Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
A China globalizada mas (ainda) nao globalizante - Marcos Troyjo
Eu me estenderia também sobre os aspectos mais problemáticos dessa ascensão irresistível: direitos humanos e democracia, ademais de mais liberdade econômica (ainda que nesse quesito a China seja um país bem mais livre, economicamente, do que o Brasil, por exemplo).
Será que teremos algum novo Tocqueville para escrever um ensaio "De la démocratie en Chine"?
Seu eu pudesse eu faria, mas não tenho competência ou conhecimento para tanto.
Sinólogos tocquevilleanos (existem?), habilitai-vos...
Paulo Roberto de Almeida
Não será fácil para a China liderar a globalização
Folha de S. Paulo, Quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017
MARCOS TROYJO
Economista, diplomata e cientista social, dirige o BRICLab da Universidade Columbia em NY, onde é professor-adjunto de relações internacionais e políticas públicas. Escreve às quartas
Chineses têm de mostrar não apenas o que querem "do" mundo, mas "para" o mundo
Há cinco anos, concluía-se em Pequim uma das sessões do Comitê para a Reinvenção de Bretton Woods, grupo que busca refletir sobre o futuro do sistema econômico multilateral.
Os gentis anfitriões chineses ofereciam então um de seus notoriamente pantagruélicos jantares de confraternização. Pato laqueado e Lux Regis (vinho produzido na região de Ningxia de que os chineses não se envergonham) eram servidos à vontade.
Li Tao -11.nov.2016/Xinhua
O presidente da China, Xi Jinping, em reunião do Partido Comunista em novembro de 2016
Ao meu lado no jantar, dois altos executivos do Eximbank chinês sorviam seguidas taças do tinto nacional. Conversávamos sobre o futuro da China como superpotência para além da economia.
Eles diziam: "vocês no Ocidente esperam demais da China. Claro que temos peso e tamanho. Acertamos muito em nossa estrategia nessas últimas três décadas. Note, porém, que a China ainda é pouco mais que um país em desenvolvimento".
Se a lógica do 'in vino veritas" também funciona em chinês, claramente meus companheiros de mesa estavam argumentando que a China está longe de poder liderar a globalização.
Nesses tempos trumpianos, há, é claro, uma enorme tentação em buscar compreender o tabuleiro global como um jogo de soma zero.
Se, de fato, Washington e Pequim são os protagonistas —o "G2" do mundo contemporâneo—, EUA em voluntária reclusão significa maior escala específica para a China.
Tal percepção foi amplamente reforçada nas últimas semanas.
Xi Jinping foi saudado como grande timoneiro da globalização por Klaus Schwab no Fórum de Davos.
Em março deste ano, o Chile sediará uma reunião de alto nível com os países que negociaram a TPP (Parceria Transpacífico), exceto os EUA —e a China está convidada.
É também notável, na Europa, que mesmo em termos econômicos a noção de "Atlântico Norte" está se enfraquecendo. Seja a partir da plataforma comunitária em Bruxelas, seja como decisão de cada capital, os países europeus parecem operar seu próprio "pivô para a Ásia".
E na América Latina, com a óbvia exceção do México, ficou difícil encontrar diplomacia que não enxergue em Pequim oportunidades mais promissoras para parcerias econômicas do que é possível vislumbrar com a Washington de Trump.
Acrescente-se a essa conjuntura insularizada e individualista dos EUA um poderio econômico chinês que vai além do comércio.
Se, desde 2013, com marca superior a US$ 4 trilhões na soma de importações e exportações, a China já ultrapassara os EUA como principal nação comerciante, esse vigor também é crescentemente sentido nas áreas de investimentos estrangeiros diretos (IEDs), financiamento para o desenvolvimento e empréstimos "governo a governo".
Tudo isso credencia, então, a China como "líder da globalização"?
