Para quem, como eu, gosta de mapas antigos, este é um dos sites (o outro é, obviamente o da Library of Congress):
Biblioteca Digital de Cartografia Histórica da USP
A Biblioteca Digital de Cartografia Histórica reúne a coleção de mapas impressos do antigo Banco Santos - atualmente sob custodia do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP), conforme determinação da Justiça Federal. Além de disponibilizar os mapas em alta resolução, o site oferece informações cartobibliográficas, biográficas, dados de natureza técnica e editorial; assim como verbetes explicativos que procuram contextualizar o processo de produção, circulação e apropriação das imagens cartográficas.
A concepção da Biblioteca Digital foi desenvolvida pela equipe do Laboratório de Estudos de Cartografia Histórica (LECH), da Cátedra Jaime Cortesão, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/USP), e executada pelo Centro de Informática de São Carlos (CISC/USP), com o apoio da FAPESP (Projeto Temático Dimensões do Império Português). A equipe do IEB realizou a digitalização dos mapas, sendo também responsável pela conservação dos mesmos.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sábado, 23 de outubro de 2010
Noticias do capitalismo americano...
Para quem acha que o Estado burguês salva todo e qualquer capitalista de derrocadas eventuais:
From the Editors of American Banker
Seven Banks Fail, Bringing Failures for Year to 139
Tally is just one away from final 2009 count
Seven banks failed Friday, bringing the total number of failures this year to within one of the number of failures in all of 2009.
So far 139 banks have failed in 2010. Friday's failures are expected to cost the deposit insurance fund a collective $478 million.
From the Editors of American Banker
Seven Banks Fail, Bringing Failures for Year to 139
Tally is just one away from final 2009 count
Seven banks failed Friday, bringing the total number of failures this year to within one of the number of failures in all of 2009.
So far 139 banks have failed in 2010. Friday's failures are expected to cost the deposit insurance fund a collective $478 million.
E ja que estamos falando do "elemento", seus dez piores momentos - Ordem Livre
Claro: são apenas dez de maneira a fazer um número redondo, pois uma pesquisa rápida nos arquivos da imprensa, em oito anos de logorréia irreprimível, revelaria muito mais do que dez piores momentos; provavelmente mais de cem momentos deploráveis, de envergonhar qualquer cidadão com dois neurônios no cérebro, o cérebro no crâneo, e este posto numa cabeça normalmente constituída em cima dos ombros...
Só eu sou capaz de lembrar de vinte outros momentos lamentáveis para o pudor nacional. Acredito que cada um dos meus leitores também teria registro de algumas frases (des)memoráveis...
O "nunca antes", nunca antes se aplicou tão bem a um personagem...
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Ver no link as ilustrações pertinentes.
Os 10 piores momentos de Lula
Ordem Livre, 21 de Outubro de 2010
O governo Lula não foi a sovietização do Brasil como temiam os pessimistas de direita. Tampouco transformou o país no jardim do éden que vislumbram os otimistas de esquerda. Foi um governo que, de acordo com a visão liberal, se enquadrou no padrão de políticos à procura da maximização do seu poder, combinando a distribuição de privilégios para grupos de interesse, corrupção para os aliados, empregos para os amigos, moderação macroeconômica para inglês ver, e acenos ideológicos para as tradicionais bases petistas.
Desse emaranhado, destacamos 10 momentos em que Lula abusou da presidência para golpear (ao menos verbalmente) os valores da democracia liberal.
Confiram abaixo os 10 piores momentos do presidente Lula:
10 – Larry Rohter
“Ninguém pode dizer que tomei uma decisão de governo porque bebi ou não bebi”. (13/05/2004)
Viver sob o estado de direito significa ter a certeza de que você não será vítima das arbitrariedades do poder político. Larry Rohter descobriu logo que estava vivendo na verdade sob o estado do direito de ser manso ou ficar quieto. Quando sugeriu que o presidente abusava de uma branquinha, Rohter correu o risco de ser deportado.
Foi um momento grave para um líder e seus auxiliares que, embebidos nos milhões de votos conquistados em 2002, ainda se familiarizavam com o poder (exagerado) do Executivo.
Diferentemente do que fizeram com os parlamentares que discordavam da direção do partido, como os que votaram pela eleição de Tancredo Neves, pelo menos dessa vez, o PT não conseguiu usar uma expulsão para calar vozes dissonantes.
9 – Conselho Federal de Jornalismo
“Vocês são um bando de covardes mesmo, hein? Vocês não tiveram coragem de defender o Conselho Nacional de Jornalista”. (06/08/2004)
Planejado para “orientar, disciplinar e fiscalizar” o exercício do jornalismo, o Conselho Federal de Jornalismo (CFJ) proposto pelo governo regulamentaria uma profissão da qual a plena e irrestrita liberdade deve ser a base.
Por mais que se esconda atrás de eufemismos, a proposta do governo traria apenas consequências indesejadas para aqueles que prezam pela democracia e a liberdade de expressão.
A orientação, ficalização e a disciplinamento de uma ação que anteriormente era realizada livremente só poderá resultar na limitação dos agentes. No caso do jornalismo, em coerção e censura.
8 – Cuba
“Eu acho que greve de fome não pode ser utilizada como um pretexto dos Direitos Humanos para libertar pessoas. Imagine se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade”. (10/03/2010)
As pessoas tendem a acreditar que aprendemos a partir de nossas experiências. Lula foi perseguido e preso por uma ditadura, mas parece não ter aprendido que a liberdade é um valor que não deve ser relativizado. O Brasil costuma manter silêncio sobre violações de liberdades e direitos humanos em outros países. Quando o presidente Lula quebra esse silêncio, em vez de condenar moralmente as atividades da ditadura castrista, prefere justificá-las.
A comparação entre a prisão de dissidentes do regime assassino de Cuba e presos comuns em São Paulo não é apenas um desastre cognitivo. Não é praxe diplomática. É condescendência às violações das liberdades individuais na ilha da família Castro.
7- Hugo Chávez
“Eu não sei se a América Latina teve um presidente com as experiências democráticas colocadas em prática na Venezuela”. (30/09/2005)
É certo que Lula não se referia à tentativa de golpe militar orquestrado por Chávez em 1992, contra o presidente Carlos Andrés Pérez, como sendo uma experiência democrática do coronel venezuelano. Lula também não se referia à constante repressão – com uso da força – às manifestações oposicionistas ou ao fechamento de estações de rádio e televisão menos simpáticas ao governo socialista de Chávez.
Talvez Lula tenha se referido às repetidas reeleições e referendos vencidos por Chávez. No entanto, esse argumento dificilmente se sustentaria em um sistema baseado no estado de direito, fundamentado numa constituição democrática e em um processo eleitoral de regras claras.
Chávez e seu governo manipulam os distritos eleitorais para garantir a seu partido a maioria na Assembléia Nacional venezuelana mesmo sem obter a maioria dos votos nacionais. Reescrevem a constituição para que as regras do jogo eleitoral estejam em seu favor e permitam a reeleição sem limite de mandatos. A intolerância chavista à dissidência e à contestação jamais garantirão a Chávez uma vaga no clube da democracia nem mesmo nessa fábrica de ditadores que é a América Latina.
6- Eleições no Irã
“Eu não conheço ninguém, além da oposição, que tenha discordado da eleição no Irã. Não tem número, não tem prova. Por enquanto, é apenas uma coisa entre flamenguistas e vascaínos”. (16/06/2009)
O mundo reagiu às acusações de fraudes iranianas com indignação revolucionária. Governos exigiram recontagem dos votos, estrangeiros ofereceram solidariedade para com os dissidentes. O impacto foi tanto que, por alguns dias, estávamos todos fixados no que acontecia no Irã, e #iranelection estava fixado no topo dos Trending Topics do Twitter.
A repressão venceu a ousadia. O governo bloqueou a conectividade dos cidadãos erguendo uma firewall maior que a chinesa. Atirou nos manifestantes. Em meio a tudo isso, o presidente Lula tratou essa série de assassinatos e repressão política com a naturalidade de quem acompanha uma série de TV ou um jogo de futebol (em que seu time não está jogando, diga-se).
5- Crise Financeira
“O que aconteceu com o famoso mercado onipotente? Quando o mercado teve uma dor de barriga, (…) quem é que eles chamaram para salva-lo? O Estado que eles negaram durante 20 anos”. (04/12/2008)
Nenhuma economia atual é totalmente livre nem totalmente estatizada. Impera em todos os países do mundo o intervencionismo, uma mistura de estado e mercado na economia. No entanto, sempre que o intervencionismo entra em crise, a culpa cai sobre o mercado. Ao Estado só cabe o papel de salvador da pátria. Quando defende essa dicotomia falsa, o presidente Lula colabora para que o desenvolvimento econômico brasileiro continue engatinhando. A evidência é clara: quanto mais estado, menor crescimento econômico.
A grande recessão de 2008 foi resultado de bancos centrais do mundo inteiro adotando políticas de crédito barato, o que descola o investimento privado da poupança real, e leva investidores a financiar projetos que só existem por causa dos juros artificiais do governo. Isso quando o governo não favorece certos projetos deliberadamente, como as políticas imobiliárias americanas.
O livre mercado, por definição, nega a intervenção do estado. Mas quem foi que disse que o mercado brasileiro quer ser livre? Pelo contrário, o Brasil tem uma tradição de chocadeira protecionista. As empresas escolhidas pelo governo são amamentadas com o crédito do BNDES, protegidas da competição externa por meio de tarifas e da interna por políticas de antitruste. Se enfraquecerem, levam uma injeção de subsídio e se quebrarem suas dívidas serão relativizadas. Em seus momentos de recaída, Lula dispara brados socialistas que, se levados a sério, só serviriam para aumentar o número de brasileiros dependentes do bolsa-família.
