Depois que eu (levianamente) elaborei este post:
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
1912) Dicas para a carreira diplomatica
fazendo, como de hábito, meu anarquismo habitual em matéria de boas regras de conduta, mas atendendo, como sempre, demandas externas, alguns curiosos, legitimamente, perguntaram-me o que eu faria em termos de leituras e preparação, para me tornar um diplomata.
Sinceramente, não sei. Aliás, tudo o que eu não quero é me ocupar de concurso para o Itamaraty, por ser algo muito complicado e extremamente responsável.
Eu até acho que se eu fizesse o concurso hoje, seria reprovado, pelo menos com base na minha pouca preparação para o concurso que fiz, no século passado.
Não apenas porque as provas são realmente difíceis, o que elas são, de fato, mas também porque elas são, como dizer?, "peculiares".
Em todo caso, algumas das perguntas que recebi, foram estas:
1) O quê na sua opinião comporia uma boa base de leituras relativas ao Brasil?
2) Que obras você acrescentaria?
3) O quê você acha que falta?
4) Ou ainda: Se você tivesse que remontar a lista de “leituras brasileiras” o quê você colocaria de novo?
5) Por que você considera o CACD passavelmente esquizofrênico?
6) A carga de leitura deveria ser menor? Ou maior?
7) O que se requer de um candidato à diplomacia?
8) Quais os livros que acreditas tratarem melhor desses temas? (Independente de sua procedência)
Bem, são perguntas importantes para serem respondidas num "átimo", como diriam os italianos (sem o acento). Não vou sequer tratar aqui dos livros ou de uma bibliografia ideal, o que deixo para oportunidade futura.
Se eu tivesse esse tipo de concurso sob minha responsabilidade, não delegaria a função a "terceiros", professores de RI ou das matérias setoriais (salvo em casos muito específicos). Acho que uma comissão de diplomatas, de todas as classes, poderia elaborar algumas centenas de questões, que depois seriam selecionadas e misturadas, alteradas ligeiramente em sua redação, ou ordem (negativo, positivo, por exemplo, ou certo e errado), e depois preparadas para uma prova geral, a que se seguiriam provas setoriais.
Mas, eu começaria por abolir qualquer exigência de diploma para ser diplomata, mesmo de primeiro grau. Acredito que basta demonstrar preparação respondendo questões de forma objetiva e depois passando por uma banca seletiva para questões não exatamente objetivas.
Esse bacharelismo do Brasil me parece ridículo. Diplomata não é necessariamente alguém que tenha muitos diplomas, ou mesmo apenas um. Trata-se apenas de alguém preparado para a carreira. Isso é vocação, e pode ser por autodidatismo integral, ou seja, a pessoal aprendeu a ler com os pais, e estudou toda a vida por sua própria conta. Se não for um autista -- desses capazes de decorar uma lista telefônica inteira, e portanto apto a decorar os livros do programa oficial -- nem alguém maluco, talvez poss ser diplomata, sem diploma nenhum.
Voltarei ao assunto.
Paulo Roberto de Almeida (2.02.2010)
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
1915) Triste Fim de Policarpo Social Mundial (com desculpas a Lima Barreto)
Acho que o genial Lima Barreto não merece esta vinculação indevida. Ou talvez sim: ele gostava muito de fazer romances picarescos -- como, por exemplo, "O Homem que sabia Javanês", gozando do Itamaraty de sua época... -- e talvez encontrasse nesses convescotes animados do FSM um bom motivo para mais um conto de sua pluma implacável.
Bem, tentei ficar à altura desse outro gênio da raça...
Triste Fim de Policarpo Social Mundial
(Brasília, 2 fevereiro 2010, 5 p.; 2107)
Resumo e conclusão sobre o FSM-10: uma farsa, como sempre.
Publicado em Mundorama (02.02.2010; link).
Bem, tentei ficar à altura desse outro gênio da raça...
Triste Fim de Policarpo Social Mundial
(Brasília, 2 fevereiro 2010, 5 p.; 2107)
Resumo e conclusão sobre o FSM-10: uma farsa, como sempre.
Publicado em Mundorama (02.02.2010; link).
1914) O Fim da Historia, de Fukuyama: agora com os links
Acho que já tinha anunciado neste espaço, mas é que agora recebi os links das respectivas publicações.
O Fim da História, de Fukuyama, vinte anos depois: o que ficou?
Paulo Roberto de Almeida
Doutor em Ciências Sociais, Mestre em Planejamento Econômico.
Diplomata de carreira, professor de pós-graduação do Uniceub.
Publicado em Mundorama (21.01.2010; link).
Republicado no Meridiano 47 (n. 114, janeiro 2010; link).
Relação de Publicados n. 949.
Sumário:
1. O que restou, vinte anos depois, da tese controversa de Fukuyama?
2. O que Fukuyama de fato escreveu?
3. Fukuyama tinha razão?
4. Do fim da História ao fim da Geografia
5. Existem opções aos órfãos do socialismo?
Resumo: Reavaliação das principais teses de Francis Fukuyama, em seu ensaio de teoria da história sobre a ausência de alternativas às democracias liberais de mercado, depois da derrocada dos sistemas socialistas e do início do processo de transição nos antigos Estados do sistema socialista, fenômeno equiparado por esse autor a um equivalente do ‘fim da História’ da tradição interpretativa hegeliana. A tese é válida em sua concepção geral, mas os processos concretos de transição não obedecem a um padrão único de organização política, econômica e social.
Palavras-chave: Francis Fukuyama, fim da História, socialismo, capitalismo.
O Fim da História, de Fukuyama, vinte anos depois: o que ficou?
Paulo Roberto de Almeida
Doutor em Ciências Sociais, Mestre em Planejamento Econômico.
Diplomata de carreira, professor de pós-graduação do Uniceub.
Publicado em Mundorama (21.01.2010; link).
Republicado no Meridiano 47 (n. 114, janeiro 2010; link).
Relação de Publicados n. 949.
Sumário:
1. O que restou, vinte anos depois, da tese controversa de Fukuyama?
2. O que Fukuyama de fato escreveu?
3. Fukuyama tinha razão?
4. Do fim da História ao fim da Geografia
5. Existem opções aos órfãos do socialismo?
Resumo: Reavaliação das principais teses de Francis Fukuyama, em seu ensaio de teoria da história sobre a ausência de alternativas às democracias liberais de mercado, depois da derrocada dos sistemas socialistas e do início do processo de transição nos antigos Estados do sistema socialista, fenômeno equiparado por esse autor a um equivalente do ‘fim da História’ da tradição interpretativa hegeliana. A tese é válida em sua concepção geral, mas os processos concretos de transição não obedecem a um padrão único de organização política, econômica e social.
Palavras-chave: Francis Fukuyama, fim da História, socialismo, capitalismo.
1913) Economia brasileira: em face do ufanismo governamental, uma analise mais sobria
O BRASIL SAIU MUITO MAL DA CRISE!
Trechos da coluna de Cesar Maia, na Folha de S.Paulo (30.01.2010)
1. As projeções catastróficas feitas após setembro de 2008 e a quebra de instituições financeiras nos EUA apontavam para crise tão grave quanto a de 1929. Mas não levaram em conta que o gasto do Estado em nível mundial, como proporção do PIB, é agora quase três vezes maior. O gasto público não acompanha os ciclos econômicos e é sempre menor que a profundidade da crise. Mais ainda depois que o keynesianismo deu a receita para que cumprisse função anticíclica.