Embora nos últimos dias os chineses tenham elogiado aos quatro ventos as benesses da interdependência econômica, a ideia de assumir a frente organizadora de um novo sistema global é algo distante do consenso nos círculos decisórios de Pequim.
A mundialização da China ademais da economia não é nada fácil. A China não é um "role model". Pouco irradia em termos de "poder suave". Os chineses têm plena consciência disso.
No sistema coletivo de paz e segurança, a China está menos no palco e mais na plateia. Pouco tem oferecido em tropas ou recursos para missões de paz ordenadas pelo Conselho de Segurança da ONU.
Ainda assim, não se mexe para promover uma reforma modernizante do quadro de membros permanentes daquele órgão de elite da diplomacia multilateral.
Mesmo em sua própria estrutura de projeção de poder, mera comparação com os EUA revela grandes distâncias. Um norte-americano gasta em média dezoito vezes mais a cada ano em defesa que um chinês.
E mais: liderar a globalização significa defender ideais e padrões que sejam —ao menos como tarefa em construção— "universalizáveis".
É possível imaginar a China à frente de negociações para a padronização transnacional de práticas em áreas como propriedade intelectual, meio ambiente ou compras governamentais?
Muitos países obviamente se enamoram com a trajetória de crescimento econômico na China. E pode-se, de fato, aprender muito com o modelo chinês. Ele, no entanto, não é replicável em outros contextos nacionais.
Ainda que a atual pujança chinesa seja inquestionável – e seu poder relativo só deva aumentar nos próximos anos – o que a China teve até agora foi apenas uma "grande estratégia" para si.
Para liderar, os chineses têm de saber não apenas o que querem "do" mundo, mas "para" o mundo.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcostroyjo/2017/02/1858809-nao-sera-facil-para-a-china-liderar-a-globalizacao.shtml?utm_source=dlvr.it&utm_medium=twitter
O ranking dos think tanks da Universidade da Pennsylvania -- Funag
1. World Bank Institute (WBI), World Bank (United States)
2. Asian Development Bank Institute (ADBI) (Japan)
3. Norwegian Institute of International Affairs (NUPI) (Norway)
4. Congressional Research Service (United States)
5. Development Research Group, World Bank (DECRG) (United States)
6. German Development Institute (DIE) (Germany)
7. China Institutes of Contemporary International Relations (CICIR) (China)
8. East-West Center (EWC) (United States)
9. China Institute of International Studies (CIIS) (China)
10. Royal United Services Institute (RUSI) (United Kingdom)
11. European Union Institute for Security Studies (EUISS) (France)
12. United States Institute of Peace (USIP) (United States)
13. Chinese Academy of Social Sciences (CASS) (China)
14. European Political Strategy Centre (EPSC) (Belgium)
15. Centre for Eastern Studies (OSW) (Poland)
16. Shanghai Institutes for International Studies (SIIS) (China)
17. Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (FLACSO) (Ecuador)
18. Ethiopian Development Research Institute (EDRI) (Ethiopia)
19. Institute of World Economy and International Relations (IMEMO RAS) (Russia)
20. Development Research Center of the State Council (DRC) (China)
21. Max Planck Institutes (Germany)
22. Institute for Defence Studies and Analyses (IDSA) (India)
23. Instituto de Pesquisa Economica Aplicada (IPEA) (Brazil)
24. Council on Foreign and Defense Policy (SVOP) (Russia)
25. Research Institute of Economy, Trade and Industry (RIETI) (Japan)
26. Bangladesh Institute of Development Studies (BIDS) (Bangladesh)
27. Center for Strategic Studies (SAM) (Azerbaijan)
28. Thailand Development Research Institute (TDRI) (Thailand)
