Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
terça-feira, 13 de setembro de 2016
Transsiberiana, transmongoliana, atravessando a Asia de trem - Edson Veiga (Estadao)
Foram oito cidades, três países e sete trens para vencer os 7.865 quilômetros entre Moscou, na Rússia, e Pequim, na China. Com uma criança de menos de 3 anos a bordo
Rubens Ricupero: livro sobre a diplomacia na construcao do Brasil (Valor)
http://www.academia.edu/28438753/Livro_de_Ricupero_sobre_diplomacia_brasileira_Valor_9_09_2016_
postei a entrevista do Embaixador Rubens Ricupero, concedida à jornalista Monica Gugliano, para o caderno especial do jornal Valor Econômico de fim de semana, falando da política atual brasileira, e de seu livro que deverá ser publicado até o final do ano, discorrendo sobre o papel da diplomacia brasileira na construção do Brasil.
segunda-feira, 12 de setembro de 2016
Cadernos de Politica Exterior - IPRI-Funag, n. 3 (2016)
Revista "Cadernos de Política Exterior"
- O Itamaraty e os Jogos Rio 2016, por Sergio Luiz Canaes e Vera Cíntia Álvarez (pdf)
- As relações Brasil-Argentina no aniversário da Declaração do Iguaçu, por Eugenia Barthelmess (pdf)
- ABACC: os primeiros 25 anos, por João Marcelo Galvão de Queiroz (pdf)
- As relações entre o Brasil e a Palestina e o reconhecimento do Estado palestino pelo Brasil, por Gustavo Fávero e Lucas Frota Verri Pinheiro (pdf)
- Desarmamento nuclear, por Sergio Duarte (pdf)
- A China e sua vizinhança, por Cláudio Garon (pdf)
- A Parceria Transpacífico e suas consequências para o Brasil: uma aproximação preliminar, por Carlos Márcio Bicalho Cozendey e Ivana Marília Gurgel (pdf)
- Integração energética: condicionantes e perspectivas para o Brasil e a América do Sul, por Clélio Nivaldo Crippa Filho (pdf)
- Normalização e regulamentação técnica no TBT: implementação e debates, por Luís Guilherme Parga Cintra (pdf)
- Grand Days: noventa anos depois de o Brasil ter deixado Genebra, o que diz a historiografia sobre a participação brasileira na Liga das Nações (1920-1926)?, por Norma Breda dos Santos (pdf)
Acesse aqui nº 3 (1º/2016) | Acesse aqui nº 2 (2º/2015) | Acesse aqui nº 1 (1º/2015) |
domingo, 11 de setembro de 2016
Caderno especial do Estado sobre as reformas - José Fucs
e o "pires na mão" em brasília
Sobre a idiotice em geral, e sobre Paulo Freire em particular (uma coisa nao exclui a outra) - Paulo Roberto de Almeida, Olavo de Carvalho
Em primeiro lugar, um esclarecimento sobre este blog Diplomatizzando.
Enganam-se aqueles que acham que eu levo muito a sério o que estou postando. Errado! Este blog tem duas funções básicas: por um lado é uma espécie de arquivo, ou biblioteca de caráter geral, onde eu coloco coisas que encontrei por aí, nesse vasto mundo da blogsfera e dos demais veículos de comunicação social, e que me permite guardar, para eventual recuperação e uso posterior (o que quase nunca chega, inclusive porque a função de "pesquisa" parece estar desativada atualmente, e não me perguntem por que), materiais diversos, que me chamaram a atenção, que eu li, e comentei, ou que eu mal tive tempo de ler, mas que posto para voltar a ler na jornada ou um ou dois dias depois, quando verifico a lista de postagens e o que entrou como comentários (agora desativados, sem que eu tampouco saiba porque, mas eles sobrevivem no Google+).
