O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 18 de maio de 2019

Manifesto do NeoIluminismo - Jean Batisti e Israel Russo


Gostaria de recomendar a leitura atenta do site, e do “manifesto” de introdução, explicação e explanação – dos principais pensadores que inspiram os organizadores – de um fórum de divulgação e discussão de temas especialmente relevantes para os que se interessam pela história do pensamento filosófico, político e econômico e suas derivações práticas válidas para o mundo atual.
Este é o site: https://neoiluminismo.com/
E este é o “manifesto” de apresentação: https://neoiluminismo.com/…/o-manifesto-do-neo-iluminismo-…/

Os pensadores apresentados, com recomendação de obras e links para novas leituras, são estes: Friedrich A. Hayek, Adam Smith, James Buchanan, Ludwig Lachmann, Don Lavoie, Carl Menger, Ronald Coase, Henry Hazlitt, Robert Higgs, Fritz Machlup, Peter Boettke, Israel Kirzner, Vernon Smith, Elinor Ostrom, Gary Becker, George Stigler, Gordon Tullock, Steven Horwitz, Matt Zwolinski, David Prychitko, Gregory N. Mankiw, Robert Lucas, entre vários outros.
Os principais responsáveis pelo site são:
JEAN BATISTI: Estudante de ciências econômicas na UFRGS, diretor do Movimento Neoiluminismo, coordenador Students for Liberty e amante das ciências da complexidade.
ISRAEL RUSSO: Estudante de Filosofia pela UNINTER, vice-diretor do movimento Neoiluminismo, entusiasta da filosofia kantiana, filosofia analítica, absurdismo, ontologia e lógica.
Contato: neoiluminismo.oficial@gmail.com

Governo Bolsonaro: o caos que se aproxima - Paulo R. Almeida, Editorial do Estadão

O núcleo central do governo Bolsonaro — que é basicamente a BolsoFamiglia e alguns agregados da mesma má qualidade — representa um real perigo para a política e a economia do Brasil, ou seja, é uma ameaça à nação, independentemente da boa qualidade da equipe econômica e de alguns outros (poucos) técnicos equilibrados.
Se o único núcleo racional no coração do governo, representado por meia dúzia de generais ali trabalhando, não trabalhar profilaticamente para afastar o bando de malucos que está destruindo o país, o Brasil vai afundar na recessão e num possível caos de governança, resultado da mediocridade e da inépcia daquele núcleo central destrambelhado. Isso implica em afastar os elementos esquizofrênicos em torno do presidente e instalar um comitê de tutela CONTRA o próprio, para controlá-lo, do contrário o Brasil vai para o abismo.
Não há como fugir da constatação: o presidente, além de vulgar, grosseiro e totalmente despreparado para as funções, é uma nulidade política e administrativa. Se não for contido, e seus familiares afastados, vamos continuar na direção do caos.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 18/05/2019



