Talvez possa interessar candidatos, colegas e os muito curiosos, também chamados de voyeurs (no bom sentido, claro)...
Paulo Roberto de Almeida
Entrevista com Paulo Roberto de Almeida
Diplowife, Diplolife, 27 de maio de 2016
http://diplowife-diplolife.blogspot.com.br/2016/05/entrevista-com-paulo-roberto-de-almeida.html
Paulo Roberto de Almeida, na infância (escola primária em SP) |
Antes de se tornar diplomata, qual era a sua formação? Onde estudou?
Meu ingresso na carreira diplomática deu-se em condições muito especiais, pois até poucos meses antes de considerar seriamente a hipótese não tinha sequer aventado essa possibilidade, que surgiu por acaso, como agora passo a relatar.
Tendo me politizado numa idade relativamente precoce, simultaneamente, se ouso dizer, ao golpe militar de 1964, quando eu tinha quatorze anos, portanto, desde cedo encaminhei-me para uma postura de acadêmico engajado nos movimentos políticos que passaram a marcar fortemente o Brasil a partir do regime militar. Desde essa data, até o final da década, fui aumentando minha participação nos movimentos estudantis e mesmo grupos de oposição política ao governo militar, ao mesmo tempo em que avançava em meus estudos secundários e me preparava para ingressar na universidade, desde muito cedo orientado para estudos sociais, mais especificamente sociologia política.
Tendo me preparado precocemente para os estudos que pretendia fazer, ou seja, Ciências Sociais na famosa Fefelech, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, não me foi difícil ultimar algumas leituras, aperfeiçoar o Francês, e inscrever-me para o vestibular que seria feito no final de 1968. Esse foi um ano que não acabou, segundo o título famoso de um livro sobre esse ano conturbado da vida política brasileira: grandes manifestações de massa, de estudantes, intelectuais e outros grupos de oposição ao governo militar do marechal Costa e Silva, ao mesmo tempo em que a guerrilha urbana dava início a uma série de atentados e ataques a quarteis e assaltos a bancos, numa intensificação das ações preconizadas pelos principais movimentos organizados de luta armada. A consequência disso foi a edição do também famoso AI-5, o Ato Institucional número 5, que decretou fechamento do Congresso, novas cassações e uma forte repressão contra todos os setores oposicionistas (inclusive com censura à imprensa e outras medidas desse teor). Pouco antes se deu a famosa “batalha da Maria Antônia”, rua que separava a “velha” Fefelech de uma universidade privada, a Mackenzie, onde era ativo o CCC, o Comando de Caça aos Comunistas, movimento de extrema-direita bastante violento. A “Maria Antônia” foi devastada, inclusive com a morte de um estudante (secundarista) e a faculdade se mudou para o novo campus universitário, na zona sul de São Paulo, onde o curso de Ciências Sociais se abrigou nos famosos barracões, construções pré-fabricadas, de onde nunca mais saiu, diga-se de passagem.
Fui, então, da primeira turma de Ciências Sociais nos barracões da USP, mas bastante esperançoso em relação ao curso, onde pontificavam os mestres da famosa Escola Paulista de Sociologia, entre eles Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Octavio Ianni, e outros, cujas obras eu já andava lendo algum tempo antes de ingressar na faculdade. Poucos meses depois, porém, em maio de 1969, esses que seriam meus professores, entre muitos outros, foram cassados pelo AI-5, e meu interesse pelo curso diminuiu bastante. Vinculei-me a alguns movimentos de esquerda para participar da resistência contra o governo militar, mas depois de aproximadamente um ano senti que aqueles exercícios de resistência armada não levariam a lugar nenhum, inclusive porque os movimentos armados estavam completamente isolados, deslocados em relação ao processo de forte crescimento econômico que então começava a marcar a conjuntura brasileira dos anos do “milagre econômico”.
Decidi, então, abandonar o curso, abandonar o Brasil e empreendi um autoexílio que pensava que fosse durar pouco tempo, na Europa. Comprei um passagem de terceira classe num vapor espanhol, o Cabo San Roque, e parti, no final de 1970, para uma Europa completamente desconhecida para mim (já tinha viajado muito pelo Brasil e pelo cone sul latino-americano), sem um completo domínio de línguas estrangeiras. Tive sorte, pois a Europa se encontrava num momento de crescimento econômico, dois anos antes do primeiro choque do petróleo, e, depois de três meses num país da esfera soviética, a Tchecoslováquia socialista, mudei-me para a Bélgica, onde encontrei condições para trabalhar e estudar. Lá fiquei quase sete anos, refazendo inteiramente a graduação em Ciências Sociais, a partir do segundo semestre de 1971, completando um mestrado em 1976, e inscrevendo-me no final desse ano para um doutoramento, sobre um tema que ainda figurava entre as minhas predileções intelectuais: o processo de modernização capitalista e os regimes tendencialmente autoritários ou democráticos, segundo a ocorrência, ou não, de uma revolução burguesa, um tema típico da sociologia política e objeto do magnum opus de um dos meus mestres, Florestan Fernandes, o livro A Revolução Burguesa no Brasil. Dei início ao doutorado, mas meus planos mudaram repentinamente no final de 1976 e o início de 1977.
Conte-nos um pouco sobre como e quando o senhor decidiu seguir a carreira no Serviço Exterior Brasileiro.