29. Institute of Foreign Affairs and National Security (IFANS) (Republic of Korea)
30. Information and Decision Support Center (IDSC) (Egypt)
31. Institute of Defense Studies and Analyses (IDSA) (India)
32. Brunei Darussalam Institute of Policy and Strategic Studies (BDIPSS) (Brunei)
33. Institute for Foreign Affairs and Trade (IFAT), FKA Hungarian Institute of International Affairs (Hungary)
34. Institute of World Economics and Politics (IWEP) (Vietnam)
35. Bangladesh Institute of Development Studies (BIDS) (Bangladesh)
36. United Nations Development Programme (UNDP) (United States)
37. Korea Institute for International Economic Policy (KIEP) (Republic of Korea)
38. Comision Economica para America Latina (CEPAL) (Chile)
39. Diplomatic Academy of Vietnam (DAV) (Vietnam)
40. Institute of Strategic and Defence Studies (Hungary)
41. United Nations University (UNU) (Japan)
42. Shanghai Institutes for International Studies (SIIS) (China)
43. Economic Development and Research Institute (EDRI) (Ethiopia)
44. Fundacao Alexandre de Gusmao (FUNAG) (Brazil)
45. Maritime Institute of Malaysia (MIMA) (Malaysia)
46. National Institute for Defense Studies (NIDS) (Japan)
47. Albanian Institute for International Studies (AIIS) (Albania)
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017
George Gurdjieff e seus 83 conselhos para uma vida melhor - Andre Quintao
George Gurdjieff viajou o mundo e deixou 83 conselhos para um vida mais leve
- Fixe a atenção em si mesmo, seja consciente em cada instante do que pensa, sente, deseja e faz.
- Termine sempre o que começar.
- Faça o que estiver fazendo da melhor maneira possível.
- Não se prenda a nada que com o tempo venha a te destruir.
- Desenvolva sua generosidade sem testemunhas.
- Trate cada pessoa como um parente próximo.
- Arrume o que desarrumou.
- Aprenda a receber, agradeça cada dom.
- Pare de se autodefinir.
- Não minta, nem roube, pois estarás mentindo e roubando a si mesmo.
- Ajuda seu próximo sem deixá-lo dependente.
- Não deseje que te imitem.
- Faça planos de trabalho e cumpra-os.
- Não ocupe muito espaço.
- Não faças ruídos nem gestos desnecessários.
- Se não têm fé, finja ter.
- Não se deixe impressionar por personalidades fortes.
- Não te apropries de nada nem de ninguém.
- Divida de maneira justa.
- Não seduza.
- Coma e durma estritamente o necessário.
- Não fale de seus problemas pessoais.
- Não emita juízos nem críticas quando desconhece a maior parte dos fatos.
- Não estabeleça amizades inúteis.
- Não siga modas.
- Não se venda.
- Respeite os contratos que firmaste.
- Seja pontual.
- Não inveje os bens ou o sucesso do próximo.
- Fale só o necessário.
- Não pense nos benefícios que virão da tua obra.
- Nunca faça ameaças.
- Realize suas promessas.
- Coloque-se no lugar do outro em uma discussão.
- Admita que alguém te supera.
- Não elimine, mas transforme.
- Vença seus medos, cada um deles é um desejo camuflado.
- Ajude o outro a ajudar-se a si mesmo.
- Vença suas antipatias e aproxime-se das pessoas que você deseja rejeitar.
- Não reaja ao que digam de bom ou mau sobre você.
- Transforme seu orgulho em dignidade.
- Transforme sua cólera em criatividade.
- Transforme sua avareza em respeito pela beleza.
- Transforme sua inveja em admiração pelos valores do outro.
- Transforme seu ódio em caridade.
- Não se vanglorie nem se insulte.
- Trate o que não te pertence como se te pertencesse.
- Não se queixe.
- Desenvolva a sua imaginação.
- Não dê ordens só pelo prazer de ser obedecido.
- Pague pelos serviços que te prestam.
- Não faça propaganda de suas obras ou ideias.
- Não tente despertar, nos outros em relação a você, emoções como piedade, admiração, simpatia, cumplicidade.