Por outro lado, é um mero lazer, ou passa tempo, aquilo que os franceses chamariam de divertissement. Ou seja, eu me divirto lendo certas coisas, que podem até ser inteligentes e servir para ampliar meu conhecimento -- o que é sempre um prazer intelectual -- ou que podem ser simplesmente idiotas, e que por isso merecem um comentário de rejeição (pois tem muita gente ingênua ou mal informada no mundo, e eu me divirto, ou disso tiro prazer, ensinando outros, com base na minha experiência de vida e nos conhecimentos acumulados), ou ainda, é um simples registro factual, ainda entrando na primeira categoria, mas aqui também com essa função de divertimento no aprendizado: saber como tem certas coisas no mundo que merecem um registro pois podem acabar entrando para a história (a maior parte não fica, mas a gente sempre acha que vivemos tempos históricos).
Em geral, eu tento corresponder ao espírito e aos objetivos do blog: postar coisas inteligentes para pessoas inteligentes, mas por vezes ocorre de eu postar coisas sumamente idiotas, e desde já me desculpo pelo termo, que uso com certa liberalidade, a ponto de chocar certas almas sensíveis.
Idiota, do grego, significa, segundo os dicionários, é um adjetivo e substantivo de dois gêneros cujo signficado é duplo: 1. diz-se de ou pessoa que carece de inteligência, de discernimento; tolo, ignorante, estúpido 2. diz-se de ou pessoa pretensiosa, vaidosa, tola.
Ou seja, nada que não exista em enorme quantidade neste nosso planetinha redondo, como diria alguém que não é idiota, mas que é um profundo ignorante, dotado -- como diria Millor Fernandes -- de uma ignorância enciclopédica, ou seja, abrangendo vastas áreas do (des)conhecimento humano. Mas se trata de alguém que possui uma inteligência instintiva, e que por isso mesmo enganou muita gente neste país durante muito tempo, tanto idiotas, como ignorantes no sentido amplo do termo, mas até pessoas aparentemente bem informadas (PhDs, muitos), que escolheram ser idiotas de um esperto mafioso.
Pois bem, ainda hoje recolhi mais um comentário de alguém que não gostou de uma postagem que eu fiz em 2012, a partir de um artigo de Olavo de Carvalho -- não que eu seja um admirador dele, mas se trata de alguém que também pode dizer coisas inteligentes, no meio de muita paranoia e confusão mental -- sobre aquele que eu classifico, e desculpem pela caixa alta,
O MAIOR IDIOTA DO BRASIL, PAULO FREIRE, o homem que foi entronizado como "patrono da educação brasileira", ou seja, vai continuar idiotizando milhares de pessoas, mesmo falecido há muitos anos.
Um desses leitores ficou indignado com a minha classificação desse nefasto personagem da educação brasileira como IDIOTA, e escreveu dizendo que o citado idiota tinha sido homenageado em vários países, inclusive com doutorados honoris causae (mas nisso ele ele perdeu do mafioso espertinho, que ganhou muitos mais HC de idiotas espalhados pelo mundo, especialmente nas universidades, um dos lugares que tem uma concentração especialmente elevada de idiotas por centimetro quadrado; estou brincando, claro...).
Respondi ao indignado, que me perguntava se todos esses que homenageram Paulo Freire estavam errados, nestes termos:
Sim, todos esses prêmios estão profundamente ERRADOS. Na Europa, os partidos socialistas e comunistas, e todas as variantes do esquerdismo vulgar, estão presentes em todos os países, e em diferentes variações, com ênfase acrescida nas academias e nos parlamentos. São esses que, inclusive ajudados pelo remorso dos conservadores de terem sido imperialistas e colonialistas no passado, que pretendem se redimir honrando esses pretensos heróis terceiro-mundistas, como aliás fazem os daqui. Paulo Freire se enquadra perfeitamente na categoria dos grandes idiotas homenageados por outros idiotas e semi-idiotas.
Para esclarecer devidamente todos os que continuam a achar errado que eu chame Paulo Freire (e vários outros mais) de idiota, reproduzo aqui a íntegra da minha postagem de 2012, onde eu aliás me explico porque uso o termo tão frequentemente (é porque não tenho muita paciência para ficar perdendo o meu tempo com coisas idiotas).