Nessa conjuntura, portanto, decidi retornar ao Brasil, aproveitando um momento de abertura do regime militar, a famosa “distensão política” do governo Geisel. Voltei, assim, em março de 1977, justo a tempo de conhecer uma nova fase de fechamento, o famoso “pacote de abril”, com novas cassações e perseguições a opositores. Em todo caso, comecei a dar aulas em faculdades privadas de São Paulo, e a preparar-me para algum concurso de ingresso no corpo docente de alguma universidade pública, sem outros planos que não uma carreira acadêmica. Foi assim que tomei conhecimento, em meados do ano, da abertura de um concurso direto para o Itamaraty, em complemento e paralelamente aos exames vestibulares de admissão ao Instituto Rio Branco, levados regularmente em bases anuais. Como teste, eu também fiz as provas do Rio Branco, mas não pretendia, já tendo mestrado, doutorando e sendo professor, voltar a ser aluno novamente. Mas constituiu, digamos, um bom aprendizado quanto ao formato dos exames, que eu considerei relativamente fáceis, e sem quase preparação adequada, inclusive porque fiz inscrição praticamente na última hora e quase não estudei.
Mas eu visava mesmo o concurso direto, pois ele me permitiria ingressar diretamente na carreira, sem ter de “perder” dois anos nos bancos escolares do Rio Branco. Resultado da grande expansão do Serviço Exterior brasileiro da era Geisel, como consequência do esforço exportador e de ampliação das representações diplomáticas no exterior e de seus serviços de promoção comercial, o concurso direto foi uma modalidade excepcional de seleção e admissão de diplomatas que vigorou unicamente durante cinco breves anos, de 1975 a 1979, sem que tivesse sido renovado em épocas ulteriores. À diferença das cinco ou seis provas escritas do vestibular do Rio Branco, que à época requeriam unicamente dois anos de qualquer curso superior (sendo complementadas por mais dois anos como estudante do Rio Branco), o concurso direto exigia graduação completa e notas acima da barra eliminatória em onze provas escritas e orais, acrescida de entrevista e testes psicológicos.
Como para o vestibular do Rio Branco, passei com facilidade – a despeito de minhas deficiências em direito e em inglês – no concurso direto (segundo lugar nas duas seleções), quase sem estudar (inclusive porque não tinha muito tempo. Mas, como eu tinha anos e anos de leituras acumuladas, eu sabia praticamente tudo do que se exigia como conhecimento em história, geografia, economia, política, relações internacionais e um excelente domínio do francês e do espanhol.
Na verdade, a grande motivação para eu deixar a carreira acadêmica em São Paulo e ingressar na diplomacia do Estado “burguês” que eu ainda queria “destruir”, prendia-se justamente ao fato de querer saber se a ditadura tinha algo contra mim, depois de anos passados na Europa escrevendo e atuando contra o regime, ainda que sob “noms de plume”, ou seja, sob outra identidade. Naquela época, o SNI tinha de fazer a verificação de todo e qualquer indivíduo pleiteando um cargo público. Aparentemente, eu estava “limpo”, o que me deixou tranquilo por mais alguns anos. Outro motivo para decidir-me mudar para Brasília era o de terminar um relacionamento em São Paulo, e voltar a ficar livre novamente de quaisquer compromissos. Foi assim que eu decidi me tornar diplomata, sem que eu tivesse muita ideia, praticamente nenhuma, sobre como era a carreira e o que eu iria fazer nela.
Fale sobre sua preparação para o concurso. Quais foram os maiores desafios e como os superou?
Minha preparação foi extremamente precária, pois como disse, poucos meses antes do concurso eu sequer tinha ideia de que estaria prestando exames de seleção dentro de poucas semanas. Dei uma olhada na bibliografia de referência, obtida junto à representação do Instituto Rio Branco (ou do MRE) junto à Reitoria da USP, consegui alguns livros em bibliotecas, outros não, e fiquei, na verdade, lendo livros paralelos à lista de recomendações. Lembro de ter lido livros como Paulo Mercadante, Consciência Conservadora no Brasil, Thomas Skidmore, Preto no Branco, e outros de interesse geral. Considerava estar preparado em francês, história, geografia e economia, em vista dos longos anos de leituras, justamente, e me preocupei mais intensamente com inglês e direito, que eu nunca tinha estudado realmente. Creio ter passado “raspando” nessas duas matérias, mas fiz notas altas, em alguns casos máximas, nas demais, tanto que meus exames de francês, e talvez de história, e também de economia, ficaram nos manuais de estudo do Instituto Rio Branco durante alguns anos. Considero-me um privilegiado nesse aspecto, mas isso apenas porque fui um “rato de biblioteca” praticamente desde que aprendi a ler, na “tardia” idade de sete anos.
Como explicitei, nunca frequentei o Rio Branco, pelo fato do concurso direto ter me colocado na carreira imediatamente, e assim comecei a trabalhar, sem qualquer treino ou qualificação anterior, a não ser uns quantos dias de palestras para a nova “turma”, no Instituto Rio Branco justamente. Sei que no início sequer sabia redigir um telegrama ou memorando em linguagem diplomática, mas isso nunca me preocupou muito. Meu interesse era pela substância da matéria: política internacional, relações de poder, economia mundial, era tudo que me interessava.
