O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Pausa para... um diario intimo...

Não, não é meu, pois não mantenho diário íntimo. O meu é todo visível e de trabalho. Quem quiser saber da minha vida (alô ABIN, alô CIA, alô chineses, russos, sul-africanos...) que vá aos posts deste blog, às listas de trabalho do meu site, ou que penetre meu computador, como estou certo de que todos esses serviços já fizeram, como vasculharam minhas contas e descobriram todos os saldos vermelhos e a lista dos pagamentos do próximo mês...
O diário foi publicado na Piauí, e sendo esta uma revista do maior respeito nacional, só pode ser coisa séria.
Com isso dou por encerrado os posts deste sábado de nevasca e vou cuidar de coisa mais séria. Escrever um trabalho encomendado, como tenho vários no pipeline.
Divirtam-se, desopilem-se, mas atenção, moderadamente.
Vou atacar de hot-dog e de cerveja...
Paulo Roberto de Almeida
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Augusto Nunes, 08/02/2013
às 18:24 \ Feira Livre

Diário da Dilma: Canguru que é despejado dá valor à própria bolsa

PUBLICADO NA EDIÇÃO DE FEVEREIRO DA REVISTA PIAUÍ

1º DE JANEIRO ─ Dia da Confraternização Universal. Confraternizei com o Eduardo Campos em torno de um sambinha com biricutico e salaminho. Fiz questão de cantar Camarão que Dorme a Onda Leva olhando bem na íris daqueles olhos verdes. Neto do Arraes, neto do Tancredo, uns meninos chatos e eu tenho que fingir interesse. De neto, gosto só do meu, que além de uma gracinha não quer me suceder.
2 DE JANEIRO ─ Faltou luz aqui na base militar. Eu, mamãe, titia, Paula e o Eduardo Campos passamos a tarde jogando adedanha. Quando sortearam”animal com a letra L”, pensei besteira. Mas disse “Lobo”. Depois dessa, parei de beber a caipirinha. Já estava mais faceira que mosca em tampa de xarope.
3 DE JANEIRO ─ Estou como o diabo gosta! Só de short, regata e sandália de dedo. O Sarney que não me venha com essa história de liturgia do cargo! A Helena sabe que se eu pegar um fotógrafo aqui vai ser caso de morte. Desde que cheguei aqui não passo mais laquê. São bem uns 10 quilos a menos. Titia veio me dizer que deu um auê danado na posse do Genoino. Fiquei uma arara, dei um murro na mesa e gritei: “Não interrompa minhas férias!” Deus me dê paciência e um pano para embrulhá-la.
4 DE JANEIRO ─ Ganhei um Kindle brasileiro daquele pernóstico do Mercadante. E já veio com dez livros. Tudo chatice: Keynes, Paulo Coelho, Churchill, Maquiavel, Eduardo Giannetti, valha-me Deus. Fui lá e pá! Comprei os dois últimos volumes de Cinquenta Tons de Cinza. Vou começar a ler ainda hoje depois de assistir um pouco dos Tudors. Me falaram maravilhas da série e estou atrasada. Dormi antes de começar a ler. Que espetáculo esses Tudors! Se Brasília fosse animada daquele jeito!
5 DE JANEIRO ─ Mandei o Marco Aurélio assuntar a doença do Chávez. Ele adora essa coisa meio Mercedes Sosa, meio Glória Magadan.
Gastei demais nessas férias. Só em salaminho, tremoços e antiácido foi embora uma fortuna. Sem falar que engordei. Férias é sempre esse inferno: a gente sai da rotina, enche a cara de cerveja, come aquele monte de acarajé e arremata com cocada. As roupas estão todas pegando no quadril…
6 DE JANEIRO ─ E não é que acabou a luz justo na hora H do Henrique VIII com a Ana Bolena? Será que foi a mando do Lobão, sempre tão decoroso nessas questões de moral e bons costumes?
7 DE JANEIRO ─ De volta ao batente, infelizmente. Mamãe teve que me sacudir da cama para que eu pudesse acordar. “Quem primeiro se queixa foi quem atirou a ameixa”, ralhou. Pedi para o Sérgio Cabral fazer as pazes com os índios do Maracanã. Sei não. Brigar com índio dá azar. Não é à toa que está há tanto tempo sem chover.
8 DE JANEIRO ─ Hum, a luz falhou umas duas vezes hoje. Mandei comprar uns três pacotes de vela. Gabrielzinho detesta escuro.
9 DE JANEIRO ─ Choveu! Choveu! Fiquei tão encantada que ergui os braços e saí correndo de baby-doll pelos jardins do Alvorada cantandoThe Hills Are Alive. Para acabar de vez com as insinuações da imprensa burguesa, pedi ao Lobão que desse uma coletiva para negar o risco de apagão. Tiro e queda. O magnetismo desse homem sempre deixa os jornalistas mesmerizados.
10 DE JANEIRO ─ Gabrielzinho está começando a fazer conta nos dedinhos. Ontem ele chegou para mim e disse: “Vovó, os números do governo não fecham”. Está ficando chato.
11 DE JANEIRO ─ Gente, que tudo! Estou afogueada! Esse Christian Grey é uma coisa! Uma coisa!!!!!!
12 DE JANEIRO ─ Quando o pessoal do Congresso volta de férias? Tá uma beleza isso aqui, vazio, silencioso. Gabrielzinho tem andado de velotrol por esses corredores imensos.
14 DE JANEIRO ─ Comecei a me desanimar com os Tudors. Tem mais dancinha na corte do que em novela da Gloria Perez. É bom desapegar dessas coisas. Durante Avenida Brasil não consegui governar e deu no tal Pibinho.
15 DE JANEIRO ─ Falei grosso com o Eduardo Paes e com o menino Haddad: nada de aumentar a passagem de ônibus. Não estou podendo. Canguru que é despejado dá valor à própria bolsa. De tarde, fui ao Senado brincar de esconde-esconde com o Gabrielzinho. Tentei entrar debaixo da mesa diretora, mas bati com o topete e lasquei um pouco a madeira.
17 DE JANEIRO ─ O Eike veio aqui em Brasília. Estava louca para conferir aquele aplique ridículo dele. Ia até dar um toque, mas meu dia estava tão corrido que nem deu tempo. Como a ministrada estava meio sem fazer nada, pus todo mundo pra falar com ele. O Eike sempre rende alguma coisa. Quem ficou uma arara por não ter sido avisada foi a Ideli. Ela acha o Eike parecido com o Romney e já deu a entender que não se importaria em mudar o nome para Idelix.
18 DE JANEIRO ─ Botei o bloco na rua! O Lula já devia saber que quem foi ao vento perdeu o assento. Sou candidatíssima de mim mesma. Para não deixar dúvidas, viajei para o Piauí e me vesti de cangaceira. Foi difícil o chapéu por causa do laquê, mas o recado está dado. Pena que na hora em que saquei a peixeira acabou a luz.
19 DE JANEIRO ─ Meu São Mateus dos Mercados Perpétuos! Não é que vou ter de tomar uma atitude contra aquela revista inglesa ou americana que vive me cornetando? Não nego que o Guido esteja mais por fora do que surdo em bingo, mas pegar no pé do governo só por causa dessa bobagem das contas? Quem não dá uma ajeitadinha? É que nem no cheque especial. Ninguém precisa saber que você está no vermelho. Na primeira folguinha você vai lá e cobre.
20 DE JANEIRO ─ Não aguento essa Marcha dos Prefeitos. É tanta gente para botar em hotel, providenciar transporte, comida. Malandro era o FHC, que ignorava solenemente patente abaixo de governador.
21 DE JANEIRO ─ Liguei para o Kamura e fui firme: “Se franja é a nova tendência e você deixou a Michelle sair na frente, considere sua carreira em Brasília encerrada. Na melhor das hipóteses, você ganhará a vida cortando o cabelo da Ideli”. O homem começou a chorar e jurou que a franja não pega. Durante o discurso, Michelle usou aquele vestido azulão com saia trapézio evasê. É para acomodar o pacová, que, convenhamos, no caso dela é quase um aleijão. Não precisava daquele cinto de motoqueiro. No meio da fala, a Malia deu um bocejadão espantoso. O Gabrielzinho nunca faria isso.
22 DE JANEIRO ─ Só hoje pude acompanhar a cobertura dos bailes. De vestido vermelho eu entendo. O da Michelle ficou o ó. Aquele veludo molhado parecia uma cortina de cabaré. Agora, como dançam bem, ela e o Obama. Que o Demétrio Magnoli não me ouça, mas acho que tem a ver com a raça. Vai pôr um búlgaro para valsar…
23 DE JANEIRO ─ Ao contrário do que me garantiu a Abin, na terceira temporada de The Killing a Sarah Lund não aposentou aqueles suéteres de matar. Não espanta que a fama internacional da moda dinamarquesa seja tão grande quanto a dos nossos serviços de inteligência.
24 de JANEIRO ─ Derrubei no grito as tarifas de energia. O Lula não quer voltar? Que lide com as consequências. Aproveitei para reduzir na maciota a alíquota de importação daquele aparelho nir que delineia a mandíbula. Tentei comprar um no shopping e quase caí para trás. Ideli pediu para eu incluir no pacote a redução de IPI dos shakes dietéticos.
26 DE JANEIRO ─ Renan e Henrique Alves. Não vão sobrar nem as cúpulas do Niemeyer.
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Addendum, pouco íntimo:

