que sem dúvida, será um complemento apropriado para as pesquisas sobre as relações tcheco-brasileiras e sobre a história do Brasil durante o período pesquisado.

 dokumenty


Ano de 1961: os soviéticos, graças a StB, reataram as relações diplomáticas com o Brasil
Desde janeiro até maio de 1961, durou a ação na qual fizeram parte o serviço de inteligência da Tchecoslováquia (StB) e sua base no Rio de Janeiro, com o objetivo de Reatamento das Relações Diplomáticas entre o Brasil e a União Soviética. Estas relações estavam rompidas desde o ano de 1947. Enquanto a Tchecoslováquia mantinha relações relativamente normais com o Brasil, os soviéticos possuíam neste um campo de ação limitado. A Revolução Cubana conscientizou-lhes sobre o potencial da América Latina e por isso foram obrigados a concentrar-se no maior país daquela região. Para eles não era suficiente o controle total sobre as atividades do serviço de inteligência “tcheco”; eles também desejavam estar presentes legalmente. A tarefa de estabelecer novamente as relações diplomáticas foi confiada a um homem que parecia ter sido „destinado para isso”. Esse homem exerceu influência direta sobre Cuba e inclusive tornou-se amigo pessoal de Fidel e do “Che”. Era um oficial da KGB e também teve bons relacionamentos pessoais com o novo (a partir de janeiro de 1961) presidente brasileiro Jânio Quadros, que conheceu em 1959, quando foi seu guia e tradutor em Moscou e Leningrado. Na época Jânio Quadros visitou a URSS como um político de oposição. Este oficial da KGB, mesmo cumprindo um papel muito importante em Havana durante a crise no Caribe, de repente foi chamado a Moscou onde Nikita Siergiejewicz Chruszczow lhe confiou uma importante missão: “Você vai para o Brasil”. Para que esta missão obtivesse sucesso, era necessário  „incluir” nesta os „Tchecos”, pois estes já possuíam na época um certo domínio pelo „terreno” e possuíam seu contato (trata-se aqui de contato legal)até mesmo no gabinete presidencial.
Os “tchecos”, então, ajudaram a obter o visto para este que talvez tenha sido o primeiro cidadão soviético a visitar legalmente o Brasil desde o ano de 1947. Além disso, foram apanhá-lo no aeroporto, ajudaram-lhe depois a alojar-se no hotel “Miramar” no Rio de Janeiro e inclusive..ajudaram-lhe a se vestir (no relatório da base da StB no Rio está escrito que lhe ajudaram a comprar um paletó, outras peças de roupa e uma mala), ajudaram a trocar dinheiro na casa de câmbio, etc. Depois compraram para ele a passagem aérea até Brasília (capital), onde deveria encontrar-se com Quadros, que em 1959 havia lhe garantido pessoalmente que quando precisasse “receberia o visto na hora”.
Bem,.. não foi bem assim,...sem a ajuda „tcheca” ele não teria recebido o visto e os „Tchecos” levaram um mês para consegui-lo.
Mas, depois que o oficial da KGB em questão, com „disfarce” de jornalista, chegou ao Brasil, até mesmo a audiência com o presidente já não era tão certa. Os “Tchecos” graças ao seu contato(contato legal;não se trata de contato secreto)no gabinete presidencial(o chefe do departamento cultural - esse funcionário possuía o codinome de MOGUL e como possuía uma visão católica e conservadora e além disso era uma pessoa de ótima situação financeira, não servia para ser recrutado) conseguiram rapidamente que fosse atendido pela „eminência parda” do presidente, seu secretário pessoal José Aparecido. Isso tudo porque, por uma questão de má sorte, no dia em que o enviado soviético chegou a capital, o presidente precisou viajar por alguns dias.. A data do próximo encontro foi estipulada e no dia 5 de maio de 1961 Alexandr Ivanovich Alexeyev   (seu sobrenome verdadeiro era Szytow, Алексеев, Александр Иванович, eng.  - Alexandr Ivanovich Alexeyev) após regressar ao Rio para depois decolar novamente para a capital, encontrou com o presidente brasileiro.
Esta conversa trouxe o efeito esperado e ao final do ano as relações foram restabelecidas oficialmente.
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
© Mauro "Abranches" & Vladimír Petrilák

