A série é na verdade uma série de documentários apoiados em atos internacionais, filmes de época e algumas entrevistas com historiadores e cronistas contemporâneos dos fatos, ou seja, testemunhos vivos de quem sofreu ou conheceu a realidade diretamente.
A produção é de um grupo político: Union for Europe, do grupo parlamentar Nations Political Group do Parlamento Europeu.
Não é preciso dizer que toda a orientação é anti-comunista, mas os fatos históricos e a documentação apresentação são inegáveis e impossíveis de serem contornados ou negados.
Uma das características é a aproximação entre o sistema soviético e o regime nazista-hitlerista.
Mesmo vendo apenas alguns, vale a pena empenhar um pouco do seu tempo com estes vídeos.
Este é o primeiro da série:
http://www.youtube.com/watch?v=ewY_k-jFlvk&feature=mfu_in_order&list=UL
2) http://www.youtube.com/watch?v=yKUxU4qcXPs&feature=mfu_in_order&list=UL
3) http://www.youtube.com/watch?v=h1BY1VvS7bo&feature=mfu_in_order&list=UL
(...)
7) http://www.youtube.com/watch?v=PKaRn8SDX4I&feature=related
8) http://www.youtube.com/watch?v=xp3E7DdqyLA&feature=related
9) http://www.youtube.com/watch?v=pzdyEXrJowg&NR=1
Existem 39 no total. Estarrecedor!
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sábado, 27 de agosto de 2011
Antonio Barros de Castro: uma homenagem a quem soube pensar...
Quando entrei no curso de Ciências Sociais da USP, em 1969, a matéria de Economia era dada, se não me engano, por Henrique Rattner, também da FGV, que me pareceu qualificado. O livro base, se também não me engano, era "Economia: uma introdução estruturalista" (corrijam-me os conhecedores), de Antonio Barros de Castro e João Paulo de Almeida Magalhães (preciso conferir, mas desculpem-me se incorro em erro). Acho que nunca adquiri o livro, por falta de dinheiro, mas emprestei de colega ou retirei de biblioteca. Lembro-me de ter gostado.
Mas na época eu me dedicava muito mais a política do que aos estudos: estava empenhado em derrubar o governo do regime militar e logo fui embora do país, para escapar das garras da ditadura, quando tudo isso revelou-se mais difícil do que o esperado.
Enfim, isso para dizer que há muito tempo sigo a carreira e o pensamento de Antonio Barros de Castro, o economista que morreu tragicamente em sua própria casa, no domingo passado, 21/08/2011.
Sem poder escrever sobre tudo e sobre todos, permito-me transcrever esta homenagem que o jornalista Fernando Dantas fez a ele, analisando seu pensamento, no seu blog do Estadão:
Paulo Roberto de Almeida
Castro, muito além do conflito ideológico
Fernando Dantas
Blog no Estadão, 25 de agosto de 2011 | 12h33
Minha coluna de ontem na AE-News da Broadcast.
Tive o privilégio e o prazer, ao longo dos últimos dez anos, de fazer uma série de longas entrevistas para o Estado de São Paulo com Antônio Barros de Castro, professor emérito da UFRJ e ex-presidente do BNDES (1992/1993), falecido de forma inesperada no último domingo. Na grande maioria dessas ocasiões, eu estava acompanhado de Suely Caldas, colunista do Estado, ex-diretora da sucursal do Rio do Grupo Estado e grande admiradora do trabalho de Castro.
Ontem (terça-feira), ainda sob o choque da notícia, puxei nos arquivos do jornal e reli todas aquelas entrevistas. E esse panorama retrospectivo só reforçou a minha visão positiva sobre o legado intelectual do professor, e me fez notar também o seu grande poder de antevisão.
O pensamento mais recente de Castro poderia ser resumido como o de alguém que considera a estabilidade macroeconômica e o choque de abertura da economia brasileira nos anos 90 condições necessárias, mas não suficientes para o desenvolvimento do País. Nas suas palavras, em entrevista de 2005: “Políticas macroeconômicas severas, particularmente na parte fiscal, são comuns tanto na Coreia e China quanto em países que vegetam décadas na estagnação, como Portugal de Salazar. Sempre fui a favor do rigor fiscal, e contra o ‘pau na máquina’. Mas isto só não basta.”
O economista achava que um dos complementos fundamentais era uma política industrial, mas a concebia de forma muito distinta da defendida pela grande maioria dos desenvolvimentistas.
Defensor do período Geisel, de intervenção pesada e montagem de um parque industrial de insumos básicos e bens de capital, Castro considerava que esta era uma etapa encerrada da estratégia industrial brasileira. A nova política, ele costumava dizer, não era para preencher lacunas, e não deveria reeditar o antigo enfoque setorial.
Já em dezembro de 2001, Castro dizia que o Brasil era um país “onde a cultura industrial encontra-se assimilada, disseminada, dominada”. Dessa forma, a nova política industrial não era mais “para criar empresas e levantar fábricas (embora ele ainda admitisse uma exceção para a eletrônica)”. Para ele, o novo foco era o de “estimular a criatividade, apoiar inovações, socializar riscos, promover parcerias – uma política mais fina e leve”. E, quando falava de inovação, o economista tinha uma conceituação ampla, que ia desde alta tecnologia até processos produtivos, design, marketing, desenvolvimento de marca, etc.
A sua nova visão de política industrial foi, aos poucos, mesclando-se a sua interpretação da emergência da China na economia global. Tanto num caso como no outro foram diagnósticos precoces, da primeira metade da década passada ou talvez até antes.
Em 2003, ele afirmava que “a visão setorial não capta o dinamismo econômico que o Estado deve incentivar; o que importa nesta nova realidade é ter projetos, processos e produtos inovadores, voltados ao mercado externo, que pela diferenciação alcancem o ‘preço-prêmio’, e escapem da brutal competição de custos de chineses, centro-americanos e vietnamitas”.
Efeito China
Em 2007, ele falava do “efeito China” em termos mais amplos, e com percepção clara da questão, hoje intensamente discutida, do crescimento puxado pelas commodities encarecidas pela demanda chinesa: “Há a pressão competitiva sobre as economias maduras, que transferem suas unidades industriais menos sofisticadas para a China, e a aceleração do crescimento de países bem dotados de recursos naturais. Isto explica por que tantos países, incluindo África e América Latina, estão tendo desempenho tão bom. É o crescimento no vácuo da China, com sua demanda explosiva por commodities básicas”.
Nessa mesma entrevista, Castro demonstrava preocupação com a doença holandesa, definida por ele como a situação na qual “o câmbio valorizado, provocado pelo boom de exportações ligadas aos recursos naturais, reduz ou anula os retornos dos segmentos não beneficiados pelo mesmo efeito”. A sua resposta ao problema, porém, não era a da defesa e da proteção, mas sim “partir do impulso da China e ir muito além dele”.
Assim, uma das saídas era a de “dar mais complexidade às atividades voltadas aos recursos naturais, criando um sistema de desenvolvimento de tecnologias em torno da exploração daqueles produtos primários”. O problema, evidentemente, era como fazê-lo.