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

NEM SEGURANÇAS AGUENTAM O HUMOR DE DILMA
Conhecida por seus acessos de fúria, a presidente Dilma não deixa apenas os ministros à beira de um ataque de nervos. Segundo fontes palacianas, o Gabinete de Segurança Institucional tem dificuldades de encontrar oficiais do Exército que aceitem chefiar o serviço de segurança presidencial. Entre os mais estressados estaria o coronel Artur José Solon Neto, que por breve período cobriu as férias do titular.

QUERIA
O coronel Neto, hoje secretário adjunto do Gabinete de Segurança Institucional, queria sair do cargo burocrático e ir mais a campo.

HUMILHAÇÃO PÚBLICA
Habituada ao perfil discreto do general Amaro, seu chefe de segurança, Dilma não poupou puxões de orelha públicos em quem o substituiu.

CHUTANDO O BALDE
Em junho de 2011, a capitã de fragata E.H., oficial brilhante, cansou dos esculachos presidenciais e foi embora. Quase deixou a Marinha.

INCLUA-ME FORA DESSA
O Palácio do Planalto também demorou a encontrar quem aceitasse substituir a capitã E.H. como ajudante de ordens.

O dragao da maldade e os guerreiros atrapalhados...

Na fábula, na legenda, ou na história (cada um aceite como quiser), São Jorge, de lança em punho, matava valentemente o dragão, que ameaçava comer a donzela mandada para aplacar a sua fome (ou seja lá o que for...). 
Na figuração econômica, sobretudo brasileira, o dragão ficou simbolizando a inflação. Num passado não muito distante (digamos, 18 anos, mais ou menos), o vice-presidente guindado à presidência por um desses golpes do acaso (corrupção), que hoje pareceriam contos da Carochinha, achou que era São Jorge, mas mesmo atrapalhado, permitiu que os bravos guerreiros comandados pelo então ministro da Fazenda FHC (mas o mérito cabe todo à sua equipe de economistas, não a ele, sequer ao presidente, que não permitiu um ajuste real nas contas públicas), dessem um golpe certeiro na inflação. Ele foi dado, e durante o restante dos anos 1990 ela permaneceu em patamares civilizados, chegando mesmo, antes da crise de 1998, a meros 2% (se estou bem lembrado), patamar jamais alcançado antes ou depois. Se ela subiu em 2002 -- e por isso deu vazão à acusação desonesta de "herança maldita" por um provocador de inflação -- foi justamente porque o partido de oposição, vulgo dos trabalhadores, sempre sacrificou os trabalhadores, no seu pacto perverso com a CUT dos patrões, a FIESP, todos engajados em produzir inflação, ao anunciar planos mirabolantes de "mudar tudo isso que está aí". Ainda bem que não o fizeram, e a inflação, depois de recrudescer na campanha eleitoral, voltou a patamares civilizados com um presidente de BC que acreditava no tripé macroeconômico definido em 1999. Isso é história.
Mas, o governo dos companheiros perdeu a mão quando a atual presidente ascendeu à Casa Civil, bloqueando um ajuste mais forte, um superávit primário mais robusto, e dando início ao período de gastança que abalaria um dos pés do tripé, o equilíbrio fiscal. O segundo tripé, as metas da inflação, começou a ser desacreditado quando o atual ministro da Fazenda, ainda no governo anterior, se opôs ao rebaixamento da meta, num momento em que era possível fazê-lo, pois a de 2005 tinha ficado até abaixo da meta. Mas desde 2005 que não apenas a meta é mantida em 4,5% (mais de três vezes a média mundial) mas também o espaço de variação é muito grande, de 2%, exagerados. Finalmente, o terceiro pé, câmbio, vem sendo desacreditado desde muito tempo pelo ministro trapalhão (escolha qualquer um deles) que diz que o câmbio flutua, desde que seja pertinho de 2 reais por dólar.
Em qualquer país sério, executor monetário que prometesse cumprir metas e não cumprisse, seria chamado ao parlamento, e eventualmente demitido. O presidente do BC prometeu, em 2011, que entregaria a inflação dentro da meta em 2012. Não apenas não o fez, como diz que não sabe quando o fará.
Por isso a população está legitimamente preocupada, como indicam os dois artigos a seguir.
Eu já estou ao abrigo da inflação brasileira (não tanto, pois ainda pago contas no Brasil, para familiares), mas me preocupa que a estabilização monetária, tão duramente conquistada em 1994, e o tripé macroeconômico, tão dramaticamente introduzido em 1999 seja tão canhestramente sabotados, aparentemente de forma consciente, por gente que não sabe o que está destruindo.
Paulo Roberto de Almeida 
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Augusto Nunes, 09/02/2013
às 8:31 \ Direto ao Ponto

