Uma entrevista recente, na qual falo da minha carreira diplomática, de minhas outras atividades acadêmicas, da preparação para o ingresso no serviço exterior brasileiro, e de algumas outras curiosidades.
Talvez possa interessar candidatos, colegas e os muito curiosos, também chamados de voyeurs (no bom sentido, claro)...
Paulo Roberto de Almeida
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Paulo Roberto de Almeida, na infância (escola primária em SP) |
Nosso entrevistado é o Ministro Paulo Roberto de Almeida. Diplomata de
carreira desde 1977, exerceu diversos cargos na Secretaria de Estado das
Relações Exteriores e em embaixadas e delegações do Brasil no exterior.
Foi ministro-conselheiro na Embaixada do Brasil em Washington
(1999-2003), trabalhou como Assessor Especial no Núcleo de Assuntos
Estratégicos da Presidência da República (2003-2007), foi Comissário
Geral Adjunto do Pavilhão do Brasil na Shanghai Expo 2010. Serviu como
Cônsul Geral Adjunto do Brasil em Hartford, CT, EUA (2013-2015).
Pós-Doutorado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
(2008-2009), doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas
(1984), mestre em Planejamento Econômico e Economia Internacional pelo
Colégio dos Países em Desenvolvimento da Universidade de Estado de
Antuérpia (1976), formou-se em Ciências Sociais pela Universidade de
Bruxelas (1974).
É professor no Programa de Mestrado e Doutorado em Direito do Centro
Universitário de Brasília (Uniceub); foi professor orientador no
Mestrado em Diplomacia do Instituto Rio Branco do Itamaraty. Tem sido
regularmente convidado para ensinar em universidades brasileiras e
estrangeiras. Possui experiência nas áreas de relações internacionais e
em sociologia, com ênfase em desenvolvimento comparado, atuando
principalmente nos seguintes temas: relações econômicas internacionais,
política externa brasileira, história diplomática, desenvolvimento
econômico brasileiro, globalização e segurança internacional. Foi
professor convidado no Institut de Hautes Etudes de l'Amérique Latine
(Sorbonne), Paris, de janeiro a junho de 2012. Publicou mais de uma
dezena de livros individuais, organizou diversas outras obras,
participou de dezenas de livros coletivos e assinou centenas de artigos
em revistas especializadas
Sua vocação acadêmica é voltada para os temas de relações
internacionais, de história diplomática do Brasil e para questões do
desenvolvimento econômico. Suas preocupações cidadãs voltam-se para os
objetivos do desenvolvimento nacional, do progresso social e da inserção
internacional do Brasil. Suas publicações acadêmicas estão disponíveis
em:
pralmeida.org
Antes de se tornar diplomata, qual era a sua formação? Onde estudou?
Meu ingresso na carreira diplomática deu-se em condições muito
especiais, pois até poucos meses antes de considerar seriamente a
hipótese não tinha sequer aventado essa possibilidade, que surgiu por
acaso, como agora passo a relatar.
Tendo me politizado numa idade relativamente precoce, simultaneamente,
se ouso dizer, ao golpe militar de 1964, quando eu tinha quatorze anos,
portanto, desde cedo encaminhei-me para uma postura de acadêmico
engajado nos movimentos políticos que passaram a marcar fortemente o
Brasil a partir do regime militar. Desde essa data, até o final da
década, fui aumentando minha participação nos movimentos estudantis e
mesmo grupos de oposição política ao governo militar, ao mesmo tempo em
que avançava em meus estudos secundários e me preparava para ingressar
na universidade, desde muito cedo orientado para estudos sociais, mais
especificamente sociologia política.
Tendo me preparado precocemente para os estudos que pretendia fazer, ou
seja, Ciências Sociais na famosa Fefelech, a Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, não me foi
difícil ultimar algumas leituras, aperfeiçoar o Francês, e inscrever-me
para o vestibular que seria feito no final de 1968. Esse foi um ano que
não acabou, segundo o título famoso de um livro sobre esse ano
conturbado da vida política brasileira: grandes manifestações de massa,
de estudantes, intelectuais e outros grupos de oposição ao governo
militar do marechal Costa e Silva, ao mesmo tempo em que a guerrilha
urbana dava início a uma série de atentados e ataques a quarteis e
assaltos a bancos, numa intensificação das ações preconizadas pelos
principais movimentos organizados de luta armada. A consequência disso
foi a edição do também famoso AI-5, o Ato Institucional número 5, que
decretou fechamento do Congresso, novas cassações e uma forte repressão
contra todos os setores oposicionistas (inclusive com censura à imprensa
e outras medidas desse teor). Pouco antes se deu a famosa “batalha da
Maria Antônia”, rua que separava a “velha” Fefelech de uma universidade
privada, a Mackenzie, onde era ativo o CCC, o Comando de Caça aos
Comunistas, movimento de extrema-direita bastante violento. A “Maria
Antônia” foi devastada, inclusive com a morte de um estudante
(secundarista) e a faculdade se mudou para o novo campus universitário,
na zona sul de São Paulo, onde o curso de Ciências Sociais se abrigou
nos famosos barracões, construções pré-fabricadas, de onde nunca mais
saiu, diga-se de passagem.
Fui, então, da primeira turma de Ciências Sociais nos barracões da USP,
mas bastante esperançoso em relação ao curso, onde pontificavam os
mestres da famosa Escola Paulista de Sociologia, entre eles Florestan
Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Octavio Ianni, e outros, cujas
obras eu já andava lendo algum tempo antes de ingressar na faculdade.