Em 2006, com Lei da Inovação recém-regulamentada, Castro dizia que “o Brasil está constituindo um sistema nacional de inovação, que ainda está pouco articulado, mas aponta na direção correta”. Em maio de 2009, na sua última longa entrevista ao Estado, o professor explicava de forma mais detalhada o que tinha em mente: “O Estado brasileiro está bem equipado, mas é preciso entender que a sua função não é atender a demandas de empresas, mas induzir cooperações. O Estado não deve ser um balcão. Ele está sendo muito demandado pelas empresas, mas são demandas essencialmente de defesa, de proteção, mesmo que razoáveis”.
Não que o economista tivesse renunciado totalmente à ideia de proteção. Em 2006, ele alertava que “se partirmos para importar maciçamente o mais barato, vamos desfazer as cadeias locais, e o País tem um sistema industrial que não deveria ser desmontado”.
Feita essa ressalva, porém, fica claro na entrevista de 2009 que a essência da sua estratégia não era a defesa, mas sim olhar para frente: “Cabe aos poderes públicos ajudar a encaminhar soluções não para a sustentação do passado, mas sim para o futuro, levando em conta que, na flexibilidade tecnológica atual, é absolutamente impossível explorar todas as possibilidades – a seletividade é o xis da questão.” Assim, continuava, “no médio e longo prazos, a verdadeira proteção vem do avanço”.
Governo Lula: entusiasmo e críticas
A estratégia brasileira no mundo “chinocêntrico”, como costumava dizer, variava desde a exploração de produtos econômicos, mas de qualidade, para as classes populares ascendentes até “a pletora de oportunidades com que se defrontam as nossas empresas – o etanol ou, melhor dizendo, o canavial como coletor de energia solar; a tecnologia da informação; o software brasileiro; o núcleo eletromecânico; e muitas outras”.
Aliás, no quesito classes populares, vale um parêntese. Em entrevista de 2001, com formidável poder premonitório, Castro já afirmava que “o Brasil está a meio caminho da revolução de consumo das massas; em cada arranco da economia, aflora este mercadão ávido, moderno”.
O economista ficou muito entusiasmado com a eleição de Lula, pelo que percebeu como uma mistura de responsabilidade e prudência macroeconômica com uma “face agregadora insuspeitada”. Para ele, “Lula parece se encaixar muito bem neste novo padrão, no qual o Estado é um apoiador, difusor de informações, provocador, animador e, eventualmente, socializador de riscos”.
Ao longo do governo Lula, porém, o seu espírito crítico aguçado viria a prevalecer em diversas ocasiões. Em 2005, criticou o que via como a suposição “alojada no âmago da política econômica brasileira” de que o potencial de crescimento era de apenas 3% a 3,5%. Para ele, essa perspectiva de expansão era alcançada com “retoques, racionalizações, aprendizado e pequenos investimentos por parte das empresas”, mas não as levava a investir em novas fábricas. A crítica, evidentemente, era à política monetária, que Castro via como excessivamente conservadora naquele momento.
O tempo provou que ele estava correto no que diz respeito ao potencial de crescimento, que hoje é estimado em pelo menos 4% pela maioria dos economistas.
Aliás, desde a primeira das nossas entrevistas com Castro, em 2001, ele apostava na capacidade de crescimento mais veloz da economia brasileira. Embora tenha errado no varejo ao prever em dezembro de 2001 que o País superara a fase de “stop and go”, já que ainda haveria a derradeira e pior crise provocada pelo pânico eleitoral de 2002, Castro acertou no atacado ao prever que os “voos de galinha” estavam no fim.
Desafio do pré-sal
Mas a maior divergência do economista em relação aos governos petistas se deu justamente na sua principal área de interesse, a política industrial. Castro, que via méritos na política atual de inovação e tecnologia, conduziu essa discordância da forma discreta e elegante que lhe era característica. Manteve laços diplomáticos e de respeito mútuo com Luciano Coutinho, presidente do BNDES, que se tornou o principal mentor da política industrial a partir de 2007. Castro, inclusive, foi diretor de planejamento do BNDES entre 2005 e 2007, e assessor sênior posteriormente.
Para os que o conheciam, porém, estava claro que a política industrial de financiamento maciço a grandes grupos de setores tradicionais não era o que Castro tinha em mente. Com o advento do pré-sal, um tema que, junto com a China, dominou sua reflexão nos últimos anos, essa diferenciação tornou-se mais clara.
Na entrevista de 2009, o economista não poderia ter sido mais explícito ao criticar alguns dos objetivos complementares perseguidos pelo governo no âmbito da exploração do pré-sal: “Se formos meramente fazer estaleiros, produzindo com projetos e máquinas em grande parte importados, ou refinarias, que são um negócio quase fechado, e que já sabemos fazer (…) teremos, sim, problemas de sobrevalorização cambial, (…) tributários e fiscais”. Castro, na verdade, associava estas alternativas a um ritmo mais rápido de exploração do pré-sal, ditado pela demanda externa.
A sua preferência era a de “buscar os avanços que geram mais futuro, mais conectividade, no sentido de que vão espraiar efeitos positivos”. Neste caso, “o ritmo (de exploração do pré-sal) tem de ser encontrado em função de todas as oportunidades, acertando-se o passo com o conjunto de outras transformações simultâneas da economia”.
Ele citou, como exemplo de oportunidades do pré-sal, novos materiais (aços especiais), automação, software, motores, helicópteros e projetos de engenharia. Mas, para o economista, “tudo isso tem aprendizado, toma tempo. Então uma coisa é produzir 70 bilhões de barris suavemente distribuídos ao longo de 30 anos, outra coisa é ter um pico, uma explosão aí por 2020, e depois um abrupto declínio a partir de 2025″.
O legado da originalidade
As considerações sobre o pré-sal revelam o pensamento de Castro no que ele tem de mais vigoroso e original, que é sair dos debates e dicotomias do curto prazo – que, contudo, nunca desprezou – e olhar para horizontes estratégicos muito longos. A esse largo horizonte histórico o economista, no entanto, mesclava o seu intenso interesse pelo dia a dia do chão de fábrica, alimentado por visitas constantes a indústrias e empresas em geral.
Castro era um economista que não conseguia pensar sem referências permanentes à economia real, como fica claro nas dezenas de citações, ao longo das entrevistas, a empresas como Embraer, Natura, Azaleia, Weg, Gerdau, Coteminas, Marcopolo e Aracruz, para ficar apenas em alguns nomes mais conhecidos.
Com um pensamento em permanente evolução, muitas vezes ele tinha a iniciativa de oferecer uma entrevista, quando entendia que tinha algo novo a dizer. E, por outro lado, rendia pouco quando o procurávamos para que, desprevenido, opinasse sobre um tema qualquer. Nessas ocasiões, chegava a pedir tempo para pesquisar e pensar. Como exemplo de originalidade, profundidade e capacidade de constante reavaliação das próprias ideias, Antônio Barros de Castro fará muita falta no debate econômico brasileiro.
Mas na época eu me dedicava muito mais a política do que aos estudos: estava empenhado em derrubar o governo do regime militar e logo fui embora do país, para escapar das garras da ditadura, quando tudo isso revelou-se mais difícil do que o esperado.
Enfim, isso para dizer que há muito tempo sigo a carreira e o pensamento de Antonio Barros de Castro, o economista que morreu tragicamente em sua própria casa, no domingo passado, 21/08/2011.
Sem poder escrever sobre tudo e sobre todos, permito-me transcrever esta homenagem que o jornalista Fernando Dantas fez a ele, analisando seu pensamento, no seu blog do Estadão:
Paulo Roberto de Almeida
Castro, muito além do conflito ideológico
Fernando Dantas
Blog no Estadão, 25 de agosto de 2011 | 12h33
Minha coluna de ontem na AE-News da Broadcast.