4- Zelaya
“A comunidade internacional exige que José Manuel Zelaya reassuma imediatamente a presidência de seu país e deve estar atenta à inviolabilidade da missão diplomática brasileira na capital hondurenha”.(29/09/2009)
Por alguns meses Honduras esteve a beira de um colapso institucional. Se dependesse exclusivamente dele, Lula daria o empurrão. Manuel Zelaya estava seguindo o business plan chavista para a anexação de Honduras ao projeto bolivariano quando foi condenado pela suprema corte hondurenha. Pode-se discordar sobre a legalidade de sua deportação. Mas a deposição de um presidente que quisesse alterar a constituição para se manter no poder estava prevista na constituição.
De qualquer maneira, o governo brasileiro, que supostamente preza pela não-intervenção, fez mais do que qualquer outro para determinar o destino do povo hondurenho. Ao aceitar que a embaixada brasileira hospedasse Zelaya, e ao se manifestar veementemente contra novas eleições, Lula advogou a restauração de um presidente que tentou, ele próprio, um golpe contra a constituição de seu próprio país.
3- O ataque à imprensa
“Enquanto a classe política não perder o medo da imprensa, a gente não vai ter liberdade de imprensa neste País. A covardia é muito grande”. (18/10/2010)
Quando a imprensa perde o medo do governo há liberdade. Quando o governo perde o medo da imprensa há tirania. Lula atacou diversas vezes os meios de comunicação brasileiro por faltarem com o sagrado dever de serem simpáticos ao governo.
Em retaliação, jornais e revistas de grande circulação atacaram de volta ao presidente. Seria uma briga interessante de acompanhar se não tivesse uma assimetria cruel: os jornalistas contam com a força das palavras e os políticos contam com a força da lei.
Em um momento em que o Brasil se desvencilha de uma lei de imprensa caquética, toda a atenção deve ser mantida contra novas tentativas de reconstruir a censura por meio de eufemismos como “controle social” e “democratização da mídia”.
2- Mensalão
“Isso me cheira a folclore dentro do Congresso Nacional”. (07/11/2005)
O Supremo Tribunal Federal discordou da afirmação do presidente, e indiciou mais de 40 pessoas. Quase toda a cúpula do PT caiu, num estrago que culminou na cassação do ex-presidente do partido e então ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu.
O escândalo atingiu toda a base do governo, do PT ao PR, passando pelo PTB e o PMDB. Atingiu também publicitários, banqueiros e empresários.
O governo reagiu e a declaração do presidente reflete uma das estratégias utilizadas pelo PT e seus aliados para negar a existência do esquema de corrupção. No fim, se agarraram a tese de que ao invés se serem utilizados para a compra de votos dos parlamentares, os fundos seriam apenas recursos de campanha não contabilizados, ou o não menos ilegal, Caixa 2.
1- PNDH-3
“Eu estava dizendo: a gente sofreria menos, se a gente transformasse os nossos companheiros em heróis, não apenas em perseguidos, mas em heróis. (…) O Franklin Martins participou do sequestro de um embaixador americano exatamente para que a gente tivesse mais liberdade.” (21/12/2009)
Nenhuma legislação recente ameaçou as liberdades e direitos individuais dos brasileiros com a ousadia do Plano Nacional de Direitos Humanos – 3, assinado pelo presidente Lula. Seu mecanismo de inversão não se limitava a tratar criminosos socialistas como heróis democráticos: essencialmente qualificava uma série de abusos contra a humanidade como direitos humanos.
Suas 25 diretrizes incluíam o controle político da imprensa, a adoção de uma cartilha ideológica para as escolas, a criação de um “júri comunitário” destinado a decidir sobre direitos de propriedade nas cidades e no campo, a unificação das forças policiais sob uma coordenação nacional, a restatização de empresas privatizadas e a instituição de referendos que abririam as comportas para que mais insanidades autoritárias pudessem passar.
Felizmente, o PNDH-3 não passou, e o legado de Lula ficou livre deste germe totalitário no miolo democracia brasileira. Mas o sistema imunológico nacional ainda não foi vacinado das tentações autoritárias que representam o PNDH-3. Vigiar e resistir ainda é necessário.
Bonus round:
Balas paulistinha
“Eu achava que a gente não deveria judiar do próprio corpo para contestar, sabe, a nossa prisão. Mas aí a maioria deliberou fazer greve de fome, vamos fazer greve de fome. Eu tinha um monte de bala Paulistinha, e eu escondi embaixo do travesseiro, na expectativa de que eu pudesse de noite chupar uma balinha… E ai o meu companheiro Djalma de Souza Bom descobriu e deu descarga nas minhas balas todas e eu fiquei sem bala.”
Circunferência da Terra
“Essa questão do clima é delicada por quê? Porque o mundo é redondo. Se o mundo fosse quadrado, sabe, ou retangular, e se a gente soubesse que nosso território está a 14 mil quilômetros de distância dos centros mais poluidores… ótimo… vai ficar só lá, sabe? Mas como o mundo gira e a gente também passa lá embaixo onde tá mais poluído, a responsabilidade é de todos…”
=============
Bonus PRA:
Na mesma ocasião em que o "elemento" ficou preso, e burlou a "greve da fome" montada politicamente, e contornada fraudulentamente, o personagem em questão tentou abusar de um jovem, detido em outras circunstâncias, mas infelizmente (para ele) encarcerado com "harassers" decididos, o que não se sabe bem como terminou. Existem declarações a respeito, em tom jocoso, do próprio personagem principal, o que é revelador de seu caráter. Haja estômago...
Só eu sou capaz de lembrar de vinte outros momentos lamentáveis para o pudor nacional. Acredito que cada um dos meus leitores também teria registro de algumas frases (des)memoráveis...
O "nunca antes", nunca antes se aplicou tão bem a um personagem...
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Ver no link as ilustrações pertinentes.
Os 10 piores momentos de Lula
Ordem Livre, 21 de Outubro de 2010
O governo Lula não foi a sovietização do Brasil como temiam os pessimistas de direita. Tampouco transformou o país no jardim do éden que vislumbram os otimistas de esquerda. Foi um governo que, de acordo com a visão liberal, se enquadrou no padrão de políticos à procura da maximização do seu poder, combinando a distribuição de privilégios para grupos de interesse, corrupção para os aliados, empregos para os amigos, moderação macroeconômica para inglês ver, e acenos ideológicos para as tradicionais bases petistas.
Desse emaranhado, destacamos 10 momentos em que Lula abusou da presidência para golpear (ao menos verbalmente) os valores da democracia liberal.
Confiram abaixo os 10 piores momentos do presidente Lula:
10 – Larry Rohter
“Ninguém pode dizer que tomei uma decisão de governo porque bebi ou não bebi”. (13/05/2004)
Viver sob o estado de direito significa ter a certeza de que você não será vítima das arbitrariedades do poder político. Larry Rohter descobriu logo que estava vivendo na verdade sob o estado do direito de ser manso ou ficar quieto. Quando sugeriu que o presidente abusava de uma branquinha, Rohter correu o risco de ser deportado.
Foi um momento grave para um líder e seus auxiliares que, embebidos nos milhões de votos conquistados em 2002, ainda se familiarizavam com o poder (exagerado) do Executivo.
Diferentemente do que fizeram com os parlamentares que discordavam da direção do partido, como os que votaram pela eleição de Tancredo Neves, pelo menos dessa vez, o PT não conseguiu usar uma expulsão para calar vozes dissonantes.
9 – Conselho Federal de Jornalismo
“Vocês são um bando de covardes mesmo, hein? Vocês não tiveram coragem de defender o Conselho Nacional de Jornalista”. (06/08/2004)
Planejado para “orientar, disciplinar e fiscalizar” o exercício do jornalismo, o Conselho Federal de Jornalismo (CFJ) proposto pelo governo regulamentaria uma profissão da qual a plena e irrestrita liberdade deve ser a base.
Por mais que se esconda atrás de eufemismos, a proposta do governo traria apenas consequências indesejadas para aqueles que prezam pela democracia e a liberdade de expressão.
A orientação, ficalização e a disciplinamento de uma ação que anteriormente era realizada livremente só poderá resultar na limitação dos agentes. No caso do jornalismo, em coerção e censura.
8 – Cuba
“Eu acho que greve de fome não pode ser utilizada como um pretexto dos Direitos Humanos para libertar pessoas. Imagine se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade”. (10/03/2010)
As pessoas tendem a acreditar que aprendemos a partir de nossas experiências. Lula foi perseguido e preso por uma ditadura, mas parece não ter aprendido que a liberdade é um valor que não deve ser relativizado. O Brasil costuma manter silêncio sobre violações de liberdades e direitos humanos em outros países. Quando o presidente Lula quebra esse silêncio, em vez de condenar moralmente as atividades da ditadura castrista, prefere justificá-las.
A comparação entre a prisão de dissidentes do regime assassino de Cuba e presos comuns em São Paulo não é apenas um desastre cognitivo. Não é praxe diplomática. É condescendência às violações das liberdades individuais na ilha da família Castro.
7- Hugo Chávez
“Eu não sei se a América Latina teve um presidente com as experiências democráticas colocadas em prática na Venezuela”. (30/09/2005)
É certo que Lula não se referia à tentativa de golpe militar orquestrado por Chávez em 1992, contra o presidente Carlos Andrés Pérez, como sendo uma experiência democrática do coronel venezuelano. Lula também não se referia à constante repressão – com uso da força – às manifestações oposicionistas ou ao fechamento de estações de rádio e televisão menos simpáticas ao governo socialista de Chávez.