Minha vida mudou, sim, radicalmente, pois sai na última semana de novembro de 1977 de aulas de sociologia e de economia em São Paulo, para o trabalho na Secretaria de Estado logo na primeira semana de novembro. Não me considerava muito diplomático, e creio que nunca me encaixei no modelo, pois o que sempre me interessou na carreira era seu lado intelectual, não seu lado burocrático, muito hierarquizado e também extremamente disciplinado (coisas que eu sinceramente negligencio quase completamente). Mas, foi uma boa ascensão profissional de imediato, ainda que o salario de um terceiro secretário, nessa época, fosse propriamente miserável. Lembro-me que eu não tinha renda, já não digo para comprar automóvel ou telefone (dois objetos caríssimos nessa época), mas simplesmente para obter crediário numa loja de departamentos para comprar geladeira a prazo. Humilhante como se vê.
Quem me salvou foi a “namorada” que consegui após menos de uma semana no novo emprego: Carmen Lícia era economista, contratada num projeto de comércio exterior pelo MRE, minha subordinada teoricamente na Divisão onde passei a trabalhar, mas ela ganhava o dobro do que eu ganhava, e assim além da futura noiva e mulher, pude ter acesso a carro, telefone, restaurantes, etc. Foi a maior, e melhor, mudança jamais experimentada em minha vida, pois de todos os meus colegas de turma e outros contemporâneos do Brasil, Carmen Lícia e eu formamos, possivelmente, um dos poucos casais estáveis desde o início. Ficamos juntos, além dos motivos usuais de atração, por dois motivos básicos: ambos somos leitores viciados e viciosos, e ambos nômades inveterados, sempre viajando, por quaisquer meios a quaisquer lugares. Cultura, turismo intelectual, restaurantes e prazeres finos, são os motivos que nos unem desde sempre.
Paulo Roberto de Almeida e Carmen Lícia Palazzo |
Depois de meu ingresso no Itamaraty, em dezembro de 1977, permaneci por apenas um ano e meio em Brasília; no final de 1978, exatamente um ano depois, já estava casando com Carmen Lícia Palazzo, economista contratada num projeto de cooperação entre a Seplan e o MRE para participar de um grupo de trabalho sobre o comércio do Brasil com o Leste Europeu, a divisão onde eu trabalhava, e recebemos em seguida convite para um primeiro posto, mais exatamente na embaixada do Brasil em Berna. A Suíça nos pareceu um lugar conveniente para o nascimento de nosso primeiro filho, encomendado pouco depois do casamento, e foi assim que partimos do Brasil em meados de 1979. Lá ficamos até meados de 1982, tendo Pedro Paulo nascido em maio de 1980; logo em seguida retomei meu doutoramento que tinha ficado abandonado desde o início do 1977, quando decidi retornar ao Brasil depois de longos anos de estada na Europa, e para isso refiz minha matrícula de doutoramento, sem mudar, naquele momento substancialmente o projeto, junto à Universidade de Bruxelas.
Depois de três anos de Suíça e desejando ficar ainda na Europa para continuar e terminar a tese de doutoramento, aceitei um posto em Belgrado, na Iugoslávia formalmente socialista, dois anos depois da morte de seu ditador desde 1945, Josip Broz Tito. A despeito das dificuldades materiais – cortes de eletricidade extensivos e intensos durante o inverno, penúria de gêneros de todos os tipos, inclusive de gasolina – o país balcânico – unificado apenas aparentemente – constituiu uma excelente experiência de vida, de aprendizado, de viagens. Por duas vezes tive de separar-me de minha família – deslocada para Roma durante dois invernos seguidos – e aproveitei os momentos de isolamento para redigir a tese, que ficou pronta no primeiro semestre de 1984, com defesa marcada para junho desse ano em Bruxelas. Aproveitamos o restante de nossa estada na Europa, antes de retornar ao Brasil, para viajar muito em diversos países.
Depois de uma curta estada em Brasília, entre 1985 e o início de 1987, saímos novamente para o que seria o nosso terceiro posto, novamente a Suíça, mas desta vez na delegação multilateral em Genebra, outra excelente estada numa bela cidade, muito bem localizada, extremamente gratificante sob todos os pontos de vista: profissional, cultural, familiar, acadêmico, turístico-gastronômico. Foram três anos muito felizes, ao final dos quais ganhamos uma linda filha, a Maíra, e no início de 1990 já estava partindo novamente para meu quarto posto, desta vez Montevidéu, mas não o bilateral e sim o multilateral da Aladi. Aprendi muito sobre integração, essencialmente sobre o Mercosul, que aliás foi o tema de meu primeiro livro, publicado de retorno ao Brasil, em 1993. A estada em Montevidéu foi extremamente curta, apenas dois anos exatos, após os quais eu voltei para trabalhar justamente na unidade de integração regional e outros temas econômicos na Secretaria de Estado.
Meu quinto posto foi Paris, para onde fui em setembro de 1993, chegando justo a tempo de assistir conversações do então ministro da Fazendo Fernando Henrique Cardoso, e de seu presidente do Banco Central, Pedro Malan, com o Tesouro francês, a propósito de nossa dívida externa e dos acordos contraídos no âmbito do clube de Paris. Foram mais três anos de completa felicidade profissional, familiar, cultural, turística e gastronômica, obviamente, com muitas viagens e enriquecimento intelectual. Em Paris me ocupei de temas econômicos, bilaterais e multilaterais (Clube de Paris e OCDE), o que me trouxe uma imensa bagagem – junto com a adquirida anteriormente em Berna, Genebra e Montevidéu – para me orientar definitivamente para os temas de história econômica e políticas de desenvolvimento.