Nocauteada pelo Plano Real, a inflação avisou de novo que está querendo acordar

Dragão adormecido (Imagem: Gunilla Riddare)
Milhões de brasileiros sensatos estão compreensivelmente inquietos com o monstro adormecido há mais de 18 anos (Imagem: Gunilla Riddare)
Nocauteado pelo Plano Real em 1995, o dragão que atormentou o Brasil por quase meio século voltou a entreabrir os olhos neste janeiro: o índice de 0,86% é o maior dos últimos dez anos ─ e elevou para 6,15% a taxa anual. Os números seriam ainda mais perturbadores se os prefeitos Fernando Haddad e Eduardo Paes não tivessem adiado, a pedido de Dilma Rousseff, o aumento das tarifas do transporte coletivo em São Paulo e no Rio. Mas os governantes do Brasil Maravilha seguem contemplando o horizonte com a expressão beatífica de um Gilberto Carvalho quando vê Lula a menos de cinco metros de diostância. A coisa vai bem demais, recitam as flores da inépcia. Se melhorar, estraga.
Na quinta-feira, Dilma Rousseff mandou a inflação passear para encontrar-se a sós com o senador amazonense Alfredo Nascimento. Demitido do Ministério dos Transportes depois de pilhado pela imprensa em cenas de corrupção explícita, Nascimento apareceu no Planalto caprichando na pose de presidente do PR. Na sexta-feira foi a vez de Carlos Lupi, apeado do Ministério do Trabalho também por ter aterrissado ruidosamente no noticiário político-policial. No papel de comandante do PDT, Lupi enfim reviu a chefe que lhe inspirou espalhafatosas declarações de amor.
“A presidenta quis trocar ideias com nossos aliados”, fantasiou Gilberto Carvalho. Quem passou a vida trocando favores não tem ideias para trocar. Nas duas audiências, só se tratou do contrato de aluguel que deverá garantir o apoio do PR e do PDT à candidatura de Dilma a um segundo mandato. A trinca não perdeu tempo com assuntos desagradáveis ─ as razões do despejo da dupla, por exemplo. Ninguém infiltrou na pauta temas incômodos ─ a inflação de janeiro, por exemplo. Dilma, Nascimento e Lupi examinaram exclusivamente questões ligadas à eleição de 2014. O passado e o presente ficaram fora da pauta que só tratou do futuro.
No lugar da presidente ocupada com dois casos de polícia, irrompeu no picadeiro o inevitável Guido Mantega. O que tinha a dizer sobre o índice divulgado pelo IBGE? “A projeção é de que janeiro foi o pico”, reincidiu a usina de vigarices. Depois de atravessar 2012 enxergando um pibão até ser atropelado pelo pibinho, depois de recorrer a trapaças de envergonhar qualquer 171 para esconder crateras nas contas públicas, Mantega recomeçou a sequência de previsões cretinas. A tapeação não pode parar.
“Eu não tenho projeção até dezembro, mas nos próximos meses a inflação vai para baixo”, mentiu outra vez. Até o aprendiz de ilusionista disfarçado de ministro da Fazenda sabe que a taxa de janeiro seria mais alarmante se o o preço da gasolina subisse no começo do ano, como queria Graça Foster, presidente da Petrobras. O próximo índice já refletirá os efeitos desse aumento.
Ainda no primeiro semestre, queiram ou não os prefeitos companheiros, paulistanos e cariocas estarão pagando mais caro para embarcar em ônibus, trens urbanos e metrôs. O crescimento da demanda (estimulado pelo governo) e a redução da oferta (decorrente da retração da atividade industrial) ameaçam reprisar a parceria historicamente perversa. E a curva ascendente dos preços dos alimentos começa a causar estragos sobretudo nos bolsos da classe média (velha ou nova).
Como registra o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, milhões de brasileiros sensatos estão compreensivelmente inquietos com os sinais emitidos pelo monstro adormecido há mais de 18 anos. Os encarregados de impedir que desperte não perdem o sono por tão pouco. Dilma e Mantega estão brincando com o perigo. Podem acabar engolidos pelo bicho que acordaram.
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Inflação preocupante

09 de fevereiro de 2013 | 2h 08
Editorial O Estado de S.Paulo
 
Com os preços em disparada, o ano começou mal para as famílias brasileiras e com sinais agourentos para o governo da presidente Dilma Rousseff. Nenhum outro país emergente vem enfrentando, como o Brasil, a combinação de custo de vida em alta e produção estagnada, uma das grandes marcas da economia nacional nos últimos dois anos. As perspectivas de expansão da atividade parecem melhores em 2013 do que no biênio anterior, mas as pressões inflacionárias continuam preocupantes, embora as autoridades apostem, pelo menos oficialmente, numa melhora gradual do quadro. A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 0,79% em dezembro para 0,86% em janeiro e atingiu a maior variação mensal desde abril de 2005, segundo informou na quinta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta acumulada em 12 meses chegou a 6,15% e continuou a distanciar-se da meta fixada pelas autoridades de 4,5%. Não há ainda sinal, no entanto, de uma política anti-inflacionária mais firme que a adotada a partir de agosto de 2011, quando o Banco Central (BC) passou a reduzir os juros.
A hipótese de um aumento de juros já foi considerada nos mercados, depois de o presidente do BC, Alexandre Tombini, descrever o quadro atual como desconfortável, mas ainda é tratada como improvável. Os dirigentes do BC reafirmaram no fim de janeiro, na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a expectativa de uma acomodação dos preços ao longo de 2013. Reiteraram também a disposição de manter a atual política por um "período suficientemente prolongado".
Esse é um jogo de alto risco. A experiência já desmentiu no ano passado algumas das previsões mais importantes do Copom. A inflação, segundo o pessoal do BC, vinha sendo impulsionada principalmente pelos preços internacionais dos produtos agrícolas. A crise global derrubaria esses preços. Oscilaram, de fato, mas voltaram a subir. O governo cumpriria a meta fiscal e isso também ajudaria a conter as pressões inflacionárias. Também essa projeção foi errada. No fim do ano, o Ministério da Fazenda recorreu a uma porção de truques para maquiar o resultado das contas públicas. Além de tudo, outros fatores, além dos preços internacionais das commodities, alimentaram fortemente a inflação. Os fatos, portando, desmentiram tanto o diagnóstico quanto os prognósticos oficiais.
Os fatos continuam desmentindo a avaliação oficial dos técnicos e dirigentes do BC. A alta dos preços das matérias-primas é apenas um dos componentes do quadro. Os números mostram um cenário mais complexo e um problema bem mais grave. Em dezembro, aumentos de preços foram registrados em 70% dos itens componentes do IPCA. Bastaria isso para desmentir a tese de uma inflação associada a uma classe única de fatores. Em janeiro esse indicador de difusão chegou a 75%, denunciando um alastramento ainda mais amplo.
É fácil entender esse quadro quando se levam em conta o alto nível de emprego, a expansão da massa de rendimentos, o rápido aumento do crédito e a expansão do gasto público, apesar das dificuldades orçamentárias em fase de estagnação econômica. Curiosamente, o próprio Copom, em sua última ata, menciona "a maior dispersão" dos aumentos de preços ao consumidor, a "estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho", as perspectivas de uma demanda interna ainda robusta e, afinal, a "posição expansionista das contas públicas".
Alguns desses fatores haviam sido apontados em documentos anteriores do Copom. No entanto, as decisões sobre a política monetária foram tomadas, ao longo do ano, como se esses problemas devessem esgotar-se nos meses seguintes, sem deixar marcas no sistema de preços. Esse otimismo, até agora contrariado pelos fatos, parece manter-se. O governo continua confiando em medidas tópicas, destinadas a conter este ou aquele preço (da eletricidade, por exemplo), como remédios contra a inflação. Que um governo com inclinações populistas faça isso é até compreensível. Chocante, mesmo, é a passividade do BC.

Perfeita coordenacao economica governamental: de surpresa em surpresa

Sempre ficarei surpreso, nesta minha vida de retinas fatigadas por constantes leituras de jornais, revistas, blogs e alfarrábios, com a perfeita coordenação governamental em matéria de política econômica. Aliás estou cada vez mais surpreendido...
No espaço de meros dois dias recolhi os mais diversos exemplos de como pode ser perfeita, detalhista, acurada, sensível, bem medida, ponderada (enfim, etc., vocês encontrem outros adjetivos positivos para colocar nas próximas três linhas), a nossa política econômica, tanto a macroeconômica (em especial a cambial), como a setorial, ou microeconômica (com destaque para a política industrial).
Acho que o Financial Times ainda não se acostumou com o nosso padrão de ordem, harmonia, sincronização, graça e beleza (enfim, tudo o que temos nos blocos de Carnaval, incluindo o Cordão da Bola Preta, e podem colocar também aí os blogs de Carnaval, que a Economist também gosta dessas ironias), que possuem nossos coordenadores governamentais, especialmente os três grandes personagens, MiniFaz, MDIC e Bacen, pelas suas siglas conhecidas do mercado.
Mais um pouco, a Standard&Poors e outras agências de rating vão elevar a nossa nota para o máximo permitido, já que as medidas governamentais avançam como se desfilassem na passarela.
Não acreditam?
Basta olhar um pouco o noticiário...
Para completar a análise, acrescento os comentários de dois analistas sem graça...
Paulo Roberto de Almeida