A ameaça de Bolsonaro


Ao 'contar com a sociedade' para enfrentar o 'sistema', Jair Bolsonaro 

repete o roteiro de outros governantes que, despreparados para a 

vida democrática, flertaram com golpes em nome da 'salvação' nacional



Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

18 de maio de 2019 | 05h00
O presidente Jair Bolsonaro considera impossível governar o Brasil respeitando as instituições democráticas, especialmente o Congresso. Em sua visão, essas instituições estão tomadas por corporações – que ele não tem brio para nomear – que inviabilizam a administração pública, situação que abre caminho para uma “ruptura institucional irreversível” – conforme afirma em texto que fez circular por WhatsApp ontem, corroborando-o integralmente, como se ele próprio o tivesse escrito.
Ao compartilhar o texto, qualificando-o de “leitura obrigatória” para “quem se preocupa em se antecipar aos fatos”, Bolsonaro expressou de maneira clara que, sendo incapaz de garantir a governabilidade pela via democrática – por meio de articulação política com o Congresso legitimamente eleito –, considera natural e até inevitável a ocorrência de uma “ruptura”.
Não é de hoje que o presidente se mostra inclinado a soluções autoritárias. Depois da posse, Bolsonaro mais de uma vez manifestou desconforto com a necessidade de lançar-se a negociações políticas para fazer avançar a agenda governista no Congresso. Confundindo deliberadamente o diálogo com deputados e senadores com corrupção, o presidente na verdade preparava terreno para desqualificar os políticos e a própria política – atitude nada surpreendente para quem passou quase três décadas como parlamentar medíocre a ofender adversários e a louvar a ditadura militar. Não por acaso, o próprio Congresso parece ter desistido de esperar que Bolsonaro se esforce para dialogar e resolveu tocar por conta própria a agenda de reformas.
Desde sua posse como presidente, Bolsonaro vem demonstrando um chocante despreparo para o exercício do cargo, mas o problema podia ser contornado com a escolha de ministros competentes. Com exceção de um punhado de assessores que realmente parecem saber o que fazem, porém, o governo está apinhado de sabujos cuja única função ali parece ser a de confirmar os devaneios do presidente, dos filhos deste e de um ex-astrólogo que serve a todos eles de guru, dando a fantasias conspiratórias ares de realidade.
O texto que Bolsonaro divulgou – recomendando que fosse passado adiante – diz que “bastaram cinco meses de um governo atípico, ‘sem jeito’ com o Congresso e de comunicação amadora para nos mostrar que o Brasil nunca foi, e talvez nunca será, governado de acordo com o interesse dos eleitores”. Segundo o texto, o presidente “não aprovou nada, só tentou e fracassou” porque “a agenda de Bolsonaro não é do interesse de praticamente nenhuma corporação”. Nas atuais circunstâncias, “a continuar tudo como está, as corporações vão comandar o governo Bolsonaro na marra” – e, “na hipótese mais provável”, diz o texto, “o governo será desidratado até morrer de inanição, com vitória para as corporações”. Mas diz também que é “claramente possível” que o País fique “ingovernável”, igualando-se à Venezuela. Aí entraria a tal “ruptura institucional” de que fala o texto chancelado por Bolsonaro – que o usou para ilustrar o risco que diz correr de ser assassinado pelo “sistema”.
Isso é claramente uma ameaça à Nação. Conforme se considere o estado psicológico de Bolsonaro e de seus filhos, a ameaça pode ser o tsunami de uma renúncia ou o tsunami de um golpe de Estado em preparação. Pois o presidente não apenas distribuiu o texto, como mandou seu porta-voz dizer que, embora esteja “colocando todo o meu esforço para governar o Brasil”, a “mudança na forma de governar não agrada àqueles grupos que no passado se beneficiavam das relações pouco republicanas”. Em seguida, fez um apelo às ruas: “Quero contar com a sociedade para juntos revertermos essa situação” – e já no próximo dia 26 está prevista a realização de uma manifestação bolsonarista, contra ministros do Supremo Tribunal Federal e a favor do pacote anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro.

Ao “contar com a sociedade” para enfrentar o “sistema”, Bolsonaro repete o roteiro de outros governantes que, despreparados para a vida democrática – em que a vontade do presidente é limitada por freios e contrapesos institucionais –, flertaram com golpes em nome da “salvação” nacional. Se tudo isso não passar de mais um devaneio, já será bastante ruim para um país que mergulha cada vez mais na crise, que tem seu fulcro não nas misteriosas “corporações” – as suas “forças ocultas” –, mas na incapacidade do presidente de governar.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Bolsonaro tenta ser Janio 2.0 e divulga um texto IRRESPONSÁVEL - (Estadão)