2. Sempre que se tem uma expectativa muito negativa sobre qualquer coisa e a realidade não é tão ruim quanto se imaginava, a sensação de alívio dificulta uma análise cuidadosa da crise e de seus desdobramentos. Isso ocorreu aqui no Brasil em 2009, sendo o maestro da banda o próprio presidente. Só interessava ver números de PIB e emprego. À medida que os números foram sinalizando um quadro menos sombrio, passou-se a dizer que o Brasil saíra da crise na frente. Mas o tempo vai mostrando que não foi assim. O Brasil saiu da crise muito pior do que entrou e, grave, num quadro econômico internacional muito mais competitivo.
3. A reação do governo à crise foi de um keynesianismo populista, de estímulo ao consumo. Uma inflação de 4% parece pequena olhando para trás. Mas, se levarmos em conta que o PIB caiu em 2009 cerca de 1% e que o câmbio despencou, que inflação seria essa com a economia crescendo e o câmbio num nível adequado? A taxa de juros poderia ter caído bem mais se os problemas não fossem tão evidentes. O déficit público nominal dobrou, passando para 4% do PIB.
4. O déficit em conta corrente no balanço de pagamentos vai na mesma direção, apontando em 2010 para US$ 40 bilhões. Isso reforçará a necessidade de juros altos para estimular a entrada de capitais e fechar o balanço sem recorrer às reservas. A dívida pública bruta cresce com a transferência de recursos da União aos bancos estatais.
5. O custo Brasil (infraestrutura econômica) continua subindo. A taxa de desemprego se manteve, mas com a precarização do emprego, indicativo de queda da produtividade. Com o derretimento de parte dos derivativos, a demanda agregada mundial será menor, e mais o mundo mais competitivo exigindo maior produtividade. Aqui se perdeu essa oportunidade por um populismo keynesiano. Câmbio, juros, contas públicas e externas, preços, produtividade, tudo em desalinho. Pode ser que as gorduras pré-crise segurem o tranco em 2010, até porque vale tudo em ano eleitoral. Os candidatos que se preparem para 2011.
Trechos da coluna de Cesar Maia, na Folha de S.Paulo (30.01.2010)
1. As projeções catastróficas feitas após setembro de 2008 e a quebra de instituições financeiras nos EUA apontavam para crise tão grave quanto a de 1929. Mas não levaram em conta que o gasto do Estado em nível mundial, como proporção do PIB, é agora quase três vezes maior. O gasto público não acompanha os ciclos econômicos e é sempre menor que a profundidade da crise. Mais ainda depois que o keynesianismo deu a receita para que cumprisse função anticíclica.
2. Sempre que se tem uma expectativa muito negativa sobre qualquer coisa e a realidade não é tão ruim quanto se imaginava, a sensação de alívio dificulta uma análise cuidadosa da crise e de seus desdobramentos. Isso ocorreu aqui no Brasil em 2009, sendo o maestro da banda o próprio presidente. Só interessava ver números de PIB e emprego. À medida que os números foram sinalizando um quadro menos sombrio, passou-se a dizer que o Brasil saíra da crise na frente. Mas o tempo vai mostrando que não foi assim. O Brasil saiu da crise muito pior do que entrou e, grave, num quadro econômico internacional muito mais competitivo.
3. A reação do governo à crise foi de um keynesianismo populista, de estímulo ao consumo. Uma inflação de 4% parece pequena olhando para trás. Mas, se levarmos em conta que o PIB caiu em 2009 cerca de 1% e que o câmbio despencou, que inflação seria essa com a economia crescendo e o câmbio num nível adequado? A taxa de juros poderia ter caído bem mais se os problemas não fossem tão evidentes. O déficit público nominal dobrou, passando para 4% do PIB.
4. O déficit em conta corrente no balanço de pagamentos vai na mesma direção, apontando em 2010 para US$ 40 bilhões. Isso reforçará a necessidade de juros altos para estimular a entrada de capitais e fechar o balanço sem recorrer às reservas. A dívida pública bruta cresce com a transferência de recursos da União aos bancos estatais.
5. O custo Brasil (infraestrutura econômica) continua subindo. A taxa de desemprego se manteve, mas com a precarização do emprego, indicativo de queda da produtividade. Com o derretimento de parte dos derivativos, a demanda agregada mundial será menor, e mais o mundo mais competitivo exigindo maior produtividade. Aqui se perdeu essa oportunidade por um populismo keynesiano. Câmbio, juros, contas públicas e externas, preços, produtividade, tudo em desalinho. Pode ser que as gorduras pré-crise segurem o tranco em 2010, até porque vale tudo em ano eleitoral. Os candidatos que se preparem para 2011.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
1912) Dicas para a carreira diplomatica
Sou frequentemente consultado bilateralmente (e por vezes multilateralmente também), por candidatos à carreira que me pedem dicas para ter sucesso nos exames de entrada.
Sou obrigado, muito frequentemente também, a decepcionar esses candidatos, pois eu nao estou no "mercado" da formação preparatória, não dou aula em nenhum cursinho, não pretendo dar, e nunca elaborei nenhum Guia de Estudos ou Manual do Candidato (ainda que algumas editoras já me tenham pedido para fazer). Não pretendo e não vou fazer, pelo menos não agora, pois não tenho capacidade, nem jeito para esse tipo de material didático.
Meu único "mercado" é o da pesquisa e o da elaboração de ensaios sobre temas da área, mas isso não tem nada a ver com os concursos de entrada, que não acompanho, nunca participei de um -- a não ser o meu próprio concurso DIRETO, muitos anos atrás -- e apenas concedo, de vez em quando, atender algum pedido especifico.
Pessoalmente, considero esse concurso do Itamaraty -- do qual tomo conhecimento episodicamente e somente induzido por alguém -- pouco representativo do que se requer de um candidato à diplomacia. A bibliografia brasileira é pobre, alguns livros são francamente risíveis, e algumas perguntas capciosas, para dizer o mínimo. Tempora...
Em todo caso, ainda hoje, alguém me pediu minha bibliografia resumida, que fiz, também a pedido, alguns anos atrás. Atenção: não se trata de livros que eu recomendaria, é apenas uma lista reduzida a partir da bibliografia então oficial. Eu teria outras escolhas e provavelmente eliminaria a maior parte do que vai abaixo. Mas, não se pode lutar contra instituições tão seguras de si quanto o Itamaraty...
Meu resumo da bibliografia oficial de 2005, que eu considerava absurdamente exagerada, foi feita, portanto, a pedido, e não renovada desde então. Não tomo conhecimento dos livros que se pedem num concurso que eu considero passavelmente esquizofrênico, e acho (mas apenas suspeito) que as leituras indicadas devem continuar em volume exageradamente alto.
A única coisa que eu posso fazer seria remeter novamente à bibliografia resumida que havia feito anos atrás, apenas recomendatória, mas suspeito que desatualizada. Agregaria apenas os dois volumes de Lessa e Altemani, sobre "Relacoes Internacionais do Brasil: temas e agendas", não por achar que sejam uma maravilha, mas por tocar na agenda diplomática corrente, cobrindo essencialmente os temas que constituem o 'ganha-pão' diario dos diplomatas, mas aqui vista por uma ótica exclusivamente acadêmica, com todos os defeitos que isso possa acarretar (já fiz uma longa resenha desses dois livros, dizendo o que penso deles).
