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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Declaração do Brasil na sessão do CSNU que não aprovou o projeto brasileiro de Resolução sobre a guerra Hamas-Israel - Sérgio França Danese (NY)

 Ministério das Relações Exteriores

Assessoria Especial de Comunicação Social

 

Nota nº 473

18 de outubro de 2023

 

 Declaração do Representante Permanente do Brasil na ONU sobre a proposta de resolução S/2023/773, sobre a crise israelo-palestina

 

Statement by His Excellency, Ambassador Sérgio França Danese, Permanent Representative of Brazil to the United Nations

 Draft resolution S/2023/773, Security Council

(Versão original em inglês)

 

At last Friday's closed consultations, Council members asked for Brazil's leadership, in our capacity as presidency in October, to facilitate a Council response to the escalating crisis in Israel and Palestine, in particular its humanitarian aspects.

We heeded the call with a sense of urgency and responsibility. In our view, the Council had to take action and do so very quickly. Council paralysis in the face of a humanitarian catastrophe is not in the interest of the international community.

Therefore, throughout last weekend and the following days, we worked very hard, through extensive and collaborative engagement with Council members, to help build a unified position.

While making a good faith effort to accommodate different - sometimes opposing - positions, our focus was and remains on the critical humanitarian situation on the ground. Political realism guided us, but our sight was always set on the humanitarian imperative. Exactly as in other very sensitive files on the Council”s agenda in which Brazil had a special role to play, international humanitarian law and human rights law provided a clear framework for action.

Our proposed text unequivocally condemned all forms of violence against civilians, including the heinous acts of terrorism by Hamas and the taking of hostages. It called for their immediate and unconditional release. It also called on all parties to strictly abide by their international legal obligations, in particular those relating to the protection of civilians, civilian infrastructure and humanitarian personnel. The draft resolution also stressed the urgent need for humanitarian access to civilians.

The text incorporated urgent and multiple calls by the UN and many other actors for humanitarian pauses to allow for the delivery of aid and the voluntary safe passage of civilians. It encouraged the establishment of humanitarian corridors and other mechanisms to facilitate the smooth delivery of aid.

The draft further reflected the ethical necessity to provide civilians in Gaza with electricity, water, fuel, food and medical supplies. The necessity to be protected from forced relocation when the prevailing conditions on the ground do not ensure a safe and secure displacement.

Thus, faced with heinous terrorist acts against Israeli civilians, with the forceful reaction to such acts and an ever growing humanitarian disaster imposed on Gaza, the Council response we proposed was robust and balanced.

We are grateful to all Council members who engaged with us since last Friday and demonstrated a sincere and practical commitment to multilateralism.

Sadly, very sadly, the Council was yet again unable to adopt a resolution on the Israeli-Palestinian conflict. Again, silence and inaction prevailed.

To no one's true, long-term interest.

While we deeply regret that collective action is made impossible in the Security Council, we do hope that efforts by other actors will yield positive results.

They must be prompt, effective and substantial. Hundreds of thousands of civilians in Gaza cannot wait any longer. Actually, they have waited for far too long. To no avail.

I thank you.

 

* * * * 

 

Declaração do Representante Permanente do Brasil na ONU, Embaixador Sérgio França Danese, sobre a proposta de resolução S/2023/773, sobre a crise israelo-palestina

Versão em português 

 

Nas sessões de consultas fechadas da sexta-feira passada, os membros do Conselho requisitaram a liderança do Brasil, como presidente de turno no mês de outubro, para facilitar uma resposta do Conselho à escalada da crise em Israel e na Palestina, em particular seus aspectos humanitários.

Nós atendemos ao chamado com um senso de urgência e responsabilidade. Em nossa opinião, o Conselho tinha de agir, e tinha de fazê-lo muito rapidamente. A paralisia do Conselho diante de uma catástrofe humanitária não é do interesse da comunidade internacional.

Portanto, durante todo o último fim de semana e nos dias seguintes, nós trabalhamos muito, mediante um engajamento amplo e colaborativo com os membros do Conselho, para ajudar a construir uma posição unificada.

Ao fazer um esforço de boa-fé para acomodar posições diferentes - às vezes opostas -, nosso foco esteve e continua a estar na grave situação humanitária no terreno. O realismo político nos orientou, mas a nossa a visão sempre esteve voltada para o imperativo humanitário. Exatamente como em outros dossiês sensíveis na agenda do Conselho, nos quais o Brasil cumpriu um papel especial, o direito internacional humanitário e o direito internacional dos direitos humanos forneceram parâmetros claros para a ação.