Eu já desconfiava que estávamos sendo governados por uma família de loucos, ou de irresponsáveis, ou ambos. Agora tenho certeza. 
Apenas um irresponsável pode divulgar um texto (de um autor supostamente desconhecido, mas bem conhecido da BolsoFamiglia, que o recebeu, aceitou-o e o acolheu como seu), como o transcrito ao final desta matéria, e achar que fica tudo normal, que isso vai intimidar os "inimigos da democracia bolsonariana", e que o presidente voltará a ter, ou terá de fato, o poder de governar sem as demais instituições dos regimes democráticos.
Apenas um presidente incapaz divulga um "texto de autor desconhecido", altamente explosivo, declarando concordar com os seus termos.
O presidente quer dar um golpe? 
Não conseguirá!
O presidente quer se fazer de vítima?
Só consegue ser patético!
O presidente não consegue governar com o atual sistema partidário e de coalizão presidencial?
Tem a liberdade de propor uma reforma política, e submetê-la ao Congresso.
O presidente quer acabar com a "velha política"? 
Pode expor claramente ao Congresso e à sociedade o que entende por "nova política", e fazer a sua parte, praticando o que prometeu na campanha e ainda não cumpriu: reduzir os ministérios a quinze, acabar com a "TV Lula" e a comunicação de governo, privatizar amplamente, abrir o Brasil, etc.
O que não pode é ficar gestando confusão em cima de confusão, que foi o que mais ocorreu até aqui.
Desde o início do governo, toda a confusão vem sendo criada por sua própria família.
É o governo do "tiro no pé", como já disse alguém.
Volto a dizer: estamos sendo governados por um pequeno grupo de malucos, e o presidente atua como um IRRESPONSÁVEL!
Como sempre, assino embaixo do que afirmo.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 17 de maio de 2019



Bolsonaro divulga texto de autor desconhecido que fala num Brasil ‘ingovernável’ fora de conchavos