Em todo caso, se ouso fazer uma recomendação para o concurso ainda deste ano, seriam os discursos dos próceres da nossa diplomacia (presidente, chanceler e assimilados), que devem ser lidos com atenção, pois parece que eles já fazem parte da História (com H maiúsculo) e são pedidos na interpretação dos fatos correntes, como a mais pura expressão da realidade (quem seguiu essa regra se deu bem, acreditando ou não, e provas desse tipo figuraram como exemplo do que era correto em guias passados).
Recomendo, também, para um pouco de tudo, uma consulta a esta seção de meu site, que tem uma salada geral de dicas, recomendações, comentários (faltando só alguma piada a respeito): http://www.pralmeida.org/04Temas/04AcademiaDiplom/02DiplomaciaGeral.html
Eis a bibliografia resumida, de 2005:
1481. “Recomendações Bibliográficas para o concurso do Itamaraty”, Brasília, 13 out. 2005, 6 p. Indicações resumidas a partir do Guia de Estudos do Concurso de Admissão à Carreira Diplomática, versão 2005, para atender às demandas de candidatos à carreira diplomática. Circulada em listas de estudos internacionais.
Segue abaixo.
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Paulo Roberto de Almeida
Guia de Estudos do Concurso de Admissão à Carreira Diplomática, versão 2005
Recomendações Bibliográficas
Indicações resumidas por Paulo Roberto de Almeida
Nota inicial:
Como a bibliografia recomendada no Guia de Estudos do IRBr apresenta um volume considerável de leituras, elaborei, pensando nos muitos candidatos que me consultaram, ao longo dos dois últimos anos, uma lista reduzida, constando de leituras que eu pessoalmente considero essenciais. Evitei incluir novas leituras, de livros que poderiam ser recomendados, mas que não constam, atualmente, da bibliografia “oficial”, uma vez que a intenção foi, justamente, reduzir o volume total de leituras. Trata-se, obviamente, de uma escolha pessoal e portanto arbitrária, ou subjetiva, dos títulos que me parecem recomendáveis, apenas e tão somente nas matérias para as quais me julgo minimamente capacitado para opinar.
1) Indicação inicial de leituras gerais sobre o Brasil:
“A bibliografia e a orientação para estudo incluídas neste Guia de Estudos não têm caráter limitativo. Feita essa ressalva, recomendam-se as seguintes obras, com vistas a facilitar a preparação básica do candidato:
CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1997.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. São Paulo: Global, 2003.
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
PRADO Jr., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1996.
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. A formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.”
Nota PRA:
Eu pessoalmente considero que todo e qualquer candidato deve possuir uma boa base de leituras relativas ao Brasil, na qual se inclui, evidentemente, o conhecimento dos chamados “clássicos do pensamento brasileiro”. Aos que não têm tempo ou disposição para penetrar na leitura de obras por vezes maciças, em alguns casos “maçantes” (ou mesmo relativamente defasadas em relação às pesquisas mais recentes em seus respectivos campos), eu lembraria que a obra de todos esses autores, com a possível exceção de Ribeiro, já foi esmiuçada e resumida por gerações de cientistas sociais brasileiros, encontrando-se no “mercado” excelentes resumos desses livros ditos “essenciais”. Um instrumento de busca como o Google, por exemplo, ou mesmo o Google Scholar, pode ajudar na identificação desses trabalhos que, por vezes em 20 páginas, resumem o conteúdo das 300 ou 500 páginas dos originais. Por outro lado, vários desses autores são objeto de sites mantidos pela família ou por acadêmicos, admiradores ou discípulos, nos quais se encontram bons resumos e comentários das obras respectivas. Encontrei, por exemplo, um excelente site sobre o Gilberto Freyre, que traz o essencial da obra desse prolífico autor em poucos resumos muito bem feitos. Não tenho tempo de buscar, agora, os links respectivos para esses resumos ou comentários, mas agradeceria aos que o fizerem que me enviem esses endereços para inclusão numa futura edição deste pequeno Guia de Estudos resumido.
2) Teste de Pré-Seleção (TPS)
“Em termos de orientação para estudo, o TPS não comporta recomendações particulares, uma vez que não lhe corresponde um programa específico. Não obstante, cabem as indicações que se seguem, no entendimento de que não limitam o conteúdo das questões do TPS. Na preparação dos candidatos, serão certamente úteis as informações constantes deste Guia sobre as provas de Português (Segunda Fase), de História do Brasil e de Geografia (Terceira Fase). Da mesma forma, deve ser consultado o programa de História Mundial Contemporânea constante do Guia de Estudos de 2004, reproduzido ao final deste volume junto com a bibliografia pertinente.”
Nota PRA:
Considero basicamente correta essa indicação do Guia de Estudos 2005.
3) Português
Nota PRA:
Considero que a redação culta, mas não pedante, é essencial para qualquer candidato à carreira diplomática. Por isso, toda e qualquer leitura é essencial. O candidato precisa partir do requerimento básico que ele deve ser capaz de redigir pelo menos cinco páginas sobre qualquer assunto de maneira inteligente, com correção gramatical. Por isso a recomendação básica é o treino constante em redação. Tenha sempre consigo uma caderneta na qual o candidato deve se exercitar várias vezes por dia, colocando em linguagem formal os seus próprios pensamentos diários, sobre qualquer assunto. O importante é redigir bem, não o tema, necessáriamente.
Quanto à “Bibliografia sugerida” no Guia de Estudos, eu retiro os Dicionários e gramáticas, pois considero essa parte um requerimento primário, e me concentro nos seguintes livros:
SAVIOLI, Francisco e FIORIN, José Luiz. Manual do Candidato – Português. 2. ed. Brasília: FUNAG, 2001.
CAMARA Jr., Joaquim Mattoso. Manual de Expressão Oral e Escrita. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar. 21. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2002.
PENTEADO, J. R. Whitaker. A Técnica da Comunicação Humana. 8. Ed. São Paulo: Pioneira, 1993.
VANOYE, Francis. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
Nota final: Não me considero especialista em língua portuguesa para recomendar qualquer um dos livros acima indicados, mas entendo que se eles figuram na bibliografia “obrigatória”, deve ser por alguma razão.
4) História do Brasil
Bibliografia resumida por PRA:
CAMPOS, Flávio; Dohlnikoff, Miriam. Manual do Candidato: História do Brasil. 2. ed. Brasília: FUNAG, 2001.
CERVO, Amado e BUENO, Clodoaldo. História da Política Exterior do Brasil. Brasília: editora da UnB, 2002.
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: EDUSP/Imprensa Oficial, 2002. (Nota PRA: Na verdade, seria essencial ler o livro original, isto é, completo de Boris Fausto: História do Brasil, editado pela EDUSP em 1994).
HOLANDA, Sérgio Buarque de. O Brasil Monárquico: do Império à República. São Paulo: Bertrand Brasil, 1995. (História Geral da Civilização Brasileira, v. 7)
IGLESIAS, Francisco. Trajetória Política do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2000.
LINS, Álvaro. Rio Branco (Barão do Rio Branco): biografia pessoal e história política. São Paulo: Editora Alfa-Ômega, 1996.
5) Geografia
Bibliografia resumida por PRA:
ARAÚJO, Regina Célia. Manual do Candidato: Geografia. 2. ed.FUNAG:Brasília, 2000.
BENKO, George. Economia, Espaço e Globalização. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1999.
CASTRO, Iná Elias de, et alii. Geografia: Conceitos e Temas. Rio de Janeiro: Bertrand, 1995.
GREGORY, Derek, et alli. Geografia Humana. Sociedade, Espaço e Ciência Social. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.
RIBEIRO, Wagner Costa. A Ordem Ambiental Internacional. São Paulo: Contexto, 2001.