O texto que propusemos condenava inequivocamente todas as formas de violência contra civis, inclusive os atos hediondos de terrorismo por parte do Hamas e a tomada de reféns. O texto conclamava à libertação imediata e incondicional desses reféns. Também conclamava todas as partes a cumprirem rigorosamente as suas obrigações internacionais, em particular as relacionadas com a proteção de civis, infraestrutura civil e pessoal humanitário. O projeto de resolução também salientava a necessidade urgente de acesso humanitário aos civis.

O texto incorporava apelos múltiplos e urgentes da ONU e de muitos outros atores em prol de pausas humanitárias para permitir a entrega de ajuda e a passagem voluntária e segura de civis. Encorajava o estabelecimento de corredores humanitários e outros mecanismos para facilitar a prestação de ajuda humanitária sem obstáculos.

O projeto refletia ainda a necessidade ética de fornecer aos civis em Gaza eletricidade, água, combustível, alimentos e suprimentos médicos. A necessidade de serem protegidos contra deslocamentos forçados quando as condições no terreno não garantem um deslocamento seguro.

Assim, confrontados com atos terroristas hediondos contra civis israelenses, com a forte reação contra tais atos e com um desastre humanitário cada vez maior imposto sobre Gaza, a resposta que propusemos para o Conselho foi robusta e equilibrada.

Somos gratos a todos os membros do Conselho que se engajaram conosco desde sexta-feira passada e demonstraram um compromisso sincero e prático com o multilateralismo.

Infelizmente, muito infelizmente, o Conselho foi mais uma vez incapaz de adotar uma resolução sobre o conflito israelo-palestino. Mais uma vez, o silêncio e a inação prevaleceram.

Algo que não serve ao interesse verdadeiro e de longo prazo de ninguém.

Embora lamentemos profundamente que a ação coletiva tenha se tornado impossível no Conselho de Segurança, esperamos que os esforços de outros atores possam produzir resultados positivos.

Eles devem ser rápidos, eficazes e substanciais. Centenas de milhares de civis em Gaza não podem esperar mais. Na verdade, eles já esperaram demais. E em vão.

Obrigado.

 

[Nota publicada em: https://www.gov.br/mre/pt-br/canais_atendimento/imprensa/notas-a-imprensa/declaracao-do-representante-permanente-do-brasil-na-onu-sobre-a-proposta-de-resolucao-s-2023-773-sobre-a-crise-israelo-palestina 

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Distinguindo os problemas do Oriente Médio - Paulo Roberto de Almeida

Distinguindo os problemas do Oriente Médio

  

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Nota sobre os problemas da região e o papel de Israel. 

 

O Oriente Médio tem muitos problemas, alguns enormes, e há muito tempo. 

Nenhum deles se chama Israel, que resultou de uma decisão votada na ONU, que prosperou, que introduziu muitas inovações tecnológicas e descobertas científicas, que domou o deserto e floresceu a agricultura em terras áridas, que se manteve democrático, a despeito dos seus integristas ortodoxos, que protesta contra o autoritarismo populista, e que não provocou deliberadamente nenhuma guerra, mas que foi atacado diversas vezes: 1948, no seu próprio nascimento, 1967, 1974, várias intifadas e ataques a partir do Líbano, da Síria, de milícias organizadas e armadas a partir de fora, como agora no caso do Hamas em Gaza. 

Os grandes problemas do Oriente Médio se chamam, desde sempre, antissemitismo, ditaduras familiares, corrupção, não educação, desigualdades persistentes, opressão das mulheres, e também, desde vários anos, ISIS, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Irã teocrático e anti-Israel, Arábia Saudita fundamentalista, terrorismo desenfreado, etc. 

Os problemas dos palestinos não surgiram a partir de Israel, que era muito pequeno e que praticamente não tinha nenhum Exército em 1947-48, mas dos Estados árabes circundantes, que nunca aceitaram o Estado de Israel e tampouco um Estado palestino, e que também mantiveram um povo (feito de muçulmanos, mas também de cristãos) à margem de suas respectivas sociedades.

É muito difícil reconhecer isso?