Poucos meses depois, porém, em maio de 1969, esses que seriam meus
professores, entre muitos outros, foram cassados pelo AI-5, e meu
interesse pelo curso diminuiu bastante. Vinculei-me a alguns movimentos
de esquerda para participar da resistência contra o governo militar, mas
depois de aproximadamente um ano senti que aqueles exercícios de
resistência armada não levariam a lugar nenhum, inclusive porque os
movimentos armados estavam completamente isolados, deslocados em relação
ao processo de forte crescimento econômico que então começava a marcar a
conjuntura brasileira dos anos do “milagre econômico”.
Decidi, então, abandonar o curso, abandonar o Brasil e empreendi um
autoexílio que pensava que fosse durar pouco tempo, na Europa. Comprei
um passagem de terceira classe num vapor espanhol, o Cabo San Roque, e
parti, no final de 1970, para uma Europa completamente desconhecida para
mim (já tinha viajado muito pelo Brasil e pelo cone sul
latino-americano), sem um completo domínio de línguas estrangeiras. Tive
sorte, pois a Europa se encontrava num momento de crescimento
econômico, dois anos antes do primeiro choque do petróleo, e, depois de
três meses num país da esfera soviética, a Tchecoslováquia socialista,
mudei-me para a Bélgica, onde encontrei condições para trabalhar e
estudar. Lá fiquei quase sete anos, refazendo inteiramente a graduação
em Ciências Sociais, a partir do segundo semestre de 1971, completando
um mestrado em 1976, e inscrevendo-me no final desse ano para um
doutoramento, sobre um tema que ainda figurava entre as minhas
predileções intelectuais: o processo de modernização capitalista e os
regimes tendencialmente autoritários ou democráticos, segundo a
ocorrência, ou não, de uma revolução burguesa, um tema típico da
sociologia política e objeto do magnum opus de um dos meus mestres,
Florestan Fernandes, o livro A Revolução Burguesa no Brasil. Dei início
ao doutorado, mas meus planos mudaram repentinamente no final de 1976 e o
início de 1977.
Conte-nos um pouco sobre como e quando o senhor decidiu seguir a carreira no Serviço Exterior Brasileiro.
Nessa conjuntura, portanto, decidi retornar ao Brasil, aproveitando um
momento de abertura do regime militar, a famosa “distensão política” do
governo Geisel. Voltei, assim, em março de 1977, justo a tempo de
conhecer uma nova fase de fechamento, o famoso “pacote de abril”, com
novas cassações e perseguições a opositores. Em todo caso, comecei a dar
aulas em faculdades privadas de São Paulo, e a preparar-me para algum
concurso de ingresso no corpo docente de alguma universidade pública,
sem outros planos que não uma carreira acadêmica. Foi assim que tomei
conhecimento, em meados do ano, da abertura de um concurso direto para o
Itamaraty, em complemento e paralelamente aos exames vestibulares de
admissão ao Instituto Rio Branco, levados regularmente em bases anuais.
Como teste, eu também fiz as provas do Rio Branco, mas não pretendia, já
tendo mestrado, doutorando e sendo professor, voltar a ser aluno
novamente. Mas constituiu, digamos, um bom aprendizado quanto ao formato
dos exames, que eu considerei relativamente fáceis, e sem quase
preparação adequada, inclusive porque fiz inscrição praticamente na
última hora e quase não estudei.
Mas eu visava mesmo o concurso direto, pois ele me permitiria ingressar
diretamente na carreira, sem ter de “perder” dois anos nos bancos
escolares do Rio Branco. Resultado da grande expansão do Serviço
Exterior brasileiro da era Geisel, como consequência do esforço
exportador e de ampliação das representações diplomáticas no exterior e
de seus serviços de promoção comercial, o concurso direto foi uma
modalidade excepcional de seleção e admissão de diplomatas que vigorou
unicamente durante cinco breves anos, de 1975 a 1979, sem que tivesse
sido renovado em épocas ulteriores. À diferença das cinco ou seis provas
escritas do vestibular do Rio Branco, que à época requeriam unicamente
dois anos de qualquer curso superior (sendo complementadas por mais dois
anos como estudante do Rio Branco), o concurso direto exigia graduação
completa e notas acima da barra eliminatória em onze provas escritas e
orais, acrescida de entrevista e testes psicológicos.
Como para o vestibular do Rio Branco, passei com facilidade – a despeito
de minhas deficiências em direito e em inglês – no concurso direto
(segundo lugar nas duas seleções), quase sem estudar (inclusive porque
não tinha muito tempo. Mas, como eu tinha anos e anos de leituras
acumuladas, eu sabia praticamente tudo do que se exigia como
conhecimento em história, geografia, economia, política, relações
internacionais e um excelente domínio do francês e do espanhol.
Na verdade, a grande motivação para eu deixar a carreira acadêmica em
São Paulo e ingressar na diplomacia do Estado “burguês” que eu ainda
queria “destruir”, prendia-se justamente ao fato de querer saber se a
ditadura tinha algo contra mim, depois de anos passados na Europa
escrevendo e atuando contra o regime, ainda que sob “noms de plume”, ou
seja, sob outra identidade. Naquela época, o SNI tinha de fazer a
verificação de todo e qualquer indivíduo pleiteando um cargo público.
Aparentemente, eu estava “limpo”, o que me deixou tranquilo por mais
alguns anos. Outro motivo para decidir-me mudar para Brasília era o de
terminar um relacionamento em São Paulo, e voltar a ficar livre
novamente de quaisquer compromissos. Foi assim que eu decidi me tornar
diplomata, sem que eu tivesse muita ideia, praticamente nenhuma, sobre
como era a carreira e o que eu iria fazer nela.
Fale sobre sua preparação para o concurso. Quais foram os maiores desafios e como os superou?