De volta a Brasília, no início de 1996, assumi a chefia da Divisão de Política Financeira e de Desenvolvimento da Subsecretaria de Assuntos econômicos, onde permaneci três “longos anos”, até receber um convite para ser ministro-conselheiro em Washington, para onde fui em setembro de 1999. Lá permaneci quatro anos completos, voltando em outubro de 2003, já com o novo governo lulopetista. Fui então trabalhar como assessor especial de um dos integrantes da troika que cercava o presidente Lula, ocupando-me de temas de planejamento estratégico, um exercício que poderia ter sido extremamente gratificante se não fosso e vezo petista e militar por planos grandiosos, ambiciosos demais para serem efetivamente executados com sentido pragmático.
Depois de uma missão provisória na China, durante oito meses em 2010, onde desempenhei a função do Comissário Geral Adjunto do Pavilhão do Brasil por ocasião da Exposição Universal de Shanghai, retornei ao Brasil para funções anódinas, tomando então uma licença, no início de 2012, para dar aulas no Institut de Hautes Études de l’Amérique Latine, junto à Universidade de Paris 3 (Sorbonne), na rue Saint-Guillaume. Foram mais seis meses de muita cultura, muitas viagens, muito estudo e satisfação.
De volta ao Brasil, aceitei ser, no final de 2012, ser Cônsul Geral Adjunto no Consulado Geral do Brasil em Hartford, Connecticut, mais três anos de livros, viagens, muita cultura (sobretudo em museus e bibliotecas), várias palestras em universidades americanas da costa leste (e até do Illinois), e duas travessias completas, coast to coast, de um oceano a outro (quando conhecemos praticamente todos os estados americanos), decidimos, Carmen Lícia e eu, voltar ao Brasil no final de 2015, por razões basicamente familiares (ficar próximos dos filhos e netos). Estes foram, pois, os meus postos e minhas viagens, todos eles recheados de muito conhecimento, experiência de vida, e de prazeres culturais e gastronômicos.
Como o senhor descreveria a atuação da sua esposa, ao seu lado, nesses quase quarenta anos?
Carmen Lícia Palazzo sempre foi, desde o início, continua sendo e assim será no futuro previsível, uma companhia excepcional e provavelmente a melhor coisa que me aconteceu na vida desde que ingressei no Itamaraty em dezembro de 1977. Nunca poderia ter casado com alguém que não amasse, mas sobretudo que não partilhasse comigo os mesmos gostos – por livros, por viagens, por cultura, em geral, por uma vida simples, mas repleta de prazeres intelectuais – e que fosse animada pelo mesmo gosto de aventura, por esse nomadismo constante que é intrínseco à carreira, mas que ambos praticamos no mais alto grau, no limite das possibilidades temporais e materiais. Temos origens relativamente similares – famílias imigrantes, trabalhadoras, motivadas pela educação de seus filhos como via de ascensão social, ainda que eu viesse de um meio bem mais modesto e menos educado do que ela – e cultivamos interesses comuns e pontos de vista políticos e filosóficos também amplamente coincidentes, o que também compreendeu projetos de vida largamente orientados para objetivos partilhados, tanto no plano familiar, quanto no profissional, ou simplesmente de vida intelectual. Esses são os pontos de partida que explicam que, no amplo leque de nossa faixa de casais que coincide temporalmente com a trajetória de vida e carreira, sejamos um dos poucos que se manteve estável ao longo de quase 40 anos de itinerário conjunto.
No plano específico da vida em comum, parece inevitável que alguns trade-offs tivessem de ter sido feitos, aceitos e encarados, nem sempre em igualdade de condições. Como apenas eu ingressei na carreira diplomática, Carmen Lícia, por injunções da vida diplomática – remoções, mudanças de modo de vida, filhos, e uma série de outras vicissitudes – teve de abandonar sua carreira pessoal, como economista, para adentrar num tipo de atividade na qual pudesse conciliar suas preferências pessoais com as condições sempre mutantes da minha condição. Ela se orientou então para o magistério, para a pesquisa, na área de história, uma trajetória tampouco isenta de percalços pois sempre condicionada às possibilidades locais em postos do exterior e à sempre renovada necessidade de retomar trabalho nessas áreas quando no Brasil. Nunca é fácil, inclusive também por que, por temperamento, nenhum de nós dois é adepto de serviçais ou de dependentes para os trabalhos domésticos: ainda que amplamente divididas as tarefas da casa, é óbvio que a carga maior sempre fica com quem tem a obrigação de cuidar dos filhos, de se ocupar de sua educação e do funcionamento da casa, em face de uma carreira bastante exigente em termos de invasão das horas vagas e dos fins de semana.