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4494, 19 outubro 2023, 1 p.


quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Pesquisa conclui que desoneração não teve impacto na geração de empregos - Ricardo Bergamini (IPEA, mídia)

A opinião de Ricardo Bergamini sobre fatos incontestáveis e dados do próprio governo:

A burrice não tem fronteiras ideológicas (Roberto Campos).

Prezados Senhores.
1 - Governo Dilma aprovou a desoneração da folha de pagamentos, que entrou em vigor no Brasil em 2011, por meio da Lei 12.546. Se considerarmos 2017, o custo dessa renúncia fiscal ultrapassou R$ 80 bilhões.
- Segundo estudo abaixo de autoria do IPEA, datado de janeiro de 2018, mostra que não houve efeitos reais desse programa sobre o número de postos de trabalho.
Pesquisa conclui que desoneração não teve impacto na geração de empregos
Texto para Discussão do IPEA utilizou metodologia inovadora para comparar cenários antes e depois da Lei 12.546
A desoneração da folha de pagamentos entrou em vigor no Brasil em 2011, por meio da Lei 12.546. As empresas aptas eram as não optantes pelo regime Simples de tributação e de alguns setores específicos. Em vez dos 20% de contribuição patronal ao regime de previdência incidente sobre a folha de pagamentos, elas passariam a contribuir com um valor correspondente a algo entre 1% e 2% sobre o faturamento. O objetivo era aliviar a carga tributária das empresas para criar novos empregos, mas o Texto para Discussão nº 2357, publicado pelo IPEA, mostra que não houve efeitos reais desse programa sobre o número de postos de trabalho.
Para o período anterior à lei de desoneração (2009-2011), a média de emprego nas empresas que seriam afetadas pela lei era 32,72. O estudo, intitulado Impacto da Desoneração da Folha de Pagamentos sobre o Emprego: Novas Evidências, chegou à conclusão que, no período posterior à lei (2012-2015), a média de emprego ficou em 32,77, uma variação mínima. Para analisar os efeitos da desoneração, pesquisadores do Ipea utilizaram uma metodologia inovadora do ponto de vista estatístico, em que os dados apresentados possuem mais robustez, e simularam diversos tipos de cenário, factuais e contrafactuais – como, por exemplo, se o PIB caiu, se aumentou, variação do número de empresas que seriam beneficiadas ou mesmo a não existência do programa.
Eles constaram que, em nenhum dos cenários analisados e simulados, a desoneração dada às empresas sobre a folha de pagamentos cumpriu seu objetivo: geração de empregos formais. “Usamos uma metodologia estatística superior, mais sofisticada do ponto de vista econométrico. Os resultados se mantêm e reafirmam constatações anteriores, da não efetividade dessa desoneração”, explica Adolfo Sachsida, diretor-adjunto de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea e um dos autores do estudo. Também assinam o Texto para Discussão nº 2357 o diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais, Alexandre Ywata, e Felipe Garcia, professor adjunto da Universidade Federal de Pelotas.
Para Sachsida, há um desembolso grande de dinheiro público para um programa que não se mostra efetivo, eficaz e eficiente. “Esse programa já chegou a custar R$ 25 bilhões no ano. Entre 2012 e 2016, custou cerca de R$ 80 bilhões, segundo dados da Receita Federal. Se considerarmos 2017, essa renúncia fiscal ultrapassa esses R$ 80 bilhões. É um dinheiro que sai dos cofres públicos”, alerta.
Investigação regional
A pesquisa também investigou se haveria algum impacto regionalizado do programa em cada uma das regiões brasileiras. Os resultados se mantiveram. “A Lei 12.546/2011 não foi capaz de gerar o impacto esperado sobre a criação de empregos nas empresas suscetíveis a serem afetadas pela alteração da legislação. O geral dos resultados observados é de ausência de impacto”, aponta o estudo.
A análise do impacto em amostras de empresas e faixas de tamanho de estabelecimentos também não apresentou divergência dos resultados incialmente encontrados.
Estudo completo clique abaixo:
2 - Em dezembro de 2021, governo Bolsonaro prorroga a desoneração da folha de pagamentos até o fim de 2023. Confirmando que: “No Brasil, esquerda e direita são apenas sinais de trânsito” (Delfim Netto).
- Cabe lembrar que o falso governo liberal de Bolsonaro trocou Roberto Campos pelo miliciano Daniel Silveira (o líder da tentativa de golpe do Bolsonaro).
Desoneração: setores da economia aguardam sanção da prorrogação nos próximos dias
Medida vale para os 17 segmentos da economia que mais empregam no país. Especialistas dizem que sanção ainda neste ano dará maior segurança às empresas.
Por Jornal Nacional — Brasília
28/12/2021
Matéria completa clique abaixo:
3- Em 2023, o governo Lula prorroga mais uma vez a excrescência da desoneração da folha de pagamento para alguns setores amigos do poder. Confirmando que: “No Brasil, a burrice tem passado glorioso e futuro promissor” (Roberto Campos).
Desoneração da folha de pagamento pode ser votada na semana que vem, diz Lira
ESTADÃO CONTEÚDO
15/08/2023
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta terça-feira, 15, que a desoneração da folha de pagamento para os 17 setores que mais empregam no País pode ser votada na semana que vem. Líderes partidários aguardam uma posição do governo sobre o projeto que prorroga a medida até 31 de dezembro de 2027. Há a expectativa de que um requerimento de urgência seja aprovado para que o texto pule a etapa das comissões e vá diretamente para o plenário.
Matéria completa clique abaixo:
4 - Em 2023, Ministério da Fazenda estuda propor veto total ao projeto de desoneração da folha, mas Planalto resiste.
Fazenda estuda propor veto total ao projeto de desoneração da folha, mas Planalto resiste.
A expectativa é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúna com ministros para iniciar ainda nesta semana a discussão sobre o projeto