Minha preparação foi extremamente precária, pois como disse, poucos
meses antes do concurso eu sequer tinha ideia de que estaria prestando
exames de seleção dentro de poucas semanas. Dei uma olhada na
bibliografia de referência, obtida junto à representação do Instituto
Rio Branco (ou do MRE) junto à Reitoria da USP, consegui alguns livros
em bibliotecas, outros não, e fiquei, na verdade, lendo livros paralelos
à lista de recomendações. Lembro de ter lido livros como Paulo
Mercadante, Consciência Conservadora no Brasil, Thomas Skidmore, Preto
no Branco, e outros de interesse geral. Considerava estar preparado em
francês, história, geografia e economia, em vista dos longos anos de
leituras, justamente, e me preocupei mais intensamente com inglês e
direito, que eu nunca tinha estudado realmente. Creio ter passado
“raspando” nessas duas matérias, mas fiz notas altas, em alguns casos
máximas, nas demais, tanto que meus exames de francês, e talvez de
história, e também de economia, ficaram nos manuais de estudo do
Instituto Rio Branco durante alguns anos. Considero-me um privilegiado
nesse aspecto, mas isso apenas porque fui um “rato de biblioteca”
praticamente desde que aprendi a ler, na “tardia” idade de sete anos.
Ao ingressar no Ministério das Relações Exteriores, houve alguma mudança na sua vida?
Como explicitei, nunca frequentei o Rio Branco, pelo fato do concurso
direto ter me colocado na carreira imediatamente, e assim comecei a
trabalhar, sem qualquer treino ou qualificação anterior, a não ser uns
quantos dias de palestras para a nova “turma”, no Instituto Rio Branco
justamente. Sei que no início sequer sabia redigir um telegrama ou
memorando em linguagem diplomática, mas isso nunca me preocupou muito.
Meu interesse era pela substância da matéria: política internacional,
relações de poder, economia mundial, era tudo que me interessava.
Minha vida mudou, sim, radicalmente, pois sai na última semana de
novembro de 1977 de aulas de sociologia e de economia em São Paulo, para
o trabalho na Secretaria de Estado logo na primeira semana de novembro.
Não me considerava muito diplomático, e creio que nunca me encaixei no
modelo, pois o que sempre me interessou na carreira era seu lado
intelectual, não seu lado burocrático, muito hierarquizado e também
extremamente disciplinado (coisas que eu sinceramente negligencio quase
completamente). Mas, foi uma boa ascensão profissional de imediato,
ainda que o salario de um terceiro secretário, nessa época, fosse
propriamente miserável. Lembro-me que eu não tinha renda, já não digo
para comprar automóvel ou telefone (dois objetos caríssimos nessa
época), mas simplesmente para obter crediário numa loja de departamentos
para comprar geladeira a prazo. Humilhante como se vê.
Quem me salvou foi a “namorada” que consegui após menos de uma semana no
novo emprego: Carmen Lícia era economista, contratada num projeto de
comércio exterior pelo MRE, minha subordinada teoricamente na Divisão
onde passei a trabalhar, mas ela ganhava o dobro do que eu ganhava, e
assim além da futura noiva e mulher, pude ter acesso a carro, telefone,
restaurantes, etc. Foi a maior, e melhor, mudança jamais experimentada
em minha vida, pois de todos os meus colegas de turma e outros
contemporâneos do Brasil, Carmen Lícia e eu formamos, possivelmente, um
dos poucos casais estáveis desde o início. Ficamos juntos, além dos
motivos usuais de atração, por dois motivos básicos: ambos somos
leitores viciados e viciosos, e ambos nômades inveterados, sempre
viajando, por quaisquer meios a quaisquer lugares. Cultura, turismo
intelectual, restaurantes e prazeres finos, são os motivos que nos unem
desde sempre.
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Paulo Roberto de Almeida e Carmen Lícia Palazzo |
Quais postos no Brasil e no exterior o senhor ocupou?
Depois de meu ingresso no Itamaraty, em dezembro de 1977, permaneci por
apenas um ano e meio em Brasília; no final de 1978, exatamente um ano
depois, já estava casando com Carmen Lícia Palazzo, economista
contratada num projeto de cooperação entre a Seplan e o MRE para
participar de um grupo de trabalho sobre o comércio do Brasil com o
Leste Europeu, a divisão onde eu trabalhava, e recebemos em seguida
convite para um primeiro posto, mais exatamente na embaixada do Brasil
em Berna. A Suíça nos pareceu um lugar conveniente para o nascimento de
nosso primeiro filho, encomendado pouco depois do casamento, e foi assim
que partimos do Brasil em meados de 1979. Lá ficamos até meados de
1982, tendo Pedro Paulo nascido em maio de 1980; logo em seguida retomei
meu doutoramento que tinha ficado abandonado desde o início do 1977,
quando decidi retornar ao Brasil depois de longos anos de estada na
Europa, e para isso refiz minha matrícula de doutoramento, sem mudar,
naquele momento substancialmente o projeto, junto à Universidade de
Bruxelas.
Depois de três anos de Suíça e desejando ficar ainda na Europa para
continuar e terminar a tese de doutoramento, aceitei um posto em
Belgrado, na Iugoslávia formalmente socialista, dois anos depois da
morte de seu ditador desde 1945, Josip Broz Tito. A despeito das
dificuldades materiais – cortes de eletricidade extensivos e intensos
durante o inverno, penúria de gêneros de todos os tipos, inclusive de
gasolina – o país balcânico – unificado apenas aparentemente –
constituiu uma excelente experiência de vida, de aprendizado, de
viagens. Por duas vezes tive de separar-me de minha família – deslocada
para Roma durante dois invernos seguidos – e aproveitei os momentos de
isolamento para redigir a tese, que ficou pronta no primeiro semestre de
1984, com defesa marcada para junho desse ano em Bruxelas. Aproveitamos
o restante de nossa estada na Europa, antes de retornar ao Brasil, para
viajar muito em diversos países.