Talvez Lula tenha se referido às repetidas reeleições e referendos vencidos por Chávez. No entanto, esse argumento dificilmente se sustentaria em um sistema baseado no estado de direito, fundamentado numa constituição democrática e em um processo eleitoral de regras claras.
Chávez e seu governo manipulam os distritos eleitorais para garantir a seu partido a maioria na Assembléia Nacional venezuelana mesmo sem obter a maioria dos votos nacionais. Reescrevem a constituição para que as regras do jogo eleitoral estejam em seu favor e permitam a reeleição sem limite de mandatos. A intolerância chavista à dissidência e à contestação jamais garantirão a Chávez uma vaga no clube da democracia nem mesmo nessa fábrica de ditadores que é a América Latina.
6- Eleições no Irã
“Eu não conheço ninguém, além da oposição, que tenha discordado da eleição no Irã. Não tem número, não tem prova. Por enquanto, é apenas uma coisa entre flamenguistas e vascaínos”. (16/06/2009)
O mundo reagiu às acusações de fraudes iranianas com indignação revolucionária. Governos exigiram recontagem dos votos, estrangeiros ofereceram solidariedade para com os dissidentes. O impacto foi tanto que, por alguns dias, estávamos todos fixados no que acontecia no Irã, e #iranelection estava fixado no topo dos Trending Topics do Twitter.
A repressão venceu a ousadia. O governo bloqueou a conectividade dos cidadãos erguendo uma firewall maior que a chinesa. Atirou nos manifestantes. Em meio a tudo isso, o presidente Lula tratou essa série de assassinatos e repressão política com a naturalidade de quem acompanha uma série de TV ou um jogo de futebol (em que seu time não está jogando, diga-se).
5- Crise Financeira
“O que aconteceu com o famoso mercado onipotente? Quando o mercado teve uma dor de barriga, (…) quem é que eles chamaram para salva-lo? O Estado que eles negaram durante 20 anos”. (04/12/2008)
Nenhuma economia atual é totalmente livre nem totalmente estatizada. Impera em todos os países do mundo o intervencionismo, uma mistura de estado e mercado na economia. No entanto, sempre que o intervencionismo entra em crise, a culpa cai sobre o mercado. Ao Estado só cabe o papel de salvador da pátria. Quando defende essa dicotomia falsa, o presidente Lula colabora para que o desenvolvimento econômico brasileiro continue engatinhando. A evidência é clara: quanto mais estado, menor crescimento econômico.
A grande recessão de 2008 foi resultado de bancos centrais do mundo inteiro adotando políticas de crédito barato, o que descola o investimento privado da poupança real, e leva investidores a financiar projetos que só existem por causa dos juros artificiais do governo. Isso quando o governo não favorece certos projetos deliberadamente, como as políticas imobiliárias americanas.
O livre mercado, por definição, nega a intervenção do estado. Mas quem foi que disse que o mercado brasileiro quer ser livre? Pelo contrário, o Brasil tem uma tradição de chocadeira protecionista. As empresas escolhidas pelo governo são amamentadas com o crédito do BNDES, protegidas da competição externa por meio de tarifas e da interna por políticas de antitruste. Se enfraquecerem, levam uma injeção de subsídio e se quebrarem suas dívidas serão relativizadas. Em seus momentos de recaída, Lula dispara brados socialistas que, se levados a sério, só serviriam para aumentar o número de brasileiros dependentes do bolsa-família.
4- Zelaya
“A comunidade internacional exige que José Manuel Zelaya reassuma imediatamente a presidência de seu país e deve estar atenta à inviolabilidade da missão diplomática brasileira na capital hondurenha”.(29/09/2009)
Por alguns meses Honduras esteve a beira de um colapso institucional. Se dependesse exclusivamente dele, Lula daria o empurrão. Manuel Zelaya estava seguindo o business plan chavista para a anexação de Honduras ao projeto bolivariano quando foi condenado pela suprema corte hondurenha. Pode-se discordar sobre a legalidade de sua deportação. Mas a deposição de um presidente que quisesse alterar a constituição para se manter no poder estava prevista na constituição.
De qualquer maneira, o governo brasileiro, que supostamente preza pela não-intervenção, fez mais do que qualquer outro para determinar o destino do povo hondurenho. Ao aceitar que a embaixada brasileira hospedasse Zelaya, e ao se manifestar veementemente contra novas eleições, Lula advogou a restauração de um presidente que tentou, ele próprio, um golpe contra a constituição de seu próprio país.
3- O ataque à imprensa
“Enquanto a classe política não perder o medo da imprensa, a gente não vai ter liberdade de imprensa neste País. A covardia é muito grande”. (18/10/2010)
Quando a imprensa perde o medo do governo há liberdade. Quando o governo perde o medo da imprensa há tirania. Lula atacou diversas vezes os meios de comunicação brasileiro por faltarem com o sagrado dever de serem simpáticos ao governo.
Em retaliação, jornais e revistas de grande circulação atacaram de volta ao presidente. Seria uma briga interessante de acompanhar se não tivesse uma assimetria cruel: os jornalistas contam com a força das palavras e os políticos contam com a força da lei.
Em um momento em que o Brasil se desvencilha de uma lei de imprensa caquética, toda a atenção deve ser mantida contra novas tentativas de reconstruir a censura por meio de eufemismos como “controle social” e “democratização da mídia”.
2- Mensalão
“Isso me cheira a folclore dentro do Congresso Nacional”. (07/11/2005)
O Supremo Tribunal Federal discordou da afirmação do presidente, e indiciou mais de 40 pessoas. Quase toda a cúpula do PT caiu, num estrago que culminou na cassação do ex-presidente do partido e então ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu.
O escândalo atingiu toda a base do governo, do PT ao PR, passando pelo PTB e o PMDB. Atingiu também publicitários, banqueiros e empresários.
O governo reagiu e a declaração do presidente reflete uma das estratégias utilizadas pelo PT e seus aliados para negar a existência do esquema de corrupção. No fim, se agarraram a tese de que ao invés se serem utilizados para a compra de votos dos parlamentares, os fundos seriam apenas recursos de campanha não contabilizados, ou o não menos ilegal, Caixa 2.
1- PNDH-3
“Eu estava dizendo: a gente sofreria menos, se a gente transformasse os nossos companheiros em heróis, não apenas em perseguidos, mas em heróis. (…) O Franklin Martins participou do sequestro de um embaixador americano exatamente para que a gente tivesse mais liberdade.” (21/12/2009)
Nenhuma legislação recente ameaçou as liberdades e direitos individuais dos brasileiros com a ousadia do Plano Nacional de Direitos Humanos – 3, assinado pelo presidente Lula. Seu mecanismo de inversão não se limitava a tratar criminosos socialistas como heróis democráticos: essencialmente qualificava uma série de abusos contra a humanidade como direitos humanos.
Suas 25 diretrizes incluíam o controle político da imprensa, a adoção de uma cartilha ideológica para as escolas, a criação de um “júri comunitário” destinado a decidir sobre direitos de propriedade nas cidades e no campo, a unificação das forças policiais sob uma coordenação nacional, a restatização de empresas privatizadas e a instituição de referendos que abririam as comportas para que mais insanidades autoritárias pudessem passar.
Felizmente, o PNDH-3 não passou, e o legado de Lula ficou livre deste germe totalitário no miolo democracia brasileira. Mas o sistema imunológico nacional ainda não foi vacinado das tentações autoritárias que representam o PNDH-3. Vigiar e resistir ainda é necessário.
Bonus round:
Balas paulistinha
“Eu achava que a gente não deveria judiar do próprio corpo para contestar, sabe, a nossa prisão. Mas aí a maioria deliberou fazer greve de fome, vamos fazer greve de fome. Eu tinha um monte de bala Paulistinha, e eu escondi embaixo do travesseiro, na expectativa de que eu pudesse de noite chupar uma balinha… E ai o meu companheiro Djalma de Souza Bom descobriu e deu descarga nas minhas balas todas e eu fiquei sem bala.”
Circunferência da Terra
“Essa questão do clima é delicada por quê? Porque o mundo é redondo. Se o mundo fosse quadrado, sabe, ou retangular, e se a gente soubesse que nosso território está a 14 mil quilômetros de distância dos centros mais poluidores… ótimo… vai ficar só lá, sabe? Mas como o mundo gira e a gente também passa lá embaixo onde tá mais poluído, a responsabilidade é de todos…”
=============
Bonus PRA:
Na mesma ocasião em que o "elemento" ficou preso, e burlou a "greve da fome" montada politicamente, e contornada fraudulentamente, o personagem em questão tentou abusar de um jovem, detido em outras circunstâncias, mas infelizmente (para ele) encarcerado com "harassers" decididos, o que não se sabe bem como terminou. Existem declarações a respeito, em tom jocoso, do próprio personagem principal, o que é revelador de seu caráter. Haja estômago...
Interrupcao eleitoral (16): "MacunaiLula", um chefe de faccao sem nenhum carater...
Quanto ao caráter do "elemento", não sou eu quem diz, é o Estadão, que aliás chegou tarde a essa conclusão...
Quanto à paráfrase à la Mário de Andrade, bem, ela pode ser debitada a mim mesmo (com muito gosto, aliás...)
Paulo Roberto de Almeida
Uma questão de caráter
Editorial - O Estado de S.Paulo
22 de outubro de 2010
Na reta final do segundo turno da eleição presidencial a baixaria se generaliza. É impossível determinar até que ponto o lamentável rebaixamento do nível do que deveria ser um debate político esclarecedor deve-se à ação direta dos comandos das campanhas.