- Não tente chamar a atenção pela sua aparência.
- Nunca contradiga, apenas cale-se.
- Não contraia dívidas. Compre e pague em seguida.
- Se ofender alguém, peça desculpas.
- Se ofender alguém publicamente, peça perdão publicamente também.
- Se perceber que falou algo errado, não insista no erro por orgulho e desista imediatamente dos seus propósitos.
- Não defenda suas ideias antigas só pelo fato de ter sido você quem as enunciou.
- Não conserve objetos inúteis.
- Não se enfeite com as ideias alheias.
- Não tire fotos com personagens famosos.
- Não preste contas a ninguém, seja o seu próprio juiz.
- Nunca se defina pelo o que possui.
- Nunca fale de você sem conceder-se a possibilidade de mudança.
- Aceita que nada é teu.
- Quando pedirem a sua opinião sobre alguém, fale somente de suas qualidades.
- Quando você ficar doente, em lugar de odiar esse mal, considere-o como seu mestre.
- Não olhe dissimuladamente, olhe fixamente.
- Não esqueça seus mortos, mas dê a eles um lugar limitado que lhes impeça de invadir a sua vida.
- Em sua casa, reserve sempre um espaço ao sagrado.
- Quando você realizar um serviço, não ressalte seus esforços.
- Se decidir trabalhar para alguém, trate de fazer com prazer.
- Se você tem dúvida entre fazer ou não fazer, arrisque-se e faça.
- Não queira ser tudo para teu cônjuge; admita que busque em outros o que você não pode dar.
- Quando alguém tenha seu público, não tente contradizê-lo e roubar-lhe a audiência.
- Viva dos seus próprios ganhos.
- Não se vanglorie por aventuras amorosas.
- Não exalte as suas fraquezas.
- Nunca visite alguém só para preencher o seu tempo.
- Obtenha para repartir.
- Se você está meditando e um diabo se aproxima, coloque-o para meditar também.
Republica Corrupta (e corruptora) do lulopetismo - Revista IstoE
50 milhões em propinas para a campanha de Dilma
Em delação, Marcelo Odebrecht contou como foi montada, ao lado do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, a estratégia para financiar a eleição da petista em 2010. Dinheiro foi repassado em nome da Braskem para o caixa dois do PT
O depoimento de Marcelo Odebrecht impressiona pela fartura de detalhes. Segundo seu relato, o financiamento “por fora” da campanha de Dilma naquele ano foi arquitetada em parceria com o então ministro da Fazenda Guido Mantega. Inicialmente, Marcelo tinha acionado seu subordinado, o executivo Alexandrino de Alencar, dono de trânsito livre junto ao governo do ex-presidente Lula, para proceder uma primeira abordagem. A relação de Alexandrino com o petismo era melíflua, como indicam centenas de trocas de emails em poder da Lava Jato. Mas, como a operação envolvia muito dinheiro e a verba era destinada à campanha da sucessora do cliente número um da empreiteira, amigo de seu pai Emílio Odebrecht, o próprio Marcelo assumiu a condução das tratativas com Mantega, conforme contou ele na delação. Nos encontros, o empreiteiro acertou com o ex-ministro as minúcias da concessão de incentivos fiscais à Braskem. Foi numa dessas ocasiões que Mantega foi taxativo: precisava de R$ 50 milhões para a campanha de Dilma.