Depois de uma curta estada em Brasília, entre 1985 e o início de 1987,
saímos novamente para o que seria o nosso terceiro posto, novamente a
Suíça, mas desta vez na delegação multilateral em Genebra, outra
excelente estada numa bela cidade, muito bem localizada, extremamente
gratificante sob todos os pontos de vista: profissional, cultural,
familiar, acadêmico, turístico-gastronômico. Foram três anos muito
felizes, ao final dos quais ganhamos uma linda filha, a Maíra, e no
início de 1990 já estava partindo novamente para meu quarto posto, desta
vez Montevidéu, mas não o bilateral e sim o multilateral da Aladi.
Aprendi muito sobre integração, essencialmente sobre o Mercosul, que
aliás foi o tema de meu primeiro livro, publicado de retorno ao Brasil,
em 1993. A estada em Montevidéu foi extremamente curta, apenas dois anos
exatos, após os quais eu voltei para trabalhar justamente na unidade de
integração regional e outros temas econômicos na Secretaria de Estado.
Meu quinto posto foi Paris, para onde fui em setembro de 1993, chegando
justo a tempo de assistir conversações do então ministro da Fazendo
Fernando Henrique Cardoso, e de seu presidente do Banco Central, Pedro
Malan, com o Tesouro francês, a propósito de nossa dívida externa e dos
acordos contraídos no âmbito do clube de Paris. Foram mais três anos de
completa felicidade profissional, familiar, cultural, turística e
gastronômica, obviamente, com muitas viagens e enriquecimento
intelectual. Em Paris me ocupei de temas econômicos, bilaterais e
multilaterais (Clube de Paris e OCDE), o que me trouxe uma imensa
bagagem – junto com a adquirida anteriormente em Berna, Genebra e
Montevidéu – para me orientar definitivamente para os temas de história
econômica e políticas de desenvolvimento.
De volta a Brasília, no início de 1996, assumi a chefia da Divisão de
Política Financeira e de Desenvolvimento da Subsecretaria de Assuntos
econômicos, onde permaneci três “longos anos”, até receber um convite
para ser ministro-conselheiro em Washington, para onde fui em setembro
de 1999. Lá permaneci quatro anos completos, voltando em outubro de
2003, já com o novo governo lulopetista. Fui então trabalhar como
assessor especial de um dos integrantes da troika que cercava o
presidente Lula, ocupando-me de temas de planejamento estratégico, um
exercício que poderia ter sido extremamente gratificante se não fosso e
vezo petista e militar por planos grandiosos, ambiciosos demais para
serem efetivamente executados com sentido pragmático.
Depois de uma missão provisória na China, durante oito meses em 2010,
onde desempenhei a função do Comissário Geral Adjunto do Pavilhão do
Brasil por ocasião da Exposição Universal de Shanghai, retornei ao
Brasil para funções anódinas, tomando então uma licença, no início de
2012, para dar aulas no Institut de Hautes Études de l’Amérique Latine,
junto à Universidade de Paris 3 (Sorbonne), na rue Saint-Guillaume.
Foram mais seis meses de muita cultura, muitas viagens, muito estudo e
satisfação.
De volta ao Brasil, aceitei ser, no final de 2012, ser Cônsul Geral
Adjunto no Consulado Geral do Brasil em Hartford, Connecticut, mais três
anos de livros, viagens, muita cultura (sobretudo em museus e
bibliotecas), várias palestras em universidades americanas da costa
leste (e até do Illinois), e duas travessias completas, coast to coast,
de um oceano a outro (quando conhecemos praticamente todos os estados
americanos), decidimos, Carmen Lícia e eu, voltar ao Brasil no final de
2015, por razões basicamente familiares (ficar próximos dos filhos e
netos). Estes foram, pois, os meus postos e minhas viagens, todos eles
recheados de muito conhecimento, experiência de vida, e de prazeres
culturais e gastronômicos.
Como o senhor descreveria a atuação da sua esposa, ao seu lado, nesses quase quarenta anos?
Carmen Lícia Palazzo sempre foi, desde o início, continua sendo e assim
será no futuro previsível, uma companhia excepcional e provavelmente a
melhor coisa que me aconteceu na vida desde que ingressei no Itamaraty
em dezembro de 1977. Nunca poderia ter casado com alguém que não amasse,
mas sobretudo que não partilhasse comigo os mesmos gostos – por livros,
por viagens, por cultura, em geral, por uma vida simples, mas repleta
de prazeres intelectuais – e que fosse animada pelo mesmo gosto de
aventura, por esse nomadismo constante que é intrínseco à carreira, mas
que ambos praticamos no mais alto grau, no limite das possibilidades
temporais e materiais. Temos origens relativamente similares – famílias
imigrantes, trabalhadoras, motivadas pela educação de seus filhos como
via de ascensão social, ainda que eu viesse de um meio bem mais modesto e
menos educado do que ela – e cultivamos interesses comuns e pontos de
vista políticos e filosóficos também amplamente coincidentes, o que
também compreendeu projetos de vida largamente orientados para objetivos
partilhados, tanto no plano familiar, quanto no profissional, ou
simplesmente de vida intelectual. Esses são os pontos de partida que
explicam que, no amplo leque de nossa faixa de casais que coincide
temporalmente com a trajetória de vida e carreira, sejamos um dos poucos
que se manteve estável ao longo de quase 40 anos de itinerário
conjunto.