Certamente, boa parte dessa guerra suja pode ser debitada à iniciativa irresponsável de militantes extremamente agressivos, de ambos os lados, que, principalmente pela internet, lançam mão das mais torpes mentiras para atacar os adversários. Mas há também o horário gratuito na mídia eletrônica, que nos últimos dias vem sendo usado cada vez mais para veicular ataques e acusações. E assim, tudo considerado, não há como eximir de culpa os responsáveis pela condução das campanhas. É tudo muito lamentável e a constatação a que se acaba chegando, com benevolência, é a de que este é, infelizmente, o tributo que se paga à imaturidade política e à fragilidade dos valores democráticos da sociedade brasileira - problemas que muitos julgavam já superados. Somos, portanto, todos responsáveis.
A responsabilidade, porém, deve ser atribuída com peso proporcional à importância de cada um dos atores da cena política. E é aí que assoma o triste papel que vem desempenhando - na verdade, desde sempre - o presidente da República. Lula, que é, reconhecidamente, quem dá o tom da campanha da candidata do PT, não hesita em partir para a agressão sempre que se vê contrariado. E não mede palavras quando parte para o ataque. Nada mais natural, portanto, que seu exemplo de agressividade seja seguido pelos militantes petistas. Até com agressão física, como a que ocorreu em Campo Grande, no Rio de Janeiro, contra o candidato tucano José Serra.
Depois do susto do primeiro turno, o homem que se considera o inventor do Brasil resolveu partir para o tudo ou nada contra aqueles que elegeu como seus principais inimigos: a oposição e a imprensa. Na verdade, ele gosta de achar que uma e outra são a mesma coisa, mas isso faz parte da tática de confundir para dominar.
Na entrega dos prêmios "As empresas mais admiradas do Brasil", ao qual compareceu a convite da revista semanal promotora do evento, Lula pontificou: "Enquanto a classe política não perder o medo da imprensa, a gente não vai ter liberdade de imprensa neste país. A covardia é muito grande." Pouco lisonjeiro para a "classe política", certamente. Mas qual será o significado real dessa exortação? Mais uma ameaça à imprensa que não lhe rende loas? De fato, Lula tem uma visão muito peculiar de qual deva ser o papel dos veículos de comunicação. Foto e exaltação a Dilma Rousseff na capa do jornal da CUT pode. Crítica ao PT na capa da revista Veja é "acinte à democracia e uma hipocrisia". A indignação do presidente parece resultar de que boa parte dos jornais, revistas, rádios e televisões se nega a atender ao pouco que ele pede: "A única coisa que quero que digam é a verdade. Sejam contra ou a favor, mas digam a verdade." Mas, quando cada um tem a sua própria verdade, Lula quer que fiquemos sempre com a dele.
Por exemplo, em comício realizado dias atrás em Goiânia, ao lado de sua escolhida para governar o Brasil, Lula ensinou: "Política a gente não pode fazer com ódio, com agressão. Ninguém aguenta mentira. Não tem nada pior do que um político mau caráter, alguém que não colocou um trilho na ferrovia dizer que ele fez a ferrovia", disse, referindo-se ao candidato ao governo de Goiás Marconi Perillo.
Claro que não se dá conta de que, partindo para a xingação pura e simples, está liberando os seus "balilas" do Rio de Janeiro para a agressão física. Em caso algum se pode admitir que um presidente da República insulte adversários políticos do alto de um palanque eleitoral. No caso de Lula, porém, a coisa é mais grave, considerando-se que se cercando das companhias de que se cercou para constituir maioria no Congresso, que autoridade moral tem para acusar alguém de mau-caratismo?
Como cidadão, Luiz Inácio Lula da Silva tem o direito de tomar partido no processo de sua sucessão - até inventando, como fez, a candidata. Como presidente, tem o dever de se comportar com a dignidade e a moderação que seu cargo exige. Não faz isso, por uma questão de caráter.
Quanto à paráfrase à la Mário de Andrade, bem, ela pode ser debitada a mim mesmo (com muito gosto, aliás...)
Paulo Roberto de Almeida
Uma questão de caráter
Editorial - O Estado de S.Paulo
22 de outubro de 2010
Na reta final do segundo turno da eleição presidencial a baixaria se generaliza. É impossível determinar até que ponto o lamentável rebaixamento do nível do que deveria ser um debate político esclarecedor deve-se à ação direta dos comandos das campanhas.
Certamente, boa parte dessa guerra suja pode ser debitada à iniciativa irresponsável de militantes extremamente agressivos, de ambos os lados, que, principalmente pela internet, lançam mão das mais torpes mentiras para atacar os adversários. Mas há também o horário gratuito na mídia eletrônica, que nos últimos dias vem sendo usado cada vez mais para veicular ataques e acusações. E assim, tudo considerado, não há como eximir de culpa os responsáveis pela condução das campanhas. É tudo muito lamentável e a constatação a que se acaba chegando, com benevolência, é a de que este é, infelizmente, o tributo que se paga à imaturidade política e à fragilidade dos valores democráticos da sociedade brasileira - problemas que muitos julgavam já superados. Somos, portanto, todos responsáveis.
A responsabilidade, porém, deve ser atribuída com peso proporcional à importância de cada um dos atores da cena política. E é aí que assoma o triste papel que vem desempenhando - na verdade, desde sempre - o presidente da República. Lula, que é, reconhecidamente, quem dá o tom da campanha da candidata do PT, não hesita em partir para a agressão sempre que se vê contrariado. E não mede palavras quando parte para o ataque. Nada mais natural, portanto, que seu exemplo de agressividade seja seguido pelos militantes petistas. Até com agressão física, como a que ocorreu em Campo Grande, no Rio de Janeiro, contra o candidato tucano José Serra.
Depois do susto do primeiro turno, o homem que se considera o inventor do Brasil resolveu partir para o tudo ou nada contra aqueles que elegeu como seus principais inimigos: a oposição e a imprensa. Na verdade, ele gosta de achar que uma e outra são a mesma coisa, mas isso faz parte da tática de confundir para dominar.
Na entrega dos prêmios "As empresas mais admiradas do Brasil", ao qual compareceu a convite da revista semanal promotora do evento, Lula pontificou: "Enquanto a classe política não perder o medo da imprensa, a gente não vai ter liberdade de imprensa neste país. A covardia é muito grande." Pouco lisonjeiro para a "classe política", certamente. Mas qual será o significado real dessa exortação? Mais uma ameaça à imprensa que não lhe rende loas? De fato, Lula tem uma visão muito peculiar de qual deva ser o papel dos veículos de comunicação. Foto e exaltação a Dilma Rousseff na capa do jornal da CUT pode. Crítica ao PT na capa da revista Veja é "acinte à democracia e uma hipocrisia". A indignação do presidente parece resultar de que boa parte dos jornais, revistas, rádios e televisões se nega a atender ao pouco que ele pede: "A única coisa que quero que digam é a verdade. Sejam contra ou a favor, mas digam a verdade." Mas, quando cada um tem a sua própria verdade, Lula quer que fiquemos sempre com a dele.
Por exemplo, em comício realizado dias atrás em Goiânia, ao lado de sua escolhida para governar o Brasil, Lula ensinou: "Política a gente não pode fazer com ódio, com agressão. Ninguém aguenta mentira. Não tem nada pior do que um político mau caráter, alguém que não colocou um trilho na ferrovia dizer que ele fez a ferrovia", disse, referindo-se ao candidato ao governo de Goiás Marconi Perillo.
Claro que não se dá conta de que, partindo para a xingação pura e simples, está liberando os seus "balilas" do Rio de Janeiro para a agressão física. Em caso algum se pode admitir que um presidente da República insulte adversários políticos do alto de um palanque eleitoral. No caso de Lula, porém, a coisa é mais grave, considerando-se que se cercando das companhias de que se cercou para constituir maioria no Congresso, que autoridade moral tem para acusar alguém de mau-caratismo?
Como cidadão, Luiz Inácio Lula da Silva tem o direito de tomar partido no processo de sua sucessão - até inventando, como fez, a candidata. Como presidente, tem o dever de se comportar com a dignidade e a moderação que seu cargo exige. Não faz isso, por uma questão de caráter.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Segunda carta aos leitores do blog Diplomatizzando
Segunda carta aos leitores do blog Diplomatizzando
Paulo Roberto de Almeida
(Kyoto, 22.10.2010)
Aproximadamente um mês atrás, elaborei uma “carta” aos seguidores e leitores deste blog Diplomatizzando, “conversando” um pouco sobre o espírito do blog, seus objetivos e as responsabilidades e princípios deste autor (ver neste link). A ocasião tinha sido dada pela ultrapassagem da marca de 200 seguidores, o que me motivou a iniciar um diálogo com os leitores e comentaristas, ciente de que algo eu devia (e devo) a tantos curiosos e interessados num simples trabalho de compilação de matérias diversas sobre temas internacionalistas e algumas observações minhas sobre os temas focados nesses postos um tanto anárquicos.
O que eu lhes devo, exatamente? Talvez nada de muito específico, pois imagino que as motivações desses leitores e visitantes ocasionais possam ser muito diversificadas, embora os temas sejam situados num mesmo universo de temas internacionais e de política externa do Brasil. Suponho também que a maior parte dos visitantes e seguidores seja composta de interessados na carreira diplomática, e reconheço que o blog não tem se dedicado muito aos aspectos “didáticos”, digamos assim, da preparação para o concurso de ingresso na carreira. Mas tento permanecer no âmbito mais vasto da cultura geral que, de certa forma, integra uma formação humanista de maior escopo intelectual, essencial na vida de todo diplomata.