NOVOS PERSONAGENS
A ingerência de Marcelo sobre os repasses de propina da Braskem não era por acaso. O empreiteiro chegou a ocupar a presidência do conselho de administração da petroquímica. Outros executivos da Odebrecht, já criminosos confessos, também eram conselheiros da empresa, como o diretor de Relações Institucionais Cláudio Melo Filho, que admitiu ter negociado propinas com deputados federais e senadores. As delações jogam luz também sobre novos personagens na estrutura do propinoduto. De acordo com os relatos colhidos pela Lava Jato, quando as negociações de liberação de dinheiro para campanhas envolviam a Braskem, o aval de Marcelo Odebrecht não bastava. O presidente da petroquímica também tinha que avalizar as transferências. Um dos executivos integrantes do rol de delatores, Carlos Fadigas, que comandou a empresa entre 2010 e 2016, reconheceu sua participação nos pagamentos. Fadigas ponderou, no entanto, que as operações de mais relevo ficavam concentradas em Marcelo Odebrecht, quando envolvia o governo federal, e Cláudio Melo Filho, quando as tratativas incluíam o Legislativo. Acertada a propina, Fadigas era consultado para bater o martelo.
Os delatores ainda mencionam a participação do antecessor de Fadigas, Bernardo Gradin, na autorização de pagamentos do setor de operações estruturadas a campanhas, o que também incluiria o repasse via caixa dois para a campanha da petista Dilma Rousseff. Gradin é um dos protagonistas de uma bilionária briga societária com a família Odebrecht que até hoje se arrasta pela Justiça. Recentemente, a família de Marcelo quis comprar a fatia dos Gradin no grupo, mas não houve acordo e o tempo fechou. Em meio ao clima de tensão, Gradin ficou de fora da lista de 77 delatores da Odebrecht. A situação do ex-presidente da petroquímica pode gerar um caso inusitado dentro da megadelação: um ex-funcionário que não fez acordo e que corre risco de ser severamente punido pela Justiça. Em um dos casos relatados, a Braskem teria acertado o pagamento de propina para o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, para obter preços mais baratos na compra de nafta junto à Petrobras. Segundo os delatores, Bernardo Gradin pediu que o executivo Alexandrino de Alencar intercedesse junto à Petrobras em favor do preço do nafta. Registros da Petrobras apontam que Gradin participou de uma reunião na estatal com Paulo Roberto Costa e Marcelo Odebrecht para discutir o assunto. Por meio de sua assessoria, Bernardo Gradin negou participação em pagamentos de propina e afirmou que “essa suposta alegação não tem o menor fundamento”.
PROPINA A EUNÍCIO
As informações relacionadas à Braskem na delação da Odebrecht também prometem detonar altas patentes do Legislativo. O ex-presidente Carlos Fadigas confirmou em sua delação que autorizou pagamentos de propina ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), para que ele deixasse de criar empecilhos para a aprovação de uma medida provisória de interesse da petroquímica. Fadigas contou que pediu a ajuda de Cláudio Melo Filho, o então diretor de relações institucionais da Odebrecht, e que foi avisado da necessidade de pagamentos a Eunício para que a MP 613/2013 fosse aprovada. O caso veio a público na delação de Cláudio Melo, no fim do ano passado. Eunício era conhecido nas planilhas pelo codinome “Índio” e teria recebido cerca de R$ 2 milhões. Em nota, a assessoria de Eunício afirmou que “desconhece a citação e não comenta supostos vazamentos de trechos parciais de delações premiadas.O senador não fez parte da Comissão que avaliou a MP 613 e não apresentou emendas nem aditivas nem supressivas à MP 613/2013”.
O próprio Marcelo Odebrecht também participou ativamente das negociações de propina relacionadas às medidas provisórias de interesse da Braskem. Em novembro de 2011, o príncipe-herdeiro acionou novamente Mantega, pedindo sua ajuda na aprovação de um projeto no Congresso que barateava produtos brasileiros. Mantega teria garantido que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) cuidaria da demanda. Em seguida, o próprio Carlos Fadigas teria ido ao Congresso em companhia de Cláudio Melo Filho para discutir o assunto com os senadores e, posteriormente, autorizou pagamentos a Jucá, que nega peremptoriamente ter recebido propina. Em um email em poder dos investigadores da Lava Jato, de 30 de novembro de 2011, endereçado a Fadigas e a Melo Filho, Marcelo Odebrecht diz: “Falei com GM (Guido Mantega). Está totalmente engajado em resolver até o final do ano. Disse que já falou com Jucá”. Em email anterior, Odebrecht afirma: “Veja com Jucá se GM está mesmo firma conforme me disse. Ele me disse que orientou RJ a botar para votar esse ano”.