No plano específico da vida em comum, parece inevitável que alguns
trade-offs tivessem de ter sido feitos, aceitos e encarados, nem sempre
em igualdade de condições. Como apenas eu ingressei na carreira
diplomática, Carmen Lícia, por injunções da vida diplomática – remoções,
mudanças de modo de vida, filhos, e uma série de outras vicissitudes –
teve de abandonar sua carreira pessoal, como economista, para adentrar
num tipo de atividade na qual pudesse conciliar suas preferências
pessoais com as condições sempre mutantes da minha condição. Ela se
orientou então para o magistério, para a pesquisa, na área de história,
uma trajetória tampouco isenta de percalços pois sempre condicionada às
possibilidades locais em postos do exterior e à sempre renovada
necessidade de retomar trabalho nessas áreas quando no Brasil. Nunca é
fácil, inclusive também por que, por temperamento, nenhum de nós dois é
adepto de serviçais ou de dependentes para os trabalhos domésticos:
ainda que amplamente divididas as tarefas da casa, é óbvio que a carga
maior sempre fica com quem tem a obrigação de cuidar dos filhos, de se
ocupar de sua educação e do funcionamento da casa, em face de uma
carreira bastante exigente em termos de invasão das horas vagas e dos
fins de semana.
A compensação vem num planejamento conjunto das diversas possibilidades
de remoção e de estilo de vida, num engajamento intenso, e comum, nas
atividades que ambos cultivamos – leituras, viagens, lazeres culturais e
gastronômicos, e várias outras atividades afins – e num despojamento
partilhado em relação ao supérfluo e a certa ostentação, que são talvez
muito comuns na carreira, em troca de uma vida mais voltada para o que
nos une, justamente, afastada de qualquer exibicionismo ridículo. Carmen
Lícia, aliás, lê muito mais do que eu, conhece provavelmente muito mais
coisas que eu, em termos de história, civilizações, culturas, e está
sempre sugerindo algo para fazermos no universo cultural que nos
interessa. Devo a ela muito do que sou, do que fiz, do que pude produzir
ao longo dos anos: aliás, só pude escrever e publicar tanto, nestes
últimos 40 anos, porque Carmen Lícia assegurou as condições ideais, até
com certo sacrifício pessoal, para que tudo isso pudesse ser feito.
Por isso não tenho nenhuma hesitação em proclamar meu amor por ela, e
dizer que fui, sou, um homem muito feliz por ter como companhia uma
mulher excepcional, bem mais inteligente do que eu, muito mais esperta
em coisas da vida, dotada de um faro psicológico superior ao meu para
coisas e pessoas, enfim, um amor de pessoa.
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Das atividades que o senhor realizou no MRE, quais mais lhe dão orgulho?
Ter participado das primeiras iniciativas de informação, impressa e
digital, sobre integração e diplomacia econômica – com edição de
revistas, boletins, publicações diversas – entre os anos 1990-93, e
depois acompanhado muito do trabalho negociador de diplomacia econômica,
seja em Paris (entre 1993 e 95, no Clube de Paris), seja em Brasília,
nos temas de investimentos e finanças (entre 1996 e 1999), e depois em
Washington, nos mesmos temas, mais ciência e tecnologia. Todos os meus
livros, mesmo os de história diplomática, trazem esse universo das
relações econômicas internacionais e da história econômica do Brasil,
que estão no centro de minhas pesquisas, estudos, escritos e aulas.
Atualmente, sem um cargo definido no Itamaraty, na transição de um
governo e outro, encontro-me colaborando com atividades de natureza
cultural na Funag, tendo já organizado um seminário e livro sobre um
historiador-diplomata, Francisco Adolfo de Varnhagen, e preparando
outros projetos nesse mesmo universo da história diplomática e da
política externa do Brasil.
O que diria sobre a carreira diplomática? Como o senhor a vê?
De espírito e motivações basicamente acadêmicas, só sou diplomata porque
encontro essa profissão a mais intelectual de todas as carreiras do
serviço público, a que mais se amolda a meu espírito de pesquisador, de
escritor, de professor (uma atividade que sempre desempenhei em caráter
complementar, mas de forma constante, intensa). Não tenho grandes
motivações corporativas, no sentido de fazer da carreira o centro
exclusivo de meu interesse profissional ou até de vida, mas
considerando-a, de certa forma, como um esteio muito gratificante a
esses outros aspectos intelectuais ou culturais que preenchem não apenas
a minha vida, mas também a de Carmen Lícia, uma leitora voraz, uma
intelectual, uma pesquisadora e professora, como eu. A maior parte de
meus colegas, reconheço, fazem da carreira uma verdadeira vocação, um
modo de vida e um objetivo central de seus itinerários profissionais, o
que não é exatamente o meu caso, ainda que eu considere esses objetivos
plenamente válidos, pois eles são, de fato, o constitui a essência da
carreira diplomática: informar, representar, negociar.
É o que de certa forma também fiz, ao longo de minha carreira, mas sem
jamais abandonar, ou descurar, minhas outras atividades intelectuais, a
pesquisa, o estudo, as aulas, palestras, conferências, participação em
revistas e grupos de estudo e trabalho na esfera precipuamente
acadêmica, no Brasil e no exterior. É o que sempre fui, professor, o que
outros reconhecem que sou, e o que me dá maior prazer e satisfação
intelectual. Não tenho essa obsessão de outros colegas pelo trabalho
puramente burocrático de chancelaria – a não ser o que envolve,
justamente, a produção de material substantivo de pesquisa e formulação
de posições, com base num estudo detalhado de cada tema diplomático ou
cada problema negociador inscrito em nossa agenda – e menos ainda pelo
aspecto coloquial dos coquetéis e recepções diplomáticas onde se perde
um tempo enorme com banalidades até obter alguma informação relevante
para o trabalho próprio do diplomático. Como sou um leitor inveterado,
prefiro “perder” meu tempo na companhia dos livros e em outras
atividades desse tipo, a frequentar salões e gabinetes nos quais a
hipocrisia é de rigor e onde as frases de efeito e os chavões abundam.
Fui e sou muito feliz na carreira diplomática, pois ela me permitiu
fazer, e de maneira abundante, o que mais eu e Carmen Lícia gostamos de
fazer: viajar, ler, frequentar grandes e pequenos museus, conhecer todos
(ou quase todos) os países do mundo, praticar gastronomia (sobretudo
italiana, la vera) enfim, circular como nômades com relativo conforto e
segurança, satisfazendo nossa insaciável sede de cultura, de
conhecimento, de prazer estético, cultural, intelectual.
