domingo, 28 de maio de 2023

Guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia: uma entrevista sincera do chefe dos mercenários, Yevgeny Prigojin (O Globo)

 Mundo 

Por O Globo, com agências internacionais 

 


Yevgeny Prigojin, fundador do grupo Wagner
Yevgeny Prigojin, fundador do grupo Wagner AFP

O líder do Grupo Wagner, unidade paramilitar que combate ao lado das tropas russas na Ucrânia, Yevgeny Prigojin, afirmou que a invasão ordenada por Moscou contra seu vizinho do oeste falhou no objetivo de desmilitarizar Kiev, transformando as forças armadas inimigas em uma das "mais poderosas do mundo". A declaração de Prigojin foi feita em uma entrevista ao blogueiro militar russo Konstantin Dolgov, publicada em uma plataforma de vídeos russa nesta quarta-feira, na qual ele também admitiu ter perdido 20 mil homens durante os confrontos em Bakhmut. 

— No que diz respeito à desmilitarização... se eles tinham 500 tanques no início da operação especial, [agora] eles têm 5 mil tanques. Se eles tinham 20 mil pessoas capazes e treinadas para lutar, agora 400 mil pessoas sabem como lutar. Como nós os desmilitarizamos? Acontece que o oposto é verdadeiro - nós os militarizamos — disse o chefe do grupo Wagner. 

Prigojin ainda descreveu o Exército do país vizinho como forças com "alto nível de habilidades organizacionais, um alto nível de treinamento e um alto nível de inteligência", além de terem sido capacitados a utilizar uma vasta gama de equipamentos militares, aos quais tiveram acesso. 

— Eles têm diferentes tipos de armas e, o que é mais importante, eles podem trabalhar com facilidade e sucesso com todos os sistemas: soviético, Sistemas da Otan... você escolhe. 

Risco de revolução

Diante das dificuldades no campo de batalha e vendo os objetivos militares estabelecidos no início da operação especial para desnazificar a Ucrânia (como o Kremlin oficialmente de refere à invasão) cada vez mais distantes, o líder mercenário também fez previsões catastróficas sobre o possível futuro da Rússia, apontando a possibilidade de rebeliões internas desestabilizarem o país. 

— Estamos em uma situação em que nós podemos simplesmente perder a Rússia — disse Prigojin, defendendo que o governo decrete Lei Marcial enquanto durar o conflito — Nós precisamos introduzir a lei marcial. Nós, infelizmente, precisamos anunciar novas ondas de mobilização militar; nós precisamos colocar todo mundo que é capaz de trabalhar para aumentar a produção de munição. A Rússia precisa viver como a Coreia do norte por alguns anos, no sentido de fronteiras fechadas e trabalho duro. 

O líder paramilitar também aproveitou a entrevista para alfinetar integrantes da alta cúpula do poder militar russo, como o Ministro da Defesa, Serguei Shoigu — com quem discutiu publicamente outras vezes durante a guerra, pedindo mais apoio e munição a suas tropas. 

De acordo com Prigojin, a elite russa continua a esbanjar um padrão de vida muito acima dos cidadãos comuns, que estão sendo diretamente afetados pela guerra e pelas sanções impostas à Rússia. 

— Os filhos da elite fecham ficam calados na melhor das hipóteses, e alguns se permitem uma vida pública, farta e despreocupada. Esta divisão pode terminar como em 1917, com uma revolução, quando primeiro os soldados se levantarem e depois seus entes queridos o seguirem. 

Perdas no campo de batalha 

O líder do grupo mercenário também afirmou que a conquista de Bakhmut cobrou um preço alto em vidas, causando uma baixa de aproximadamente 20 mil homens em suas tropas. Segundo Prigojin, cerca de 10 mil dos prisioneiros recrutados nas prisões russas morreram na linha de frente, enquanto uma proporção semelhante de combatentes profissionais também tombou. 

— Selecionei 50 mil detentos, dos quais 20% morreram — disse Prigozhin na entrevista, que teve mais de uma hora de duração. 

Apesar disso, garantiu, o número de baixas no grupo Wagner foi inferior às registradas no lado ucraniano: — Tenho três vezes menos mortos (...) e cerca de duas vezes menos feridos — disse. 


O não-alinhamento alinhado com equívocos de uma outra era, e que continua desalinhado com a realidade - Foreign Policy, Paulo Roberto de Almeida

 A Foreign Policy dedica o seu número de 28 de maio de 2023 (sumário abaixo), ao tal de não-alinhamento (sobretudo do Brasil e da África do Sul), que eu já critiquei acerbamente neste meu texto: 

4328. “Não ao inaceitável “Não Alinhamento Ativo”, que só significa um Desalinhamento Passivo e Inativo”, Brasília, 26 fevereiro 2023, 1 p. Nota sobre a postura proposta ao fantasmagórico Sul Global de Não Alinhamento Ativo em relação ao conflito da Ucrânia. Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/02/nao-ao-inaceitavel-nao-alinhamento.html).

Não creio que eu precise acrescentar mais críticas e justificativas a esse equívoco.

A Ucrânia não merece isso. Em todo caso, aqui estão alguns artigos sobre essa coisa.


Flash Points: Is nonalignment nonsensical?

Foreign PolicyMay 28, 2023


Por que o Brasil continua apoiando Putin? - Fiel Observador (DefesaNet)

 DefesaNet critica a postura do Brasil de apoio a Putin e à agressão russa e alerta sobre as consequências para o país. 