Desta vez não tenho um tema específico a discutir – embora não me faltem assuntos, a começar pela conjuntura eleitoral – mas desejo refletir um pouco do que recebi de um ou dois leitores novos, isto é, pessoas não habituadas a frequentar o blog, mas que o descobriram e resolveram partilhar comigo suas primeiras impressões. Transcrevo em primeiro lugar mensagem da Rayane Siqueira, que me escreveu o seguinte:
On Oct 21, 2010, at 10:47 AM, Ray Siqueira wrote:
“Boa Noite,
Há alguns dias soube da existência do seu blog Diplomatizzando, o que me ocorreu num momento bastante oportuno, afinal essa eleição é a primeira da qual participo, e estava, e ainda estou, ávida por informações fidedignas sobre o que realmente acontece no Brasil - e no mundo. Apesar de ainda não ser obrigada a votar, creio que esse é um dever que não posso prevaricar. Nunca quis ser aquele tipo de eleitor alienado, aquele que, na verdade, não tem a mínima noção do que realmente está acontecendo, um mero "papagaio de televisão". Entretanto, a dificuldade de se obter informações não-manipuladas ou não-simplistas é incrível. Foi nesse contexto que tomei conhecimento do seu blog. Inicialmente, fui atraída devido às minhas aspirações à diplomacia. Hoje, o seu blog se tornou minha fonte de informação sobre o Brasil, em todos os âmbitos. Fiquei abismada com a quantidade de ideias errôneas , baseadas no senso comum, que me foram passadas ao longo dos meus 17 anos. Impressionou-me também como, em poucos dias, o meu conhecimento e o meu senso crítico aumentaram, claro que ainda estou muito longe do que almejo, mas foi um começo espetacular. Por isso, gostaria de vir agradecer ao senhor por desprender, todos os dias, um tempo para compartilhar seu conhecimento, pelo menos uma parte dele, que é importantíssimo para mim e ,ouso afirmar com convicção, para muitas pessoas. Tenho certeza de que o senhor já ouviu, ou leu, nesse caso, diversas e diversas vezes essas mesmas palavras. Mesmo assim eu precisava agradecer.”
A Rayane se refere em seguida a um jogo eletrônico que encontrou navegando por site identificados (e provavelmente a serviço) da candidata oficial, cujo objetivo, descreve ela, “é chegar ao Palácio do Planalto , recolhendo estrelinhas do PT e urnas eletrônicas, fugindo dos tucanos e dos Serras (que parecem uns zumbis cabeçudos)”, sendo que o “ataque especial”, algo do tipo como uma “arma secreta”, é o presidente Lula (eu até diria que é a única “arma” de que dispõe a candidata, pois não lhe conheço outros méritos ao se apresentar aos eleitores, senão como “criatura eleitoral” desse que passa por ser presidente).
Não vou fazer, nem ela pretende que se faça, propaganda em torno desse joguinho emblemático do fundamentalismo sectário que vigora nesses meios, mas a Rayane revela sua “indignação”. Permito-me, a esse respeito, apenas repetir suas palavras em relação ao “jogo”: “Creio que, ‘nunca antes na história desse país’, foi lançado algo tão sórdido”, na categoria dos “artifícios usados em propaganda eleitoral”.
Finalmente, a Rayane termina assim sua mensagem:
“Enfim, não sei se o senhor terá tempo de ler meu e-mail, compreendo perfeitamente caso não puder, mas se ler, saiba que é de um valor imensurável para mim. Sempre admirei pessoas inteligentes e mais ainda as sábias, considero que ambas as qualidades se apliquem ao senhor. Tenho profundo respeito pela sua pessoa e pelo seu trabalho, espero um dia ingressar na mesma carreira. Mais uma vez, muito obrigada.
Atenciosamente,
Rayane Siqueira.”
Escrevi a ela para agradecer, mas no mesmo momento entrava nova mensagem de um leitor, do Ceará, que escreveu-me em separado para agradecer algum material que correspondeu às suas expectativas:
“Mais uma vez, comunico-me com o senhor, desta vez, para agradecer o post, sobre privatizações e política econômica do FHC,o qual havia pedido anteriormente,não sei se foi intencional, mas muito obrigado.
E tornar conhecido ao senhor, o meu agradecimento por todos os posts, os quais são de extrema serventia, a mim e diversas outras pessoas, que buscam entendimento. Já passei o endereço do seu blog à varias pessoas, que buscam ,como eu, informações críveis a respeito da real atualidade brasileira.
E digo, de forma pessoal, que estou inclinado a prestar vestibular para economia e não mais para direito, após diversas leituras em seus blogs. Sempre tive a intenção de fazer ambos, porém os nosso amados governantes me ‘proibiram’ de fazer duas universidades públicas, pois ,assim, estaria tirando a vaga de outras pessoas, o que é ridículo.
Bastante agradecido”
Tenho tido várias mensagens desse gênero, mas não gostaria de transformar esta oportunidade de diálogo em uma janela para o narcisismo bloguístico, ou qualquer outro.
Numa próxima carta vou retomar de maneira mais substantiva, comentando sobre o sentido da produção em função das necessidades dos leitores.
O abraço do
Paulo Roberto de Almeida (Kyoto, 22.10.2010)
Paulo Roberto de Almeida
(Kyoto, 22.10.2010)
Aproximadamente um mês atrás, elaborei uma “carta” aos seguidores e leitores deste blog Diplomatizzando, “conversando” um pouco sobre o espírito do blog, seus objetivos e as responsabilidades e princípios deste autor (ver neste link). A ocasião tinha sido dada pela ultrapassagem da marca de 200 seguidores, o que me motivou a iniciar um diálogo com os leitores e comentaristas, ciente de que algo eu devia (e devo) a tantos curiosos e interessados num simples trabalho de compilação de matérias diversas sobre temas internacionalistas e algumas observações minhas sobre os temas focados nesses postos um tanto anárquicos.
O que eu lhes devo, exatamente? Talvez nada de muito específico, pois imagino que as motivações desses leitores e visitantes ocasionais possam ser muito diversificadas, embora os temas sejam situados num mesmo universo de temas internacionais e de política externa do Brasil. Suponho também que a maior parte dos visitantes e seguidores seja composta de interessados na carreira diplomática, e reconheço que o blog não tem se dedicado muito aos aspectos “didáticos”, digamos assim, da preparação para o concurso de ingresso na carreira. Mas tento permanecer no âmbito mais vasto da cultura geral que, de certa forma, integra uma formação humanista de maior escopo intelectual, essencial na vida de todo diplomata.
Desta vez não tenho um tema específico a discutir – embora não me faltem assuntos, a começar pela conjuntura eleitoral – mas desejo refletir um pouco do que recebi de um ou dois leitores novos, isto é, pessoas não habituadas a frequentar o blog, mas que o descobriram e resolveram partilhar comigo suas primeiras impressões. Transcrevo em primeiro lugar mensagem da Rayane Siqueira, que me escreveu o seguinte:
On Oct 21, 2010, at 10:47 AM, Ray Siqueira wrote:
“Boa Noite,
Há alguns dias soube da existência do seu blog Diplomatizzando, o que me ocorreu num momento bastante oportuno, afinal essa eleição é a primeira da qual participo, e estava, e ainda estou, ávida por informações fidedignas sobre o que realmente acontece no Brasil - e no mundo. Apesar de ainda não ser obrigada a votar, creio que esse é um dever que não posso prevaricar. Nunca quis ser aquele tipo de eleitor alienado, aquele que, na verdade, não tem a mínima noção do que realmente está acontecendo, um mero "papagaio de televisão". Entretanto, a dificuldade de se obter informações não-manipuladas ou não-simplistas é incrível. Foi nesse contexto que tomei conhecimento do seu blog. Inicialmente, fui atraída devido às minhas aspirações à diplomacia. Hoje, o seu blog se tornou minha fonte de informação sobre o Brasil, em todos os âmbitos. Fiquei abismada com a quantidade de ideias errôneas , baseadas no senso comum, que me foram passadas ao longo dos meus 17 anos. Impressionou-me também como, em poucos dias, o meu conhecimento e o meu senso crítico aumentaram, claro que ainda estou muito longe do que almejo, mas foi um começo espetacular. Por isso, gostaria de vir agradecer ao senhor por desprender, todos os dias, um tempo para compartilhar seu conhecimento, pelo menos uma parte dele, que é importantíssimo para mim e ,ouso afirmar com convicção, para muitas pessoas. Tenho certeza de que o senhor já ouviu, ou leu, nesse caso, diversas e diversas vezes essas mesmas palavras. Mesmo assim eu precisava agradecer.”
A Rayane se refere em seguida a um jogo eletrônico que encontrou navegando por site identificados (e provavelmente a serviço) da candidata oficial, cujo objetivo, descreve ela, “é chegar ao Palácio do Planalto , recolhendo estrelinhas do PT e urnas eletrônicas, fugindo dos tucanos e dos Serras (que parecem uns zumbis cabeçudos)”, sendo que o “ataque especial”, algo do tipo como uma “arma secreta”, é o presidente Lula (eu até diria que é a única “arma” de que dispõe a candidata, pois não lhe conheço outros méritos ao se apresentar aos eleitores, senão como “criatura eleitoral” desse que passa por ser presidente).