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Pimentel: câmbio é vigilante e mira R$ 2; Mantega: mais intervenção, se necessário
O regime de câmbio no Brasil é flutuante, “porém vigilante”, para manter a cotação do dólar em torno de R$ 2, disse o ministro do Planejamento, Fernando Pimentel, ao Valor PRO, o serviço de notícias em tempo real do Valor.   “O câmbio é flutuante, mas não saiu do patamar. Ele vai ficar por aí, em torno de RS 2”, disse o ministro, ao negar que as recentes oscilações da moeda possam afetar as decisões de investimento no país. “Claro que, para o sujeito que exporta, faz diferença entre R$ 2,05 e R$ 1,96, mas aí ele tem de ter hedge, aí é o risco do mercado, do câmbio flutuante”, comentou o 
ministro, que defendeu uma taxa competitiva, mas cobrou das empresas iniciativas para aumentar sua própria competitividade.  “Um câmbio que destrua nossa indústria não vamos ter mais, mas também não vamos ter aquela ilusão de uma desvalorização excessiva da moeda brasileira em que todo mundo fica achando que a indústria recuperou a competitividade sem ter mudado uma máquina de lugar, sem ter criado uma tecnologia nova, um software sequer”, acrescentou Pimentel.  O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também garantiu que governo não permitirá que o dólar volte a ser cotado a R$ 1,85 e intervirá no mercado caso seja  necessário, assegurou. “O ideal é que não houvesse intervenção, mas isso é sonho. Agora, se houver de novo uma tendência especulativa, se o pessoal se animar, aí estaremos de novo  intervindo”, disse o Mantega. Entre as medidas que o governo poderia tomar, Mantega citou a elevação do Imposto sobre Operações Financeira (IOF) nas operações de ingresso de moeda estrangeira no país e a compra de dólares no mercado. “Se houver tendência especulativa, aumentaremos a intervenção: posso comprar mais reservas e posso reconstituir os IOFs (que foram reduzidos)”, disse, acrescentando que o dólar está flutuando em uma faixa adequada.
O dólar rompeu no final de janeiro o piso de uma banda informal de R$ 2 a R$ 2,10 que vigorou durante boa parte de 2012, e o mercado interpretou esse movimento como um sinal de preocupação com a inflação.  Desde então, o dólar tem ficado em torno de R$ 1,98. “O câmbio está flutuando mais ao sabor do mercado. Flutua sem causar prejuízo ao exportador, não está causando prejuízo ao importador de máquinas e equipamentos. O câmbio encontrou faixa de flutuação razoável”, avaliou Mantega.  

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Bagunça geral na política econômica

09 de fevereiro de 2013 | 2h 05
ROLF KUNTZ - O Estado de S.Paulo
Não dá para separar. O estrago na Petrobrás, a inflação disparada, a indústria emperrada e a maquiagem das contas públicas são sintomas do mesmo problema. O governo conseguiu bagunçar tanto a economia quanto a caixa de ferramentas da política econômica. O estrago da caixa é o mais grave. Gasta-se muito tempo discutindo se a presidente Dilma Rousseff e sua troupe de trapalhões ainda levam a sério os três princípios adotados no fim dos anos 90 - meta de inflação, meta de superávit primário e câmbio flutuante. Não se vai muito longe com esse requisitório. O governo pode responder positivamente a todas as perguntas, com as ressalvas de sempre. Tem de haver certa margem de erro para a inflação, o resultado fiscal é sujeito a imprevistos e nenhum regime cambial é estritamente isento de intervenções. Tudo isso parece razoável, mas a conversa oficial é uma embromação. É possível embromar, nesse caso, porque as questões realmente importantes são outras, a começar pela importância atribuída, de fato, às condições básicas de estabilidade. Esse teste permitiria comparar o governo brasileiro com os de outros países latino-americanos. A semelhança mais notável seria, certamente, com a administração da presidente Cristina Kirchner, sobrando uma diferença muito mais de grau que de vocação.
Se o governo brasileiro se importasse realmente com a inflação, a meta seria muito mais baixa, como em outras economias, tanto desenvolvidas quanto em desenvolvimento. Desde 2005 houve mudanças no Brasil e no cenário externo, mas a meta de 4,5% foi mantida, sem nenhum benefício para o País. A tolerância à alta de preços jamais proporcionou à economia brasileira maior eficiência, dinamismo ou competitividade.
Além disso, as autoridades têm agido como se o alvo real fosse qualquer ponto na margem de variação. As ações são conduzidas como se um resultado final de 6,5% fosse perfeitamente aceitável. O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, chegou a classificar como desconfortável o número acumulado até janeiro - 6,15% em 12 meses. Reiterou, no entanto, a disposição de apostar numa acomodação dos preços no segundo semestre. Mero sangue-frio?
A tolerância à inflação permitiu, no ano passado, conciliar a redução de juros desejada pela presidente Dilma Rousseff e a manutenção de uma política fiscal frouxa. Uma gestão mais séria das contas públicas deveria compensar o relaxamento da política monetária a partir dos meses finais de 2011, segundo explicaram, há cerca de um ano e meio, os dirigentes do BC. Essa condição jamais se realizou. O recurso a artifícios para maquiar as contas públicas no fim de 2012 foi um desdobramento dessa história. Mas esse é apenas o dado mais pitoresco.
O resultado concreto foi uma economia brasileira um tanto mais torta. O combate à inflação por meio da política monetária foi suspenso, enquanto a expansão do crédito continuou alimentando a demanda, principalmente de consumo. Essa demanda foi alimentada também por incentivos fiscais concedidos a alguns setores pelo Executivo. Esses incentivos serviram ainda para a redução temporária de alguns preços, com efeito benéfico de curtíssimo prazo nos indicadores de inflação. O desajuste entre a demanda e a capacidade de oferta da indústria nacional criou um vazamento nas contas externas. Sem o aumento da importação, o efeito inflacionário teria sido maior. A produção industrial encolheu porque as fábricas foram incapazes de competir, e o investimento diminuiu.
Sem distinguir objetivos de curto e de longo prazos, desafios conjunturais e problemas estruturais, o governo colheu inflação elevada, estagnação econômica e contas públicas mais frágeis. Ao mesmo tempo, bagunçou a política econômica e seus instrumentos. O BC deixou de combater a inflação, a política de juros foi decidida no Palácio do Planalto, deficiências estruturais foram tratadas como problemas de conjuntura e os preços foram contidos por meio de intervenções tópicas. A redução do imposto sobre os automóveis e outros bens duráveis e a contenção das tarifas de combustíveis entram nesse capítulo. A insistência da presidente em reduzir as contas de energia elétrica, a partir de agora, é uma continuação dessa trapalhada. É uma imprudência tratar o preço final da eletricidade como questão isolada, sem levar em conta os programas de investimento e os vários componentes de custos, incluída a tributação em todos os níveis.
Os danos impostos à Petrobrás são em parte explicáveis por essa confusão de objetivos e políticas, tão característica do governo atual. Mas decorrem também da subordinação da estatal aos interesses político-partidários do Palácio do Planalto, da peculiar diplomacia terceiro-mundista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da conversão da empresa em instrumento de política industrial. Em vez de cuidar de seus objetivos empresariais e especialmente do enorme desafio da exploração do pré-sal, a companhia foi forçada a atender a uma porção de outras solicitações. Os resultados são indisfarçáveis.
Mas o governo parece impermeável à maior parte dessas lições. O Ministério da Fazenda dispõe-se a adotar novos artifícios para encenar o cumprimento da meta fiscal. Tudo se passa, de fato, como se o resultado real das contas públicas fosse muito menos importante que a sua representação contábil. Sem medidas típicas de política monetária, o BC tem atuado no mercado cambial para desvalorizar o dólar, em mais uma tentativa de influenciar indiretamente a inflação. A conta será parcialmente paga, é claro, pelos setores prejudicados pela valorização do real. De vez em quando, num surto de lucidez, o governo leva em conta as consequências mais amplas de suas decisões. Exemplo disso é a disposição de rever os termos das novas concessões no setor de transportes. Mas surtos desse tipo têm sido raros e brevíssimos e a confusão do voluntarismo volta a se impor.
* JORNALISTA
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Furos na economia