Tive o privilégio e o prazer, ao longo dos últimos dez anos, de fazer uma série de longas entrevistas para o Estado de São Paulo com Antônio Barros de Castro, professor emérito da UFRJ e ex-presidente do BNDES (1992/1993), falecido de forma inesperada no último domingo. Na grande maioria dessas ocasiões, eu estava acompanhado de Suely Caldas, colunista do Estado, ex-diretora da sucursal do Rio do Grupo Estado e grande admiradora do trabalho de Castro.
Ontem (terça-feira), ainda sob o choque da notícia, puxei nos arquivos do jornal e reli todas aquelas entrevistas. E esse panorama retrospectivo só reforçou a minha visão positiva sobre o legado intelectual do professor, e me fez notar também o seu grande poder de antevisão.
O pensamento mais recente de Castro poderia ser resumido como o de alguém que considera a estabilidade macroeconômica e o choque de abertura da economia brasileira nos anos 90 condições necessárias, mas não suficientes para o desenvolvimento do País. Nas suas palavras, em entrevista de 2005: “Políticas macroeconômicas severas, particularmente na parte fiscal, são comuns tanto na Coreia e China quanto em países que vegetam décadas na estagnação, como Portugal de Salazar. Sempre fui a favor do rigor fiscal, e contra o ‘pau na máquina’. Mas isto só não basta.”
O economista achava que um dos complementos fundamentais era uma política industrial, mas a concebia de forma muito distinta da defendida pela grande maioria dos desenvolvimentistas.
Defensor do período Geisel, de intervenção pesada e montagem de um parque industrial de insumos básicos e bens de capital, Castro considerava que esta era uma etapa encerrada da estratégia industrial brasileira. A nova política, ele costumava dizer, não era para preencher lacunas, e não deveria reeditar o antigo enfoque setorial.
Já em dezembro de 2001, Castro dizia que o Brasil era um país “onde a cultura industrial encontra-se assimilada, disseminada, dominada”. Dessa forma, a nova política industrial não era mais “para criar empresas e levantar fábricas (embora ele ainda admitisse uma exceção para a eletrônica)”. Para ele, o novo foco era o de “estimular a criatividade, apoiar inovações, socializar riscos, promover parcerias – uma política mais fina e leve”. E, quando falava de inovação, o economista tinha uma conceituação ampla, que ia desde alta tecnologia até processos produtivos, design, marketing, desenvolvimento de marca, etc.
A sua nova visão de política industrial foi, aos poucos, mesclando-se a sua interpretação da emergência da China na economia global. Tanto num caso como no outro foram diagnósticos precoces, da primeira metade da década passada ou talvez até antes.
Em 2003, ele afirmava que “a visão setorial não capta o dinamismo econômico que o Estado deve incentivar; o que importa nesta nova realidade é ter projetos, processos e produtos inovadores, voltados ao mercado externo, que pela diferenciação alcancem o ‘preço-prêmio’, e escapem da brutal competição de custos de chineses, centro-americanos e vietnamitas”.
Efeito China
Em 2007, ele falava do “efeito China” em termos mais amplos, e com percepção clara da questão, hoje intensamente discutida, do crescimento puxado pelas commodities encarecidas pela demanda chinesa: “Há a pressão competitiva sobre as economias maduras, que transferem suas unidades industriais menos sofisticadas para a China, e a aceleração do crescimento de países bem dotados de recursos naturais. Isto explica por que tantos países, incluindo África e América Latina, estão tendo desempenho tão bom. É o crescimento no vácuo da China, com sua demanda explosiva por commodities básicas”.
Nessa mesma entrevista, Castro demonstrava preocupação com a doença holandesa, definida por ele como a situação na qual “o câmbio valorizado, provocado pelo boom de exportações ligadas aos recursos naturais, reduz ou anula os retornos dos segmentos não beneficiados pelo mesmo efeito”. A sua resposta ao problema, porém, não era a da defesa e da proteção, mas sim “partir do impulso da China e ir muito além dele”.
Assim, uma das saídas era a de “dar mais complexidade às atividades voltadas aos recursos naturais, criando um sistema de desenvolvimento de tecnologias em torno da exploração daqueles produtos primários”. O problema, evidentemente, era como fazê-lo.
Em 2006, com Lei da Inovação recém-regulamentada, Castro dizia que “o Brasil está constituindo um sistema nacional de inovação, que ainda está pouco articulado, mas aponta na direção correta”. Em maio de 2009, na sua última longa entrevista ao Estado, o professor explicava de forma mais detalhada o que tinha em mente: “O Estado brasileiro está bem equipado, mas é preciso entender que a sua função não é atender a demandas de empresas, mas induzir cooperações. O Estado não deve ser um balcão. Ele está sendo muito demandado pelas empresas, mas são demandas essencialmente de defesa, de proteção, mesmo que razoáveis”.
Não que o economista tivesse renunciado totalmente à ideia de proteção. Em 2006, ele alertava que “se partirmos para importar maciçamente o mais barato, vamos desfazer as cadeias locais, e o País tem um sistema industrial que não deveria ser desmontado”.
Feita essa ressalva, porém, fica claro na entrevista de 2009 que a essência da sua estratégia não era a defesa, mas sim olhar para frente: “Cabe aos poderes públicos ajudar a encaminhar soluções não para a sustentação do passado, mas sim para o futuro, levando em conta que, na flexibilidade tecnológica atual, é absolutamente impossível explorar todas as possibilidades – a seletividade é o xis da questão.” Assim, continuava, “no médio e longo prazos, a verdadeira proteção vem do avanço”.
Governo Lula: entusiasmo e críticas
A estratégia brasileira no mundo “chinocêntrico”, como costumava dizer, variava desde a exploração de produtos econômicos, mas de qualidade, para as classes populares ascendentes até “a pletora de oportunidades com que se defrontam as nossas empresas – o etanol ou, melhor dizendo, o canavial como coletor de energia solar; a tecnologia da informação; o software brasileiro; o núcleo eletromecânico; e muitas outras”.
Aliás, no quesito classes populares, vale um parêntese. Em entrevista de 2001, com formidável poder premonitório, Castro já afirmava que “o Brasil está a meio caminho da revolução de consumo das massas; em cada arranco da economia, aflora este mercadão ávido, moderno”.
O economista ficou muito entusiasmado com a eleição de Lula, pelo que percebeu como uma mistura de responsabilidade e prudência macroeconômica com uma “face agregadora insuspeitada”. Para ele, “Lula parece se encaixar muito bem neste novo padrão, no qual o Estado é um apoiador, difusor de informações, provocador, animador e, eventualmente, socializador de riscos”.
Ao longo do governo Lula, porém, o seu espírito crítico aguçado viria a prevalecer em diversas ocasiões. Em 2005, criticou o que via como a suposição “alojada no âmago da política econômica brasileira” de que o potencial de crescimento era de apenas 3% a 3,5%. Para ele, essa perspectiva de expansão era alcançada com “retoques, racionalizações, aprendizado e pequenos investimentos por parte das empresas”, mas não as levava a investir em novas fábricas. A crítica, evidentemente, era à política monetária, que Castro via como excessivamente conservadora naquele momento.