Não vou fazer, nem ela pretende que se faça, propaganda em torno desse joguinho emblemático do fundamentalismo sectário que vigora nesses meios, mas a Rayane revela sua “indignação”. Permito-me, a esse respeito, apenas repetir suas palavras em relação ao “jogo”: “Creio que, ‘nunca antes na história desse país’, foi lançado algo tão sórdido”, na categoria dos “artifícios usados em propaganda eleitoral”.
Finalmente, a Rayane termina assim sua mensagem:
“Enfim, não sei se o senhor terá tempo de ler meu e-mail, compreendo perfeitamente caso não puder, mas se ler, saiba que é de um valor imensurável para mim. Sempre admirei pessoas inteligentes e mais ainda as sábias, considero que ambas as qualidades se apliquem ao senhor. Tenho profundo respeito pela sua pessoa e pelo seu trabalho, espero um dia ingressar na mesma carreira. Mais uma vez, muito obrigada.
Atenciosamente,
Rayane Siqueira.”
Escrevi a ela para agradecer, mas no mesmo momento entrava nova mensagem de um leitor, do Ceará, que escreveu-me em separado para agradecer algum material que correspondeu às suas expectativas:
“Mais uma vez, comunico-me com o senhor, desta vez, para agradecer o post, sobre privatizações e política econômica do FHC,o qual havia pedido anteriormente,não sei se foi intencional, mas muito obrigado.
E tornar conhecido ao senhor, o meu agradecimento por todos os posts, os quais são de extrema serventia, a mim e diversas outras pessoas, que buscam entendimento. Já passei o endereço do seu blog à varias pessoas, que buscam ,como eu, informações críveis a respeito da real atualidade brasileira.
E digo, de forma pessoal, que estou inclinado a prestar vestibular para economia e não mais para direito, após diversas leituras em seus blogs. Sempre tive a intenção de fazer ambos, porém os nosso amados governantes me ‘proibiram’ de fazer duas universidades públicas, pois ,assim, estaria tirando a vaga de outras pessoas, o que é ridículo.
Bastante agradecido”
Tenho tido várias mensagens desse gênero, mas não gostaria de transformar esta oportunidade de diálogo em uma janela para o narcisismo bloguístico, ou qualquer outro.
Numa próxima carta vou retomar de maneira mais substantiva, comentando sobre o sentido da produção em função das necessidades dos leitores.
O abraço do
Paulo Roberto de Almeida (Kyoto, 22.10.2010)
Contando visitas, paginas vistas, volumetria, apenas
Toda sexta-feira, um serviço contratado gratuitamente comparece na minha caixa de entrada para informar sobre as visitas e páginas vistas neste blog. Nem tenho a quem agradecer, apenas registro, apago, e sigo adiante.
Um último balanço que eu havia feito, creio ter sido por ocasião das primeiras 120.000 visitas em sete ou oito meses, não tenho certeza, e ao ter constatado a marca de 200 seguidores do blog.
Permito-me novamente registrar o último relatório recebido, nesta sexta-feira 22 de outubro.
Diplomatizzando
-- Site Summary ---
Visits
Total ...................... 136,278
Average per Day ................ 793
Average Visit Length .......... 2:10
This Week .................... 5,548
Page Views
Total ...................... 196,316
Average per Day .............. 1,110
Average per Visit .............. 1.4
This Week .................... 7,769
Vale algum comentário, talvez...
Um último balanço que eu havia feito, creio ter sido por ocasião das primeiras 120.000 visitas em sete ou oito meses, não tenho certeza, e ao ter constatado a marca de 200 seguidores do blog.
Permito-me novamente registrar o último relatório recebido, nesta sexta-feira 22 de outubro.
Diplomatizzando
-- Site Summary ---
Visits
Total ...................... 136,278
Average per Day ................ 793
Average Visit Length .......... 2:10
This Week .................... 5,548
Page Views
Total ...................... 196,316
Average per Day .............. 1,110
Average per Visit .............. 1.4
This Week .................... 7,769
Vale algum comentário, talvez...
Interrupcao eleitoral (15): temos um "elemento" na presidencia...
O termo "elemento" afigura-se, provavelmente, insultuoso, mas é como o próprio dito cujo parece considerar seus adversários políticos, que ele vê como inimigos pessoais, como obstáculos a seu projeto de poder e que teriam de ser eliminados de uma forma ou de outra.
Nunca antes neste país tivemos alguém que nos envergonhasse tanto no exercício do mais alto cargo disto que deveria ser uma república, mas que está se transformando num mero território de mafiosos...
Limito-me a transcrever, e a agregar alguns negritos aqui e ali.
Ainda vou escrever a respeito. Sem comentários...
Paulo Roberto de Almeida
Perda de parâmetros. Ou: Este colunista dá uma ordem a Lula em nome da Constituição de que ambos somos súditos
Reinaldo Azevedo, 22.10.2010
Há uma perda generalizada de parâmetros, de referência, de noção do certo e do errado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com seu cesarismo tosco, com sua rusticidade estudada e cínica, com sua violência retórica muito além do que seria cabível a um chefe de governo, reduz a política a um confronto de gangues de rua, e vença aquele que conseguir eliminar o inimigo! Ao fim de seus oito anos de mandato, ao contrário do que dizem os áulicos e os candidatos a tanto, o jogo político de tornou menos civilizado, o estado está mais partidarizado, as instituições obedecem menos ao que prescreve a letra da lei e mais ao que determinam as injunções dos grupos de pressão.
É verdade a máxima de que o poder tende a corromper o caráter das pessoas e dos partidos. E a democracia é mesmo um sistema imperfeito, daí que o zelo para preservá-lo tenha de ser permanente; daí que o esforço para corrigir seus defeitos tenha de ser contínuo. Há instrumentos para impedir que o sistema democrático se desvie de seu curso, e — atenção! — a eleição, com a possibilidade de alternância de poder, é um deles. Alternância que pode não acontecer se o povo assim decidir — mas forçoso é que todos os contendores sigam as regras do jogo. E Lula não as segue. Utiliza as prerrogativas de chefe de governo e chefe de estado, que conquistou nas urnas, para se comportar como o chefe de uma facção e, no que concerne aos lamentáveis episódios do Rio, chefe de um bando.
É forçoso lembrar que a entrevista destrambelhada, desrespeitosa, em que aviltou José Serra — nada menos do que o candidato da oposição à Presidência, com possibilidade mesmo de se eleger presidente — foi concedida na condição de presidente da República, não de simples militante partidário. E que se note: jamais um chefe da nação será apenas o membro de um partido. Mas Lula já não quer ser nem mesmo um hipócrita decoroso. Esta certo de que não mais é mais necessário representar o papel que constitucionalmente lhe cabe — e que ele despreza: o de grande magistrado da nação.
Sim, um presidente, em última instância, é o grande árbitro da nação, e dele se espera que seja equânime, mesmo quando seus adversários políticos representam um dos lados da contenda; afinal, ele é presidente também daqueles que não votaram nele e que lutam, de acordo com as regras, para sucedê-lo — e não para substituí-lo.
Mas quê!!! Esse é o entendimento, com efeito, que os democratas têm do regime. Lula, em que pese a sua falta de preparo teórico e vínculo intelectual mais profundo com a esquerda, ganhou corpo numa outra cultura política. Por mais que seu governo seja, evidentemente, o de um país capitalista, ordenado segundo as leis do mercado, sua visão de mundo é herdeira do socialismo, da crença de que um partido detém o espírito e a forma do futuro, de que afrontá-lo consiste numa regressão do processo histórico — e não é só por malandragem publicitária que ameaçam o eleitorado com o retrocesso se o adversário vencer a disputa. Essa convicção autoritária se deixou temperar por todas as benesses e facilidades do poder, de sorte que, hoje, já não se distinguem o assaltante dos cofres públicos do grupo de assalto à democracia. Eles se misturaram; formam uma coisa só.
A entrevista em que Lula acusa Serra de mentir foi desmoralizada pelos fatos. Já sabemos disso. Mas quero chamar a atenção de vocês para a linguagem empregada pelo presidente, para os temos a que recorre para se referir ao candidato da oposição: “esse cidadão” e “esse homem” — já havia antes se referido a Geraldo Alckmin como “esse sujeito”. As pessoas perdem o nome, tornam-se um todo anônimo que tem de ser esmagado. Mais um pouco, diria “esse elemento”. Não expressou uma só palavra de censura à ação de seus correligionários, de sua tropa de assalto, nada! Lula fazia, assim, do agressor a vítima e da vítima o agressor, recorrendo à metáfora futebolística a que reduz todos os conflitos, internos ou externos.
Mas não está só - A imprensa áulica
Mas não é só ele que perdeu os parâmetros — ou que faz questão de não tê-los por método e escolha consciente. Amplos setores da imprensa hoje o seguem nesse desvario: os comprados porque comprados, e isso os define; os tocados pela ideologia porque supõem que, de algum modo, estariam mesmo em confronto duas visões de mundo: uma mais “progressista”, o PT, e outra mais “conservadora”, o PSDB, clivagem que não resistiria a um exame raso dos fatos. Qualquer pessoa intelectualmente honesta seria obrigada a admitir que, em muitos aspectos, o candidato tucano está à esquerda do ajuntamento que Dilma Rousseff representa hoje.
E, nesse ponto, um caçador de contradições inexistentes tenderia a me indagar, tentando alguma ironia: “Mas, então, você deveria se entusiasmar com Dilma”. Tolice! A questão, como tenho escrito aqui tantas vezes, diz respeito à DEMOCRACIA. Da velha esquerda, o PT conserva um valor intocado: o ódio ao regime democrático — e o esforço consecutivo para solapá-lo, agora pela via legal. Afinal, eu sou aquele que sempre desconfiou do caráter desses caras, mas que nunca disse que eles são burros.