9 de fevereiro de 2013 | 16h30
Celso Ming

É carnaval, os foliões sambam nas passarelas, o povo se diverte como pode e, por enquanto, os índices de aprovação da administração Dilma seguem batendo recordes.
Mas os fundamentos da economia do Brasil estão em deterioração. É só conferir o que a atual administração está entregando: uma sucessão de pibinhos, a inflação mais alta desde 2005, o investimento empacado, a indústria em franco esvaziamento, a Petrobrás sangrando em seu caixa, o outrora pujante setor dos biocombustíveis perdendo importância, a balança comercial passando sinais preocupantes; a percepção externa sobre o Brasil piorando aos poucos…
O galardão da presidente Dilma é a área social. As classes médias seguem aumentando. O povo nunca consumiu tanto, nunca viajou tanto. O setor de serviços está em grande expansão. Paradoxalmente, a área mais pujante da economia é o agronegócio, justamente o setor que vem sendo acusado por áreas do governo como o reduto dos ruralistas, da monocultura e da exploração do trabalhador. Apenas um reparo: há dois subsetores no agronegócio que, ao contrário dos outros, enfrentam séria crise: é o já mencionado ramo do açúcar e do álcool, em consequência do represamento dos preços dos combustíveis; e o da laranja, atacado por forte deterioração dos preços internacionais.
O descontentamento começou a espalhar-se numa área até recentemente tida como aliada do governo: o dos empresários. As empresas enfrentam custos crescentes, especialmente de mão de obra, e já não podem contar com o rendimento financeiro para compensar o baixo retorno operacional. É o que explica tantos balanços bem mais fracos do que os apresentados em outros anos. O empresário não se anima a investir porque entende que deixou de ganhar dinheiro – não importando aqui o quanto isso é verdadeiro. Ele só não demite mais porque a situação de pleno emprego tornou mais difícil a contratação de pessoal.
Os cala-bocas da hora não vêm surtindo o efeito desejado. A tão festejada desoneração dos encargos sociais é pouco mais do que uma insignificância. As renúncias fiscais (isenção ou redução de impostos) não podem mais ser mantidas; estão sendo gradativamente revogadas. A desvalorização cambial (alta do dólar) que veio para dar mais competitividade ao setor produtivo, está em parte sendo revertida pelo Banco Central e, em parte, comida pela inflação à proporção de 6% ao ano. E o BNDES não é uma solução para todos porque só contempla os previamente destinados a serem campeões em sua área.
A presidente Dilma parece ter-se convencido de que não pode mais tratar o setor privado a pão e água e que precisa abrir as licitações de projetos de infraestrutura e energia. Mas essa mudança vem um pouco tarde e deverá demorar muito mais a maturar e a dar frutos.
A desenvoltura da inflação preocupa. Se continuar com o discurso de que não é preciso agir porque, logo adiante, a inflação cederá por simples imperativo estatístico, o Banco Central corre o risco de perder ainda mais credibilidade. Já não conduz as expectativas, passou a percepção de que só reage com autorização superior e aceitou passivamente demais à deterioração das contas públicas. Agora pode defrontar-se com a força da inércia inflacionária. Mais ainda, corre o risco de ter de puxar os juros de volta para cima apenas às vésperas das eleições.
CONFIRA


Acima, uma relação de 12 produtos ou serviços consumidos no carnaval e a carga tributária incidente sobre cada um deles.
 

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Anatomia da decadencia instittucional brasileira - Ricardo Velez-Rodriguez

Uma das melhores análises, que já li, sobre as razões, as formas e o processo de nossa erosão institucional, começada sob o lulo-petismo e continuada desde então com cada vez maior violência verbal pelos quadrilheiros e mafiosos que tentam dominar a República e fazer do crime político (e até do crime comum) uma coisa comum, uma simples banalidade da vida.
Nunca antes neste país bandidos disfarçados de políticos haviam perpetrado tantos assaltos à normalidade democrática. Também nunca antes neste país, a sociedade assiste tão inerme a esses assaltos constantes à moralidade e à honestidade republicana.
Até quando o Brasil vai suportar tanta corrupção, tanta desfaçatez, tanta falta de vergonha no trato da coisa pública?
Paulo Roberto de Almeida

DENGUE PATRIMONIALISTA
Ricardo Vélez-Rodríguez
Blog Rocinante, 9/02/2013

A posse de Renan Calheiros como presidente do Senado, mais do que um episódio regular da vida política brasileira, está a indicar a entropia das nossas Instituições. Não apenas pelos paradoxais discursos pronunciados ao ensejo da posse pelo próprio Calheiros e por figuras que, décadas atrás, foram esconjuradas da cúpula do governo por práticas não republicanas, como o senador Collor de Melo, que do alto da tribuna fez sérias acusações contra o Procurador Geral da República, pressupondo que as ações públicas deste estivessem motivadas, apenas, por baixos interesses de proveito pessoal. O fato de Renan Calheiros se apresentar como paladino da ética, num momento em que está sendo questionado pelo Ministério Público, em denúncia que foi apresentada pela Procuradoria ao Supremo por prática de atos contrários à dignidade republicana é, no mínimo, um acinte aos cidadãos que ainda acreditamos que é possível viver num país civilizado. De outro lado, a posse, na presidência da Câmara, do deputado Enrique Alves, cuja proposta governativa se centra na manutenção de práticas clientelistas que atrelam o Congresso ao Executivo (como as emendas parlamentares), completa o quadro de desmoralização do Legislativo.

As coisas não seriam tão graves se correspondessem, apenas, a uma crise ética e política do Congresso. Acontece que a doença é mais radical. Os sintomas da decomposição inserem-se no contexto mais amplo de uma maré negra que aponta para a desmoralização total das Instituições Republicanas, num fatídico balé que tem como regente o ex-presidente Lula.

Os próximos alvos, nessa empreitada de morte cívica, serão a cabeça do Judiciário e do Ministério Público, na retomada do processo de desmoralização já iniciado pelo lulopetismo contra o Presidente do Supremo e contra o Procurador Geral da República. Alvo já anunciado dos ataques da petralhada será também a Imprensa, que passará a ser acusada pela instabilidade política, numa manobra leninista de acusação, pela militância, das próprias culpas. Afinal, quem mais tem trabalhado em prol da instabilidade é o próprio lulopetismo, que tem buscado de forma incessante colocar a República, exclusivamente, a serviço de Lula e dos interesses partidários.

Em paralela, eficaz e deletéria ação, o crime organizado vai cumprindo o seu papel de amedrontar os cidadãos, mediante uma prática que, no século passado, Pablo Escobar pôs em funcionamento na decomposição colombiana: o assassinato sistemático de policiais e a realização rigorosamente programada de atos de terrorismo que têm como finalidade fragilizar ainda mais a psique coletiva, como está acontecendo, de vários meses para cá, em São Paulo e no interior de Estados outrora pacíficos como Santa Catarina. Afinal, se se trata de colocar o Brasil a serviço de interesses particulares, o crime organizado aproveita a brecha e pratica a sua própria demolição das Instituições.

O lulopetismo age, no tecido social brasileiro, como aqueles aracnídeos altamente peçonhentos que inoculam nas suas vítimas o fatal veneno que, aos poucos, lhes paralisa os membros, reduzindo-as totalmente à inação e à morte. Na caminhada de séculos do Patrimonialismo brasileiro, nessa dança macabra de privatização de tudo para obedecer às instâncias familisticas de um clientelismo rastacuera, o lulopetismo não tem paralelo nos itens de cinismo e eficácia. O homem do chapéu está conseguindo cooptar todo mundo, criando um consenso fatídico ao redor da desmoralização das instituições republicanas. É o capítulo que antecede à morte cívica e ao império de um desolador peronismo à brasileira, como já previu Fernando Henrique Cardoso. “Nunca antes na história deste país” tinha se apresentado alguém, como Lula, dotado de tão grande carisma, arguto e excelente articulador, pondo tudo a serviço de uma era de domínio unipessoal e da companheirada.