Mensagem no WhatsApp diz que o presidente está sofrendo pressões 

de todas as corporações, em todos os Poderes

Tânia Monteiro, O Estado de S.Paulo
17 de maio de 2019 | 13h13


BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro distribuiu, na manhã desta sexta-feira,  17, em diversos grupos de WhatsApp um texto de “autor desconhecido” que trata das dificuldades que ele estaria enfrentando para governar. O texto diz que o presidente está sofrendo pressões de todas as corporações, em todos os Poderes e afirma que o País “está disfuncional”, não por culpa de Bolsonaro, mas que “até agora (o presidente) não fez nada de fato, não aprovou nada, só tentou e fracassou”.
Procurado pelo Estado para comentar sobre a mensagem, o presidente respondeu por meio do porta-voz: “Venho colocando todo meu esforço para governar o Brasil. Infelizmente os desafios são inúmeros e a mudança na forma de governar não agrada àqueles grupos que no passado se beneficiavam das relações pouco republicanas. Quero contar com a sociedade para juntos revertermos essa situação e colocarmos o País de volta ao trilho do futuro promissor. Que Deus nos ajude!”
Ao compartilhar o texto, o presidente escreveu:  “Um texto no mínimo interessante. Para quem se preocupa em se antecipar aos fatos sua leitura é obrigatória. Em Juiz de Fora (06/set/2018), tive um sentimento e avisei meus seguranças: Essa é a última vez que me exporei junto ao povo. O Sistema vai me matar. Com o texto abaixo cada um de vocês pode tirar suas próprias conclusões.”
Interlocutores do presidente ouvidos pelo Estado dizem não saber quantas pessoas receberam a mensagem, mas relatam pedido do presidente para que cada um replicasse o conteúdo. Bolsonaro, de acordo com um dos interlocutores, já começou a receber feedbacks, dizendo que ele “está falando a mais pura verdade”. No entanto, fontes ouvidas pelo Estado consideram o desabafo reproduzido como “muito grave” e “preocupante”.
Uma das fontes chegou a lembrar que o presidente está se deixando tomar pelas “teorias de conspiração”, que dominam os discursos em sua família e que, ao endossar o texto, ele pode provocar sim o que chamou de tsunami, na semana passada, e avisou que estava por vir.
O presidente Jair Bolsonaro desembarcou, nesta manhã, de uma viagem a Dallas, nos Estados Unidos, onde recebeu uma homenagem. Lá, em entrevistas, falou da sua indignação com os ataques aos seus filhos e disse que, se querem atingi-lo, que vão para cima dele.
Leia a íntegra do texto, da forma como o presidente compartilhou em grupos de WhatsApp:
TEXTO APAVORANTE - LEITURA OBRIGATÓRIA
Alexandre Szn
Temos muito para agradecer a Bolsonaro.
Bastaram 5 meses de um governo atípico, "sem jeito" com o congresso e de comunicação amadora para nos mostrar que o Brasil nunca foi, e talvez nunca será, governado de acordo com o interesse dos eleitores. Sejam eles de esquerda ou de direita.
Desde a tal compra de votos para a reeleição, os conchavos para a privatização, o mensalão, o petrolão e o tal "presidencialismo de coalizão", o Brasil é governado exclusivamente para atender aos interesses de corporações com acesso privilegiado ao orçamento público.
Não só políticos, mas servidores-sindicalistas, sindicalistas de toga e grupos empresariais bem posicionados nas teias de poder. Os verdadeiros donos do orçamento. As lagostas do STF e os espumantes com quatro prêmios internacionais são só a face gourmet do nosso absolutismo orçamentário.
Todos nós sabíamos disso, mas queríamos acreditar que era só um efeito de determinado governo corrupto ou cooptado. Na próxima eleição, tudo poderia mudar. Infelizmente não era isso, não era pontual. Bolsonaro provou que o Brasil, fora desses conchavos, é ingovernável.
Descobrimos que não existe nenhum compromisso de campanha que pode ser cumprido sem que as corporações deem suas bênçãos. Sempre a contragosto.
Nem uma simples redução do número de ministérios pode ser feita. Corremos o risco de uma MP caducar e o Brasil ser OBRIGADO a ter 29 ministérios e voltar para a estrutura do Temer.
Isso é do interesse de quem? Qual é o propósito de o congresso ter que aprovar a estrutura do executivo, que é exclusivamente do interesse operacional deste último, além de ser promessa de campanha?
Querem, na verdade, é manter nichos de controle sobre o orçamento para indicar os ministros que vão permitir sangrar estes recursos para objetivos não republicanos. Historinha com mais de 500 anos por aqui.
Que poder, de fato, tem o presidente do Brasil? Até o momento, como todas as suas ações foram ou serão questionadas no congresso e na justiça, apostaria que o presidente não serve para NADA, exceto para organizar o governo no interesse das corporações. Fora isso, não governa.
Se não negocia com o congresso, é amador e não sabe fazer política. Se negocia, sucumbiu à velha política. O que resta, se 100% dos caminhos estão errados na visão dos "ana(lfabe)listas políticos"?
A continuar tudo como está, as corporações vão comandar o governo Bolsonaro na marra e aprovar o mínimo para que o Brasil não quebre, apenas para continuarem mantendo seus privilégios.
O moribundo-Brasil será mantido vivo por aparelhos para que os privilegiados continuem mamando. É fato inegável. Está assim há 519 anos, morto, mas procriando. Foi assim, provavelmente continuará assim.
Antes de Bolsonaro vivíamos em um cativeiro, sequestrados pelas corporações, mas tínhamos a falsa impressão de que nossos representantes eleitos tinham efetivo poder de apresentar suas agendas.
Era falso, FHC foi reeleito prometendo segurar o dólar e soltou-o 2 meses depois, Lula foi eleito criticando a política de FHC e nomeou um presidente do Bank Boston, fez reforma da previdência e aumentou os juros, Dilma foi eleita criticando o neoliberalismo e indicou Joaquim Levy. Tudo para manter o cadáver procriando por múltiplos de 4 anos.
Agora, como a agenda de Bolsonaro não é do interesse de praticamente NENHUMA corporação (pelo jeito nem dos militares), o sequestro fica mais evidente e o cárcere começa a se mostrar sufocante.
Na hipótese mais provável, o governo será desidratado até morrer de inanição, com vitória para as corporações. Que sempre venceram. Daremos adeus Moro, Mansueto e Guedes. Estão atrapalhando as corporações, não terão lugar por muito tempo.
Na pior hipótese ficamos ingovernáveis e os agentes econômicos, internos e externos, desistem do Brasil. Teremos um orçamento destruído, aumentando o desemprego, a inflação e com calotes generalizados. Perfeitamente plausível. Claramente possível.
A hipótese nuclear é uma ruptura institucional irreversível, com desfecho imprevisível. É o Brasil sendo zerado, sem direito para ninguém e sem dinheiro para nada. Não se sabe como será reconstruído. Não é impossível, basta olhar para a Argentina e para a Venezuela. A economia destes países não é funcional. Podemos chegar lá, está longe de ser impossível.
Agradeçamos a Bolsonaro, pois em menos de 5 meses provou de forma inequívoca que o Brasil só é governável se atender o interesse das corporações. Nunca será governável para atender ao interesse dos eleitores. Quaisquer eleitores. Tenho certeza que esquerdistas não votaram em Dilma para Joaquim Levy ser indicado ministro. Foi o que aconteceu, pois precisavam manter o cadáver Brasil procriando. Sem controle do orçamento, as corporações morrem.
O Brasil está disfuncional. Como nunca antes. Bolsonaro não é culpado pela disfuncionalidade, pois não destruiu nada, aliás, até agora não fez nada de fato, não aprovou nada, só tentou e fracassou. Ele é só um óculos com grau certo, para vermos que o rei sempre esteve nu, e é horroroso.
Infelizmente o diagnóstico racional é claro: "Sell".
(Autor desconhecido)