Os mais de 900 depoimentos dos executivos da Odebrecht já estão nas mãos do procurador-geral da República Rodrigo Janot e de seu grupo de trabalho na Lava Jato. Com a homologação da delação pelo Supremo Tribunal Federal, Janot analisa os depoimentos para solicitar um pacote de abertura de inquéritos contra os políticos e demais personagens citados pelos 77 executivos. Após os pedidos, a Procuradoria-Geral da República deve solicitar o levantamento do sigilo de uma parte do material. Internamente, os procuradores tentam correr para finalizar essa etapa do trabalho até o fim deste mês. Em seguida, serão deflagradas efetivamente as investigações em cima das delações explosivas da Odebrecht, a chamada delação do fim do mundo. Resta saber se irá sobrar pedra sobre pedra no meio político.
Cem anos da revolucao russa - Revista Espaço Acadêmico
Em 2017 a Revista Espaço Acadêmico publicará o DOSSIÊ: 100 ANOS DA REVOLUÇÃO RUSSA. As submissões devem ser feitas diretamente no site de acordo com as Diretrizes para autores e Condições para submissão. Os textos submetidos serão apreciados pelos organizadores.
Estamos abertos à contribuição, críticas e sugestões.
Muito obrigado.
Abraços e tudo de bom,
________________________
Antonio Ozaí da Silva
FACEBOOK: https://www.facebook.com/prof.ozai.dcsuem
BLOG: http://antoniozai.wordpress.com
Retomo (PRA):
Os cem anos se referem a 1917, correto?
Ora, em 1917 houve uma revolução russa, mais exatamente russa, se me permitem outra redundância, que foi a de fevereiro, portanto, os cem anos exatos já estão passando ou já passaram.
Não acredito que os organizadores do dossiê estejam se referindo a essa, uma legítima revolução, que acabou com o czarismo, e criou uma situação transitória, um governo provisório, administrando uma democracia de fachada, mas preparando uma Constituinte para a instauração de uma República da Rússia, em moldes mais ou menos ocidentais.
Creio que eles se referem a um outro processo revolucionário, em outubro ou novembro (segundo o calendário, juliano ou gregoriano), e que na verdade constituiu um putsch, muitas vezes referido como revolução bolchevique, mas que pode, e deve, ser chamado de golpe de estado,ou seja, a tomada violenta do poder por uma minoria de revolucionários profissionais, que se aproveitaram das circunstâncias para afastar o governo provisório, dissolver a prometida Constituinte da Duma, e instaurar uma suposta ditadura do proletariado, que na verdade foi uma ditadura de um partido, que logo proibiu todos os outros partidos, prendeu seus representantes, e deslanchou uma repressão violenta contra todos os que não estavam de acordo com o slogan "todo poder aos sovietes", mas que na verdade era todo poder à clique dos bolcheviques dirigidos por Lênin.
Creio que é a esse processo que os organizadores do movimento se referem.
Interessante, não é?
Os bolcheviques criaram o maior, mais extenso -- não o mais mortal, pois nisso foram suplantados pelo tirano Mao -- regime escravocrata contemporâneo, a ditadura comunista mais longeva que existiu, responsável pela morte de milhões de inocentes.
Será que devo colaborar?
Por que não?
Paulo Roberto de Almeida
A pobreza das nacoes: o Brasil como pais estagnado - Ben Ross Schneider (Exame)
Só reduzindo radicalmente o Estado, e destruindo o poder dos marajás e dos mandarins do Estado, se poderá retomar um processo de crescimento sustentado.