O tempo provou que ele estava correto no que diz respeito ao potencial de crescimento, que hoje é estimado em pelo menos 4% pela maioria dos economistas.
Aliás, desde a primeira das nossas entrevistas com Castro, em 2001, ele apostava na capacidade de crescimento mais veloz da economia brasileira. Embora tenha errado no varejo ao prever em dezembro de 2001 que o País superara a fase de “stop and go”, já que ainda haveria a derradeira e pior crise provocada pelo pânico eleitoral de 2002, Castro acertou no atacado ao prever que os “voos de galinha” estavam no fim.
Desafio do pré-sal
Mas a maior divergência do economista em relação aos governos petistas se deu justamente na sua principal área de interesse, a política industrial. Castro, que via méritos na política atual de inovação e tecnologia, conduziu essa discordância da forma discreta e elegante que lhe era característica. Manteve laços diplomáticos e de respeito mútuo com Luciano Coutinho, presidente do BNDES, que se tornou o principal mentor da política industrial a partir de 2007. Castro, inclusive, foi diretor de planejamento do BNDES entre 2005 e 2007, e assessor sênior posteriormente.
Para os que o conheciam, porém, estava claro que a política industrial de financiamento maciço a grandes grupos de setores tradicionais não era o que Castro tinha em mente. Com o advento do pré-sal, um tema que, junto com a China, dominou sua reflexão nos últimos anos, essa diferenciação tornou-se mais clara.
Na entrevista de 2009, o economista não poderia ter sido mais explícito ao criticar alguns dos objetivos complementares perseguidos pelo governo no âmbito da exploração do pré-sal: “Se formos meramente fazer estaleiros, produzindo com projetos e máquinas em grande parte importados, ou refinarias, que são um negócio quase fechado, e que já sabemos fazer (…) teremos, sim, problemas de sobrevalorização cambial, (…) tributários e fiscais”. Castro, na verdade, associava estas alternativas a um ritmo mais rápido de exploração do pré-sal, ditado pela demanda externa.
A sua preferência era a de “buscar os avanços que geram mais futuro, mais conectividade, no sentido de que vão espraiar efeitos positivos”. Neste caso, “o ritmo (de exploração do pré-sal) tem de ser encontrado em função de todas as oportunidades, acertando-se o passo com o conjunto de outras transformações simultâneas da economia”.
Ele citou, como exemplo de oportunidades do pré-sal, novos materiais (aços especiais), automação, software, motores, helicópteros e projetos de engenharia. Mas, para o economista, “tudo isso tem aprendizado, toma tempo. Então uma coisa é produzir 70 bilhões de barris suavemente distribuídos ao longo de 30 anos, outra coisa é ter um pico, uma explosão aí por 2020, e depois um abrupto declínio a partir de 2025″.
O legado da originalidade
As considerações sobre o pré-sal revelam o pensamento de Castro no que ele tem de mais vigoroso e original, que é sair dos debates e dicotomias do curto prazo – que, contudo, nunca desprezou – e olhar para horizontes estratégicos muito longos. A esse largo horizonte histórico o economista, no entanto, mesclava o seu intenso interesse pelo dia a dia do chão de fábrica, alimentado por visitas constantes a indústrias e empresas em geral.
Castro era um economista que não conseguia pensar sem referências permanentes à economia real, como fica claro nas dezenas de citações, ao longo das entrevistas, a empresas como Embraer, Natura, Azaleia, Weg, Gerdau, Coteminas, Marcopolo e Aracruz, para ficar apenas em alguns nomes mais conhecidos.
Com um pensamento em permanente evolução, muitas vezes ele tinha a iniciativa de oferecer uma entrevista, quando entendia que tinha algo novo a dizer. E, por outro lado, rendia pouco quando o procurávamos para que, desprevenido, opinasse sobre um tema qualquer. Nessas ocasiões, chegava a pedir tempo para pesquisar e pensar. Como exemplo de originalidade, profundidade e capacidade de constante reavaliação das próprias ideias, Antônio Barros de Castro fará muita falta no debate econômico brasileiro.
Conspiradores, acalmai-vos, voces tem razao: conspiracoes existem...
Teorias de Conspiração são Naturais
Douglas T. Kenrick
Psychology Today, 16 de agosto de 2011
(tradução cortesia de André Rabelo)
Que tipo de pessoa teria tão pouca confiança em seus companheiros para acreditar que o presidente dos E.U.A e a CIA conspiraram para forjar a morte de Osama Bin Laden, ou que a imprensa é rigidamente controlada por um grupo poderoso de extremistas ricos? Se você examinar a literatura em psicologia sobre a crença em teorias da conspiração, ou leu comentários políticos sobre o tópico, vai ouvir falar muito sobre paranóia, alienação eanomia. Você vai aprender que pessoas que acreditam em uma teoria da conspiração bizarra também são propensas a acreditar em outras (está tudo conectado com os illuminatie os assassinatos dos Kennedy, afinal de contas). Você descobrirá que crenças em conspirações têm sido relacionadas com ser pobre, ser membro de uma minoria oprimida, ter a sensação generalizada de que a vida é controlada por fatores externos e outras circunstâncias lamentáveis.
Mas existe outra perspectiva que decorre do pensamento sobre a história evolutiva de nossa espécie: o cérebro humano foi moldado para teorias da conspiração. Nesta perspectiva, somos todos teóricos da conspiração – você, eu e sua tia Ginger de Iowa.
Vamos desconsiderar os detalhes da teoria de conspiração excêntrica du jour, e considerar isso: Algumas alegadas conspirações se mostraram posteriormente bem reais – a Al Qaeda, a CIA, a KGB e a Máfia envolveram pessoas reais se juntando para planejar ações reais e nefastas. Só porque você é paranóico não significa que eles não estejam atrás de você. Teóricos evolucionistas como Robert Trivers e Bill von Hippel observaram: um aspecto ruim da comunicação é que ela abre as portas para o engano (Isso é uma deliciosa minhoca ou uma armadilha de pescador para peixes? O pássaro está realmente machucado ou fingindo?). Seres humanos são comunicadores especialmente talentosos e ótimos enganadores também. Pesquisadores que estudam a psicologia da mentira descobriram não apenas que a pessoa comum mente sobre alguma coisa todos os dias, mas também que não nos saímos muito melhor que o mero acaso ao distinguir uma afirmação verdadeira de uma mentira deliberada.
Nossos ancestrais tinham que se preocupar com conspirações de membros de seu próprio grupo, bem como conspirações de membros de outros grupos (que tinham ainda menos o que perder e mais a ganhar ao prejudicá-los). Psicólogos evolucionistas como Pascal Boyere Ara Norenzayan têm notado que o cérebro humano possui mecanismos poderosos para buscar causas complexas e escondidas. A popularidade de Sherlock Holmes, James Bond e Harry Potter se deve em grande parte aos talentos de seus autores para exercitar estes mecanismos causais em seus leitores.
E como os psicólogos evolucionistas Randy Nesse e Martie Haselton têm argumentado, a mente é moldada como um detector de fumaça, pronta para acionar o alerta vermelho a qualquer possível sinal de ameaça no ambiente (ao invés de esperar até que a evidência seja tão esmagadora que seja muito tarde para apagar o fogo). Uma vez que tenhamos aceitado uma crença, possuímos uma série de mecanismos cognitivos projetados para nos enviesar contra a rejeição desta crença. Um dos meus estudos favoritos dessa natureza foi realizado pelos psicólogos de Stanford Charlie Lord, Lee Ross e Mark Lepper.