Trapalhadas do chanceler - O Reacionário

Confusões de Ernesto Araújo fazem viagem de Bolsonaro ao Texas virar chacota


O Brasil de hoje é o país do absurdo em vários níveis. Um deles é o vexame do presidente da República se dirigir a uma agenda internacional para receber um prêmio e se encontrar com um ex-chefe de estado estrangeiro e depois seus anfitriões afirmarem que não houve qualquer convite, que o presidente é que se convidou. Surreal? Foi exatamente o que aconteceu com Jair Bolsonaro em sua recente viagem ao Texas. 

Questionado pela imprensa, o assessor do ex-presidente Bush Freddy Ford declarou não ter convidado Bolsonaro previamente e que o ex-presidente americano foi "surpreendido" pela visita de Jair. Está na revista Veja:

 Ao contrário de algumas reportagens, o presidente Bush não esteve envolvido nos arranjos da viagem e não estendeu o convite para (Bolsonaro) vir a Dallas”, afirmou Ford, em resposta a questionamentos de VEJA.
“Mas claro que ele concordou em se encontrar com o presidente Bolsonaro em seu escritório quando soube de sua visita à cidade – uma cortesia que ele regularmente estende aos dignitários estrangeiros quando estão nesta região”, completou.

Evidente que alguns dirão que é fake news, mas esta seria uma mentira facilmente rebatida pelos fatos. O governo só não rebateu por ser verdade. O mesmo se deu com a visita de Bolsonaro ao World Affairs Council of Dallas and Fort Worth, cujo presidente Jorge Baldour afirmou que não foi feito nenhum convite ao presidente brasileiro. "Ele se convidou", declarou Baldour ao Dallas Voice

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Pensam que é bobagem? Estamos falando da maior autoridade de nossa República Federativa do Brasil, representante de mais de duzentos milhões de brasileiros. Bolsonaro aqui foi vítima da incompetência de um diplomata muito hábil na sabujice e no puxa-saquismo e pouco competente no que seria uma questão básica: chefiar o Ministério das Relações Exteriores. Notem que isso não acontecia nem nos tempos de Celso Amorim e Marco Aurélio "Top Top" Garcia. 