Posso estar errado, mas considero o Estado brasileiro o inimigo de qualquer processo de desenvolvimento do país.
Paulo Roberto de Almeida
A pobreza das nações
Eduardo Salgado
Revista Exame, 12 de fevereiro de 2017
Para o cientista político do MIT, países como o Brasil só chegarão ao Primeiro Mundo quando seus vários grupos de pressão concordarem em encarar reformas dolorosas
PROFESSOR DE CIÊNCIA POLÍTICA no Massachusetts Institute of Technology, a respeitada universidade americana mais conhecida pela sigla MIT, Ben Ross Schneider é um estudioso da realidade brasileira. Depois das aulas que teve com o jornalista Elio Gaspari quando fazia um mestrado na Universidade Colúmbia no final dos anos 70, passou a ter um olhar atento para o país. Especialista em política comparativa, Schneider tem se dedicado, mais recentemente, a examinar por que vários países em desenvolvimento, como o Brasil, não conseguem fazer a transição para o Primeiro Mundo, ficando presos ao que os economistas chamam de armadilha da renda média. "Ao contrário do que muita gente pensa, o problema não é econômico. E político", disse Schneider a EXAME em bom português.
O que é a armadilha da renda média?
Organismos internacionais, como o Banco Mundial, dividem os países com base no produto interno bruto per capita. Os que têm um PIB per capita inferior a 1025 dólares são classificados como de renda baixa. Os que têm entre 1026 até cerca de 12 500 dólares são os de renda média. Acima desse valor estão os de renda alta. A maior parte dos países hoje considerados ricos saiu da renda média para a alta em aproximadamente 30 anos. A "armadilha da renda média" é a expressão usada para descrever a situação daqueles países que saíram da renda baixa para a média, mas, passadas mais de três décadas, não conseguiram chegar ao Primeiro Mundo. São incapazes de manter um elevado ritmo de crescimento da produtividade e continuar enriquecendo. O Brasil é um bom exemplo.
Qual é o caminho para escapar dessa armadilha?
A receita é conhecida. Os países que continuaram progredindo e ficaram ricos foram aqueles que registraram avanços nas áreas de educação, inovação, infraestrutura, justiça e estabilidade política e macroeconômica. Antes de falarmos dos obstáculos para adotar essa agenda de mudanças, vale registrar que ficou mais difícil sair dessa armadilha. Hoje. o Brasil investe cerca de 1,2% de seu PIB em pesquisa e desenvolvimento, um percentual semelhante ao que países europeus investiam quando fizeram a transição da renda média para a alta ao longo do século 20. Em resumo, o sarrafo subiu. Dito de outra forma, a nota de corte ficou mais alta porque os países ricos continuaram progredindo. Voltando ao tema da receita para escapar da armadilha, muita gente se pergunta por que tantos países, como o Brasil, não conseguem chegar ao patamar do Primeiro Mundo se sabem o que deve ser feito. Nossas pesquisas indicam que os obstáculos não são econômicos. São totalmente de natureza política.
O senhor quer dizer que o sistema político é o problema?
Não falo de partidos, mas, sim, da incapacidade de países como o Brasil de formar coalizões dentro da sociedade cm favor de determinadas mudanças. Essas coalizões de diferentes grupos sociais são importantes em vários sentidos. As transformações necessárias para um país elevar o investimento em pesquisa e desenvolvimento demoram muito mais do que um mandato presidencial. E preciso formar ótimos engenheiros e incentivar a criação de centros de pesquisa e uma atuação mais ativa das empresas. Sem uma pressão forte da sociedade, isso não começa ou, se começar, não tem continuidade. E preciso ter um pacto social com um plano de longo prazo que independa da ascensão ao poder desse ou daquele partido político.
Por que é tão difícil formar essas coalizões sociais?