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11 de setembro de 2016
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2012/05/o-supremo-idiota-da-educacao-brasileira.html
quinta-feira, 24 de maio de 2012
O supremo idiota da educacao brasileira: Paulo Freire
Várias vezes referi-me a Paulo Freire, como o supremo idiota da educação brasileira (pior, acho que falei em calamidade educacional que exportamos para o resto do mundo), e tive comentários discordantes, alguns até raivosos. Enfim, todo mundo tem o direito de discordar dos meus posts e, desde que as críticas sejam fundamentadas, não tenho nenhuma objeção a publicar aqui.
E eu tenho o direito de chamar idiotas de idiotas, mas reconheço que também preciso fundamentar minhas "acusações" de idiotice. O problema, eterno, terrível, é que leio muito, mas nem sempre tenho tempo de resumir, sintetizar, explicar tudo o que leio, justificando, portanto, meus julgamentos, geralmente sérios, mas embasados em leituras não reveladas. Concordo, também, em que chamar alguém de idiota, simplesmente, não é muito eficiente, em termos práticos, pois muita gente acha o idiota em questão um grande intelectual, e o interlocutor pode ficar chocado pela minha expressão de desprezo pelo "intelequitual".
Enfim, existem muitos idiotas, no Brasil e no mundo, que mereceriam ser desmascarados, mas eles são muitos, efetivamente, e como o mundo também tem muitos idiotas, sempre tem público para certas idiotices.
O Brasil, como sempre digo, não é tão atrasado materialmente -- já que o progresso é uma fatalidade, como já disse alguém -- como ele é atrasado mentalmente, e nos últimos tempos, os responsáveis políticos e econômicos -- e sobretudo os "educacionais" e pedagógicos -- têm se esforçado para atrasá-lo ainda mais, retrocedendo o Brasil meio século para trás. Talvez até mais, mas isso veremos mais adiante...
Por isso que a atribuição a Paulo Freire do título de patrono da educação brasileira combina com esse atraso. Só atrasados mentais seriam capazes desse crime contra a educação brasileira. Mas existem várias outras idiotices sendo cometidas em outros setores.
Paulo Freire permanece, no entanto, um caso exemplar, e para mim dramático. Ele já influenciou 5o anos de formação de professores e pedagogos, e vai continuar influenciando pelo menos uma geração mais (estou sendo otimista, claro) nos anos à frente. Por isso mesmo sou, como já disse, absolutamente e relativamente pessimista quanto ao futuro da educação brasileira: acho que vamos continuar recuando, mentalmente, do pré-primário à pós-graduação, sem possibilidade de recuperação.
Agradeço à Juliana por esta matéria que retiro de seu blog sobre Paulo Freire, de um "filósofo" que classificam como conservador, e que eu chamaria apenas de polêmico.
Ele tem razão na maior parte do que afirma, só errando quanto à produção científica brasileira que vem sendo citada: ela tem aumentado, não sei se em qualidade, mas pelo menos em quantidade. E conviria também distinguir entre a boa qualidade dos papers que são publicados nas áreas de biológicas, e hard sciences em geral, do lixo que caracteriza, provavelmente, mais da metade do que sai nas chamadas humanidades.
Com essa ressalva, fica o texto de Olavo de Carvalho, que remete a outros autores que poderiam ser pesquisados pelos interessados.
Paulo Roberto de Almeida
De Olavo de Carvalho:
Viva Paulo Freire!
PT, Fundos de Pensão, BNDES: quem ainda não acredita que se trata de uma máfia?