Textos (artigos e livros) mais acessados contabilizados pelo Google Scholar - Paulo Roberto de Almeida

 Verificado em 18/10/2023: 

Uma política externa engajada: a diplomacia do governo Lula
PR Almeida
Revista Brasileira de Política Internacional 47, 162-184
3432004
Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização
PR de Almeida
Grupo Gen-LTC
2342012
Formação da diplomacia econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império
PR de Almeida
Senac
1872001
Mercosul: fundamentos e perspectivas
PR Almeida
Grande Oriente do Brasil
1661998
Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internationais contemporâneas
PR de Almeida
Paz e Terra
1082002
A política internacional do Partido dos Trabalhadores: da fundação à diplomacia do governo Lula
PR Almeida
Revista de Sociologia e Política, 87-102
992003
O Brasil eo multilateralismo econômico
PR de Almeida
Livraria do Advogado Editora
971999
Uma nova'arquitetura'diplomática?-Interpretações divergentes sobre a política externa do governo Lula (2003-2006)
PR Almeida
Revista brasileira de política internacional 49, 95-116
912006
A economia internacional no século XX: um ensaio de síntese
PR Almeida
Revista brasileira de política internacional 44, 112-136
792001
Never before seen in Brazil: Luis Inácio Lula da Silva's grand diplomacy
PR Almeida
Revista Brasileira de Política Internacional 53, 160-177
682010
O Brasil como ator regional e global: estratégias de política externa na nova ordem internacional
PR Almeida
Cena Internacional 9 (1), 7-36
632007
Relações internacionais e política externa do Brasil: história e sociologia da diplomacia brasileira
PR de Almeida
UFRGS Editora
532004
Lula’s foreign policy: regional and global strategies
PR De Almeida
Brazil under Lula: Economy, politics, and society under the worker-president …
522009
Sobre políticas de governo e políticas de Estado: distinções necessárias
PR Almeida
Instituto Millenium 7
492016
A diplomacia do governo Lula em seu primeiro mandato: um balanço e algumas perspectivas
PR de Almeida
Carta internacional 2 (1)
482007
Integração Regional: uma introdução
PR de Almeida
Editora Saraiva
432013
As duas últimas décadas do século XX: fim do socialismo e retomada da globalização
PR de ALMEIDA
Relações internacionais: dois séculos de história: entre a ordem bipolar e o …
371912
As relações econômicas internacionais do Brasil dos anos 1950 aos 80
PR Almeida
Revista Brasileira de Política Internacional 50, 60-79
352007
Políticas de integração regional no governo Lula
P Roberto de Almeida
Braz. J. Int'l L. 2, 20
342005
Planejamento no Brasil: memória histórica
PR Almeida
Parcerias estratégicas, Brasília 18 (1), 157-190
342004


A Polônia parece estar perto de se livrar de seu governo de direita liberal dos últimos dez anos - Ishaan Tharoor (The Washington Post)