Não cometamos a injustiça histórica de comparar esse quadro do avanço patrimonialista com o do getulismo ou com o do regime de 64. Nestes dois momentos da nossa história, ergueu-se proposta de modernização autoritária, para esconjurar forças dissolventes arregimentadas pelo totalitarismo de plantão e para dotar o país das instituições sociais e da infraestrutura que lhe garantiriam entrar no mundo da industrialização. Nunca concordei com esse viés autoritário. Teria sido possível, sim, modernizar o Brasil, preservando os institutos do governo representativo e do respeito aos direitos individuais. Teríamos dado um passo bem à frente do tradicional patrimonialismo modernizador na América Latina. Mas não há dúvida quanto ao fato de que, tanto no getulismo quanto no regime militar, o país se modernizou. Ora, isso não aconteceu na década lulopetista. Tudo aquilo que parecia programado para efetivamente democratizar e modernizar de vez a nossa vida política terminou desaguando no mais deslavado clientelismo, num projeto de cooptação amplo, geral e irrestrito da sociedade pelo Executivo hipertrofiado, sem a mínima racionalidade para com a política econômica e sem o cuidado necessário para com a manutenção sadia das nossas contas públicas iniciado com o Plano Real. Estão aí os processos de cooptação dos institutos de pesquisa, como o IPEA e o IBGE, que gozavam outrora de grande credibilidade, e que a petralhada no poder conseguiu desprestigiar, por tê-los colocado a serviço da propaganda governamental.

Estão aí, também, os índices de crescimento econômico que despencam, junto com a credibilidade de estatais como a Petrobrás. Está aí a inflação que volta a assombrar os nossos lares, com remarcação geral de preços e com endividamento crescente dos cidadãos. Está aí a sombria tendência à desindustrialização, que preocupa cada vez mais os nossos empreendedores. Estão aí os crescentes índices de queda da competitividade dos nossos produtos, afetada pela instabilidade jurídica e pelo gasto público descontrolado que não moderniza a infraestrutura. Está aí, enfim, a gastança do dinheiro público sem nenhum controle, efetivada pelos sindicatos (desonerados, por Lula, da obrigação de prestar contas ao TCU), e pelo próprio governo federal, nessa corrida maluca das políticas sociais, erradamente concebidas sem contrapartida dos beneficiários e sem a devida transparência, do PAC e das obras preparatórias para a Copa do Mundo e as Olimpíadas, que já vai superando, aceleradamente, os limites previstos, fazendo desembestar o dragão inflacionário. Os obscuros episódios da Delta e da intermediação do meliante Cachoeira foram empurrados para baixo do tapete pela espertice lulista, ao ensejo do encerramento da correspondente CPI, que foi estimulada pelo ex-presidente Lula unicamente para deitar uma cortina de fumaça sobre o mensalão, mas que terminou abrindo mais um flanco na já fraca credibilidade do governo.

Dadas as repetidas investidas do desgoverno de Dilma e do lulismo em ação contra a transparência e contra a sadia gestão da economia, poderíamos terminar este quadro sombrio com mais uma imagem tomada de empréstimo à entomologia. O Brasil é, hoje, vítima da terceira epidemia da dengue patrimonalista, que se seguiu às duas outras sofridas durante os governos de Lula. Conseguirá o corpo social da Nação agüentar toda essa carga negativa?

O fim da esquerda latino-americana? - Alvaro Vargas Llosa


The End of the Latin American Left

Will Hugo Chávez's revolution die with him?