 Este link remete a um documento em tcheco, datado de 11 de maio de 1964, aparentemente efetuado em La Paz, mas que menciona o Partido Comunista Brasileiro, o Partidão, então com vários dirigentes exilados na Tchecoslováquia, em Praga: http://cepol24.pl/stb/dok_2.html

Este outro remete a parte de um relatório igualmente datilografado em tcheco: http://cepol24.pl/stb/ao_druzba.html 

Um outro documento relatando o codinome de uma agente no Rio de Janeiro, ou melhor, um informante dos serviços soviéticos atuando por intermédio dos tchecos: http://cepol24.pl/stb/nemame_agenty.html

O primeiro agente da inteligência tcheca no Brasil: o camarada Treml: http://cepol24.pl/stb/residentura.html

O Primeiro Oficial da StB (Serviço de Inteligência da Polícia Secreta Comunista „Tcheca”) residente no Brasil: O Camarada „TREML
 A partir do ano de 1952 atuou no Rio de Janeiro, o residente da inteligência da Tchecoslováquia que possuía o  codinome de “TREML”,Os documentos da pasta com número de registro 81079 (“Correspondências diversas”) indicam que o camarada TREML foi enviado para a legalização (ou seja, para o „MSZ” – Ministério das Relações Exteriores) em 1.8.1951 e no dia 22.8.1952 foi enviado para o Brasil. O camarada TREML, que assinava seus relatórios enviados do Rio inicialmente como “HONZA”,  durante a sua estadia no Brasil, teve que enfrentar diversos problemas; como residente trabalhou por longo tempo sozinho e por isso seu trabalho não rendeu muito. Entretanto, a inteligência “Tcheca” é grata justamente a ele,  pela formação das bases de trabalho e pelas possibilidades de continuação das atividades no maior país da América Latina.
que era TREML?

Nascido em 1925
Durante o período da II Guerra Mundial, trabalhou como barbeiro (1941-1945). Cumpriu o serviço militar nos anos 47-49, de onde saiu com o posto de sargento. Até 1949 trabalhou como educador e referente das questões de imprensa (“agitador”) em uma fábrica perto da fronteira.
Membro do Partido Comunista da Tchecoslováquia a partir do ano 1945 (28.5.).
Em 1950, tornou-se funcionário do Ministério de Segurança Nacional. Concluiu uma escola bimestral de “serviço de inteligência”. No dia 1 de outubro foi aceito nas fileiras do Ministério de Segurança Nacional. Em 1951 durante um curto período,  foi enviado como funcionário da inteligência para a base da StB em Roma. Nessa época, já conhecia os idiomas italiano e inglês.
A partir de 1952 foi residente no Rio de Janeiro. Quando chegou ao Brasil possuía o posto de subtenente.
Durante sua carreira de mais de 30 anos de serviço nas fileiras da StB, trabalhou em  6  bases fora de seu  país.
==========
 (Vamos aguardar nova remessa de informações...)

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 5 de dezembro de 2014

Petrolao: diretor autorizado a continuar recebendo salario num resort...

Trabalho cansa. Melhor tirar férias, sem prejuizo de salário, claro...
Paulo Roberto de Almeida

Comunicado Petrobras

 Prorrogação da licença na Presidência da Transpetro

Rio de Janeiro, 05 de dezembro de 2014 – Petróleo Brasileiro S.A. – A Petrobras informa que hoje, o Conselho de Administração da Transpetro aprovou a prorrogação da licença não remunerada, do Presidente da Transpetro, José Sergio de Oliveira Machado, pelos próximos 30 dias. O Presidente licenciado continuará sendo substituído pelo diretor Cláudio Ribeiro Teixeira Campos.

Relacionamento com Investidores


PS.: A Polícia Federal não andava atrás dele?