“A título de orientação, para os candidatos que desejarem aprofundar o estudo da matéria, sugerem-se as seguintes leituras adicionais:”
BECKER, Bertha & EGLER, Claudio. Brasil: Uma Nova Potência Regional na Economia Mundo. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 1998.
CAVALCANTI, Clóvis et alii. Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
CASTRO, Iná Elias et alli. Explorações Geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand, 1997.
MARTIN, André Roberto. Fronteiras e Nações. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1994.
6) Noções de Direito e Direito Internacional Público
Bibliografia resumida por PRA:
ACCIOLY, Hildebrando e Geraldo Eulálio do Nascimento e Silva. Manual de direito internacional público. 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 12ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002.
BORCHARDT, Klaus-Dieter. O ABC do direito comunitário. Bruxelas: Comissão Européia, 2000. (Nota PRA: Muito material pode ser obtido no site da UE).
MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 14ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 14ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002.
QUOC DINH, Nguyen, Patrick Dailler e Alain Pellet. Direito internacional público. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1999.
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
SEITENFUS, Ricardo. Manual das organizações internacionais. 3ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
SOARES, Guido Fernando Silva. Curso de direito internacional público. v. 1. São Paulo: Atlas, 2002.
THORSTENSEN, Vera. OMC: Organização Mundial do Comércio: as regras do comércio internacional e a nova rodada de negociações multilaterais. 2ª ed. São Paulo: Aduaneiras, 2001.
TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Tratado de direito internacional dos direitos humanos. Vol.- III. Porto Alegre: Fabris, 2003.
________. Direito das organizações internacionais. 3ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
7) Noções de Economia
Bibliografia resumida por PRA:
VERSIANI, Flávio Rabelo. Manual do Candidato: Noções de Economia. Brasília: FUNAG, 1996.
ABREU, M. P. A Ordem do Progresso: 100 anos de política econômica republicana. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
PINHO, D. B.; VASCONCELOS, M.A.S. (orgs.). Manual de Economia. São Paulo: Saraiva, 2004.
SAMUELSON. P. A.; NORDHAUS, W. D. Economia 16. ed. Lisboa: McGraw-Hill, 1999.
8) Política internacional
Bibliografia resumida por PRA:
MAGNOLI, Demétrio. Manual de Questões Internacionais Contemporâneas. Brasília: FUNAG, 2000, 360 p.
MORAES, José Geraldo Vinci de. Manual do Candidato - História Geral Contemporânea (séculos XVII-XX), Brasília: FUNAG, 2ª edição, 2002.
ASHWORTH, W. A short story of international economy since 1850, Londres: Longman, 1975.
BANDEIRA, Moniz. Brasil, Argentina e Estados Unidos. São Paulo: Editora Revan, 2003.
CERVO, Amado Luiz. (org.). O desafio internacional; a política exterior do Brasil de 1930 a nossos dias. Brasília: Unb, 1994.
________ & BUENO, Clodoaldo. História da política exterior do Brasil. Brasília: Unb, 2002.
GILPIN, R. M. A Economia política das Relações Internacionais. Brasília: editora da UnB, 2002.
MCNEILL, W. H. The pursuit of power. Chicago: University of Chicago Press, 1984.
MORGENTHAU, H. A política entre as nações, Brasília: Funag/IPRI, EdunB; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2003.
MRE/FUNAG. A Palavra do Brasil nas Nações Unidas (1946-1995). Brasília: FUNAG, 1995.
PECEQUILO, Cristina S. A política externa dos Estados Unidos, Porto Alegre: UFRGS, 2003.
VIZENTINI, Paulo Fagundes. Relações Internacionais do Brasil: de Vargas a Lula. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002.
“Os candidatos que desejarem se manter atualizados com o estado da arte das relações internacionais poderão servir-se de periódicos especializados, tais como Revista Brasileira de Política Internacional (http://www.ibri-rbpi.org.br), Política Externa (http://www.politicaexterna.com.br), Foreign Affairs (http://www.foreignaffairs.org), Foreign Policy (http://www.foreignpolicy.com) e Politique Internationale (http://www.politiqueinternationale.com), bem como das páginas eletrônicas do Ministério das Relações Exteriores (http://www.mre.gov.br) e da Rede Brasileira de Relações Internacionais (http://www.relnet.com.br).” [Agora Mundorama.]
9) História Mundial (TPS)
Bibliografia resumida por PRA:
BARRACLOUGH, G. Introdução à História Contemporânea, 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
BETHELL, Leslie. História da América Latina. São Paulo: EDUSP, 2001.
HALPERIN DONGHI, Tulio. História da América Latina. São Paulo: Paz e Terra, 1997.
HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.
________. A Era do Capital. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
________. A Era dos Extremos. Rio de Janeiro: Cia. das Letras, 2001.
________. A Era dos Impérios. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
________. Nações e nacionalismo desde 1780. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
SARAIVA, José Flávio S. Relações Internacionais – Dois Séculos de História: entre a ordem bipolar e o policentrismo (de 1947 a nossos dias). Brasília: FUNAG/IBRI, 2001.
________. Relações Internacionais – Dois Séculos de História: entre a preponderância européia e a emergência americano-soviética (1815-1947).Brasília: FUNAG/IBRI, 2001.
“A título de orientação para os candidatos que desejarem aprofundar o conhecimento da matéria, ou que tiverem dificuldade em obter alguma das obras listadas acima e procurarem leitura alternativa, sugerem-se os seguintes livros adicionais:”
JOLL, James. Europe Since 1870. London: Penguin Books, 1990.
ROBERTS, J. M. History of the World. New edition. London: Penguin, 1990.
THOMSON, D. Pequena História do Mundo Contemporâneo. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
VIZENTINI, Paulo. Da Guerra Fria à Crise (1945-1992). Porto Alegre: EDUFRGS, 1992.
Resumo elaborado por Paulo Roberto de Almeida
em 13 de outubro de 2005
Sou obrigado, muito frequentemente também, a decepcionar esses candidatos, pois eu nao estou no "mercado" da formação preparatória, não dou aula em nenhum cursinho, não pretendo dar, e nunca elaborei nenhum Guia de Estudos ou Manual do Candidato (ainda que algumas editoras já me tenham pedido para fazer). Não pretendo e não vou fazer, pelo menos não agora, pois não tenho capacidade, nem jeito para esse tipo de material didático.
Meu único "mercado" é o da pesquisa e o da elaboração de ensaios sobre temas da área, mas isso não tem nada a ver com os concursos de entrada, que não acompanho, nunca participei de um -- a não ser o meu próprio concurso DIRETO, muitos anos atrás -- e apenas concedo, de vez em quando, atender algum pedido especifico.
Pessoalmente, considero esse concurso do Itamaraty -- do qual tomo conhecimento episodicamente e somente induzido por alguém -- pouco representativo do que se requer de um candidato à diplomacia. A bibliografia brasileira é pobre, alguns livros são francamente risíveis, e algumas perguntas capciosas, para dizer o mínimo. Tempora...
Em todo caso, ainda hoje, alguém me pediu minha bibliografia resumida, que fiz, também a pedido, alguns anos atrás. Atenção: não se trata de livros que eu recomendaria, é apenas uma lista reduzida a partir da bibliografia então oficial. Eu teria outras escolhas e provavelmente eliminaria a maior parte do que vai abaixo. Mas, não se pode lutar contra instituições tão seguras de si quanto o Itamaraty...