BY ALVARO VARGAS LLOSA 

Foreign Policy, February 7, 2013

The exact condition of Hugo Chávez continues to be a Churchillian riddle wrapped in a mystery inside an enigma. The Venezuelan president, who won his third reelection last October and has been hospitalized in Cuba for many weeks with cancer, missed his own inauguration in January. In his absence, Vice President Nicolás Maduro, Chávez's hand-picked successor, has been left in charge of the government indefinitely. But Maduro is no Chávez, lacking both the charisma and the power base of Venezuela's mercurial leader. And it's not just a problem for the chattering classes in Caracas: The question haunting the Latin American hard left, which Chávez has dominated in the last decade, is who will take his place.
In explaining the rise of the political left in Latin America over the past decade, Chávez's persona looms large. Politicians like Evo Morales, Rafael Correa, and Cristina Fernandez de Kirchner owe an enormous debt of gratitude to Chávez for laying the groundwork toward a renewed form of populism, Latin America's version of socialism. Chávez's illness has only served to highlight that debt. "The issue of the health of brother Chávez is a problem and a worry not just of Venezuela, but of all the anti-imperialist, anti-capitalist people," Morales said in January, speaking from behind a podium reading, "We Are All Chávez." But Chávez's charisma and ruthless political genius fail to explain why he has been able to achieve such regional clout. Through a canny use of petrodollars, subsidies to political allies, and well-timed investments, Chávez has underwritten his Bolivarian revolution with cash -- and lots of it. But that effective constellation of money and charisma has now come out of alignment, leaving a power vacuum that will be difficult for Chávez's political heirs across the hemisphere to fill.
Several Latin American leaders would like to succeed him, but no one meets the necessary conditions: Cuba's blessing, a fat wallet, a country that carries enough demographic, political and economic weight, potent charisma, a willingness to take almost limitless risks, and sufficient autocratic control to allow him or her to devote major time to permanent revolution away from home.
What will happen is partly in Cuba's hands. Because Cuba has made Venezuela into its foreign-policy proxy, the Castro brothers need Caracas to remain the capital of the movement for it to retain any vitality. While Cuba is dependent on the roughly 100,000 barrels of heavily subsidized oil Chávez's regime supplies to Cuba daily, the island nation has a grip on Venezuela's intelligence apparatus and social programs. Chávez himself acknowledged last year that there are almost 45,000 Cuban "workers" manning many of his programs, though other sources speak of an even larger number. This strong connection allows Cuba to exercise a vicarious influence over many countries in the region. Caracas's clout in Latin America stems from Petrocaribe, a mechanism for helping Caribbean and Central American countries purchase cheap oil, and ALBA, an ideological alliance that promotes "21st century socialism." The combination of the two gives Caracas, and therefore Havana, some authority over the politics of 17 other countries.
What does this mean for the future of the left? Essentially that Cuba will do its utmost to prop up Maduro. Chávez's chosen man will never be a revered figure -- his talents as a politician are lackluster -- but with Havana's backing and control of the money funneled to the region's leaders, he will retain some of Chavez's stature. In recent months, he and what might be called the civilian nucleus of the Venezuelan government have been a constant presence in Havana, where they have relied on the information supplied to them by Cuba about Chávez's real condition. This clique is comprised mainly of Rosa Virginia, Chávez's eldest daughter; her husband Jorge Arreaza, who is also a minister; Cilia Flores, Maduro's wife and the prosecutor general of the regime; and, finally, Rafael Ramírez, the head of the oil giant PDVSA.
Maduro has made most of his key political announcements from Havana, often flanked by some of these people as a way to consolidate his legitimacy inside the Venezuelan military, where he has rivals, and of course the Latin American left writ large. It seems to have worked for now: The region's left lent him dutiful support through various regional bodies when the opposition denounced the arrangements that have turned him into an acting president indefinitely. In a statement put out by Secretary General José Miguel Insulza, the Organization of American States supported the constitutional arrangements in Venezuela in the wake of Chavez´s absence -- and incurred the ire of MUD, the united opposition.
Critical in all of this is the money at Maduro's disposal. The sales of PDVSA, the state-owned oil cash cow, amounted to $124.7 billion in 2011, of which one-fifth went to the state in the form of taxes and royalties, and another fourth was channeled directly into a panoply of social programs. This kind of management makes for very bad economics, a reason why the company needs to resort to debt to fund its basic capital expenditures, and for decreasing productivity, but it remains crucial for the regime and the Latin American left. Funding social programs at home and subsidizing oil shipments abroad, as well as giving cash to various foreign entities, is in good part what makes Caracas the epicenter of the left. Consequently, the support Maduro enjoys from Cuba and the money at his disposal offsets his lack of Chávez-like charisma.
Although Venezuela's current economic debacle has had a debilitating effect on the system described above, as has Chávez's ill health, China has helped mitigate the impact. The China Development Bank and the Industrial and Commercial Bank of China have lent Caracas $38 billion to fund some social programs, a bit of infrastructure spending, and purchases of Chinese products and services. Another $40 billion has been promised to fund part of the capital expenditures needed to maintain the flow of oil committed to Beijing. The oxygen provided by Beijing gives Caracas some ability to grease the regional machinery despite the domestic crisis.
Cuba's support for Maduro and his oil money notwithstanding, there will still be a vacuum of sorts at the top of the Latin American left after the vice president takes over from Chávez on a permanent basis -- assuming he is able to consolidate his own power internally and fend off his military rivals. Other Latin American leaders will clearly see an opening at least to enlarge their role if not lead the left outright.
Argentina's Kirchner is already trying. As she has further radicalized in response to an acute economic crisis at home and the rise of an opposition both within the ranks of her party and among the large middle class, in looking for a major Latin American role she has departed from traditional Peronismo. In the last year, she has made her country's claim to the Falkland Islands, now under British control, a focal point of her foreign policy, obtaining explicit support at Mercosur (the South American common market) and UNASUR (the Union of South American Nations). Until recently, she limited her rapport with Caracas to business and occasional gestures rather than ideology -- Buenos Aires sold sovereign bonds to Caracas a few years ago and was later able to import fuel cheaply and sign trade deals. Now she makes trips to Havana too and has raised her voice in denouncing the usual imperialist suspects -- certain liberal democracies, foreign investors, international courts, and the IMF. By adopting this tone, she hopes to rally the base at a difficult time. She is currently barred from seeking reelection in 2015 but is aiming to change the constitution to allow her to seek another term, a move laden with certain Chávismo overtones.
There are, however, limits to her potential role as a leader of the Latin American left. The most important one is economic. The statist, populist Argentine model is now bankrupt. Economic growth was minimal in 2012, a year that also saw record inflation and the expansion of capital controls to prevent a stampede of dollars. This would not be an insurmountable political obstacle were it not for the fact that a majority of Argentineans are now opposed to her -- her approval rating is down to 30 percent -- and that her own party is fractured. It is one thing to fight the "fascist right" as the head of a united Peronista front. But it is quite another for Kirchner to be denounced more stridently by her leftist base than by the center-right. Apart from the fact that she lacks the funds to finance regional revolution -- despite running the largest populist economy in Latin America -- Kirchner can ill afford to devote her attention to foreign matters. Last but not least, Argentina is too large and too proud a country for it to accept near-subordination to Cuba, a key condition for leading the Latin American rebels.
What about Bolivia's Morales? Given the symbolism of his indigenous roots, he seems a strong prospective candidate. But he is geographically too far from Havana -- Chávez´s constant pilgrimages to Cuba would be hard for Morales to replicate. He too has mounting problems at home, where his social and political base is now severely split. Unlike Chávez, who has been able to group his different supporters under a socialist umbrella organization, Morales's party, MAS, has become isolated from the myriad social movements that once backed him and now claim he is not delivering on promises of social justice. His main fights have not been with the right but with these organizations, which have paralyzed the country at various times.
Like other populists, Morales has some cash at his disposal through the sale of natural resources. But private investment is tiny in Bolivia, and Morales has doubled the proportion of the economy directly under government control. Because he needs to pour resources into populist economic programs to keep his enemies at bay, Morales cannot afford to fund foreign adventures. In fact, his need for cash is forcing him to charge Kirchner, a close ally, about four times more for Bolivia's natural gas than the going rate in Argentina's own gas-producing region, the Neuquen Basin. Lastly, Bolivia's economy is tiny, amounting to just 8 percent of Venezuela's.
Correa, who as president of Ecuador heads an oil-producing country, is another possibility. He certainly has the ambition and is the intellectual alpha male of the pack. His inevitable reelection this month will give him renewed vigor. But his country produces five times less oil than Venezuela and, with an economy less than a fifth the size, is in no position to command leadership regionally. After tripling government spending since he came to power in 2007, Correa's coffers face a fiscal deficit of 7.7 percent of GDP. And because it defaulted on part of the national debt in 2008, Ecuador is barred from capital markets. If not for the $7 billion-plus lifeline China has thrown Correa in advance payments for oil and credits, the country's financial situation would be dire. Given that 80 percent of Ecuador's oil exports have been pledged as guarantee against these loans, Correa would never be able to subsidize other countries.
That leaves Brazil, the single most powerful Latin American country and a symbol of ideological moderation that may well hold the key to the destiny of the Latin American left -- if only it wanted to. Until now, Brazil has deliberately given Chávez the space to play a disproportionate role in the neighborhood. Since former president Luiz Inácio Lula da Silva had Marxist roots and a radical base to please, he made up for his responsible domestic policies by tolerating, and sometimes encouraging, Chávez's leadership of the regional left. In foreign policy, Lula preferred to spend his time cementing ties with the other BRIC countries and collecting allies in Africa, partly with a view to building up support for a permanent seat at the U.N. Security Council. The rest was spent cozying up to the United States's adversaries, including Iran, and proposing solutions to the Israeli-Palestinian question (an initiative for which he teamed up with Turkey).
Dilma Rousseff, the current Brazilian president and Lula's political heir, has moderated her country's foreign policy but is conscious of the fact that her overbearing predecessor and the party base want close relations with the left. This is a major reason for having kept Marco Aurélio Garcia, a man umbilically connected with the regional populists, as a foreign policy advisor.
But Dilma is not personally interested in leading Latin America's left. Her country's main economic tool in Latin America, the Brazilian development bank BNDES, funds mostly domestic companies investing in the region, not other governments, and its disbursements in Latin America totaled a mere $1 billion last year. An initiative for integrating South America's infrastructure led by Brazil, known as IIRSA, lacks a political or ideological imprint. Dilma also confronts an economic challenge that Lula was spared. Growth has stalled (it barely cracked 1 percent last year), and some serious soul-searching is underway about why the emerging star of the last decade is now facing the prospect of a mediocre future if new reforms are not undertaken.
All of this points to the Cuba-Venezuela connection continuing to play a pivotal role through Maduro. That said, Maduro will have considerably less ability to project influence than when Chávez was at the helm. Presumably, the vacuum partially left by Chávez will see various forces vying for an increased role, including Kirchner as the radicalized Peronista running the largest populist economy, while Morales and Correa, as well as Nicaragua's Daniel Ortega, call attention to themselves without the necessary power to back their chutzpah. Brazil will arbitrate among these leftists and wait to see what emerges before throwing its lot with anyone.
With no viable leader to take up Chávez's mantle, the future portends disarray for the Latin American left. Fearful that this may spell the end of the movement, there is but one miracle the left can cling to -- that Chávez finds a way to rise from his Havana deathbed.
LEO RAMIREZ/AFP/Getty Images
 
Alvaro Vargas LLosa is senior fellow at the Independent Institute. His new book, Global Crossings: Immigration, Civilization and America, will be published in June.

Google desvaloriza os BRICS: Brasil com cotacao baixa...

