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quinta-feira, 19 de maio de 2016

Debate no IDP, 4: resposta a pergunta formulada (18/05/2016) - Paulo Roberto de Almeida

Dou continuidade, e termino aqui, minhas respostas a perguntas formuladas por ocasião do debate efetuado no IDP na noite de ontem, sobre o tema das manifestações de rua.


Instituto Brasileiro de Direito Público
Escola de Direito de Brasília

Perguntas: Palestra Manifestações políticas a partir de 2013 e a crise brasileira recente

[Respostas de Paulo Roberto de Almeida a perguntas feitas por ocasião do evento título, no qual efetuei pequena palestra, já divulgada em meu blog Diplomatizzando, disponível no link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/movimentos-politicos-e-crise-politica.html].



5) Paulo, como você visualiza as manifestações dos líderes dos países latinos que não reconhecem o interino. Estas negativas podem ser entendidas como uma forma dos integrantes do Mercosul estarem se protegendo contra uma provável ameaça da entrada das empresas internacionais que poderiam colocar em cheque as economias locais?

PRA: Em primeiro lugar, cabe considerar que não foram “líderes de países latinos” que deixaram de reconhecer, ou formularam críticas, ao governo interino do vice-presidente Michel Temer. Foram apenas alguns países, todos eles pertencentes ao que pode ser chamado de “arco do Foro de São Paulo” – uma organização que reúne os chamados partidos progressistas da América Latina, mas que é de fato controlada pelos comunistas cubanos – e que atuaram, diga-se a verdade, a pedido e sob instruções do partido hegemônico do governo anterior, o do PT, derrocado pelo atual processo de impeachment ainda em curso no Senado Federal.
Foi o PT quem orquestrou essa onda de “manifestações” feitas por apenas alguns governos – os da Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua, assim como da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América/Tratado de Comércio dos Povos (ALBA/TCP), -- bem pelo secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, posteriormente pelo governo de El Salvador, e que mereceu notas de resposta do governo brasileiro através de sua chancelaria, o Itamaraty (ver as notas no site do Itamaraty). São, portanto, manifestações muito restritas que não representam a totalidade, sequer a maioria, dos “líderes latinos”.
Essas “manifestações” não têm, por outro lado, nada a ver com o Mercosul, ou com uma suposta “defesa” contra ameaças de empresas estrangeiras aos mercados locais. Os países do Mercosul – com a exceção da Venezuela chavista, bolivariana, em estado pré-falimentar – são todos capitalistas, ainda que bastante estatizantes, e todos eles com grande abertura econômica para investimentos estrangeiros. Dezenas, centenas de investidores externos já se encontram operando nos mercados internos, no mercado regional e nos fluxos de comércio internacional dentro e a partir desses países, e eles são, em grande medida, preeminentes no comércio exterior do Mercosul, uma vez que já possuem um perfil marcadamente voltado para as trocas internacionais de bens e serviços. Não vejo, portanto, nenhuma ameaça vindo por esse lado, e se existisse, o que é totalmente ilusório, fantasioso, ou fantasmagórico, não teria nada a ver com essas manifestações de alguns poucos líderes políticos orquestrados e incitados, de forma totalmente antipatriótica cabe registrar, pelo próprio PT, contra o governo legítimo do vice-presidente Michel Temer.

  FIM

Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 19/05/2016

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