A compensação vem num planejamento conjunto das diversas possibilidades de remoção e de estilo de vida, num engajamento intenso, e comum, nas atividades que ambos cultivamos – leituras, viagens, lazeres culturais e gastronômicos, e várias outras atividades afins – e num despojamento partilhado em relação ao supérfluo e a certa ostentação, que são talvez muito comuns na carreira, em troca de uma vida mais voltada para o que nos une, justamente, afastada de qualquer exibicionismo ridículo. Carmen Lícia, aliás, lê muito mais do que eu, conhece provavelmente muito mais coisas que eu, em termos de história, civilizações, culturas, e está sempre sugerindo algo para fazermos no universo cultural que nos interessa. Devo a ela muito do que sou, do que fiz, do que pude produzir ao longo dos anos: aliás, só pude escrever e publicar tanto, nestes últimos 40 anos, porque Carmen Lícia assegurou as condições ideais, até com certo sacrifício pessoal, para que tudo isso pudesse ser feito.
Por isso não tenho nenhuma hesitação em proclamar meu amor por ela, e dizer que fui, sou, um homem muito feliz por ter como companhia uma mulher excepcional, bem mais inteligente do que eu, muito mais esperta em coisas da vida, dotada de um faro psicológico superior ao meu para coisas e pessoas, enfim, um amor de pessoa.
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Das atividades que o senhor realizou no MRE, quais mais lhe dão orgulho?
Ter participado das primeiras iniciativas de informação, impressa e digital, sobre integração e diplomacia econômica – com edição de revistas, boletins, publicações diversas – entre os anos 1990-93, e depois acompanhado muito do trabalho negociador de diplomacia econômica, seja em Paris (entre 1993 e 95, no Clube de Paris), seja em Brasília, nos temas de investimentos e finanças (entre 1996 e 1999), e depois em Washington, nos mesmos temas, mais ciência e tecnologia. Todos os meus livros, mesmo os de história diplomática, trazem esse universo das relações econômicas internacionais e da história econômica do Brasil, que estão no centro de minhas pesquisas, estudos, escritos e aulas. Atualmente, sem um cargo definido no Itamaraty, na transição de um governo e outro, encontro-me colaborando com atividades de natureza cultural na Funag, tendo já organizado um seminário e livro sobre um historiador-diplomata, Francisco Adolfo de Varnhagen, e preparando outros projetos nesse mesmo universo da história diplomática e da política externa do Brasil.
O que diria sobre a carreira diplomática? Como o senhor a vê?
De espírito e motivações basicamente acadêmicas, só sou diplomata porque encontro essa profissão a mais intelectual de todas as carreiras do serviço público, a que mais se amolda a meu espírito de pesquisador, de escritor, de professor (uma atividade que sempre desempenhei em caráter complementar, mas de forma constante, intensa). Não tenho grandes motivações corporativas, no sentido de fazer da carreira o centro exclusivo de meu interesse profissional ou até de vida, mas considerando-a, de certa forma, como um esteio muito gratificante a esses outros aspectos intelectuais ou culturais que preenchem não apenas a minha vida, mas também a de Carmen Lícia, uma leitora voraz, uma intelectual, uma pesquisadora e professora, como eu. A maior parte de meus colegas, reconheço, fazem da carreira uma verdadeira vocação, um modo de vida e um objetivo central de seus itinerários profissionais, o que não é exatamente o meu caso, ainda que eu considere esses objetivos plenamente válidos, pois eles são, de fato, o constitui a essência da carreira diplomática: informar, representar, negociar.
É o que de certa forma também fiz, ao longo de minha carreira, mas sem jamais abandonar, ou descurar, minhas outras atividades intelectuais, a pesquisa, o estudo, as aulas, palestras, conferências, participação em revistas e grupos de estudo e trabalho na esfera precipuamente acadêmica, no Brasil e no exterior. É o que sempre fui, professor, o que outros reconhecem que sou, e o que me dá maior prazer e satisfação intelectual. Não tenho essa obsessão de outros colegas pelo trabalho puramente burocrático de chancelaria – a não ser o que envolve, justamente, a produção de material substantivo de pesquisa e formulação de posições, com base num estudo detalhado de cada tema diplomático ou cada problema negociador inscrito em nossa agenda – e menos ainda pelo aspecto coloquial dos coquetéis e recepções diplomáticas onde se perde um tempo enorme com banalidades até obter alguma informação relevante para o trabalho próprio do diplomático. Como sou um leitor inveterado, prefiro “perder” meu tempo na companhia dos livros e em outras atividades desse tipo, a frequentar salões e gabinetes nos quais a hipocrisia é de rigor e onde as frases de efeito e os chavões abundam.
Fui e sou muito feliz na carreira diplomática, pois ela me permitiu fazer, e de maneira abundante, o que mais eu e Carmen Lícia gostamos de fazer: viajar, ler, frequentar grandes e pequenos museus, conhecer todos (ou quase todos) os países do mundo, praticar gastronomia (sobretudo italiana, la vera) enfim, circular como nômades com relativo conforto e segurança, satisfazendo nossa insaciável sede de cultura, de conhecimento, de prazer estético, cultural, intelectual.
Em que medida a diplomacia e a academia são complementares ou excludentes?