O mínimo que se espera de qualquer chanceler é que consiga ao menos organizar uma agenda internacional, que ao menos saiba liderar uma equipe que consiga organizar eventos presidenciais de forma minimamente satisfatória. Não é pedir muito: marcar reuniões e encontros é trabalho que qualquer secretária faz de forma rotineira. Muita gente no setor privado seria demitido por muito menos. Imaginem se fosse uma empresinha privada irrelevante. Um empresário jamais aceitaria passar por tamanho constrangimento. No caso de Bolsonaro é pior, já que ele não representa a si mesmo. 

Há muito que Araújo apequena o Itamaraty, mas desta vez ele passou de todos os limites possíveis. Se não caiu por ter alterado o estatuto da Apex na calada da noite para favorecer a já demitida Letícia Catelani (escorraçada da agência após liderar motins contra os militares), deveria ao menos ser colocado porta a fora por conta do vexame irreparável a que o presidente foi submetido. Sabemos que Araújo está lá por indicação de Olavo de Carvalho e por decisão do próprio Jair, mas é improvável cravar que o presidente acha que o vexame de ontem foi uma completa irrelevância. Ou o Itamaraty se livra de Araújo ou Araújo jogará de vez nossa diplomacia na lama.

Bicentenario da Revolucao Liberal do Porto: 2020

Aos possíveis interessados:



CONGRESSO INTERNACIONAL DO BICENTENÁRIO DA REVOLUÇÃO DE 1820 
Assembleia da República, Lisboa: 12 a 14 de Outubro de 2020

O bicentenário da Revolução de 1820 constitui uma oportunidade e um desafio para revisitar e melhor compreender um período crucial da história contemporânea portuguesa. O congresso internacional que assinala este acontecimento procurará apontar as grandes linhas de interpretação que integram o amplo legado historiográfico existente e estimular a apresentação de novas abordagens e perspectivas de análise.
Os interessados em submeter uma proposta de comunicação ao Congresso do Bicentenário da Revolução de 1820 deverão preencher o formulário até 30 de Setembro de 2019 (https://cbr1820.com/call-for-papers/).
As propostas deverão indicar o painel temático em que se enquadra a comunicação a apresentar. Cada proponente só poderá apresentar uma proposta de comunicação.
A decisão sobre aceitação de propostas de comunicação será da responsabilidade dos coordenadores dos painéis temáticos, sendo informada até 2 de Dezembro de 2019.
Os autores de comunicações aceites deverão entregar o respetivo texto (de acordo com normas a fixar oportunamente) até 31 de Maio de 2020.
O programa final do Congresso será definido após recepção dos textos das comunicações aprovadas.
Línguas do Congresso: português, espanhol e inglês. Prazo de Inscrição: 30 de setembro de 2019.
Maiores informações e inscrições:
https://cbr1820.com/

China is ‘unlikely to simply collapse’ - Democracy Digest

A União Soviética era algo como uma "aldeia Potemkim", ou seja, uma grande farsa, um castelo de cartas, ou de areia, esperando a derrocada final, tantos eram os absurdos acumulados em setenta anos de bolchevismo irracional, ineficiente, inoperável.
A China é diferente, como alerta esta matéria de Democracy Digest: é uma grande civilização, que já era um Estado avançado muitos séculos atrás, que decaiu durante dois ou três séculos, mas que vem se recompondo, como a maior ditadura burocrática existente em todos os tempos. Um Estado orwelliano, diferente do stalinismo idiota dos bolcheviques.
Essa situação precisa ser reconhecida pelos pesquisadores.
Paulo Roberto de Almeida

Adversary or enemy? China is ‘unlikely to simply collapse’