Eles apresentaram aos seus brilhantes alunos um cuidadoso balanço de evidências científicas a favor e contra os benefícios da pena de morte. Depois de ouvir as evidências balanceadas, os estudantes que favoreceram inicialmente a pena de morte estavam ainda mais convencidos de que estavam certos, enquanto os que eram contra se tornaram ainda mais convencidos na direção oposta. O que aconteceu foi que os estudantes se lembraram seletivamente das fraquezas no argumento do outro lado e dos pontos fortes das evidências favorecendo o seu próprio lado. Parece familiar? (e lembre-se, estes eram estudantes de Stanford, não membros de um grupo extremista entrincheirado ao redor de Two Dot, Montana).
E quanto à pesquisa que mostra que os indivíduos pertencentes a grupos oprimidos são mais propensos a crenças conspiratórias do que aqueles de nós lendo o New York Times em algum subúrbio de classe média-alta? Esses dados assinalam para outro aspecto da nossa psicologia evoluída – nossos cérebros amplificam o volume dos nossos sistemas de perigo quando estamos sob ameaça. Pesquisas de nossos laboratórios têm demonstrado que pessoas que estejam tenham despertado seu sentido de auto-proteção (depois de assistir um filme assustador) estão mais propensas a projetar raiva nas faces de homens desconhecidos de outros grupos, e as pesquisas de Mark Schaller e seus colaboradores demonstraram que estar em um quarto escuro amplifica tipos específicos de estereótipos (aqueles envolvendo a periculosidade de americanos árabes ou africanos). Na mesmo medida em que a vida envolve ameaças e perigos diários, é provável que estejamos atentos a sinais de perigo à espreita.
Ao afirmar que o cérebro humano é moldado para estar alerta a conspirações e que sempre houveram conspirações reais pelo mundo afora, estaria eu querendo dizer que não há nada que possamos fazer para evitar acreditar na próxima história que escutarmos sobre a conspiração envolvendo Obama, a AMA e a Igreja Católica Romana? Não. Charlie Lord e seus colaboradores demonstraram que estudantes de Stanford poderiam ser um pouco mais objetivos se perguntassem primeiro para si mesmos a simples questão: "Como eu me sentiria se essa mesma evidência corroborasse a conclusão exatamente oposta?".
O sociólogo de Rutgers Ted Goertzel tem estudado crenças em teorias conspiratórias por duas décadas, e ele tem alguns conselhos adicionais para aqueles que desejam "distinguir entre os excêntricos engraçados, os honestamente equivocados, os litigantes avarentos e os céticos sérios, questionando um consenso prematuro". Primeiro, procure pela "cascata lógica" – um raciocínio que exige que crentes incluam mais e mais pessoas na conspiração sempre que alguém relate evidências contra suas afirmações (arrá, eles fazem parte dela também!). Segundo, seja cético quanto a afirmações que exigem quantidades irreais de poder e controle por parte dos conspiradores.
Goertzel dá o exemplo da suposta conspiração para forjar o pouso na Lua, que teria demandado cumplicidade completa de milhares de cientistas e técnicos trabalhando no projeto, assim como toda a mídia cobrindo os eventos e até mesmo os cientistas em outros países (incluindo a Rússia) que acompanharam os eventos.
Mas é claro, é possível que a CIA tenha financiado este artigo e eu esteja dizendo tudo isso para despistá-lo.
- – -
Douglas T. Kenrick é o autor de Sex, Murder, and the Meaning of Life: A psychologist investigates how evolution, cognition, and complexity are revolutionizing our view of human nature. O livro foi recentemente escolhido como uma seleção mensal pela Scientific American Book Club. Ele afirma não ter qualquer conexões com a illuminati.
Referências
Abalakina-Paap, M., Stephan, W. G., Craig,T., & Gregory, W. L. (1999). Beliefs inconspiracies. Political Psychology, 20,637–647.
Atran , S. , & Norenzayan , A. ( 2004 ). Religion’s evolutionary landscape: Counterintuition, commitment, compassion, communion . Behavioral and Brain Sciences, 27 , 713 –770.
Boyer, P. (2003). Religious thought and behavior as by-products of brain function. Trends in Cognitive Science, 7, 119-124.
Nesse, R. M. (2005). Evolutionary psychology and mental health. In D. Buss (Ed.), Handbook of evolutionary psychology (pp. 903–930). Hoboken, NJ: Wiley.
Haselton, M. G., & Nettle D. (2006). The paranoid optimist: An integrative evolutionary model of cognitive biases. Personality and social psychology Review, 10, 47–66.
Lord, C. G., Lepper, M. R., & Preston, E. (1984). Considering the opposite: A corrective strategy for social judgment. Journal of Personality and Social Psychology, 47, 1231–1243.
Lord, C. G., Ross, L., & Lepper, M. R. (1979). Biased assimilation and attitude polarization. Journal of Personality and Social Psychology, 37, 2098–2109.
Schaller, M., Park, J. H., & Mueller, A. (2003). Fear of the dark: Interactive effects of beliefs about danger and ambient darkness on ethnic stereotypes. Personality & Social Psychology Bulletin, 29, 637–649.
Goertzel, T. (2010). Conspiracy theories in science. EMBO reports, 11, 493-499.
von Hippel, W. & Trivers, R. (2011). The evolution and psychology of self- deception. Behavioral and Brain Sciences, 34, 1-16.
Douglas T. Kenrick
Psychology Today, 16 de agosto de 2011
(tradução cortesia de André Rabelo)
Que tipo de pessoa teria tão pouca confiança em seus companheiros para acreditar que o presidente dos E.U.A e a CIA conspiraram para forjar a morte de Osama Bin Laden, ou que a imprensa é rigidamente controlada por um grupo poderoso de extremistas ricos? Se você examinar a literatura em psicologia sobre a crença em teorias da conspiração, ou leu comentários políticos sobre o tópico, vai ouvir falar muito sobre paranóia, alienação eanomia. Você vai aprender que pessoas que acreditam em uma teoria da conspiração bizarra também são propensas a acreditar em outras (está tudo conectado com os illuminatie os assassinatos dos Kennedy, afinal de contas). Você descobrirá que crenças em conspirações têm sido relacionadas com ser pobre, ser membro de uma minoria oprimida, ter a sensação generalizada de que a vida é controlada por fatores externos e outras circunstâncias lamentáveis.
Mas existe outra perspectiva que decorre do pensamento sobre a história evolutiva de nossa espécie: o cérebro humano foi moldado para teorias da conspiração. Nesta perspectiva, somos todos teóricos da conspiração – você, eu e sua tia Ginger de Iowa.
Vamos desconsiderar os detalhes da teoria de conspiração excêntrica du jour, e considerar isso: Algumas alegadas conspirações se mostraram posteriormente bem reais – a Al Qaeda, a CIA, a KGB e a Máfia envolveram pessoas reais se juntando para planejar ações reais e nefastas. Só porque você é paranóico não significa que eles não estejam atrás de você. Teóricos evolucionistas como Robert Trivers e Bill von Hippel observaram: um aspecto ruim da comunicação é que ela abre as portas para o engano (Isso é uma deliciosa minhoca ou uma armadilha de pescador para peixes? O pássaro está realmente machucado ou fingindo?). Seres humanos são comunicadores especialmente talentosos e ótimos enganadores também. Pesquisadores que estudam a psicologia da mentira descobriram não apenas que a pessoa comum mente sobre alguma coisa todos os dias, mas também que não nos saímos muito melhor que o mero acaso ao distinguir uma afirmação verdadeira de uma mentira deliberada.