Meu resumo da bibliografia oficial de 2005, que eu considerava absurdamente exagerada, foi feita, portanto, a pedido, e não renovada desde então. Não tomo conhecimento dos livros que se pedem num concurso que eu considero passavelmente esquizofrênico, e acho (mas apenas suspeito) que as leituras indicadas devem continuar em volume exageradamente alto.
A única coisa que eu posso fazer seria remeter novamente à bibliografia resumida que havia feito anos atrás, apenas recomendatória, mas suspeito que desatualizada. Agregaria apenas os dois volumes de Lessa e Altemani, sobre "Relacoes Internacionais do Brasil: temas e agendas", não por achar que sejam uma maravilha, mas por tocar na agenda diplomática corrente, cobrindo essencialmente os temas que constituem o 'ganha-pão' diario dos diplomatas, mas aqui vista por uma ótica exclusivamente acadêmica, com todos os defeitos que isso possa acarretar (já fiz uma longa resenha desses dois livros, dizendo o que penso deles).
Em todo caso, se ouso fazer uma recomendação para o concurso ainda deste ano, seriam os discursos dos próceres da nossa diplomacia (presidente, chanceler e assimilados), que devem ser lidos com atenção, pois parece que eles já fazem parte da História (com H maiúsculo) e são pedidos na interpretação dos fatos correntes, como a mais pura expressão da realidade (quem seguiu essa regra se deu bem, acreditando ou não, e provas desse tipo figuraram como exemplo do que era correto em guias passados).
Recomendo, também, para um pouco de tudo, uma consulta a esta seção de meu site, que tem uma salada geral de dicas, recomendações, comentários (faltando só alguma piada a respeito): http://www.pralmeida.org/04Temas/04AcademiaDiplom/02DiplomaciaGeral.html
Eis a bibliografia resumida, de 2005:
1481. “Recomendações Bibliográficas para o concurso do Itamaraty”, Brasília, 13 out. 2005, 6 p. Indicações resumidas a partir do Guia de Estudos do Concurso de Admissão à Carreira Diplomática, versão 2005, para atender às demandas de candidatos à carreira diplomática. Circulada em listas de estudos internacionais.
Segue abaixo.
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Paulo Roberto de Almeida
Guia de Estudos do Concurso de Admissão à Carreira Diplomática, versão 2005
Recomendações Bibliográficas
Indicações resumidas por Paulo Roberto de Almeida
Nota inicial:
Como a bibliografia recomendada no Guia de Estudos do IRBr apresenta um volume considerável de leituras, elaborei, pensando nos muitos candidatos que me consultaram, ao longo dos dois últimos anos, uma lista reduzida, constando de leituras que eu pessoalmente considero essenciais. Evitei incluir novas leituras, de livros que poderiam ser recomendados, mas que não constam, atualmente, da bibliografia “oficial”, uma vez que a intenção foi, justamente, reduzir o volume total de leituras. Trata-se, obviamente, de uma escolha pessoal e portanto arbitrária, ou subjetiva, dos títulos que me parecem recomendáveis, apenas e tão somente nas matérias para as quais me julgo minimamente capacitado para opinar.
1) Indicação inicial de leituras gerais sobre o Brasil:
“A bibliografia e a orientação para estudo incluídas neste Guia de Estudos não têm caráter limitativo. Feita essa ressalva, recomendam-se as seguintes obras, com vistas a facilitar a preparação básica do candidato:
CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1997.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. São Paulo: Global, 2003.
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
PRADO Jr., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1996.
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. A formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.”
Nota PRA:
Eu pessoalmente considero que todo e qualquer candidato deve possuir uma boa base de leituras relativas ao Brasil, na qual se inclui, evidentemente, o conhecimento dos chamados “clássicos do pensamento brasileiro”. Aos que não têm tempo ou disposição para penetrar na leitura de obras por vezes maciças, em alguns casos “maçantes” (ou mesmo relativamente defasadas em relação às pesquisas mais recentes em seus respectivos campos), eu lembraria que a obra de todos esses autores, com a possível exceção de Ribeiro, já foi esmiuçada e resumida por gerações de cientistas sociais brasileiros, encontrando-se no “mercado” excelentes resumos desses livros ditos “essenciais”. Um instrumento de busca como o Google, por exemplo, ou mesmo o Google Scholar, pode ajudar na identificação desses trabalhos que, por vezes em 20 páginas, resumem o conteúdo das 300 ou 500 páginas dos originais. Por outro lado, vários desses autores são objeto de sites mantidos pela família ou por acadêmicos, admiradores ou discípulos, nos quais se encontram bons resumos e comentários das obras respectivas. Encontrei, por exemplo, um excelente site sobre o Gilberto Freyre, que traz o essencial da obra desse prolífico autor em poucos resumos muito bem feitos. Não tenho tempo de buscar, agora, os links respectivos para esses resumos ou comentários, mas agradeceria aos que o fizerem que me enviem esses endereços para inclusão numa futura edição deste pequeno Guia de Estudos resumido.
2) Teste de Pré-Seleção (TPS)
“Em termos de orientação para estudo, o TPS não comporta recomendações particulares, uma vez que não lhe corresponde um programa específico. Não obstante, cabem as indicações que se seguem, no entendimento de que não limitam o conteúdo das questões do TPS. Na preparação dos candidatos, serão certamente úteis as informações constantes deste Guia sobre as provas de Português (Segunda Fase), de História do Brasil e de Geografia (Terceira Fase). Da mesma forma, deve ser consultado o programa de História Mundial Contemporânea constante do Guia de Estudos de 2004, reproduzido ao final deste volume junto com a bibliografia pertinente.”
Nota PRA:
Considero basicamente correta essa indicação do Guia de Estudos 2005.
3) Português
Nota PRA:
Considero que a redação culta, mas não pedante, é essencial para qualquer candidato à carreira diplomática. Por isso, toda e qualquer leitura é essencial. O candidato precisa partir do requerimento básico que ele deve ser capaz de redigir pelo menos cinco páginas sobre qualquer assunto de maneira inteligente, com correção gramatical. Por isso a recomendação básica é o treino constante em redação. Tenha sempre consigo uma caderneta na qual o candidato deve se exercitar várias vezes por dia, colocando em linguagem formal os seus próprios pensamentos diários, sobre qualquer assunto. O importante é redigir bem, não o tema, necessáriamente.
Quanto à “Bibliografia sugerida” no Guia de Estudos, eu retiro os Dicionários e gramáticas, pois considero essa parte um requerimento primário, e me concentro nos seguintes livros:
SAVIOLI, Francisco e FIORIN, José Luiz. Manual do Candidato – Português. 2. ed. Brasília: FUNAG, 2001.
CAMARA Jr., Joaquim Mattoso. Manual de Expressão Oral e Escrita. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar. 21. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2002.
PENTEADO, J. R. Whitaker. A Técnica da Comunicação Humana. 8. Ed. São Paulo: Pioneira, 1993.
VANOYE, Francis. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
Nota final: Não me considero especialista em língua portuguesa para recomendar qualquer um dos livros acima indicados, mas entendo que se eles figuram na bibliografia “obrigatória”, deve ser por alguma razão.
4) História do Brasil
Bibliografia resumida por PRA:
CAMPOS, Flávio; Dohlnikoff, Miriam. Manual do Candidato: História do Brasil. 2. ed. Brasília: FUNAG, 2001.
CERVO, Amado e BUENO, Clodoaldo. História da Política Exterior do Brasil. Brasília: editora da UnB, 2002.