The Soviet Union and its satellites were an apparatus of state terror, resting on an ideology of class hatred, foisted on nations that wanted no part of either. It was always a house of cards, says analyst Bret Stephens. China is not like that. It’s a regime, but it’s also a nation and a civilization, and the three are tightly woven. It will evolve one way or another, but it’s unlikely to simply collapse, he writes for The New York Times:
Since Xi Jinping came to power in 2012, China has behaved in increasingly nefarious ways. Domestically, it has shifted from one-party to one-man rule and become a surveillance state that locks up innocent people by the hundreds of thousands in concentration camps. Abroad, it snoopsstealskidnaps, cheatspollutesunderminescorruptsproliferates, and bullies. …China also poses an underappreciated danger. By many measures, it has already peaked. Its economy is sliding; its debt is exploding; its population is aging; its workforce is shrinking; and its most successful citizens are leaving. Rising powers can bide their time. Declining ones — at least authoritarian ones — tend to take their chances. 
And yet, Stephens adds…… As the Canadian scholar Michael Ignatieff once pointed out (in a different context), there’s a difference between adversaries and enemies — between those whose designs “you want to defeat” and those whose very existence “you have to destroy.”
Xi is now engaged in ideological competition with liberal democracy, invoking cultural diversity as a pretext for asserting Beijing’s sharp power, reports suggest.
Although information is increasingly globalized and internet access is spreading, China and other authoritarian states have managed to reassert control over the realm of ideas,  Christopher Walker, Vice President at the National Endowment for Democracy, told the House Permanent Select Committee on Intelligence hearing on China’s emerging digital authoritarianism and global influence operations (above).
For its part, the National Endowment for Democracy (NED) and its associated institutes have set in motion a response to this multifaceted challenge, he added:
NED’s programmatic approach to addressing China’s influence around the world that threatens democratic norms, standards and institutions is anchored in three interrelated components: developing and accelerating the capacity of think tanks, civil society and journalists to study and analyze Chinese influence in politics, the economy and society; strengthening the ability of these actors, including those working in the civic technology space, to respond appropriately and strategically; and linking efforts at the country level with counterparts engaged in similar work around the world.
On Thursday, May 16 at 9 am, the House Permanent Select Committee on Intelligence addressed China’s emerging digital authoritarianism and global influence operations targeting the United States and its partners (above):
Under President Xi Jinping’s leadership, China is deploying on an unprecedented scale a pervasive surveillance network that harness advances in emerging technologies – including artificial intelligence and machine learning – to eliminate domestic political dissent and optimize the Chinese Communist Party’s (CCP) political control. Alarmingly, China is exporting this model of technology-driven social control to countries throughout the world, contributing to an international resurgence in and slide towards authoritarianism in many emerging democracies.
In addition to the NED’s Walker, the Committee has invited the following witnesses to attend:
  • Dr. Samantha Hoffman – Non-Resident Fellow at the Australian Strategic Policy Institute’s International Cyber Policy Centre
  • Peter Mattis – Research Fellow in China Studies at the Victims of Communism Memorial Foundation
  • Dr. Jessica Chen Weiss – Associate Professor of Government at Cornell University
Among other issues, the Committee will seek testimony about:
  • China’s adoption and exportation of invasive surveillance measures designed to optimize political control, including the social credit system and Huawei’s “Safe City” solution;
  • China’s overseas influence operationstargeting the U.S. and Five Eyes governments, including the activities directed by the Chinese Communist Party’s (CCP) United Front Work Department; and
  • The Chinese Communist Party’s return to a personalistic dictatorship model, rising nationalist sentiment within China, and the implications of Beijing’s efforts to challenge the international order.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Negotiations With Iran. Trump’s Approach Isn’t Working - William J. Burns, Jake Sullivan

We Led Successful Negotiations With Iran. Trump’s Approach Isn’t Working

Sim, o Brasil deve se interessar pelo Iran - Clovis Rossi (FSP)