Nossos ancestrais tinham que se preocupar com conspirações de membros de seu próprio grupo, bem como conspirações de membros de outros grupos (que tinham ainda menos o que perder e mais a ganhar ao prejudicá-los). Psicólogos evolucionistas como Pascal Boyere Ara Norenzayan têm notado que o cérebro humano possui mecanismos poderosos para buscar causas complexas e escondidas. A popularidade de Sherlock Holmes, James Bond e Harry Potter se deve em grande parte aos talentos de seus autores para exercitar estes mecanismos causais em seus leitores.
E como os psicólogos evolucionistas Randy Nesse e Martie Haselton têm argumentado, a mente é moldada como um detector de fumaça, pronta para acionar o alerta vermelho a qualquer possível sinal de ameaça no ambiente (ao invés de esperar até que a evidência seja tão esmagadora que seja muito tarde para apagar o fogo). Uma vez que tenhamos aceitado uma crença, possuímos uma série de mecanismos cognitivos projetados para nos enviesar contra a rejeição desta crença. Um dos meus estudos favoritos dessa natureza foi realizado pelos psicólogos de Stanford Charlie Lord, Lee Ross e Mark Lepper.
Eles apresentaram aos seus brilhantes alunos um cuidadoso balanço de evidências científicas a favor e contra os benefícios da pena de morte. Depois de ouvir as evidências balanceadas, os estudantes que favoreceram inicialmente a pena de morte estavam ainda mais convencidos de que estavam certos, enquanto os que eram contra se tornaram ainda mais convencidos na direção oposta. O que aconteceu foi que os estudantes se lembraram seletivamente das fraquezas no argumento do outro lado e dos pontos fortes das evidências favorecendo o seu próprio lado. Parece familiar? (e lembre-se, estes eram estudantes de Stanford, não membros de um grupo extremista entrincheirado ao redor de Two Dot, Montana).
E quanto à pesquisa que mostra que os indivíduos pertencentes a grupos oprimidos são mais propensos a crenças conspiratórias do que aqueles de nós lendo o New York Times em algum subúrbio de classe média-alta? Esses dados assinalam para outro aspecto da nossa psicologia evoluída – nossos cérebros amplificam o volume dos nossos sistemas de perigo quando estamos sob ameaça. Pesquisas de nossos laboratórios têm demonstrado que pessoas que estejam tenham despertado seu sentido de auto-proteção (depois de assistir um filme assustador) estão mais propensas a projetar raiva nas faces de homens desconhecidos de outros grupos, e as pesquisas de Mark Schaller e seus colaboradores demonstraram que estar em um quarto escuro amplifica tipos específicos de estereótipos (aqueles envolvendo a periculosidade de americanos árabes ou africanos). Na mesmo medida em que a vida envolve ameaças e perigos diários, é provável que estejamos atentos a sinais de perigo à espreita.
Ao afirmar que o cérebro humano é moldado para estar alerta a conspirações e que sempre houveram conspirações reais pelo mundo afora, estaria eu querendo dizer que não há nada que possamos fazer para evitar acreditar na próxima história que escutarmos sobre a conspiração envolvendo Obama, a AMA e a Igreja Católica Romana? Não. Charlie Lord e seus colaboradores demonstraram que estudantes de Stanford poderiam ser um pouco mais objetivos se perguntassem primeiro para si mesmos a simples questão: "Como eu me sentiria se essa mesma evidência corroborasse a conclusão exatamente oposta?".
O sociólogo de Rutgers Ted Goertzel tem estudado crenças em teorias conspiratórias por duas décadas, e ele tem alguns conselhos adicionais para aqueles que desejam "distinguir entre os excêntricos engraçados, os honestamente equivocados, os litigantes avarentos e os céticos sérios, questionando um consenso prematuro". Primeiro, procure pela "cascata lógica" – um raciocínio que exige que crentes incluam mais e mais pessoas na conspiração sempre que alguém relate evidências contra suas afirmações (arrá, eles fazem parte dela também!). Segundo, seja cético quanto a afirmações que exigem quantidades irreais de poder e controle por parte dos conspiradores.
Goertzel dá o exemplo da suposta conspiração para forjar o pouso na Lua, que teria demandado cumplicidade completa de milhares de cientistas e técnicos trabalhando no projeto, assim como toda a mídia cobrindo os eventos e até mesmo os cientistas em outros países (incluindo a Rússia) que acompanharam os eventos.
Mas é claro, é possível que a CIA tenha financiado este artigo e eu esteja dizendo tudo isso para despistá-lo.
- – -
Douglas T. Kenrick é o autor de Sex, Murder, and the Meaning of Life: A psychologist investigates how evolution, cognition, and complexity are revolutionizing our view of human nature. O livro foi recentemente escolhido como uma seleção mensal pela Scientific American Book Club. Ele afirma não ter qualquer conexões com a illuminati.
Referências
Abalakina-Paap, M., Stephan, W. G., Craig,T., & Gregory, W. L. (1999). Beliefs inconspiracies. Political Psychology, 20,637–647.
Atran , S. , & Norenzayan , A. ( 2004 ). Religion’s evolutionary landscape: Counterintuition, commitment, compassion, communion . Behavioral and Brain Sciences, 27 , 713 –770.
Boyer, P. (2003). Religious thought and behavior as by-products of brain function. Trends in Cognitive Science, 7, 119-124.
Nesse, R. M. (2005). Evolutionary psychology and mental health. In D. Buss (Ed.), Handbook of evolutionary psychology (pp. 903–930). Hoboken, NJ: Wiley.
Haselton, M. G., & Nettle D. (2006). The paranoid optimist: An integrative evolutionary model of cognitive biases. Personality and social psychology Review, 10, 47–66.
Lord, C. G., Lepper, M. R., & Preston, E. (1984). Considering the opposite: A corrective strategy for social judgment. Journal of Personality and Social Psychology, 47, 1231–1243.
Lord, C. G., Ross, L., & Lepper, M. R. (1979). Biased assimilation and attitude polarization. Journal of Personality and Social Psychology, 37, 2098–2109.
Schaller, M., Park, J. H., & Mueller, A. (2003). Fear of the dark: Interactive effects of beliefs about danger and ambient darkness on ethnic stereotypes. Personality & Social Psychology Bulletin, 29, 637–649.
Goertzel, T. (2010). Conspiracy theories in science. EMBO reports, 11, 493-499.
von Hippel, W. & Trivers, R. (2011). The evolution and psychology of self- deception. Behavioral and Brain Sciences, 34, 1-16.
Stephen Jay Gould on “The Bell Curve”
Stephen Jay Gould on “The Bell Curve”
Abagond, Sat 10 Jul 2010
Disclaimer: I have not read “The Bell Curve” for myself. The following is based instead on Stephen Jay Gould’s take on it. As a professor of biology at Harvard he knows the science way better than I do – like some of the important stuff “The Bell Curve” left out. He wrote about it in the 1996 edition of “The Mismeasure of Man”.