Em que medida a diplomacia e a academia são complementares ou excludentes?
Para mim elas se entrelaçam profundamente, ainda que colegas diplomatas
possam ver nisso algum “desvio de função”. Nunca considerei assim, pois
só o hábito de pesquisa, de exposição clara dos fatos, de aprofundamento
das razões, origens e desenvolvimento de uma questão qualquer, de suas
conexões com o Brasil, podem contribuir para a formulação das melhores
posições negociadoras para o país. Ao fazer isso, não é sem orgulho que
reconheço ter estado, na maior parte dos casos, e em grande medida na
proposição de “soluções” a uma questão negociadora qualquer, à frente do
meu tempo, à frente dos meus colegas, o que não é fácil, reconheço
desde já. O fato de estudar muito, de pesquisar, de ler intensamente
sobre todos os assuntos que me foram atribuídos me habilitou a dispor,
se ouso dizer, de um conhecimento aprofundado dessas questões, podendo
assim contribuir para a formulação das posições negociadoras que
encontro as melhores para o Brasil. Isso nem sempre é visto, e muito
raramente é visto, como positivo, uma vez que o Itamaraty, como toda
grande instituição burocrática, é eminentemente conservadora, um pouco
ao estilo do Vaticano, com seus dogmas e rituais, seus cardeais e seus
grandes burocratas, que se apoiam na tradição, bem mais do que nos
estudos de vanguarda.
Não tenho nenhum problema assim, de “acusar” o Itamaraty, de ser
basicamente conformista com certos mitos do passado, com certos
conceitos válidos (talvez) numa certa época, mas que se cristalizaram
numa ideologia nacionalista um pouco ingênua, crenças
desenvolvimentistas do tipo rústico – ou seja, sem fundamentos
econômicos mais refinados – e esse vago terceiro-mundismo onusiano que
encontra ultrapassado e que é completamente artificial, para não dizer
anacrônico sob todos os pontos de vista. Os companheiros no poder, de
2003 a 2016, ainda consolidaram toda uma ideologia nefasta da divisão do
mundo entre países hegemônicos – as economias avançadas, e antigos
impérios coloniais – e emergentes – supostamente anti-hegemônicos, e
portanto, automaticamente aliados numa causa simplória de reorganização
do mundo segundo novas bases, que ainda carregam esse entulho ideológico
do desenvolvimentismo de base estatal, protecionista, introvertido e,
ao fim e ao cabo, basicamente prejudicial ao nosso desenvolvimento
econômico e nossa integração nos circuitos da globalização. O Itamaraty,
durante todos esses anos, foi extremamente passivo com posturas e ações
totalmente contrários a nossos interesses nacionais, alinhados com
algumas das piores ditaduras da região e alhures, totalmente em
conformidade com o espírito socialista vulgar dos que estiveram no poder
durante esse período.
Atribuo meu ostracismo e alijamento de funções relevantes no Itamaraty
durante todo esse período à minha postura claramente opositora, não
apenas a esse esquerdismo infantil e anacrônico, mas também a certa
passividade ou submissão diplomática em face de iniciativas claramente
contrárias a nossos interesses como nação integrada ao mundo, não
alinhada a regimes deploráveis no plano da democracia e dos direitos
humanos. Nunca deixei de pensar com minha cabeça e de expressar o que
penso sobre tudo isso, e mais ainda: de escrever e publicar o que penso.
Prefiro ficar em paz com minha consciência, do que fingir uma
concordância hipócrita com posturas que sei que são contrárias às
melhores tradições diplomáticas de nossa história. Este também é um
aspecto que deriva de meu pendor pelos estudos e pelas pesquisas
especializadas.
Em visita a Hyde Park, a residência de verão do presidente Franklin Delano Roosevelt e de Eleanor Roosevelt, no verão de 2015.
Quais foram os maiores desafios, ao longo da sua carreira?
Não posso reclamar de uma carreira que me levou a conhecer alguns dos
lugares mais interessantes do mundo, que me permitiu desenvolver quase
plenamente todos os meus interesses intelectuais, e que me ofereceu
segurança e estabilidade para justamente poder me dedicar, nas horas
vagas de uma atividade profissional geralmente intensa – pelo menos até
certa etapa –, aos meus hobbies preferenciais e eternos: leituras,
escrita, viagens e cultura refinada, no sentido mais intelectual do que
artístico. Não obstante, alguns momentos foram desafiadores, ou
difíceis, na vida pessoal, familiar, profissional.
Nossa estada na então Iugoslávia, entre 1982 e 1985, foi bastante
problemática, inclusive porque, em virtude de racionamento de quase
tudo, de penúrias constantes, e de cortes de eletricidade em pleno
inverno, Carmen Lícia e Pedro Paulo, então entre 3 e 4 anos, tiveram de
se instalar em Roma por dois invernos seguidos, enquanto eu permanecia
em Belgrado durante a semana e os visitava nos fins de semana ou nas
saídas periódicas. O período coincidiu também com a preparação de minha
tese de doutorado junto à universidade de Bruxelas, o que também
implicou em separação maior do que o imaginado. Foi, certamente, meu
único “posto de sacrifício”.