Para mim elas se entrelaçam profundamente, ainda que colegas diplomatas possam ver nisso algum “desvio de função”. Nunca considerei assim, pois só o hábito de pesquisa, de exposição clara dos fatos, de aprofundamento das razões, origens e desenvolvimento de uma questão qualquer, de suas conexões com o Brasil, podem contribuir para a formulação das melhores posições negociadoras para o país. Ao fazer isso, não é sem orgulho que reconheço ter estado, na maior parte dos casos, e em grande medida na proposição de “soluções” a uma questão negociadora qualquer, à frente do meu tempo, à frente dos meus colegas, o que não é fácil, reconheço desde já. O fato de estudar muito, de pesquisar, de ler intensamente sobre todos os assuntos que me foram atribuídos me habilitou a dispor, se ouso dizer, de um conhecimento aprofundado dessas questões, podendo assim contribuir para a formulação das posições negociadoras que encontro as melhores para o Brasil. Isso nem sempre é visto, e muito raramente é visto, como positivo, uma vez que o Itamaraty, como toda grande instituição burocrática, é eminentemente conservadora, um pouco ao estilo do Vaticano, com seus dogmas e rituais, seus cardeais e seus grandes burocratas, que se apoiam na tradição, bem mais do que nos estudos de vanguarda.
Não tenho nenhum problema assim, de “acusar” o Itamaraty, de ser basicamente conformista com certos mitos do passado, com certos conceitos válidos (talvez) numa certa época, mas que se cristalizaram numa ideologia nacionalista um pouco ingênua, crenças desenvolvimentistas do tipo rústico – ou seja, sem fundamentos econômicos mais refinados – e esse vago terceiro-mundismo onusiano que encontra ultrapassado e que é completamente artificial, para não dizer anacrônico sob todos os pontos de vista. Os companheiros no poder, de 2003 a 2016, ainda consolidaram toda uma ideologia nefasta da divisão do mundo entre países hegemônicos – as economias avançadas, e antigos impérios coloniais – e emergentes – supostamente anti-hegemônicos, e portanto, automaticamente aliados numa causa simplória de reorganização do mundo segundo novas bases, que ainda carregam esse entulho ideológico do desenvolvimentismo de base estatal, protecionista, introvertido e, ao fim e ao cabo, basicamente prejudicial ao nosso desenvolvimento econômico e nossa integração nos circuitos da globalização. O Itamaraty, durante todos esses anos, foi extremamente passivo com posturas e ações totalmente contrários a nossos interesses nacionais, alinhados com algumas das piores ditaduras da região e alhures, totalmente em conformidade com o espírito socialista vulgar dos que estiveram no poder durante esse período.
Atribuo meu ostracismo e alijamento de funções relevantes no Itamaraty durante todo esse período à minha postura claramente opositora, não apenas a esse esquerdismo infantil e anacrônico, mas também a certa passividade ou submissão diplomática em face de iniciativas claramente contrárias a nossos interesses como nação integrada ao mundo, não alinhada a regimes deploráveis no plano da democracia e dos direitos humanos. Nunca deixei de pensar com minha cabeça e de expressar o que penso sobre tudo isso, e mais ainda: de escrever e publicar o que penso. Prefiro ficar em paz com minha consciência, do que fingir uma concordância hipócrita com posturas que sei que são contrárias às melhores tradições diplomáticas de nossa história. Este também é um aspecto que deriva de meu pendor pelos estudos e pelas pesquisas especializadas.
Quais foram os maiores desafios, ao longo da sua carreira?
Não posso reclamar de uma carreira que me levou a conhecer alguns dos lugares mais interessantes do mundo, que me permitiu desenvolver quase plenamente todos os meus interesses intelectuais, e que me ofereceu segurança e estabilidade para justamente poder me dedicar, nas horas vagas de uma atividade profissional geralmente intensa – pelo menos até certa etapa –, aos meus hobbies preferenciais e eternos: leituras, escrita, viagens e cultura refinada, no sentido mais intelectual do que artístico. Não obstante, alguns momentos foram desafiadores, ou difíceis, na vida pessoal, familiar, profissional.
Nossa estada na então Iugoslávia, entre 1982 e 1985, foi bastante problemática, inclusive porque, em virtude de racionamento de quase tudo, de penúrias constantes, e de cortes de eletricidade em pleno inverno, Carmen Lícia e Pedro Paulo, então entre 3 e 4 anos, tiveram de se instalar em Roma por dois invernos seguidos, enquanto eu permanecia em Belgrado durante a semana e os visitava nos fins de semana ou nas saídas periódicas. O período coincidiu também com a preparação de minha tese de doutorado junto à universidade de Bruxelas, o que também implicou em separação maior do que o imaginado. Foi, certamente, meu único “posto de sacrifício”.
O outro grande desafio da carreira foi ter enfrentado, por razões claramente políticas – em virtude meus escritos fortemente críticos aos governos do PT –, um veto virtual, efetivo, a cargos e funções na Secretaria de Estado desde praticamente 2003 até o presente momento, quando recém se inicia um novo governo. Fui, provavelmente, um dos críticos mais evidentes e declarados do regime lulopetista, que sempre considerei prejudicial ao Brasil em geral, e especialmente danoso do ponto de vista da política externa e de sua diplomacia. Eu tinha publicado, ainda em Washington, em 2003, depois unificada em um livro coletivo, uma série de análises tópicas sobre temas de política internacional e de diplomacia prática, provocativamente chamada de “Contra a Corrente: Treze Ideias Fora do Lugar”, na qual eu já criticava as concepções que passaram a figurar na base da diplomacia implementada desde então. A consequência foi um veto explícito a qualquer cargo em Brasília, primeiro no Instituto Rio Branco, depois na própria SERE. Fiquei no limbo, portanto, Aproveitei o tempo “livre” para produzir ainda mais, e publicar um número superior de escritos ao que teria sido possível fazer se tivesse tido funções de responsabilidade na SERE.