Há, de modo geral, três fatores que impedem a união das pessoas em países presos na armadilha da renda média. A desigualdade social, a existência de empresas em diferentes estágios e com interesses difusos - as multinacionais, as grandes, médias e pequenas nacionais - e um mercado de trabalho formal e informal. Cada um desses vários grupos possui prioridades diferentes. Esses embates são evidentes no Brasil.
No Brasil, parece existir já há algum tempo um consenso em relação à necessidade de melhorar a qualidade da educação. Por que, mesmo assim, os progressos são tão lentos nessa área?
Tendo em vista o montante que o Brasil gasta em educação, era de esperar que a qualidade do ensino fosse melhor. O problema no Brasil é de eficiência. Por que os governos não conseguem aumentar a eficiência no ritmo necessário? Porque não existe um verdadeiro consenso dentro da sociedade brasileira sobre a necessidade de realmente melhorar a educação. Se você perguntar a empresários e eleitores em geral se a educação é importante, é claro que eles dirão que sim. Mas, se for ver a pressão que exercem sobre os políticos para que melhorem a qualidade do ensino, provavelmente verá que é marginal. Nada comparável ao que aconteceu nos Tigres Asiáticos, como a Coreia do Sul. Em partes da Ásia, os empresários disseram aos políticos que, sem trabalhadores mais educados, não teriam como fazer a economia crescer. Sem uma grande pressão, os políticos não têm incentivos para tomar decisões difíceis.
Quais seriam essas decisões difíceis?
Não quero ser leviano aqui. Há várias reformas necessárias para aumentar a eficiência da educação num país como o Brasil. Mas uma delas certamente é criar um sistema de remuneração dos professores que leve em conta o desempenho e que demita aqueles sem as condições mínimas de dar aula. O problema é que os sindicatos sempre se opõem a essa política. Por definição, eles são contra a demissão de seus associados. E. se os professores ganharem salários diferentes, ficará mais difícil para o sindicato chamar uma greve para um aumento universal de 10%. Os políticos não costumam ter a disposição de enfrentar os sindicatos quando não são pressionados.
O que explica essa suposta falta de pressão dos empresários brasileiros em prol de reformas na educação?
O Brasil passou por um processo de desindustrialização considerável nos últimos tempos, mas nem assim a necessidade de o país ter uma mão de obra mais qualificada virou consenso. Existe uma tendência em dizer que o país tem outras opções. Fala-se das riquezas naturais. Também não se vê nada concreto na área de inovação.
Por que o Brasil caminha a passos lentos em termos de inovação?
A explicação passa um pouco pelo que os economistas chamam de "maldição das commodities". O Brasil é forte em mineração, por exemplo, e há mineradoras locais que investem em inovação. Mas o teto para inovar nesse setor é baixo. É bem diferente da Coreia do Sul, forte em produtos eletrônicos. Se a Samsung não investir pesadamente em novas tecnologias de smartphones, poderá comprometer seu crescimento futuro. Muitas vezes quando falamos em inovação em países presos na armadilha da renda média, as pessoas imaginam que é preciso criar um novo Facebook ou Google. Não necessariamente. Investir em inovação deveria ser o dia a dia de muitas empresas de todos os setores. Trata-se de repensar os métodos empregados, atualizar as tecnologias adotadas comprando pa- cotes prontos de empresas locais ou do exterior... Até nesse sentido o Brasil tem tido um desempenho ruim.
Qual deveria ser o papel do Estado nessa área?
O governo poderia ter uma política fiscal para incentivar grandes empresas que exploram recursos naturais a criar novos empreendimentos em áreas mais intensivas em tecnologia. Na Finlândia, por exemplo, a Nokia era uma produtora de celulose. Algumas políticas públicas acabaram facilitando a transição da companhia para a área de telecomunicações. Sei que. depois de anos de sucesso no mercado de celulares, a Nokia teve tropeços na transição para a era dos smartphones, mas é inegável que a empresa foi fundamental para que hoje a Finlândia seja um centro importante na produção de softwares.