Alerta: a mentira dos fertilizantes, a dependência ideológica e o Kompromat

O explosivo mix de ideologia, oportunismo, adubos e kompromat

Fiel Observador

Os presidentes Jair Bolsonaro e Luís Inácio Lula da Silva possuem uma coisa em comum. Ambos defendem uma posição de neutralidade ativa, que pende ao lado de Moscou, sempre usando a equivocada justificativa de que o agronegócio brasileiro depende dos fertilizantes da Rússia, como se ela fosse a única fonte dos insumos. 

Ministério de Relações Exteriores (MRE) tergiversa quando defende isso, já que é sabido que a aproximação do Governo Lula da Rússia de Vladimir Putin é ideológica, e de Bolsonaro foi oportunismo, e ambos os governantes brasileiros se identificam com regimes, que não são democráticos e buscam desculpas para se distanciar dos Estados Unidos e da União Europeia, dos quais só mantém laços quando a conveniência econômica e política o justificam, ou quando se quer doações para um tal de Fundo Amazônia.

O maior produtor de cloreto de potássio do mundo é o Canadá, que produz mais que o dobro da Rússia, além de diversos outros países. Se o Brasil condenar a invasão russa e apoiar abertamente a Ucrânia como uma nação ocidental de política exterior séria e responsável, a Rússia não irá deixar de vender fertilizantes para Brasil, como não deixou de vender gás e outros hidrocarbonetos para os países europeus.

No último inverno ninguém morreu congelado na Europa como os analistas YouTubers patrocinados pelo Kremlin previam, já que a Rússia depende da venda do seu gás, petróleo e fertilizantes. Repensar a posição brasileira no conflito não nos traria problemas, mas continuar com a postura abertamente pró-russa pode trazer consequências desastrosas e inimagináveis para o Brasil.

Importantes fontes europeias disseram que é apenas questão de tempo para o Brasil começar a ser retaliado ou até embargado pela Europa. Em que sentido? Os produtos brasileiros vão começar a desaparecer das gôndolas dos mercados. A população europeia não vai mais querer comprar alimentos e produtos manufaturados e importados do Brasil. Na atualidade, a questão ucraniana é imensamente mais importante que a pauta ambiental era nos últimos anos pois essa é uma guerra travada em solo europeu, injustificada e não provocada, com invasão territorial, terrorismo l, bombardeios aéreos indiscriminados e massacres de civis.

Segundo uma fonte do Itamaraty, a exportação do agronegócio brasileiro para a União Europeia foi de US$25,57, bilhões, 16,1% de participação no total de exportações agrícolas do Brasil. Crescimento de 42,2% em 2022 em relação a 2021.

O agronegócio e a indústria brasileira poderão perder em pouco tempo o mercado europeu. O alerta tem sido dado em mensagens diplomáticas em diversos postos no exterior e também nas visitas oficiais de autoridades estrangeiras.

A indústria de material de defesa e projetos estratégicos será afetada em breve. O motor do caça Gripen, de origem americana, poderá ser embargado e a Suécia se perder a confiança no Brasil poderá desistir do programa Gripen E, inclusive estuda enviar aviões à Ucrânia tão logo os suecos entrem na OTAN nos próximos meses. Em visita à Kiev, na quinta-feira (25MAI2023), o ministro da Defesa da Suécia, anunciou que pilotos ucranianos iriam treinar nos caças Gripen junto com a Força Aérea da Suécia.

O futuro do KC-390 na Europa está ameaçado já que Holanda e outros países podem interromper as atuais negociações em curso. Ficaremos só com Portugal, no Ocidente.  

O governo Luís Inácio Lula da Silva e o Palácio do Itamaraty precisam assumir os riscos da sua postura frente a crise ucraniana, ou ter que vir assumir a responsabilidade pela imensa crise que vai acertar em cheio o setor do agronegócio, da indústria e da tecnologia com as retaliações que estão por vir nos próximos meses. O embargo do Itamaraty à exportação dos blindados Guarani, na versão ambulância, quando se tornar oficial será a gota da água, segundo um diplomata.

No campo político, o Governo Lula 3 sem o apoio dos Estados Unidos e dos líderes do Reino Unido, França e Alemanha, será um político menor que um anão diplomático. A política exterior brasileira colocará o Brasil no isolamento e será responsável por uma crise econômica sem precedentes. Com certeza, esses não são os interesses nacionais do Brasil. Dar as costas para Ucrânia e passar a imagem ao mundo que o agressor é vítima, como se fosse um agente de propaganda de Moscou pode criar uma crise interna e quebrar o Brasil.

A para isso contribui Moscou, onde a agência TASS e as demais redes de propaganda russa, divulgam um texto incorreto da conversa telefônica de Lula com Vladimir Putin. Uma Fake News na terminologia do Planalto? Não, é uma clássica ação russa estilo Kompromat” para tornar o rompimento do Ocidente com o Brasil irreversível. 

Dependência ideológica: de onde vem os Adubos e Fertilizantes importados pelo Brasil

A seguir confira quais os principais países de onde o Brasil importou Adubos e Fertilizantes em 2021

Países de Origem%Valor FOB US$
1º  Rússia233,5 bilhões
2º  China142,1 bilhões
3º  Marrocos111,59 bilhão
4º  Canadá9,81,48 bilhão
5º  Estados Unidos5,6835 milhões
6º  Catar4,6692 milhões
7º  Bielorrússia3,4508 milhões
8º  Arábia Saudita3,1465 milhões
9º  Argélia2,9433 milhões
10º Alemanha2,8428 milhões

Segundo fontes do DefesaNet, Canadá, países Bálticos, Israel e países Africanos estão prontos para ampliar o fornecimento de fertilizantes ao Brasil.


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