O que diria aos jovens estudantes que pretendem prestar o Concurso de Admissão (CACD)?
Não tenho grandes conselhos a dar, pois julgo que cada indivíduo possui suas próprias motivações e interesses pessoais, para a sua vida profissional, familiar ou intelectual. Minha vida sempre foi feita de estudos, de leituras, de notas e escritos e acho isso um bom método para quem pretende ser diplomata: ler de tudo (material de boa qualidade, quero dizer), anotar, refletir, sintetizar, expor, colocar as ideias em ordem e saber se expressar claramente, o que só se consegue estudando muito, o que permite pensar de forma abrangente. Quem começa a pensar em estudar para o concurso de ingresso na carreira diplomática de certa forma já começa tarde, pois a atitude correta, para qualquer profissão aliás, é a de estudar sempre, desde pequeno e durante toda a vida, mesmo depois de realizado o objetivo de ingressar na carreira diplomática.
Quanto aos princípios e valores que devem guiar alguém na preparação ou no desempenho de sua carreira diplomática, creio que já escrevi alguma coisa a esse respeito neste pequeno texto que provavelmente merece atualização reflexiva, depois de mais de uma década e meia de redigido:
“Dez regras modernas de diplomacia” (agosto de 2001)
Esta entrevista é a sua publicação de número 1.226, qual é a sua maior motivação para escrever?
Trata-se de uma compulsão interior, certamente derivada desse meu hábito “insano” de intensas leituras, sempre com anotações, e de uma dedicação paralela, mas também intensa, a atividades acadêmicas, o que me motivou a escrever textos de nítido perfil didático, que a partir de uma determinada etapa se transformaram em livros (mais de uma dúzia), capítulos de livros em dezenas de obras coletivas, e algumas centenas de artigos que são regularmente colocados à disposição dos interessados ou curiosos em meu site (www.pralmeida.org), blog (http://diplomatizzando.blogspot.com) e em plataformas de intercâmbio acadêmico, tipo Academia.edu e Research Gate, além dos veículos que publicam esses materiais.
Já escrevi muito, também, sobre essa minha maneira de ser, justamente, tanto pela vertente diplomática-acadêmica, quanto pela de “escrevinhador” e divulgador dos escritos os mais diversos. Permito-me, portanto, alinhar aqui, alguns desses trabalhos que podem complementar esta breve informação sobre meus métodos de trabalho, sobre minhas atividades intelectuais, sobre minha postura em relação à dupla militância, na carreira diplomática e nas lides acadêmicas. Apenas transcrevo os textos segundo a numeração na lista de originais, eventualmente complementada pela de publicados.
800. “Dez Regras Modernas de Diplomacia”, Chicago, 22 julho 2001; São Paulo-Miami-Washington 12 agosto 2001, 6 p; Ensaio breve sobre novas regras da diplomacia. Postado no blog Diplomatizzando (16/08/2015, link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/08/dez-regras-modernas-de-diplomacia-paulo.html). Relação de Publicados n. 282.
1073. “Mensagem aos formandos”, Washington, 4 jul. 2003, 5 p. Texto de saudações elaborado para atender a convite da comissão de formatura do curso de Relações Internacionais da Universidade Tuiuti do Paraná. Encaminhado em 4/07, em versão preliminar. Postado no blog Diplomatizzando (27/05/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/saudacao-formandos-de-relacoes.html).
1089. “Aprenda diplomacia por sua própria conta (e risco), em apenas um dia”, Washington, 2 ago. 2003, 4 p. Paródia aos manuais de auto-aprendizado de economia, imaginando matérias e métodos para um self-made diplomat. Postado no blog Diplomatizzando (27/05/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/seja-diplomata-por-sua-propria-conta-e.html).
1181. “A formação e a carreira do diplomata: uma preparação de longo curso e uma vida nômade”, Brasília, 14 jan. 2004, 3 p. Texto preparado para o Guia para a Formação de Profissionais do Comércio Exterior, das Edições Aduaneiras. Postado no blog Diplomatizzando (27/05/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/preparacao-para-carreira-diplomatica.html).
1345. “A caminho de Ítaca”, Brasília, 18 out. 2004, 7 p. Ensaio sobre como e por que sou professor, de caráter autobiográfico. Postado no site pessoal (link: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1344ItacaProfessor.html), no blog DiplomataZ (23.11.2009; link: http://diplomataz.blogspot.com/2009/11/24-por-que-sou-professor-uma-reflexao.html); republicado no blog Diplomatizzando (15/10/2015; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/10/a-caminho-de-itaca-como-e-por-que-sou.html)
1403. “Conselhos de um contrarianista a jovens internacionalistas”, Brasília, 5 março 2005, 6 p. Alocução de patrono na XI turma (2º semestre de 2004) de Relações internacionais da Universidade Católica de Brasília (10/03/2005). Mesmo texto aproveitado para alocução de paraninfo na turma de Relações internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina, Unisul, Tubarão, SC, de 2004 (8/04/2005). Mensagem disponível no site pessoal: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1403Contrarianista.html.