“The Bell Curve” (1994) by Richard J Herrnstein and Charles Murray is suppose to give the science proving that blacks in America have less intelligence in general than whites – and always will because intelligence, as measured by IQ, is mostly inborn or genetic. Further, they say this lack of intelligence is why things like crime, unemployment and illegitimacy are so high among blacks – and why throwing tax money at them will make little difference. In short: warmed-over social Darwinism.
As it turns out, even if you go by their numbers, IQ is weakly correlated with illegitimacy and so on – the numbers match up badly. So badly, in fact, that when they draw the lines on their graphs to show the relationships, they leave out the dots, the scatter of data points the lines are based on!
Further, correlation is not cause. After all, there is a much stronger correlation between your age and the national debt and yet neither causes the other.
And even Herrnstein and Murray admit that IQ is only 60% genetic. So only somewhat over half of these weak correlations-which-are-not-even-causes have anything to do with the inborn intelligence of black people.
And it gets worse:
All this is based on only one set of data with the numbers worked a certain way. But there are other sets of numbers, which they overlook – but would not if they had a strong case. And there are other ways to work the numbers. In fact, you can even show that it is impossible to measure intelligence by a single number!
That is no small point: Their argument depends on expressing intelligence as a single number. Not all scientists agree you can. The authors admit as much but do not make it plain why anyone would say that, a point which would cast their whole book into doubt – and make it clear that there are other ways to read the numbers. By leaving this out you do not see how weak their case is.
Their argument also depends on assuming that IQ is largely genetic therefore unchangeable. Not true.
Just because something is genetic does not mean it is set in stone. Height seems to be even more genetic than intelligence yet it is heavily affected by what you eat growing up – as people from India who bring up their children in America discover.
The same with IQ: in some countries it has gone up more in the past 50 years than the difference between blacks and whites in America. There is even a name for it: the Flynn Effect.
Abagond, Sat 10 Jul 2010
Disclaimer: I have not read “The Bell Curve” for myself. The following is based instead on Stephen Jay Gould’s take on it. As a professor of biology at Harvard he knows the science way better than I do – like some of the important stuff “The Bell Curve” left out. He wrote about it in the 1996 edition of “The Mismeasure of Man”.
“The Bell Curve” (1994) by Richard J Herrnstein and Charles Murray is suppose to give the science proving that blacks in America have less intelligence in general than whites – and always will because intelligence, as measured by IQ, is mostly inborn or genetic. Further, they say this lack of intelligence is why things like crime, unemployment and illegitimacy are so high among blacks – and why throwing tax money at them will make little difference. In short: warmed-over social Darwinism.
As it turns out, even if you go by their numbers, IQ is weakly correlated with illegitimacy and so on – the numbers match up badly. So badly, in fact, that when they draw the lines on their graphs to show the relationships, they leave out the dots, the scatter of data points the lines are based on!
Further, correlation is not cause. After all, there is a much stronger correlation between your age and the national debt and yet neither causes the other.
And even Herrnstein and Murray admit that IQ is only 60% genetic. So only somewhat over half of these weak correlations-which-are-not-even-causes have anything to do with the inborn intelligence of black people.
And it gets worse:
All this is based on only one set of data with the numbers worked a certain way. But there are other sets of numbers, which they overlook – but would not if they had a strong case. And there are other ways to work the numbers. In fact, you can even show that it is impossible to measure intelligence by a single number!
That is no small point: Their argument depends on expressing intelligence as a single number. Not all scientists agree you can. The authors admit as much but do not make it plain why anyone would say that, a point which would cast their whole book into doubt – and make it clear that there are other ways to read the numbers. By leaving this out you do not see how weak their case is.
Their argument also depends on assuming that IQ is largely genetic therefore unchangeable. Not true.
Just because something is genetic does not mean it is set in stone. Height seems to be even more genetic than intelligence yet it is heavily affected by what you eat growing up – as people from India who bring up their children in America discover.
The same with IQ: in some countries it has gone up more in the past 50 years than the difference between blacks and whites in America. There is even a name for it: the Flynn Effect.
Thomas Sowell on “The Bell Curve” - Abagond
Thomas Sowell on “The Bell Curve”
Abagond, Fri 3 Dec 2010
Thomas Sowell, an economist, scholar and black right-wing thinker, says that Herrnstein and Murray’s “The Bell Curve” (1994) was an honest, fair-minded and well-written book, one that was far more level-headed than many who disagreed with it. It is certainly nowhere near as extreme as many made it seem. It has its faults, but it raises important questions and needs to be taken seriously.
The part that got everyone upset, of course, was the part on IQ and race, even though it is a small part of the book. Black thinkers and “leaders” (those are Sowell’s air quotes) made two mistakes in how they reacted to the book:
Straw man arguments: They painted the book’s position as being more extreme than it was. The book never says that the difference between black and white IQs is necessarily genetic or that genetics determines intelligence. It leans in that direction, certainly, but the science is not clear-cut enough to go that far.
Name-calling and mud-slinging: By reacting more with anger than with substance, they made it seem like the substance lay mainly with Herrnstein and Murray.
Blacks mainly argued that IQ tests are too cultural – they are written by middle-class whites, so they do not work well on blacks.
Sowell disagrees:
Blacks do best on the more cultural parts, the very parts that do in fact assume middle-class vocabulary and experience, and worse on the parts that do not, like those that test reasoning.
Any functioning IQ test should give blacks a lower score. Because blacks generally do worse at school than whites. The tests should catch this and they do. As it turns out, the tests work all too well.
A “culture-free” test would be useless because no one lives in a “culture-free” world. IQ tests, to work properly, have to be written by the mainstream culture.
But “The Bell Curve” has holes of its own:
Correlation is not cause. There are plenty of correlations between IQ and interesting things like future success in school, future income, divorce, infant mortality, crime, etc. But none of it proves cause. Nor are some of these correlations particularly strong.
The Flynn Effect: IQs have risen by 10 to 15 points in many countries in the space of 30 years. For some, like Jewish Americans, it has risen even faster. Genetics cannot account for this. The book brings up the issue, but avoids drawing the common sense conclusions.
Herrnstein and Murray fear that overall IQ will drop because low-IQ women tend to have more children. That makes sense but it is dead wrong: the Flynn Effect more than cancels it out.
There are way more black women with IQs over 120 than black men. That cannot be genetic either. Among whites there is no difference. The book does not even touch this one.
Sowell says the book should not be accepted unquestioningly, but then neither should it be dismissed out of hand.
Abagond, Fri 3 Dec 2010
Thomas Sowell, an economist, scholar and black right-wing thinker, says that Herrnstein and Murray’s “The Bell Curve” (1994) was an honest, fair-minded and well-written book, one that was far more level-headed than many who disagreed with it. It is certainly nowhere near as extreme as many made it seem. It has its faults, but it raises important questions and needs to be taken seriously.
The part that got everyone upset, of course, was the part on IQ and race, even though it is a small part of the book. Black thinkers and “leaders” (those are Sowell’s air quotes) made two mistakes in how they reacted to the book:
Straw man arguments: They painted the book’s position as being more extreme than it was. The book never says that the difference between black and white IQs is necessarily genetic or that genetics determines intelligence. It leans in that direction, certainly, but the science is not clear-cut enough to go that far.
Name-calling and mud-slinging: By reacting more with anger than with substance, they made it seem like the substance lay mainly with Herrnstein and Murray.
Blacks mainly argued that IQ tests are too cultural – they are written by middle-class whites, so they do not work well on blacks.