A tacanhice ideológica é um mal, no mais das vezes, incurável. Quem faz as suas escolhas pensando não na preservação dos valores da democracia, consubstanciados nas leis e nas instituições, mas no “avanço da luta dos oprimidos” está pronto, a qualquer momento, para conceder com a transgressão institucional se considerar que a tal “justiça das ruas” está sendo feita. E a nossa imprensa está coalhada dessa boçalidade. Há mais esquerdistas na Folha, no Estadão, no Globo, na Globo e na VEJA do que no PT, que sabe instrumentalizar a favor da consolidação do seu poder esse pendor juvenil (não importa a idade do coroa…) para essa noção muito particular de justiça que abastarda as leis. Curiosamente, essa cultura antiestablishment é, hoje, expressão de um arraigado governismo porque, afinal de contas, na comparação, o PT estaria mais próximo dos idéias de justiça social. Dados empíricos podem comprovar o contrário. Mas e daí? Esse é um mal permanente, sem cura.
E não é o mal maior. O governo Lula conseguiu, como nunca antes na história destepaiz, comprar veículos inteiros — jornais, portais, revistas —, de porteira fechada, com todas as alimárias que lá iam. Assiste-se a um verdadeiro show de horrores. O objetivo não é mais a notícia, o fato, tenha-se dele a leitura que for, mas a fofoca, a difamação, a versão que interessa ao partido, a luta política. E o fazem, naturalmente, sem admitir a escolha política. O caso da agressão sofrida por Serra evidenciou com clareza esse desastre moral: mesmo depois de comprovado que o episódio não se resumia a uma “bolinha de papel”, insistia-se na hipótese delinqüente. Houve até quem chamasse a reportagem de “a versão do Jornal Nacional”, como se, no caso, pudesse haver duas verdades.
É compreensível que alguém indague: “Quem é você para falar?” Como escrevi no post em que anunciei que este blog caminha para 5 milhões de páginas visitadas neste mês de outubro, eu tenho lado — expus os valores desse lado. MAS NÃO PRECISO DA MENTIRA PARA DEFENDÊ-LOS, NÃO! Mais ainda: jamais chamei de “notícia” as minhas opiniões. Rejeito a trapaça. Por isso tantos vêm aqui — até os que me detestam. Os petistas, que me lêem obsessivamente — a turma deles é muito ruim, beirando o analfabetismo —, podem falar o diabo a meu respeito, adjetivos nem sempre afetuosos, mas jamais poderão dizer: “Olhem como ele nos atribui o que não fizemos!” Nunca! Eu sempre lhes atribuo o que fizeram; eles se sentem devidamente caracterizados aqui. Só não tenho deles a opinião que têm de si mesmos.
Luta pelo estado, não pelo mercado
Fosse a convicção a mover esses veículos a que me refiro, vá lá. Mas não é! Tampouco se trata de uma luta para conquistar o “outro”: “Ah, se A e B dizem isso, então vamos dizer aquilo para falar com o outro leitor, o outro telespectador, o outro ouvinte, o outro internauta”. Não assistimos a uma luta pelo mercado senão a uma LUTA PELO ESTADO, por seus recursos, pela verba publicitária do governo federal e das estatais. Apostam alto no cavalo que lhes parece vencedor porque contam, depois, dividir o butim. Se não podem enfrentar a concorrência para conquistar os leitores ou telespectadores, vale enfrentar a verdade com a mentira para conquistar o caixa do governo. Estou nessa profissão há um bom tempo já. Nunca assisti a nada parecido.
Questão errada
Tentou-se deslocar o debate para o objeto que teria atingido a cabeça de José Serra, e se questionou se, afinal de contas, a agressão teria sido forte o bastante para levá-lo ao médico, como se o ato, em si, o verdadeiro assalto que petistas tentaram promover na caminhada tucana, fosse uma prática aceitável, corriqueira, adequada às normas da disputa democrática. O fato de que aquela gente lincharia o adversário se tivesse oportunidade não contou de nenhuma maneira. Não se tocou no assunto.
E, quando a questão foi tratada, caminhou-se pelas veredas do obscurantismo. Discordo, por exemplo, severamente de Janio de Freitas, colunista da Folha. Daria para ir de A a Z, sem ficar uma só letrinha pelo caminho. Mas não imaginava ler um texto seu como o de ontem, em que sugere que os tucanos estavam no lugar errado — deveriam era caminhar na beira da praia, sugeriu — e que o elemento de perturbação, sabe-se lá por quê , era Índio da Costa, vice de José Serra. Janio perguntou à vítima do estupro por que ela estava usando minissaia. Quem escrevia ali? Nem mesmo era ele. Tratava-se de um preconceito bem mais antigo do que o próprio colunista.
Encerrando
Perda de parâmetros. Esse é o nome do nosso mal. Aos poucos, como sociedade, vão desaparecendo as noções do que pode e do que não pode. Há dias, na solenidade promovida por um desses panfletos comprados com dinheiro público, Lula conclamou os políticos a enfrentar a imprensa — mais ou menos como os petistas do Ceará, protegidos por Cid Gomes, já querem fazer, silenciando-o. Não se referia, evidentemente, a esta na qual ele passa hoje as esporas (olhem a metáfora rural deste caipira, hehe…), mas àquela outra que tem valores, que não abre mão da democracia, do estado de direito, da Constituição e das leis; àquela que lhe diz com clareza: um presidente da República tem de atuar dentro de seus limites.
Não sei quem vai ganhar as eleições. Corisco nem se entrega nem se assusta com números. Para Corisco, número não é categoria de pensamento nem pode constituir, sozinho, uma moral ou plasmar uma ética. Vença quem vença, Corisco anuncia: estará na Resistência em nome daqueles valores de que não abre mão: democracia, estado de direito, liberdade de expressão, economia de mercado. Por isso Corisco, como cidadão, ordena, em nome da Constituição de que os dois somos súditos:
“Peça desculpas ao país e ao candidato de oposição, senhor presidente da República! É a oposição que legitima a democracia, meu senhor! Afinal, nas ditaduras também é permitido concordar. Aprenda ao menos isso. Nem que seja a última coisa. Nem que seja a primeira!”
Nunca antes neste país tivemos alguém que nos envergonhasse tanto no exercício do mais alto cargo disto que deveria ser uma república, mas que está se transformando num mero território de mafiosos...
Limito-me a transcrever, e a agregar alguns negritos aqui e ali.
Ainda vou escrever a respeito. Sem comentários...
Paulo Roberto de Almeida
Perda de parâmetros. Ou: Este colunista dá uma ordem a Lula em nome da Constituição de que ambos somos súditos
Reinaldo Azevedo, 22.10.2010
Há uma perda generalizada de parâmetros, de referência, de noção do certo e do errado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com seu cesarismo tosco, com sua rusticidade estudada e cínica, com sua violência retórica muito além do que seria cabível a um chefe de governo, reduz a política a um confronto de gangues de rua, e vença aquele que conseguir eliminar o inimigo! Ao fim de seus oito anos de mandato, ao contrário do que dizem os áulicos e os candidatos a tanto, o jogo político de tornou menos civilizado, o estado está mais partidarizado, as instituições obedecem menos ao que prescreve a letra da lei e mais ao que determinam as injunções dos grupos de pressão.
É verdade a máxima de que o poder tende a corromper o caráter das pessoas e dos partidos. E a democracia é mesmo um sistema imperfeito, daí que o zelo para preservá-lo tenha de ser permanente; daí que o esforço para corrigir seus defeitos tenha de ser contínuo. Há instrumentos para impedir que o sistema democrático se desvie de seu curso, e — atenção! — a eleição, com a possibilidade de alternância de poder, é um deles. Alternância que pode não acontecer se o povo assim decidir — mas forçoso é que todos os contendores sigam as regras do jogo. E Lula não as segue. Utiliza as prerrogativas de chefe de governo e chefe de estado, que conquistou nas urnas, para se comportar como o chefe de uma facção e, no que concerne aos lamentáveis episódios do Rio, chefe de um bando.
É forçoso lembrar que a entrevista destrambelhada, desrespeitosa, em que aviltou José Serra — nada menos do que o candidato da oposição à Presidência, com possibilidade mesmo de se eleger presidente — foi concedida na condição de presidente da República, não de simples militante partidário. E que se note: jamais um chefe da nação será apenas o membro de um partido. Mas Lula já não quer ser nem mesmo um hipócrita decoroso. Esta certo de que não mais é mais necessário representar o papel que constitucionalmente lhe cabe — e que ele despreza: o de grande magistrado da nação.
Sim, um presidente, em última instância, é o grande árbitro da nação, e dele se espera que seja equânime, mesmo quando seus adversários políticos representam um dos lados da contenda; afinal, ele é presidente também daqueles que não votaram nele e que lutam, de acordo com as regras, para sucedê-lo — e não para substituí-lo.
Mas quê!!! Esse é o entendimento, com efeito, que os democratas têm do regime. Lula, em que pese a sua falta de preparo teórico e vínculo intelectual mais profundo com a esquerda, ganhou corpo numa outra cultura política. Por mais que seu governo seja, evidentemente, o de um país capitalista, ordenado segundo as leis do mercado, sua visão de mundo é herdeira do socialismo, da crença de que um partido detém o espírito e a forma do futuro, de que afrontá-lo consiste numa regressão do processo histórico — e não é só por malandragem publicitária que ameaçam o eleitorado com o retrocesso se o adversário vencer a disputa. Essa convicção autoritária se deixou temperar por todas as benesses e facilidades do poder, de sorte que, hoje, já não se distinguem o assaltante dos cofres públicos do grupo de assalto à democracia. Eles se misturaram; formam uma coisa só.