After election, Poland may turn the illiberal tide

Ishaan Tharoor
The Washington Post, Oct 18, 2023

Donald Tusk, leader of the largest opposition grouping Civic Coalition, gestures after the exit poll results are announced in Warsaw on Sunday. (Kacper Pempel/Reuters)

Donald Tusk, leader of the largest opposition grouping Civic Coalition, gestures after the exit poll results are announced in Warsaw on Sunday. (Kacper Pempel/Reuters)

Poland’s nationalist ruling party won the most votes in Sunday’s election, but it’s heading for defeat. A bloc of opposition parties collectively secured a comfortable majority of ballots cast, as counting neared completion Monday. Rounds of parliamentary wrangling are expected to follow, with analysts suggesting a new government may not emerge until around Christmas. But results point to a dramatic ousting of the right-wing Law and Justice party, known by its Polish acronym PiS, which had hoped to extend its rule into a second decade.

During the prior eight years in office, PiS has taken Polish democracy down an illiberal path. Through a series of controversial reforms, it sought to bend the judiciary under its control, prompting unprecedented E.U. censure. Buoyed by staunch support among Poland’s conservative Catholics, PiS curtailed abortion rights and demonized the country’s LGBTQ+ community. It bullied and co-opted leading media outlets and even altered electoral laws ahead of this weekend in a bid to boost chances for reelection. Analysts had cast Poland’s trajectory in line with the democratic erosion in Hungary and Turkey, where illiberal demagogues now preside over de facto electoral autocracies.

 

And that’s for good reason. “Sunday’s vote was certainly not fair and barely free,” noted the Financial Times, explaining how the ruling faction had “marshalled all the resources of a heavily politicized state apparatus” to secure reelection. “The PiS authorities increased the number of polling stations in its rural heartlands but failed to update boundaries to give more seats to Poland’s liberal cities in line with population growth.”

But the Polish opposition, led by former Polish prime minister and former European Council president Donald Tusk, defied the odds, thanks to a mobilized anti-PiS coalition and the organic strength of Poland’s civil society.

Though PiS won the plurality with about 35.4 percent of the vote, it is left without a path to a governing coalition. The opposition Civic Platform, led by Tusk, came in second with about 30.7 percent but has two likely coalition partners — the Third Way and the Left party — which would give it a majority.

“We still have a democracy in Poland, but it’s thanks to our civil society, nongovernmental organizations and local government that the opposition is relatively strong,” Warsaw Mayor Rafał Trzaskowski told my colleagues. “We can argue that it’s still democratic. But, of course, it’s also completely unfair.”

Now, the shock of the opposition’s success may ripple elsewhere. “Even if you don’t live in Poland, don’t care about Poland, and can’t find Poland on a map, take note: The victory of the Polish opposition proves that autocratic populism can be defeated, even after an unfair election,” the Atlantic’s Anne Applebaum wrote. “Nothing is inevitable about the rise of autocracy or the decline of democracy.”

 

Bucking trends seen in elections elsewhere, Polish voters heeded the opposition’s grandstanding over threats to the country’s democratic future and sided with political forces more associated with Europe’s mainstream establishment. Tusk is a traditional center-right liberals. The opposition was also buoyed by significant turnout in the country’s cities. The election had the highest turnout Poland has seen since the fall of the Berlin Wall.

“The opposition portrayed this election as the last, best chance to forestall Poland’s descent into autocracy,” my colleagues reported. “Exit polls suggested opposition support relied heavily on younger voters, highly educated urban dwellers and Poles living in the industrialized western half of the country, which has deeper historical ties to the rest of Europe.”

Their energy proved stronger than the staunch loyalties of PiS’s more rural, conservative base. “The Polish middle class has mobilized to keep us a European democracy,” tweeted Radek Sikorski, a current Polish member of the European Parliament and former Polish foreign minister under Tusk. (Sikorski also happens to be Applebaum’s spouse.) “Huge turnout in metropolitan areas, demotivated traditionalist South-East. In these dark times forces of light need a break and it looks like Poland might provide it.”

In Brussels and other European capitals, there were sighs of relief. Liberal democracy in one of the continent’s biggest states appears to be making a comeback. “What it means for Europe is a major shift,” Rosa Balfour, director of Carnegie Europe, a Brussels think tank, told my colleagues. “If we get a government without Law and Justice, the relationship between Warsaw and Brussels, which has deteriorated steadily, would change. It also shows that Polish society can make independent decisions even if the media is government controlled.”