Parece que não acabará nunca
HÁ QUATRO ANOS, quando os fundos de pensão funcionavam como bunkers indevassáveis, um grupo de associados da Refer, que reúne os antigos funcionários da Rede Ferroviária Federal, procurou o então deputado petista Ricardo Berzoini. Eles estavam preocupados com irregularidades na escolha dos investimentos feitos pela Refer. Desconfiavam que o fundo estava colocando dinheiro em papéis duvidosos que, num futuro próximo, dariam prejuízo. Berzoini era um dos mais entendidos e influentes políticos na área de previdência estatal. No governo Lula, praticamente todos os dirigentes indicados para ocupar cargos de confiança nos fundos passavam pelo seu crivo. Ao procurá-lo, os associados da Refer acreditavam estar levando a suspeita a quem os ajudaria a resolver o problema. Erraram. Berzoini escreveu uma carta ao presidente do fundo para alertá-lo de que havia gente de olho nas irregularidades. Depois disso, começou uma caça às bruxas para descobrir quem eram os abusados que tinham posto o dedo na ferida - uma gigantesca ferida.
O caso da Refer é uma gota num oceano de ilegalidades que envolve políticos como Berzoini, empresários e dirigentes corruptos, como veio à tona na semana passada. Uma fraude que pode superar facilmente a marca de 10 bilhões de reais. Como na Refer, fundos das maiores empresas estatais são alvo de suspeitas graves de má gestão e corrupção. Uma farra com dinheiro alheio, uma vez que o bilionário caixa dos fundos é formado também por contribuições dos funcionários das estatais preocupados em garantir uma aposentadoria mais confortável. Petros (dos funcionários da Petrobras), Funcef (da Caixa Econômica Federal), Previ (do Banco do Brasil) e Postalis (dos funcionários dos Correios) estão sob investigação. Apesar de biliardários, alguns apresentaram prejuízos enormes, a ponto de não poderem sequer garantir a aposentadoria dos associados. Nos Correios, por exemplo, os funcionários tiveram de passar a pagar contribuição extra para cobrir o rombo no Postalis.
A Polícia Federal e o Ministério Público começaram a seguir pistas que devem levar à repetição de um daqueles enredos bem conhecidos. Na semana passada, investigadores cumpriram 134 mandados de busca, de condução coercitiva e de prisão. Foram esmiuçados dez investimentos feitos por Previ, Funcef, Petros e Postalis cujo prejuízo, segundo os investigadores, ultrapassa a casa dos 8 bilhões de reais (ao todo, só esses quatro fundos acumulam rombo de 50 bilhões de reais). A operação alcançou algumas das maiores empresas do país, beneficiárias dos recursos aplicados. Entre elas, a OAS, já implicada na Operação Lava-Jato, e o grupo J&F, controlador da JBS, uma das maiores companhias de alimentos do mundo. Expoentes do PIBnacional, como Wesley Batista, um dos donos da J&F, foram levados para depor - o grupo virou alvo porque uma de suas empresas, a Eldorado Celulose, recebeu aporte de 544 milhões de reais da Petros e da Funcef.
Os negócios sob investigação obedeciam a uma mesma lógica. Segundo se apurou, a partir de avaliações propositalmente malfeitas os fundos de pensão despejavam dinheiro em projetos ainda em fase inicial e pagavam, em troca de cotas de participação, quantias bem acima do valor real. Alguns desses investimentos viraram pó pelo caminho, e os fundos ficaram com o prejuízo. A pergunta a que os investigadores tentam responder é: para onde foi o dinheiro? A suspeita é que ao menos uma parte dos valores investidos voltava na forma de propina para os responsáveis pelas decisões. Dirigentes dos fundos chegaram a ser presos, entre eles Guilherme Lacerda, ex-presidente da Funcef, ligado a chefes petistas do calibre de José Dirceu e de João Vaccari, ex-tesoureiro do partido. A aposta dos policiais e procuradores é que, a partir desses dirigentes, seja possível chegar ao topo da cadeia. Eles já sabem, por exemplo, que a parte dos fundos que cabia ao PT era chefiada pela ala do partido ligada ao Sindicato dos Bancários de São Paulo, cujo comando político é de Ricardo Berzoini e João Vaccari.