Como a sigla foi criada por um economista, e implementada artificialmente por políticos ambiciosos, nada demais contra os ups and downs do movimento das bolsas. A cotação dos Brics (antes Bric) já foi mais alta, e a do Brasil sempre foi supervalorizada artificialmente, pela propaganda do governo, pelo superativismo ministerial, pela exuberância diplomática e a egolatria do presidente anterior. Nada errado, portanto, com o debunk atual, que é sempre bem vindo, pois melhor atuar com base em perspectivas realistas do que infladas por impulsos artificiais.
Paulo Roberto de Almeida

BRICs Fall From Google Favor as Searches Drop With Brazil


The BRICs are falling off the investment map.
The term for Brazil, Russia, India and China, where stocks gained 424 percent during the decade ended 2010, appeared in the fewest news stories last month since November 2008, according to data compiled by Bloomberg. BRIC searches on Google Inc.’s website fell to a seven-year low in December, while mutual funds that invest in the biggest emerging markets had outflows in 46 of the past 47 weeks.
Dilma Rousseff, Brazil's president, from left, Dmitry Medvedev, Russia's president, Manmohan Singh, India's prime minister, Hu Jintao, China's president, and Jacob Zuma, South Africa's president, stand and present the Delhi Declaration at the BRICS Summit in New Delhi, India, on Thursday, March 29, 2012. Photographer: Graham Crouch/Bloomberg
Feb. 7 (Bloomberg) -- Zeb Eckert reports on today's top headlines. He speaks on Bloomberg Television's "First Up." (Source: Bloomberg)
Investor euphoria has turned into apathy after the four economies grew at the slowest pace since 2009 and the MSCI BRIC Index trailed world markets for a third straight year. The man who came up with the BRIC moniker -- Goldman Sachs Group Inc.’s Jim O’Neill -- announced his retirement this week.
“It looks like investors, certainly the trend-following types, have lost interest,” O’Neill, who will step down as chairman of Goldman Sachs’ asset management unit this year after about 18 years at the New York-based bank, said in a Feb. 5 phone interview.
O’Neill, 55, introduced the BRIC concept in a 2001 research report predicting that the countries’ share of the global economy would increase. His colleagues at Goldman Sachs estimated two years later that the nations may join the U.S. and Japan as the world’s biggest economies by 2050.

‘Like a Brick’

The bullish outlook proved prescient as the BRIC countries grew at an average annual pace of 6.6 percent from 2001 to 2010, almost twice as fast as the global economy, according to the International Monetary Fund in Washington. China is now the world’s second-largest economy in dollar terms, while Brazil is No. 7, Russia is No. 9 and India is No. 10, IMF estimates for 2012 showed in October.
Goldman Sachs’ prediction helped unleash a flood of money into the BRIC countries. Investors poured about $15 billion into mutual funds that buy stocks in all four nations, along with another $52 billion into funds dedicated to individual members of the group, from 2001 through 2010, according to Cambridge, Massachusetts-based research firm EPFR Global.
The name stuck. Investors “wanted something that was simple,” Christopher Palmer, who oversees about $2.5 billion as the London-based director of global emerging markets at Henderson Global Investors Ltd., said by phone Feb. 5. “BRIC is a nice marketing concept, and it sounds quite solid, like a brick.”

Slowing Growth

The MSCI BRIC index’s 424 percent return through 2010, including dividends, compares with a 44 percent gain for the MSCI All-Country World Index and 350 percent for the MSCI Emerging Markets Index. That means $10,000 invested in the BRICs grew to about $52,400 during the period.
Now, the nations’ shares are lagging behind as their economic growth advantage shrinks and investors shift money to smaller emerging markets, including Turkey and the Philippines. Gross domestic product in the BRICs probably increased 4.2 percent on average in 2012, versus 3.2 percent for the world economy, according to the IMF. The 1 percentage point gap would be the smallest since 1998.
The MSCI BRIC index lost 9.2 percent from the end of 2010 through yesterday, compared with a 2.4 percent slide in MSCI’s emerging-market index and a 13 percent advance in the MSCI All- Country gauge. The four-nation measure is up about 2.2 percent this year, versus a 4.3 percent increase in the global index.

O’Neill Bullish

The BRIC gauge slipped 0.1 percent at 6:07 a.m. in London, heading for a fifth day of declines, the longest stretch since Nov. 16. The measure is down 2.3 percent this week.
Brazil, Russia, India, China and BRIC funds have recorded combined outflows of about $8.3 billion since 2010 even as those investing in global emerging markets had inflows of $70 billion, EPFR Global data show.
The BRICs have “now become unfashionable,” John-Paul Smith, an emerging markets strategist at Deutsche Bank AG in London who predicted the underperformance of BRIC shares in 2011, said in a report e-mailed Jan. 24.
O’Neill disagrees. Fading interest in the countries is a contrarian indicator that may foreshadow world-beating equity returns this year as China’s economy recovers, he said.
“It’s my hunch, because of China, that the BRIC index will outperform,” O’Neill said by phone from London.

Relative Value

The Shanghai Composite Index has climbed 6.6 percent this year as consumer purchases support a rebound in economic growth. China’s expansion accelerated in the fourth quarter for the first time in two years, with GDP increasing 7.9 percent from a year earlier, according to the National Bureau of Statistics in Beijing. Retail sales climbed 15.2 percent in December.
Low valuations are another reason to be bullish, O’Neill said. The MSCI BRIC index trades for 10 times reported earnings, versus 16 times for the MSCI All-Country gauge. The 36 percent discount for the BRIC measure compares with an average gap of 24 percent since Bloomberg began compiling the data in July 2009.
“They trade at a significant discount, certainly to their own past,” O’Neill said. “The key part of the BRIC story, the C, which is the same size as the other three put together, seems to me to be even stronger than ever.”
The BRICs risk undoing their achievements of the past decade by increasing the state’s role in markets, Nouriel Roubini, the chairman of Roubini Global Economics LLC in New York who predicted the 2008 financial crisis, said in a Jan. 25 interview at the World Economic Forum’s annual meeting in Davos, Switzerland. The countries “have been hyped up too much,” Roubini said.

Petrobras Tumbles

In Brazil, the government fixes energy prices to rein in inflation, which has exceeded the 4.5 percent midpoint of the central bank’s target range for more than two years. That means fuel imports have curbed earnings at Petroleo Brasileiro SA, Brazil’s state-run oil producer, as it pays more for gasoline and diesel bought abroad than it charges distributors.
While the government authorized a fuel price increase Jan. 29, the adjustment trailed analysts’ estimates and voting shares of the Rio de Janeiro-based company dropped 5.1 percent the next day. Petrobras tumbled 8.3 percent Feb. 5 to the lowest level since August 2005 after saying that it will reduce dividends.
Brazil’s benchmark Bovespa Index has declined 4.2 percent this year through Feb. 7 and is down 16 percent since the end of 2010. The BSE India Sensitive Index has gained 0.8 percent in 2013 and Russia’s Micex Index has increased 3.5 percent.

Fading Links

The number of news stories containing the term BRIC fell to 317 in January, according to data compiled by Bloomberg from more than 100 news sources. That’s 87 percent less than the record high in March 2011, a week before the MSCI BRIC index reached an almost three-year peak.
Google, operator of the world’s most-popular search engine, had the fewest queries on BRIC in December since February 2005. While the level of interest has since increased, it’s still about 17 percent lower than a year ago and 48 percent below the June 2009 high, according to Google’s Trends website.
Equity gauges in Shanghai, Mumbai, Moscow and Sao Paulo that once moved in lockstep with the MSCI BRIC index are losing their links to the benchmark.
The Shanghai Composite’s 30-day correlation with the MSCI gauge dropped to 0.2 on Jan. 9, the lowest level since January 2012, from as high as 0.8 in September, data compiled by Bloomberg show. A reading of 1 means two markets move in tandem, while a level of -1 means they move in opposite directions.
The relationship for India’s Sensex declined to the lowest level since November 2009 this month, while the reading for the Micex reached a four-year nadir. The Bovespa had the weakest correlation since March 2008 in October.
“People aren’t talking about them as a group any more, but talking about the countries separately,” Timothy Ghriskey, the chief investment officer at Solaris Group LLC in New York, which manages about $2 billion and has equity holdings in India and Brazil, said by phone Feb. 5. “Each one has a different investment climate, different issues.”

To contact the reporters on this story: Michael Patterson in Hong Kong at mpatterson10@bloomberg.net; Victoria Stilwell in New York at vstilwell1@bloomberg.net
To contact the editors responsible for this story: Emma O’Brien at eobrien6@bloomberg.net; Darren Boey at dboey@bloomberg.net