O outro grande desafio da carreira foi ter enfrentado, por razões
claramente políticas – em virtude meus escritos fortemente críticos aos
governos do PT –, um veto virtual, efetivo, a cargos e funções na
Secretaria de Estado desde praticamente 2003 até o presente momento,
quando recém se inicia um novo governo. Fui, provavelmente, um dos
críticos mais evidentes e declarados do regime lulopetista, que sempre
considerei prejudicial ao Brasil em geral, e especialmente danoso do
ponto de vista da política externa e de sua diplomacia. Eu tinha
publicado, ainda em Washington, em 2003, depois unificada em um livro
coletivo, uma série de análises tópicas sobre temas de política
internacional e de diplomacia prática, provocativamente chamada de
“Contra a Corrente: Treze Ideias Fora do Lugar”, na qual eu já criticava
as concepções que passaram a figurar na base da diplomacia implementada
desde então. A consequência foi um veto explícito a qualquer cargo em
Brasília, primeiro no Instituto Rio Branco, depois na própria SERE.
Fiquei no limbo, portanto, Aproveitei o tempo “livre” para produzir
ainda mais, e publicar um número superior de escritos ao que teria sido
possível fazer se tivesse tido funções de responsabilidade na SERE.
O que diria aos jovens estudantes que pretendem prestar o Concurso de Admissão (CACD)?
Não tenho grandes conselhos a dar, pois julgo que cada indivíduo possui
suas próprias motivações e interesses pessoais, para a sua vida
profissional, familiar ou intelectual. Minha vida sempre foi feita de
estudos, de leituras, de notas e escritos e acho isso um bom método para
quem pretende ser diplomata: ler de tudo (material de boa qualidade,
quero dizer), anotar, refletir, sintetizar, expor, colocar as ideias em
ordem e saber se expressar claramente, o que só se consegue estudando
muito, o que permite pensar de forma abrangente. Quem começa a pensar em
estudar para o concurso de ingresso na carreira diplomática de certa
forma já começa tarde, pois a atitude correta, para qualquer profissão
aliás, é a de estudar sempre, desde pequeno e durante toda a vida, mesmo
depois de realizado o objetivo de ingressar na carreira diplomática.
Quanto aos princípios e valores que devem guiar alguém na preparação ou
no desempenho de sua carreira diplomática, creio que já escrevi alguma
coisa a esse respeito neste pequeno texto que provavelmente merece
atualização reflexiva, depois de mais de uma década e meia de redigido:
Esta entrevista é a sua publicação de número 1.226, qual é a sua maior motivação para escrever?
Trata-se de uma compulsão interior, certamente derivada desse meu hábito
“insano” de intensas leituras, sempre com anotações, e de uma dedicação
paralela, mas também intensa, a atividades acadêmicas, o que me motivou
a escrever textos de nítido perfil didático, que a partir de uma
determinada etapa se transformaram em livros (mais de uma dúzia),
capítulos de livros em dezenas de obras coletivas, e algumas centenas de
artigos que são regularmente colocados à disposição dos interessados ou
curiosos em meu site (
www.pralmeida.org), blog (
http://diplomatizzando.blogspot.com) e em plataformas de intercâmbio acadêmico, tipo Academia.edu e Research Gate, além dos veículos que publicam esses materiais.
Já escrevi muito, também, sobre essa minha maneira de ser, justamente,
tanto pela vertente diplomática-acadêmica, quanto pela de
“escrevinhador” e divulgador dos escritos os mais diversos. Permito-me,
portanto, alinhar aqui, alguns desses trabalhos que podem complementar
esta breve informação sobre meus métodos de trabalho, sobre minhas
atividades intelectuais, sobre minha postura em relação à dupla
militância, na carreira diplomática e nas lides acadêmicas. Apenas
transcrevo os textos segundo a numeração na lista de originais,
eventualmente complementada pela de publicados.
800. “
Dez Regras Modernas de Diplomacia”, Chicago, 22 julho 2001;
São Paulo-Miami-Washington 12 agosto 2001, 6 p; Ensaio breve sobre
novas regras da diplomacia. Postado no blog Diplomatizzando (16/08/2015,
link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/08/dez-regras-modernas-de-diplomacia-paulo.html). Relação de Publicados n. 282.
1073. “
Mensagem aos formandos”, Washington, 4 jul. 2003, 5 p.
Texto de saudações elaborado para atender a convite da comissão de
formatura do curso de Relações Internacionais da Universidade Tuiuti do
Paraná. Encaminhado em 4/07, em versão preliminar. Postado no blog
Diplomatizzando (27/05/2016; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/saudacao-formandos-de-relacoes.html).
1089. “
Aprenda diplomacia por sua própria conta (e risco), em apenas um dia”,
Washington, 2 ago. 2003, 4 p. Paródia aos manuais de auto-aprendizado
de economia, imaginando matérias e métodos para um self-made diplomat.
Postado no blog Diplomatizzando (27/05/2016; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/seja-diplomata-por-sua-propria-conta-e.html).
1181. “
A formação e a carreira do diplomata: uma preparação de longo curso e uma vida nômade”,
Brasília, 14 jan. 2004, 3 p. Texto preparado para o Guia para a
Formação de Profissionais do Comércio Exterior, das Edições Aduaneiras.
Postado no blog Diplomatizzando (27/05/2016; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/preparacao-para-carreira-diplomatica.html).
1345. “
A caminho de Ítaca”, Brasília, 18 out. 2004, 7 p. Ensaio
sobre como e por que sou professor, de caráter autobiográfico. Postado
no site pessoal (link:
http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1344ItacaProfessor.html), no blog DiplomataZ (23.11.2009; link:
http://diplomataz.blogspot.com/2009/11/24-por-que-sou-professor-uma-reflexao.html); republicado no blog Diplomatizzando (15/10/2015; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/10/a-caminho-de-itaca-como-e-por-que-sou.html)
1403. “
Conselhos de um contrarianista a jovens internacionalistas”,
Brasília, 5 março 2005, 6 p. Alocução de patrono na XI turma (2º
semestre de 2004) de Relações internacionais da Universidade Católica de
Brasília (10/03/2005). Mesmo texto aproveitado para alocução de
paraninfo na turma de Relações internacionais da Universidade do Sul de
Santa Catarina, Unisul, Tubarão, SC, de 2004 (8/04/2005). Mensagem
disponível no site pessoal:
http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1403Contrarianista.html.