O jornalista e editorialista da Folha de S. Paulo, Clovis Rossim chama a atenção para um conflito que ameaça desestabilizar não só o Oriente Médio e o mundo inteiro, como também precipitar uma crise econômica capaz de afundar um pouco mais o Brasil, que já se encontra, segundo o ministro Paulo Guedes, no "fundo do poço".
O que vai fazer o nosso chanceler, ou melhor os chanceleres, o real e o nominal?
Imagino que, por seus instintos, escolheriam ficar do lado de Trump, o que seria um desastre, não necessariamente para o que pode acontecer em seguida. Independentemente disso, seria um desastre para nossa já arranhada credibilidade, para nossa já desgastada imagem internacional.
Um bookmaker inglês recomendaria, talvez, apostar na Lei de Murphy. Segundo esse tipo de especulador, nunca, ninguém, em qualquer época, perdeu dinheiro apostando na estupidez humana.
Segundo Einstein, por outro lado, existem duas coisas infinitas: a expansão do universo e a estupidez humana, e ele não tinha certeza quanto à primeira...
Paulo Roberto de Almeida

O Irã é, sim, assunto para o Brasil

Mas para entender, e não isolar o país persa

Se sobrou alguma vida inteligente no governo Bolsonaro, Israel ofereceu a ele uma bela oportunidade para sair das alucinações e da consequente paralisia. Pedir que o Brasil entre no complicado jogo do contencioso iraniano, como revelado nesta quarta-feira (15) pela Folha, é a chance para a diplomacia brasileira estudar o que fazer a respeito.
Para deixar claro: não se trata de o Brasil se alinhar automaticamente a Estados Unidos e Israel na ofensiva contra o Irã. Trata-se, isto sim, de definir uma política para a região. Não pode haver melhor momento para tanto, se se considerar o potencial explosivo da presente crise.
O Crisis Group, especialista em analisar crises e propor soluções para elas, faz um bom resumo do momento: "Um choque não é inevitável, mas bem pode ocorrer --deliberadamente ou como produto de erro de cálculo".
As consequências desse choque seriam calamitosas para os países da região mas também para a economia internacional, dada a alta dependência do livre fluxo de petróleo pelo golfo Pérsico.
Tudo o que o Brasil não precisa neste momento em que está no fundo do poço(segundo Paulo Guedes) é um conflito que sacuda a economia global.
Logo, entender o Irã é uma questão vital. Em primeiro lugar, cabe separar as perspectivas de EUA e Israel nessa questão. Para Israel, trata-se, sim, de uma ameaça existencial. O Irã dos aiatolás já fez incontáveis declarações de que gostaria de tirar do mapa o Estado judeu. Portanto, Israel tem mesmo que tomar todas as cautelas.
Já para os Estados Unidos, o Irã só é um problema no Iraque, mesmo assim porque a derrubada do governo de maioria sunita (de Saddam Hussein) levou a um país dominado pelos xiitas e, como tal, inevitavelmente sujeito à influência iraniana. É o que analisam, para Foreign Affairs, Steven Simon (Amherst College) e Jonathan Stevenson (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos).
Mais: há aparente contradição entre o presidente Donald Trump, em tese pró-negociações desde que levem a um acordo talhado para os interesses de Washington, e seus assessores belicosos, Mike Pompeo e John Bolton.
Sanam Vakil, pesquisador da Chatham House, excelente centro britânico, procurou 75 analistas e formuladores de políticas de dez países (incluídos Irã e Estados Unidos), em busca de entender o quadro do contencioso.
Relatou também para Foreign Affairs que "alguns entrevistados, incluindo americanos, expressaram preocupação com a possibilidade de que Bolton e Pompeo minem o sucesso de qualquer discussão com o Irã".
Sugestão para o Itamaraty, se está interessado em algo mais do que as idiotices de Olavo de Carvalho: recuperar essa consulta da Chatham House. Fornecerá subsídios excelentes para entender o Irã.
Não é nada simples: se há divergências na administração americana, existem também no Irã, entre o moderado presidente Hassan Rouhani e a linha dura, conforme expôs para o israelense Haaretz Ariane Tabatabai, especialista no país persa.
Resumo da ópera: o Brasil deve, sim, atender ao pedido de Israel, mas não para participar do cerco ao Irã e, menos ainda, para estimular um conflito. Estudar o Irã é a melhor maneira —talvez a única— de distender uma situação com tanto potencial desestabilizador.