A entrevista em que Lula acusa Serra de mentir foi desmoralizada pelos fatos. Já sabemos disso. Mas quero chamar a atenção de vocês para a linguagem empregada pelo presidente, para os temos a que recorre para se referir ao candidato da oposição: “esse cidadão” e “esse homem” — já havia antes se referido a Geraldo Alckmin como “esse sujeito”. As pessoas perdem o nome, tornam-se um todo anônimo que tem de ser esmagado. Mais um pouco, diria “esse elemento”. Não expressou uma só palavra de censura à ação de seus correligionários, de sua tropa de assalto, nada! Lula fazia, assim, do agressor a vítima e da vítima o agressor, recorrendo à metáfora futebolística a que reduz todos os conflitos, internos ou externos.
Mas não está só - A imprensa áulica
Mas não é só ele que perdeu os parâmetros — ou que faz questão de não tê-los por método e escolha consciente. Amplos setores da imprensa hoje o seguem nesse desvario: os comprados porque comprados, e isso os define; os tocados pela ideologia porque supõem que, de algum modo, estariam mesmo em confronto duas visões de mundo: uma mais “progressista”, o PT, e outra mais “conservadora”, o PSDB, clivagem que não resistiria a um exame raso dos fatos. Qualquer pessoa intelectualmente honesta seria obrigada a admitir que, em muitos aspectos, o candidato tucano está à esquerda do ajuntamento que Dilma Rousseff representa hoje.
E, nesse ponto, um caçador de contradições inexistentes tenderia a me indagar, tentando alguma ironia: “Mas, então, você deveria se entusiasmar com Dilma”. Tolice! A questão, como tenho escrito aqui tantas vezes, diz respeito à DEMOCRACIA. Da velha esquerda, o PT conserva um valor intocado: o ódio ao regime democrático — e o esforço consecutivo para solapá-lo, agora pela via legal. Afinal, eu sou aquele que sempre desconfiou do caráter desses caras, mas que nunca disse que eles são burros.
A tacanhice ideológica é um mal, no mais das vezes, incurável. Quem faz as suas escolhas pensando não na preservação dos valores da democracia, consubstanciados nas leis e nas instituições, mas no “avanço da luta dos oprimidos” está pronto, a qualquer momento, para conceder com a transgressão institucional se considerar que a tal “justiça das ruas” está sendo feita. E a nossa imprensa está coalhada dessa boçalidade. Há mais esquerdistas na Folha, no Estadão, no Globo, na Globo e na VEJA do que no PT, que sabe instrumentalizar a favor da consolidação do seu poder esse pendor juvenil (não importa a idade do coroa…) para essa noção muito particular de justiça que abastarda as leis. Curiosamente, essa cultura antiestablishment é, hoje, expressão de um arraigado governismo porque, afinal de contas, na comparação, o PT estaria mais próximo dos idéias de justiça social. Dados empíricos podem comprovar o contrário. Mas e daí? Esse é um mal permanente, sem cura.
E não é o mal maior. O governo Lula conseguiu, como nunca antes na história destepaiz, comprar veículos inteiros — jornais, portais, revistas —, de porteira fechada, com todas as alimárias que lá iam. Assiste-se a um verdadeiro show de horrores. O objetivo não é mais a notícia, o fato, tenha-se dele a leitura que for, mas a fofoca, a difamação, a versão que interessa ao partido, a luta política. E o fazem, naturalmente, sem admitir a escolha política. O caso da agressão sofrida por Serra evidenciou com clareza esse desastre moral: mesmo depois de comprovado que o episódio não se resumia a uma “bolinha de papel”, insistia-se na hipótese delinqüente. Houve até quem chamasse a reportagem de “a versão do Jornal Nacional”, como se, no caso, pudesse haver duas verdades.
É compreensível que alguém indague: “Quem é você para falar?” Como escrevi no post em que anunciei que este blog caminha para 5 milhões de páginas visitadas neste mês de outubro, eu tenho lado — expus os valores desse lado. MAS NÃO PRECISO DA MENTIRA PARA DEFENDÊ-LOS, NÃO! Mais ainda: jamais chamei de “notícia” as minhas opiniões. Rejeito a trapaça. Por isso tantos vêm aqui — até os que me detestam. Os petistas, que me lêem obsessivamente — a turma deles é muito ruim, beirando o analfabetismo —, podem falar o diabo a meu respeito, adjetivos nem sempre afetuosos, mas jamais poderão dizer: “Olhem como ele nos atribui o que não fizemos!” Nunca! Eu sempre lhes atribuo o que fizeram; eles se sentem devidamente caracterizados aqui. Só não tenho deles a opinião que têm de si mesmos.
Luta pelo estado, não pelo mercado
Fosse a convicção a mover esses veículos a que me refiro, vá lá. Mas não é! Tampouco se trata de uma luta para conquistar o “outro”: “Ah, se A e B dizem isso, então vamos dizer aquilo para falar com o outro leitor, o outro telespectador, o outro ouvinte, o outro internauta”. Não assistimos a uma luta pelo mercado senão a uma LUTA PELO ESTADO, por seus recursos, pela verba publicitária do governo federal e das estatais. Apostam alto no cavalo que lhes parece vencedor porque contam, depois, dividir o butim. Se não podem enfrentar a concorrência para conquistar os leitores ou telespectadores, vale enfrentar a verdade com a mentira para conquistar o caixa do governo. Estou nessa profissão há um bom tempo já. Nunca assisti a nada parecido.
Questão errada
Tentou-se deslocar o debate para o objeto que teria atingido a cabeça de José Serra, e se questionou se, afinal de contas, a agressão teria sido forte o bastante para levá-lo ao médico, como se o ato, em si, o verdadeiro assalto que petistas tentaram promover na caminhada tucana, fosse uma prática aceitável, corriqueira, adequada às normas da disputa democrática. O fato de que aquela gente lincharia o adversário se tivesse oportunidade não contou de nenhuma maneira. Não se tocou no assunto.
E, quando a questão foi tratada, caminhou-se pelas veredas do obscurantismo. Discordo, por exemplo, severamente de Janio de Freitas, colunista da Folha. Daria para ir de A a Z, sem ficar uma só letrinha pelo caminho. Mas não imaginava ler um texto seu como o de ontem, em que sugere que os tucanos estavam no lugar errado — deveriam era caminhar na beira da praia, sugeriu — e que o elemento de perturbação, sabe-se lá por quê , era Índio da Costa, vice de José Serra. Janio perguntou à vítima do estupro por que ela estava usando minissaia. Quem escrevia ali? Nem mesmo era ele. Tratava-se de um preconceito bem mais antigo do que o próprio colunista.
Encerrando
Perda de parâmetros. Esse é o nome do nosso mal. Aos poucos, como sociedade, vão desaparecendo as noções do que pode e do que não pode. Há dias, na solenidade promovida por um desses panfletos comprados com dinheiro público, Lula conclamou os políticos a enfrentar a imprensa — mais ou menos como os petistas do Ceará, protegidos por Cid Gomes, já querem fazer, silenciando-o. Não se referia, evidentemente, a esta na qual ele passa hoje as esporas (olhem a metáfora rural deste caipira, hehe…), mas àquela outra que tem valores, que não abre mão da democracia, do estado de direito, da Constituição e das leis; àquela que lhe diz com clareza: um presidente da República tem de atuar dentro de seus limites.
Não sei quem vai ganhar as eleições. Corisco nem se entrega nem se assusta com números. Para Corisco, número não é categoria de pensamento nem pode constituir, sozinho, uma moral ou plasmar uma ética. Vença quem vença, Corisco anuncia: estará na Resistência em nome daqueles valores de que não abre mão: democracia, estado de direito, liberdade de expressão, economia de mercado. Por isso Corisco, como cidadão, ordena, em nome da Constituição de que os dois somos súditos:
“Peça desculpas ao país e ao candidato de oposição, senhor presidente da República! É a oposição que legitima a democracia, meu senhor! Afinal, nas ditaduras também é permitido concordar. Aprenda ao menos isso. Nem que seja a última coisa. Nem que seja a primeira!”
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Existem notas e mais notas do Itamaraty, sobre todos os assuntos com exceção de certas notas Paulo Roberto de Almeida Notas abundantes do It...
-
Ficha catalográfica de um livro saindo agora do "forno": Intelectuais na diplomacia brasileira : a cultura a serviço da nação /...
-
Indulging with myself (pardon for the pro domo job): I have asked Gemini an assessment about a well known diplomat: Paulo Roberto de Almei...
-
Documentos extremamente relevantes sobre a queda do muti de Berlim, o processo de unificação da Alemanha e as garantias que os então estadi...
-
Brasil: cronologia sumária do multilateralismo econômico, 1856-2006 Paulo Roberto de Almeida In: Ricardo Seitenfus e Deisy Ventura, Direito ...
-
Dê uma resposta crítica e detalhada para o seguinte cenário hipotético: Se os EUA resolverem invadir a Venezuela com forças militares de g...
-
Stephen Kotkin is a legendary historian, currently at Hoover, previously at Princeton. Best known for his Stalin biographies, his other wor...
-
Trajetórias dramáticas ou exitosas na vida de certas nações Algumas conseguem, à custa de muito trabalho, competência educacional, tolerânci...
-
1/ GENERAL LEONID IVASHOV STRONGLY CRITICIZES THE RUSSIAN LEADERSHIP The well-known Russian general, General Leonid Ivashov, has sharply cr...