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: EDUSP/Imprensa Oficial, 2002. (Nota PRA: Na verdade, seria essencial ler o livro original, isto é, completo de Boris Fausto: História do Brasil, editado pela EDUSP em 1994).
HOLANDA, Sérgio Buarque de. O Brasil Monárquico: do Império à República. São Paulo: Bertrand Brasil, 1995. (História Geral da Civilização Brasileira, v. 7)
IGLESIAS, Francisco. Trajetória Política do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2000.
LINS, Álvaro. Rio Branco (Barão do Rio Branco): biografia pessoal e história política. São Paulo: Editora Alfa-Ômega, 1996.
5) Geografia
Bibliografia resumida por PRA:
ARAÚJO, Regina Célia. Manual do Candidato: Geografia. 2. ed.FUNAG:Brasília, 2000.
BENKO, George. Economia, Espaço e Globalização. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1999.
CASTRO, Iná Elias de, et alii. Geografia: Conceitos e Temas. Rio de Janeiro: Bertrand, 1995.
GREGORY, Derek, et alli. Geografia Humana. Sociedade, Espaço e Ciência Social. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.
RIBEIRO, Wagner Costa. A Ordem Ambiental Internacional. São Paulo: Contexto, 2001.
“A título de orientação, para os candidatos que desejarem aprofundar o estudo da matéria, sugerem-se as seguintes leituras adicionais:”
BECKER, Bertha & EGLER, Claudio. Brasil: Uma Nova Potência Regional na Economia Mundo. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 1998.
CAVALCANTI, Clóvis et alii. Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
CASTRO, Iná Elias et alli. Explorações Geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand, 1997.
MARTIN, André Roberto. Fronteiras e Nações. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1994.
6) Noções de Direito e Direito Internacional Público
Bibliografia resumida por PRA:
ACCIOLY, Hildebrando e Geraldo Eulálio do Nascimento e Silva. Manual de direito internacional público. 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 12ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002.
BORCHARDT, Klaus-Dieter. O ABC do direito comunitário. Bruxelas: Comissão Européia, 2000. (Nota PRA: Muito material pode ser obtido no site da UE).
MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 14ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 14ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002.
QUOC DINH, Nguyen, Patrick Dailler e Alain Pellet. Direito internacional público. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1999.
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
SEITENFUS, Ricardo. Manual das organizações internacionais. 3ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
SOARES, Guido Fernando Silva. Curso de direito internacional público. v. 1. São Paulo: Atlas, 2002.
THORSTENSEN, Vera. OMC: Organização Mundial do Comércio: as regras do comércio internacional e a nova rodada de negociações multilaterais. 2ª ed. São Paulo: Aduaneiras, 2001.
TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Tratado de direito internacional dos direitos humanos. Vol.- III. Porto Alegre: Fabris, 2003.
________. Direito das organizações internacionais. 3ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
7) Noções de Economia
Bibliografia resumida por PRA:
VERSIANI, Flávio Rabelo. Manual do Candidato: Noções de Economia. Brasília: FUNAG, 1996.
ABREU, M. P. A Ordem do Progresso: 100 anos de política econômica republicana. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
PINHO, D. B.; VASCONCELOS, M.A.S. (orgs.). Manual de Economia. São Paulo: Saraiva, 2004.
SAMUELSON. P. A.; NORDHAUS, W. D. Economia 16. ed. Lisboa: McGraw-Hill, 1999.
8) Política internacional
Bibliografia resumida por PRA:
MAGNOLI, Demétrio. Manual de Questões Internacionais Contemporâneas. Brasília: FUNAG, 2000, 360 p.
MORAES, José Geraldo Vinci de. Manual do Candidato - História Geral Contemporânea (séculos XVII-XX), Brasília: FUNAG, 2ª edição, 2002.
ASHWORTH, W. A short story of international economy since 1850, Londres: Longman, 1975.
BANDEIRA, Moniz. Brasil, Argentina e Estados Unidos. São Paulo: Editora Revan, 2003.
CERVO, Amado Luiz. (org.). O desafio internacional; a política exterior do Brasil de 1930 a nossos dias. Brasília: Unb, 1994.
________ & BUENO, Clodoaldo. História da política exterior do Brasil. Brasília: Unb, 2002.
GILPIN, R. M. A Economia política das Relações Internacionais. Brasília: editora da UnB, 2002.
MCNEILL, W. H. The pursuit of power. Chicago: University of Chicago Press, 1984.
MORGENTHAU, H. A política entre as nações, Brasília: Funag/IPRI, EdunB; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2003.
MRE/FUNAG. A Palavra do Brasil nas Nações Unidas (1946-1995). Brasília: FUNAG, 1995.
PECEQUILO, Cristina S. A política externa dos Estados Unidos, Porto Alegre: UFRGS, 2003.
VIZENTINI, Paulo Fagundes. Relações Internacionais do Brasil: de Vargas a Lula. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002.
“Os candidatos que desejarem se manter atualizados com o estado da arte das relações internacionais poderão servir-se de periódicos especializados, tais como Revista Brasileira de Política Internacional (http://www.ibri-rbpi.org.br), Política Externa (http://www.politicaexterna.com.br), Foreign Affairs (http://www.foreignaffairs.org), Foreign Policy (http://www.foreignpolicy.com) e Politique Internationale (http://www.politiqueinternationale.com), bem como das páginas eletrônicas do Ministério das Relações Exteriores (http://www.mre.gov.br) e da Rede Brasileira de Relações Internacionais (http://www.relnet.com.br).” [Agora Mundorama.]
9) História Mundial (TPS)
Bibliografia resumida por PRA:
BARRACLOUGH, G. Introdução à História Contemporânea, 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
BETHELL, Leslie. História da América Latina. São Paulo: EDUSP, 2001.
HALPERIN DONGHI, Tulio. História da América Latina. São Paulo: Paz e Terra, 1997.
HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.
________. A Era do Capital. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
________. A Era dos Extremos. Rio de Janeiro: Cia. das Letras, 2001.
________. A Era dos Impérios. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
________. Nações e nacionalismo desde 1780. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
SARAIVA, José Flávio S. Relações Internacionais – Dois Séculos de História: entre a ordem bipolar e o policentrismo (de 1947 a nossos dias). Brasília: FUNAG/IBRI, 2001.
________. Relações Internacionais – Dois Séculos de História: entre a preponderância européia e a emergência americano-soviética (1815-1947).Brasília: FUNAG/IBRI, 2001.
“A título de orientação para os candidatos que desejarem aprofundar o conhecimento da matéria, ou que tiverem dificuldade em obter alguma das obras listadas acima e procurarem leitura alternativa, sugerem-se os seguintes livros adicionais:”
JOLL, James. Europe Since 1870. London: Penguin Books, 1990.
ROBERTS, J. M. History of the World. New edition. London: Penguin, 1990.
THOMSON, D. Pequena História do Mundo Contemporâneo. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
VIZENTINI, Paulo. Da Guerra Fria à Crise (1945-1992). Porto Alegre: EDUFRGS, 1992.
Resumo elaborado por Paulo Roberto de Almeida
em 13 de outubro de 2005
1911) Farc, Colombia: um empreendimento narcotraficante e terrorista
Com base no que se lê abaixo, fica dificilmente compreensível a atitude do governo brasileiro em atribuir qualquer legitimidade às Farc, que seria, supostamente (como dizem os jornalistas que não querem ser processados por políticos corruptos ou declaradamente ladrões), um grupo de bandoleiros que luta alegadamente por mudanças políticas na Colômbia (!!!).