An E.U. diplomat, who spoke on the condition of anonymity to discuss sensitive internal matters, told Politico: “The result should lead to better functioning of the E.U. where the E.U. truly reflects its values and principles, particularly solidarity and responsibility. The rejection of far-right policies should serve as an example to other people, and this should hopefully lead to the E.U. becoming stronger in the face of geopolitical threats.”

But first, PiS has to concede defeat, and it seems far away from doing so. Parallel to Tusk’s declaration of victory Sunday, PiS’s leadership also hailed their electoral success. Polish President Andrzej Duda, a PiS loyalist whose term lasts until May 2025, may give his former party the first chance to form a government, even though it looks unlikely to be able to do so.

Once the opposition is able to take power, they face a complicated task of unwinding eight years of hardening illiberalism in the Polish state. “A deeply entrenched populist system, a president loyal to the Law and Justice party, a puppet Constitutional Tribunal and Supreme Court — these are just a few of the problems a new government would face,” Polish analysts Jaroslaw Kuisz and Karolina Wigura wrote. “That’s before we get to the opposition itself, whose members, spanning the political spectrum from right to left, are by no means in agreement.”

Though Tusk is a political veteran, a future government featuring him and his allies will be navigating “uncharted territory,” wrote Piotr Buras of the European Council on Foreign Affairs. The continent has a long history of countries consolidating democracy after decades of authoritarian rule, but no experience of restoring democracy after the disruptions and constitutional chicanery of elected illiberal governments, which stacked various state institutions with loyal apparatchiks.

“The current opposition will face a task that no one has ever had to face before: it will attempt to dismantle an illiberal system that was established in the last eight years by seemingly democratic means,” Buras wrote.

In that endeavor, many political observers elsewhere will be watching closely. 

O difícil retorno da democracia na Venezuela: governo do PT parece confiar em Maduro - Fabio Murakawa e Renan Truffi, Valor

 Amorim viaja a Barbados para assinatura de acordo entre Maduro e oposição venezuelana 


Acordo, mediado pela Noruega, terá o Brasil, entre outros países, como testemunha 

Por Fabio Murakawa e Renan Truffi, Valor

O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, está em Barbados para a assinatura de um acordo entre o governo Nicolás Maduro e a oposição venezuelana para a realização de eleições presidenciais no país vizinho em 2024. 

O acordo, mediado pela Noruega, deve ser assinado nesta terça-feira e terá o Brasil, entre outros países, como testemunha. Nos últimos meses, Amorim vem atuando no processo de mediação de um acordo entre Maduro e a oposição para a realização de eleições limpas no ano que vem. Em março, ele foi a Caracas, onde se reuniu com integrantes do governo e opositores. 

Também esteve em Bogotá no mês seguinte, para conferências patrocinadas pelo presidente Gustavo Petro para tratar do tema. E, ainda manteve conversas bilaterais com representantes dos governos americano e norueguês. Maduro está no poder desde março de 2013, quando o ex-presidente Hugo Chávez morreu de câncer em Cuba. 

Ele venceu uma eleição presidencial naquele ano e outra em 2018. Entretanto, esse último pleito foi marcado por acusações internas e internacionais de fraudes e irregularidades. Ontem, Lula conversou por telefone com Maduro a respeito do acordo sobre as eleições do ano que vem. 

Os líderes trataram também do pagamento de uma dívida bilionária dos venezuelanos com empresários brasileiros que exportaram seus produtos para lá. Abordaram também o levantamento de sanções dos Estados Unidos ao petróleo produzido no país sul-americano. O Brasil voltou a normalizar as relações com o regime chavista, acusado de sabotar a democracia venezuelana, após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro. 

Seu antecessor, Jair Bolsonaro, reconhecia o então presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como governante venezuelano, seguindo uma iniciativa do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Embora houvesse ressalvas, inclusive no Itamaraty, sobre a postura de Bolsonaro, Lula também foi criticado por seu alinhamento a Maduro. Em maio, o presidente chegou a dizer que há uma "narrativa" contra a Venezuela chavista para taxar o regime como uma ditadura.