Chama atenção o fato de que os beneficiários dos investimentos dos fundos são, quase sempre, empresários amigos do poder. A conexão com outros escândalos é estreita. No caso da OAS, o dinheiro da Funcef foi destinado à conclusão de obras atrasadas da Bancoop, a cooperativa dos bancários paulistas. Entre essas obras estava a do célebre Edifício Solaris, no Guarujá (SP), cuja cobertura foi reservada para o ex-presidente Lula. A abertura da caixa-preta dos fundos de pensão não deve render problemas apenas ao PT. O PMDB está igualmente na mira das investigações. Separados pelo impeachment, seus dirigentes correm o risco de se unir na cadeia.
Outra herança dos governos petistas que será destampada muito em breve é a do BNDES. Sob a coordenação da Procuradoria-Geral da República, há pelo menos dois meses investigadores se debruçam sobre contratos de financiamento que resultaram em prejuízos bilionários para o banco. O trabalho está sendo feito em parceria com o Ministério Público de Contas. Os investigadores já tiveram acesso a toda a documentação relativa às operações do banco. O material reúne, além dos contratos, pareceres técnicos e atas das reuniões de diretoria guardadas a sete chaves até recentemente. São 5 gigabytes de documentos digitalizados que, já nas primeiras análises, dão uma ideia do tamanho do problema. Por exemplo: para liberar um financiamento de 2,5 bilhões de reais durante o governo Lula, o banco aceitou garantias que, nas palavras de um investigador, mais parecem um "arquivo de PowerPoint". Em valores atualizados, só esse negócio teria resultado num prejuízo superior a 1 bilhão para os cofres do BNDES. Ao menos um ex-dirigente do banco já sinalizou aos procuradores que tem interesse em colaborar com as investigações. A partir de depoimentos preliminares, os encarregados do caso têm indicações de que no banco funcionou, nos últimos anos, um esquema parecido com o petrolão: em troca da assinatura dos contratos e da liberação dos financiamentos, era preciso pagar propina a políticos e partidos, numa simbiose que, a exemplo do esquema da Petrobras, contava com intermediários encarregados de fazer com que as comissões chegassem ao destino.
O BNDES NÃO SERÁ MAIS UMA CAIXA-PRETA
No governo passado, o BNDES recorreu à Justiça para evitar que os órgãos de investigação tivessem acesso aos contratos firmados nos últimos anos. A VEJA, a nova presidente do banco, Maria Silvia Bastos Marques, diz que houve erros na definição de investimentos, que tudo será apurado e que é necessário resgatar a imagem do BNDES.
O BNDES foi usado politicamente?
A resposta cabe aos órgãos de controle. O que temos feito é estruturar o acesso desses órgãos ao BNDES. Muitas coisas feitas aqui são diretrizes de governo. A administração anterior ficou um tempo longo. Agora estamos rediscutindo praticamente tudo. Criamos, por exemplo, uma diretoria de controladoria, alinhada com a nossa preocupação de trabalhar de forma transparente.
Hoje, é possível dizer que a política dos "campeões nacionais", idealizada pelo PT com recursos do BNDES, foi um erro?
Ela foi levada muito longe. Uma política que era anticíclica naquele momento, em 2008, estendeu-se por muito tempo e deu incentivos que não reverteram em maior competitividade, maior produtividade, maior investimento.
Essa política deixou prejuízo?
O prejuízo foi para a economia brasileira. O propósito de agregar investimentos ao país, prever mais atividade econômica e preservar o nível de emprego não aconteceu. Essa política não foi efetiva como se pretendia.
O BNDES vai deixar de ser uma grande "caixa-preta"?
Todas as informações solicitadas pelos órgãos de controle têm sido encaminhadas. Essa coisa de caixa-preta é um problema de imagem. É extremamente importante reverter isso. O banco tem um corpo técnico sério, e é muito difícil uma pessoa, individualmente, mudar o curso de alguma coisa aqui dentro.
Mas, se isso tivesse funcionado devidamente, não haveria razão para as investigações em curso...
Vamos separar as coisas. O banco tem seu corpo técnico, mas é uma instituição que está inserida em um contexto. Não quer dizer que tudo é decidido tecnicamente. As investigações, os processos, têm suas razões. Vamos apurar e ver o que acontece. Nada é perfeito, e tudo pode ser aperfeiçoado.