Farc vêm negociando diretamente com cartéis
Bloomberg
Valor Econômico, 01/02/2010
Os cartéis mexicanos de drogas vêm recebendo cocaína do maior grupo guerrilheiro da Colômbia, pacto que aumenta os riscos à segurança dos dois países, de acordo com um documento capturado pela inteligência militar colombiana e com um representante do governo.
A transação foi acertada em meados de 2007, em encontro entre um dos líderes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Raúl Reyes, e o agente de um cartel mexicano, no esconderijo do guerrilheiro na selva, segundo uma carta escrita por Reyes a outros comandantes das Farc, à qual a Bloomberg teve acesso.
O acordo para evitar intermediários deu ao grupo de Reyes a oportunidade de dobrar seu lucro, vendendo diretamente ao cartel mexicano, segundo o representante do governo, que não quis se identificar. As Farc ganharam, no mínimo, US$ 1 bilhão nos últimos 12 meses, mas o valor poderia ser muito superior a isso, segundo autoridades a par dos negócios do grupo. O acordo fortaleceu os cartéis em um momento em que se sentem pressionados pela ofensiva ordenada pelo presidente do México, Felipe Calderón, de acordo com o integrante do governo colombiano.
"Isso seria um salto imenso e catastrófico em termos de internacionalização do padrão de tráfico de drogas das Farc", disse Jay Bergman, diretor para a região dos Andes da Agência de Vigilância Antidrogas americana (DEA, na sigla em inglês).
"Cortaria o tradicional traficante intermediário e aumentaria o volume de dinheiro que as Farc poderiam ganhar por quilo - lucro que seria gasto em munição e armamentos para perpetuar a insurgência."
A nova receita com drogas ajudou as Farc, que se transformaram de uma insurreição camponesa marxista no maior produtor mundial de cocaína, a continuar uma ameaça para o governo do presidente colombiano, Álvaro Uribe.
A Colômbia produz mais de 90% da cocaína que entra nos EUA, maior mercado para a droga, segundo o Escritório de Política Nacional de Controle das Drogas, da Casa Branca.
O governo colombiano sustenta que as Farc são o maior traficante de cocaína do país. Um volume estimado de US$ 17,2 bilhões em drogas ilegais entra nos EUA por meio do México a cada ano, segundo do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
"Ouvi que a Farc obtêm entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões por ano com o comércio", disse Michael Braun, que renunciou em 2008 ao cargo de chefe de operações da DEA, em entrevista por telefone, em Alexandria, Virgínia. "Acontece que acredito que esse número é lamentavelmente subestimado."
O plano de Reyes buscou mudar a prática dos rebeldes de vender cocaína para gangues que os investigadores colombianos dizem atuar como intermediários. Em vez disso, as Farc estariam enviando as drogas diretamente para o cartel mexicano em consignação - na prática financiando o acordo e assumindo o risco da remessa, em troca da oportunidade de dobrar seu lucro, segundo a autoridade colombiana.
Reyes estava buscando novos caminhos para as Farc fazerem negócios após a ofensiva militar de Uribe, apoiada em US$ 6 bilhões em ajuda americana ter empurrado as guerrilhas para áreas cada vez mais remotas e outras situadas na Venezuela, Equador e Panamá, cortando suas receitas de extorsões e sequestros.
As Farc, cujos 45 anos de insurgência a tornaram o mais antigo grupo guerrilheiro na América Latina, vêm financiando sua luta há mais de uma década em grande parte com a venda de cocaína, dizem pesquisadores colombianos e funcionários da DEA. Os líderes das Farc, como Alfonso Cano continuar a dizer que estão lutando pelo o socialismo por meio de "luta de classes" e que estão em guerra contra o imperialismo.
Autoridades colombianas disseram, em março de 2008, que laptops de Reyes continham provas de que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, canalizara pelo menos US$ 300 milhões para as Farc, qualificadas de grupo terrorista pelo Departamento de Estado dos EUA. A incursão da Colômbia no Equador, um aliado da Venezuela, irritou Chávez, que mandou tanques para a fronteira e ameaçou "reagir de forma decisiva" à agressão colombiana.
A Colômbia também acusou Chávez de fornecer armas e abrigar guerrilheiros. Embora Chávez negue ter dado apoio às Farc, ele pediu repetidamente à comunidade internacional que reconheça o grupo como "beligerantes" legítimos, e disse que a guerrilha é um "verdadeiro exército" com objetivos políticos.
Ser capaz de obter cocaína diretamente das Farc aumentaria o poder de um ou mais dos cartéis, como os de Tijuana, Sinaloa e Juárez, disse William Hutchinson, chefe da DEA de 2001 a 2003. As Farc tinham vínculos intermitentes com os cartéis mexicanos desde a década de 1990, disse Braun.
Farc vêm negociando diretamente com cartéis
Bloomberg
Valor Econômico, 01/02/2010
Os cartéis mexicanos de drogas vêm recebendo cocaína do maior grupo guerrilheiro da Colômbia, pacto que aumenta os riscos à segurança dos dois países, de acordo com um documento capturado pela inteligência militar colombiana e com um representante do governo.
A transação foi acertada em meados de 2007, em encontro entre um dos líderes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Raúl Reyes, e o agente de um cartel mexicano, no esconderijo do guerrilheiro na selva, segundo uma carta escrita por Reyes a outros comandantes das Farc, à qual a Bloomberg teve acesso.
O acordo para evitar intermediários deu ao grupo de Reyes a oportunidade de dobrar seu lucro, vendendo diretamente ao cartel mexicano, segundo o representante do governo, que não quis se identificar. As Farc ganharam, no mínimo, US$ 1 bilhão nos últimos 12 meses, mas o valor poderia ser muito superior a isso, segundo autoridades a par dos negócios do grupo. O acordo fortaleceu os cartéis em um momento em que se sentem pressionados pela ofensiva ordenada pelo presidente do México, Felipe Calderón, de acordo com o integrante do governo colombiano.
"Isso seria um salto imenso e catastrófico em termos de internacionalização do padrão de tráfico de drogas das Farc", disse Jay Bergman, diretor para a região dos Andes da Agência de Vigilância Antidrogas americana (DEA, na sigla em inglês).
"Cortaria o tradicional traficante intermediário e aumentaria o volume de dinheiro que as Farc poderiam ganhar por quilo - lucro que seria gasto em munição e armamentos para perpetuar a insurgência."
A nova receita com drogas ajudou as Farc, que se transformaram de uma insurreição camponesa marxista no maior produtor mundial de cocaína, a continuar uma ameaça para o governo do presidente colombiano, Álvaro Uribe.
A Colômbia produz mais de 90% da cocaína que entra nos EUA, maior mercado para a droga, segundo o Escritório de Política Nacional de Controle das Drogas, da Casa Branca.
O governo colombiano sustenta que as Farc são o maior traficante de cocaína do país. Um volume estimado de US$ 17,2 bilhões em drogas ilegais entra nos EUA por meio do México a cada ano, segundo do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
"Ouvi que a Farc obtêm entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões por ano com o comércio", disse Michael Braun, que renunciou em 2008 ao cargo de chefe de operações da DEA, em entrevista por telefone, em Alexandria, Virgínia. "Acontece que acredito que esse número é lamentavelmente subestimado."
O plano de Reyes buscou mudar a prática dos rebeldes de vender cocaína para gangues que os investigadores colombianos dizem atuar como intermediários. Em vez disso, as Farc estariam enviando as drogas diretamente para o cartel mexicano em consignação - na prática financiando o acordo e assumindo o risco da remessa, em troca da oportunidade de dobrar seu lucro, segundo a autoridade colombiana.