 A fala de Lula foi criticada por líderes como o presidente do Uruguai, Lacalle Pou (centro direita), e também pelo presidente do Chile, Gabriel Boric, de esquerda. Em um encontro no Itamaraty, Pou afirmou que Lula "tapa o sol com a peneira" quando faz esse tipo de afirmação. Já Boric disse que as declarações de Lula são "descoladas da realidade". 

terça-feira, 17 de outubro de 2023

J. R. Guzzo esquece que sob o bolsolavismo o Itamaraty já tinha sido deformado (Gazeta do Povo)

 Esta “crônica” tem parcialmente razão, mas esquece de dizer que sob o bolsonarismo a deformação do Itamaraty, que começou com Lula 1, foi terrivelmente destruidora dos padrões civiluzados com os idiotas bolsonaristas.

Guzzo é um deformado ele mesmo.

Paulo Roberto de Almeida 

Itamaraty está subordinado aos interesses de tiranias e terroristas

J.R. Guzzo

Gazeta do Povo, 17/10/2023


O Ministério de Relações Exteriores do Brasil deixou de ser um órgão de Estado, encarregado legalmente de representar o país e defender os seus interesses fora das fronteiras nacionais. Deixou, também, de ser uma organização técnica, profissional e com uma longa reputação de competência diplomática. Hoje, no governo Lula, é uma facção política que promove os interesses ideológicos individuais dos grupos de esquerda mais radicais que controlam a máquina pública. Não é mais uma instituição nacional. Foi transformada em partido – deixou de servir o Brasil e passou a servir “causas”.


Essa degeneração, presente desde o último dia 1º de janeiro, chega agora a seu nível mais extremo: é o apoio virtual do governo Lula, disfarçado de “neutralidade”, aos ataques terroristas contra Israel por parte da organização criminosa que age como representante do “povo palestino”. Diante de crimes brutais contra a população civil israelense, condenados por todas as democracias do mundo, o Brasil pede que os “dois lados” cessem as “hostilidades” – como se tivessem os mesmos méritos e não houvesse um agredido e um agressor.


O verdadeiro ministro do Exterior, e responsável por todas as decisões relevantes que são tomadas lá, é um militante político de esquerda que serve como “assessor internacional” de Lula. O ministro oficial é uma espécie de Simone Tebet do Itamaraty; mal se sabe o seu nome. Quem aparece nas manchetes, nas fotos ao lado do presidente, nas viagens do primeiro casal ao redor do mundo, é sempre o outro – e esse outro é um esquerdista de butique que continua vivendo em 1960, fala em “anti-imperialismo” e festeja até hoje o lançamento do Sputnik.


Suas ideias em matéria de política externa são um concentrado do que se poderia ouvir numa assembleia de centro acadêmico estudantil. Ele acredita que a função estratégica número 1 da diplomacia brasileira é fazer oposição sistemática aos Estados Unidos, em primeiro lugar, e ao capitalismo em geral, logo em seguida. Sob o seu comando, o Itamaraty renunciou ao Brasil. As decisões diplomáticas, lá, têm se ser aprovadas pelo MST, pelos núcleos “anti-imperialistas” do PT, pela UNE e por coisas parecidas.


A “Palestina”, nesse ecossistema, tornou-se uma palavra-chave para a política externa brasileira de hoje. O chanceler efetivo é um antigo militante pró Hamas, e das organizações que vieram antes dele – grupos que exigem, oficialmente, a extinção física do Estado de Israel e dizem que todos os judeus que estão lá deveriam ser jogados “no mar”. O resto da atuação internacional do Brasil é o que se vê todos os dias: hostilidade automática aos Estados Unidos, à Europa e ao mundo democrático, e apoio automático a tudo e a todos que sejam de alguma forma contra eles.


O Brasil de Lula e do seu ministro-assessor não deve se aproximar dos “países capitalistas”, das economias livres e das esferas de prosperidade. Nossos amigos têm de ser a “Palestina”, com toda a selvageria do Hamas, ou o Irã, que lhe entrega armas e dólares e foi declarado como Estado terrorista por todas as nações democráticas. Nossos aliados têm de ser o ditador da Venezuela, que é procurado pela polícia internacional por tráfico de drogas, com um prêmio de 15 milhões de dólares por sua captura. Têm de ser Cuba e Nicarágua. Têm de ser as ditaduras da África. O Brasil não tem uma “política externa independente”. É um aliado que se subordina cada vez mais aos interesses de tiranias, organizações terroristas e criminosos de guerra.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/jr-guzzo/itamaraty-interesses-tiranias-terroristas-hamas-palestina/

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