1492. “
Postura diplomática”, Brasília, 8 e 12 nov. 2005, 2 p.
Comentários a questão colocada a propósito de situações difíceis
enfrentadas no trabalho diplomático. Divulgado no blog Diplomatizzando
(2/07/2012; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2012/07/postura-diplomatica-o-contrarianista.html).
1507. “
Por que leio tanto? e Meus ‘métodos’ de leitura...”, Brasília, 18 dez. 2005, 3 p. Dois textos sequenciais sobre leituras e métodos, para postagem no meu blog (
http://paulomre.blogspot.com). Apresentação ao novo Blog “Textos PRA” (1 p.). Postado no blog Diplomatizzando (27/05/2016; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/por-que-leio-tanto-meus-metodos-de.html).
1529.
“O que faz um diplomata, exatamente?”, Brasília, 11 janeiro
2006, 4 p. Resposta a indagações efetuadas sobre a natureza do trabalho
diplomático, como remissão a meu trabalho sobre as “dez regras modernas
de diplomacia”; Blog n. 153 (link:
http://paulomre.blogspot.com/2006/01/153-o-que-faz-um-diplomata-exatamente.html).
1535. “
Alguns aspectos da cultura diplomática: respostas a questionário no âmbito de projeto sobre a mulher na diplomacia”,
Brasília, 18 janeiro 2006, 12+5 p. Respostas a questionário submetido
por professora da USP, no quadro do projeto “Mulheres e Relação entre os
Gêneros nas Diplomacias Brasileira e Portuguesa”. Novas perguntas em 20
de fevereiro, respondidas em 25 de fevereiro (total: 17 p). Postado no
blog Diplomatizzando (27/-5/2016; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/a-cultura-diplomatica-e-as-mulheres.html).
1558. “
Ser um bom internacionalista, nas condições atuais do Brasil,
significa, antes de mais nada, ser um bom intérprete dos problemas do
nosso próprio País”, Brasília, 8 março 2006, 6 p. Alocução de
paraninfo na turma de formandos do 2º Semestre de 2005 do curso de
Relações internacionais do Uniceub, Brasília (16 de março de 2006, 20hs,
Memorial Juscelino Kubitschek). Colocado à disposição no site pessoal
(link:
http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1558uniceub16mar2006.doc).
1563. “
As relações internacionais como oportunidade profissional”,
Brasília, 23 março 2006, 9 p. Respostas a algumas das questões mais
colocadas pelos jovens que se voltam para as carreiras de relações
internacionais. Postado no blogpessoal (
http://diplomatizzando.blogspot.com/2013/03/as-relacoes-internacionais-como.html). Relação de Publicados n. 627.
1591. “
O Ser Diplomata: Reflexões anárquicas sobre uma indefinível condição profissional”,
Brasília, 2 maio 2006, 3 p. Reflexões sobre a profissionalização em
relações internacionais, na vertente diplomacia. Disponível no site
pessoal (link:
http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1591serdiplomata.doc).
1624. “
Declaração de princípios: sou um homem de causas”, Brasília, 20 junho 2006, 2 p. Post inaugural no novo blog Vivendo com livros, voltado para os livros e o estudo (
http://vivendocomlivros.blogspot.com/). Postado novamente no blog Diplomatizzando (31/01/2014:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/01/e-por-falar-em-blogs-uma-declaracao-de.html).
1670. “
Dez obras fundamentais para um diplomata”, Brasília , 29
setembro 2006, 2 p. Lista elaborada a pedido de aluno interessado na
carreira diplomática: obras de Heródoto, Maquiavel, Tocqueville, Pierre
Renouvin, Henry Kissinger, Manuel de Oliveira lima, Pandiá Calógeras,
Delgado de Carvalho, Marcelo de Paiva Abreu e Paulo Roberto de Almeida,
para uma boa cultura clássica e instrumental, no plano do conhecimento
geral e especializado. Blog Diplomatizzando (link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/09/625-dez-obras-fundamentais-para-um.html).
Revisto e ampliado, com explicações e links para cada uma das obras, em
14 de outubro de 2006 (6 p.). Relação de Publicados n. 709.
1688. “
Auto-entrevista (ao chegar numa certa idade...)”,
Brasília, 19 novembro 2006, 6 p. Algumas perguntas (leves) a um
personagem conhecido: um texto comemorativo. Postado no site, link:
http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1685AutoEntrevista.pdf.
1704. “
Um autodidata na carreira diplomática”, Brasília, 26
dezembro 2006, 4 p. Respostas a questões colocadas por jovem candidato à
carreira diplomática. Colocada no blog Diplomatizzando; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/12/667-um-autodidata-na-carreira.html#links.
1705. “
Carreira Diplomática: dicas e argumentos sobre uma profissão desafiadora”,
Brasília, 27 dezembro 2006, 6 p. Consolidação e compilação de meus
trabalhos relativos à carreira diplomática e à profissão de
internacionalista, para atender às muitas consultas que me são feitas
nesta época. Colocada no blog Diplomatizzando (link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/12/669-carreira-diplomatica-dicas.html) e incorporada ao site pessoal, seção “Carreira Diplomática”.
1706. “
Retrato do diplomata, quando maduramente reflexivo”,
Brasília, 31 dezembro 2006, 5 p. Reflexões pessoais em torno de uma vida
dedicada aos livros, ao estudo e ao aperfeiçoamento da sociedade.
Postado no blog Diplomatizzando (link:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2006/12/679-retrato-do-diplomata-quando.html) e no site pessoal (link:
http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1703RetratoDiplomata.html).
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 27 de maio de 2016