Reyes estava buscando novos caminhos para as Farc fazerem negócios após a ofensiva militar de Uribe, apoiada em US$ 6 bilhões em ajuda americana ter empurrado as guerrilhas para áreas cada vez mais remotas e outras situadas na Venezuela, Equador e Panamá, cortando suas receitas de extorsões e sequestros.
As Farc, cujos 45 anos de insurgência a tornaram o mais antigo grupo guerrilheiro na América Latina, vêm financiando sua luta há mais de uma década em grande parte com a venda de cocaína, dizem pesquisadores colombianos e funcionários da DEA. Os líderes das Farc, como Alfonso Cano continuar a dizer que estão lutando pelo o socialismo por meio de "luta de classes" e que estão em guerra contra o imperialismo.
Autoridades colombianas disseram, em março de 2008, que laptops de Reyes continham provas de que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, canalizara pelo menos US$ 300 milhões para as Farc, qualificadas de grupo terrorista pelo Departamento de Estado dos EUA. A incursão da Colômbia no Equador, um aliado da Venezuela, irritou Chávez, que mandou tanques para a fronteira e ameaçou "reagir de forma decisiva" à agressão colombiana.
A Colômbia também acusou Chávez de fornecer armas e abrigar guerrilheiros. Embora Chávez negue ter dado apoio às Farc, ele pediu repetidamente à comunidade internacional que reconheça o grupo como "beligerantes" legítimos, e disse que a guerrilha é um "verdadeiro exército" com objetivos políticos.
Ser capaz de obter cocaína diretamente das Farc aumentaria o poder de um ou mais dos cartéis, como os de Tijuana, Sinaloa e Juárez, disse William Hutchinson, chefe da DEA de 2001 a 2003. As Farc tinham vínculos intermitentes com os cartéis mexicanos desde a década de 1990, disse Braun.
1910) Capitalismo monopolista de Estado no Brasil
Como bem lembra meu amigo Mauricio David, que me mandou a listinha abaixo, a atuação do BNDES sob a direção de Luciano Coutinho vem sendo a de acelerar e dinamizar o processo de concentração monopolista no Brasil, uma frase típica dos marxistas dos anos 1950.
A colusão Estado - grandes empresas no Brasil, por obra e graça do presidente do BNDES
Abril de 2008
Liberou R$ 2,6 bilhões para a compra da Brasil Telecom pela Oi. Com o dinheiro, os donos da Oi (grupos Andrade Gutierrez e La Fonte) compraram o controle da BrT e formaram a gigante das telecomunicações. No fim do ano passado, liberou mais R$ 4,4 bilhões para a Oi fazer investimentos.
Janeiro de 2009
Deu aporte de R$ 2,4 bilhões para a Votorantim comprar 28% do capital da Aracruz, criando a Fibria, a maior empresa de celulose do mundo.
Maio de 2009
Na fusão de Perdigão e Sadia, o BNDES investiu R$ 750 milhões para comprar 3% da nova companhia, a Brasil Foods, maior processadora de frangos do mundo.
Setembro de 2009
Apoiou a fusão realizada entre JBS e Bertin. Antes da operação, o banco estatal desembolsara R$ 3,8 bilhões, para comprar 27% da Bertin (R$ 2,4 bi, em 2008) e 13% da JBS (1,4 bi, em 2007).
No fim do ano passado, o BNDES anunciou que vai comprar US$ 2 bilhões em debêntures emitidas pelo JBS no exterior para comprar a empresa norte-americana do setor de aves Pilgrim’s Pride.
Janeiro de 2010
Facilitou a compra, pelo grupo Andrade Gutierrez, de 33% da Cemig, então nas mãos do BNDES devido à uma dívida que AES (antiga proprietária da fatia da Cemig) tinha com o banco. A AG ficou com a dívida e com a participação na distribuidora.
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PRA: Um comentário final. Deve-se registrar não apenas o uso de dinheiro público -- ou seja, o seu, o meu, o nosso dinheiro, posto que o BNDES recebeu aportes do Tesouro em mais de 100 bilhões de reais, e deve receber ainda mais em 2010 -- em favor de empresas que poderiam tranquilamente se abastecer no mercado, interno ou externo (mas talvez não às taxas de mãe para filho do generoso BNDES, o que é restrito a elas, não extensível ao conjunto dos empresários brasileiros), mas deve-se igualmente registrar o potencial de corrupção envolvido nesse tipo de negócio. É óbvio que as empresas assim premiadas podem, e o farão, certamente, não apenas contribuir para o caixa de campanha do partido hegemônico, como também podem contribuir para o caixa pessoal de certos personagens. Isto não é uma acusação, é apenas uma suposição, com base em tudo o que se conhece do mundo e especialmente da experiência brasileira nesse tipo de promiscuidade entre o capital e o poder...
A colusão Estado - grandes empresas no Brasil, por obra e graça do presidente do BNDES
Abril de 2008
Liberou R$ 2,6 bilhões para a compra da Brasil Telecom pela Oi. Com o dinheiro, os donos da Oi (grupos Andrade Gutierrez e La Fonte) compraram o controle da BrT e formaram a gigante das telecomunicações. No fim do ano passado, liberou mais R$ 4,4 bilhões para a Oi fazer investimentos.
Janeiro de 2009
Deu aporte de R$ 2,4 bilhões para a Votorantim comprar 28% do capital da Aracruz, criando a Fibria, a maior empresa de celulose do mundo.
Maio de 2009
Na fusão de Perdigão e Sadia, o BNDES investiu R$ 750 milhões para comprar 3% da nova companhia, a Brasil Foods, maior processadora de frangos do mundo.
Setembro de 2009
Apoiou a fusão realizada entre JBS e Bertin. Antes da operação, o banco estatal desembolsara R$ 3,8 bilhões, para comprar 27% da Bertin (R$ 2,4 bi, em 2008) e 13% da JBS (1,4 bi, em 2007).
No fim do ano passado, o BNDES anunciou que vai comprar US$ 2 bilhões em debêntures emitidas pelo JBS no exterior para comprar a empresa norte-americana do setor de aves Pilgrim’s Pride.
Janeiro de 2010
Facilitou a compra, pelo grupo Andrade Gutierrez, de 33% da Cemig, então nas mãos do BNDES devido à uma dívida que AES (antiga proprietária da fatia da Cemig) tinha com o banco. A AG ficou com a dívida e com a participação na distribuidora.
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PRA: Um comentário final. Deve-se registrar não apenas o uso de dinheiro público -- ou seja, o seu, o meu, o nosso dinheiro, posto que o BNDES recebeu aportes do Tesouro em mais de 100 bilhões de reais, e deve receber ainda mais em 2010 -- em favor de empresas que poderiam tranquilamente se abastecer no mercado, interno ou externo (mas talvez não às taxas de mãe para filho do generoso BNDES, o que é restrito a elas, não extensível ao conjunto dos empresários brasileiros), mas deve-se igualmente registrar o potencial de corrupção envolvido nesse tipo de negócio. É óbvio que as empresas assim premiadas podem, e o farão, certamente, não apenas contribuir para o caixa de campanha do partido hegemônico, como também podem contribuir para o caixa pessoal de certos personagens. Isto não é uma acusação, é apenas uma suposição, com base em tudo o que se conhece do mundo e especialmente da experiência brasileira nesse tipo de promiscuidade entre o capital e o poder...
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