1492. “Postura diplomática”, Brasília, 8 e 12 nov. 2005, 2 p. Comentários a questão colocada a propósito de situações difíceis enfrentadas no trabalho diplomático. Divulgado no blog Diplomatizzando (2/07/2012; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2012/07/postura-diplomatica-o-contrarianista.html).
1507. “Por que leio tanto? e Meus ‘métodos’ de leitura...”, Brasília, 18 dez. 2005, 3 p. Dois textos sequenciais sobre leituras e métodos, para postagem no meu blog (http://paulomre.blogspot.com). Apresentação ao novo Blog “Textos PRA” (1 p.). Postado no blog Diplomatizzando (27/05/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/por-que-leio-tanto-meus-metodos-de.html).
1529. “O que faz um diplomata, exatamente?”, Brasília, 11 janeiro 2006, 4 p. Resposta a indagações efetuadas sobre a natureza do trabalho diplomático, como remissão a meu trabalho sobre as “dez regras modernas de diplomacia”; Blog n. 153 (link: http://paulomre.blogspot.com/2006/01/153-o-que-faz-um-diplomata-exatamente.html).
1535. “Alguns aspectos da cultura diplomática: respostas a questionário no âmbito de projeto sobre a mulher na diplomacia”, Brasília, 18 janeiro 2006, 12+5 p. Respostas a questionário submetido por professora da USP, no quadro do projeto “Mulheres e Relação entre os Gêneros nas Diplomacias Brasileira e Portuguesa”. Novas perguntas em 20 de fevereiro, respondidas em 25 de fevereiro (total: 17 p). Postado no blog Diplomatizzando (27/-5/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/a-cultura-diplomatica-e-as-mulheres.html).
1558. “Ser um bom internacionalista, nas condições atuais do Brasil, significa, antes de mais nada, ser um bom intérprete dos problemas do nosso próprio País”, Brasília, 8 março 2006, 6 p. Alocução de paraninfo na turma de formandos do 2º Semestre de 2005 do curso de Relações internacionais do Uniceub, Brasília (16 de março de 2006, 20hs, Memorial Juscelino Kubitschek). Colocado à disposição no site pessoal (link: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1558uniceub16mar2006.doc).
1563. “As relações internacionais como oportunidade profissional”, Brasília, 23 março 2006, 9 p. Respostas a algumas das questões mais colocadas pelos jovens que se voltam para as carreiras de relações internacionais. Postado no blogpessoal (http://diplomatizzando.blogspot.com/2013/03/as-relacoes-internacionais-como.html). Relação de Publicados n. 627.
1591. “O Ser Diplomata: Reflexões anárquicas sobre uma indefinível condição profissional”, Brasília, 2 maio 2006, 3 p. Reflexões sobre a profissionalização em relações internacionais, na vertente diplomacia. Disponível no site pessoal (link: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1591serdiplomata.doc).
1624. “Declaração de princípios: sou um homem de causas”, Brasília, 20 junho 2006, 2 p. Post inaugural no novo blog Vivendo com livros, voltado para os livros e o estudo (http://vivendocomlivros.blogspot.com/). Postado novamente no blog Diplomatizzando (31/01/2014: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/01/e-por-falar-em-blogs-uma-declaracao-de.html).
1670. “Dez obras fundamentais para um diplomata”, Brasília , 29 setembro 2006, 2 p. Lista elaborada a pedido de aluno interessado na carreira diplomática: obras de Heródoto, Maquiavel, Tocqueville, Pierre Renouvin, Henry Kissinger, Manuel de Oliveira lima, Pandiá Calógeras, Delgado de Carvalho, Marcelo de Paiva Abreu e Paulo Roberto de Almeida, para uma boa cultura clássica e instrumental, no plano do conhecimento geral e especializado. Blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/09/625-dez-obras-fundamentais-para-um.html). Revisto e ampliado, com explicações e links para cada uma das obras, em 14 de outubro de 2006 (6 p.). Relação de Publicados n. 709.
1688. “Auto-entrevista (ao chegar numa certa idade...)”, Brasília, 19 novembro 2006, 6 p. Algumas perguntas (leves) a um personagem conhecido: um texto comemorativo. Postado no site, link: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1685AutoEntrevista.pdf.
1704. “Um autodidata na carreira diplomática”, Brasília, 26 dezembro 2006, 4 p. Respostas a questões colocadas por jovem candidato à carreira diplomática. Colocada no blog Diplomatizzando; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/12/667-um-autodidata-na-carreira.html#links.
1705. “Carreira Diplomática: dicas e argumentos sobre uma profissão desafiadora”, Brasília, 27 dezembro 2006, 6 p. Consolidação e compilação de meus trabalhos relativos à carreira diplomática e à profissão de internacionalista, para atender às muitas consultas que me são feitas nesta época. Colocada no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/12/669-carreira-diplomatica-dicas.html) e incorporada ao site pessoal, seção “Carreira Diplomática”.
1706. “Retrato do diplomata, quando maduramente reflexivo”, Brasília, 31 dezembro 2006, 5 p. Reflexões pessoais em torno de uma vida dedicada aos livros, ao estudo e ao aperfeiçoamento da sociedade. Postado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2006/12/679-retrato-do-diplomata-quando.html) e no site pessoal (link: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1703RetratoDiplomata.html).
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 27 de maio de 2016
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