Sowell disagrees:
Blacks do best on the more cultural parts, the very parts that do in fact assume middle-class vocabulary and experience, and worse on the parts that do not, like those that test reasoning.
Any functioning IQ test should give blacks a lower score. Because blacks generally do worse at school than whites. The tests should catch this and they do. As it turns out, the tests work all too well.
A “culture-free” test would be useless because no one lives in a “culture-free” world. IQ tests, to work properly, have to be written by the mainstream culture.
But “The Bell Curve” has holes of its own:
Correlation is not cause. There are plenty of correlations between IQ and interesting things like future success in school, future income, divorce, infant mortality, crime, etc. But none of it proves cause. Nor are some of these correlations particularly strong.
The Flynn Effect: IQs have risen by 10 to 15 points in many countries in the space of 30 years. For some, like Jewish Americans, it has risen even faster. Genetics cannot account for this. The book brings up the issue, but avoids drawing the common sense conclusions.
Herrnstein and Murray fear that overall IQ will drop because low-IQ women tend to have more children. That makes sense but it is dead wrong: the Flynn Effect more than cancels it out.
There are way more black women with IQs over 120 than black men. That cannot be genetic either. Among whites there is no difference. The book does not even touch this one.
Sowell says the book should not be accepted unquestioningly, but then neither should it be dismissed out of hand.
The Bell Curve as Wrong Science - Cavalli-Sforza
Cavalli-Sforza on “The Bell Curve”
bagond, Mon 7 Mar 2011
Luigi Luca Cavalli-Sforza, a Stanford geneticist, said in 1995 that “The Bell Curve” (1994) by Charles Murray and Harvard psychologist Richard J Herrnstein is wrong on the science.
Murray and Herrnstein said that IQ is about 60% genetic. That was the best value as of 1976. Since then several important papers, particularly Rice, Cloninger and Reich (1980), have come out showing that the true number is about 33%.
Cavalli-Sforza says that the best known way to to tell how much genes affect something like IQ is to do adoption studies and then run the numbers throughpath analysis. At first that did give a number close to 60%, but since 1980 it has been repeatedly turning out numbers close to 33%.
Cavalli-Sforza:
It is somewhat disconcerting that all these papers are totally ignored in “The Bell Curve”…. Researchers who might be called “IQ hereditarians” are in general reporting high heritabilities for IQ without any information on how these calculations have been obtained, or why the other papers here cited have been ignored. It is unlikely that they were not seen or read; they are published in well-known scientific journals.
But even if we assume that IQ is 60% genetic between parent and child,that still does not mean the difference between blacks and whites is mainly genetic.
Height, for example, seems to be much more genetic than IQ and yet people in Europe are much taller now than 200 years ago. Since there has been almost no change in the genes of Europeans in that time, the difference is pretty much 0% genetic. Despite height being highly genetic.
Murray and Herrnstein know this and admit this, yet they still say it is “likely” the difference in IQs between blacks and whites is mostly genetic.
Which is pretty strange when they themselves admit that SAT scores between blacks and whites have narrowed by 30% in the past 19 years. At that rate there will be almost no difference in 70 years. It is not as if they think the SAT is not a good rough measure of intelligence.
Cavalli-Sforza thinks almost none of the difference is genetic: both the American adoption study by Sandra Scarr and Barbara Tizard’s study of British orphans showed that when blacks and whites are brought up under the same circumstances the difference pretty much disappears.
He further points out that:
the charts are misleading,
correlation is not cause and that
the g factor is likely a statistical artefact.
He thinks IQ tests measure a small and rather uninteresting part of intelligence and that it is impossible to make one that is reasonably culture-free.
He also says that Murray and Herrnstein are racists. He is the first white author I have read who says that flat out. He says racism is:
the persuasion that some races are definitely better than others in some socially important ways, and that the difference is of genetic origin.
Murray and Herrnstein certainly think IQ is socially important, that whites have more of it and that it is mostly genetic. Therefore they are racists. Even though they talk as if racism has pretty much disappeared.
See also:
Cavalli-Sforza on race and racism
Anti-black racism as a guide to science
HBD
The Bell Curve
Thomas Sowell on “The Bell Curve”
Howard Gardner on “The Bell Curve”
Orlando Patterson on “The Bell Curve”
Stephen Jay Gould on “The Bell Curve”
bagond, Mon 7 Mar 2011
Luigi Luca Cavalli-Sforza, a Stanford geneticist, said in 1995 that “The Bell Curve” (1994) by Charles Murray and Harvard psychologist Richard J Herrnstein is wrong on the science.
Murray and Herrnstein said that IQ is about 60% genetic. That was the best value as of 1976. Since then several important papers, particularly Rice, Cloninger and Reich (1980), have come out showing that the true number is about 33%.
Cavalli-Sforza says that the best known way to to tell how much genes affect something like IQ is to do adoption studies and then run the numbers throughpath analysis. At first that did give a number close to 60%, but since 1980 it has been repeatedly turning out numbers close to 33%.
Cavalli-Sforza:
It is somewhat disconcerting that all these papers are totally ignored in “The Bell Curve”…. Researchers who might be called “IQ hereditarians” are in general reporting high heritabilities for IQ without any information on how these calculations have been obtained, or why the other papers here cited have been ignored. It is unlikely that they were not seen or read; they are published in well-known scientific journals.
But even if we assume that IQ is 60% genetic between parent and child,that still does not mean the difference between blacks and whites is mainly genetic.
Height, for example, seems to be much more genetic than IQ and yet people in Europe are much taller now than 200 years ago. Since there has been almost no change in the genes of Europeans in that time, the difference is pretty much 0% genetic. Despite height being highly genetic.
Murray and Herrnstein know this and admit this, yet they still say it is “likely” the difference in IQs between blacks and whites is mostly genetic.
Which is pretty strange when they themselves admit that SAT scores between blacks and whites have narrowed by 30% in the past 19 years. At that rate there will be almost no difference in 70 years. It is not as if they think the SAT is not a good rough measure of intelligence.
Cavalli-Sforza thinks almost none of the difference is genetic: both the American adoption study by Sandra Scarr and Barbara Tizard’s study of British orphans showed that when blacks and whites are brought up under the same circumstances the difference pretty much disappears.
He further points out that:
the charts are misleading,
correlation is not cause and that
the g factor is likely a statistical artefact.
He thinks IQ tests measure a small and rather uninteresting part of intelligence and that it is impossible to make one that is reasonably culture-free.
He also says that Murray and Herrnstein are racists. He is the first white author I have read who says that flat out. He says racism is:
the persuasion that some races are definitely better than others in some socially important ways, and that the difference is of genetic origin.
Murray and Herrnstein certainly think IQ is socially important, that whites have more of it and that it is mostly genetic. Therefore they are racists. Even though they talk as if racism has pretty much disappeared.
See also:
Cavalli-Sforza on race and racism
Anti-black racism as a guide to science
HBD
The Bell Curve
Thomas Sowell on “The Bell Curve”
Howard Gardner on “The Bell Curve”
Orlando Patterson on “The Bell Curve”
Stephen Jay Gould on “The Bell Curve”
Novo atentado a democracia: a roubalheira do PT - Eduardo Graeff
Apenas informação, o que não é proibido, ao que parece:
Um livro eletrônico: “A Corrupção de Sarney a Lula”
Reinaldo Azevedo, 26/08/2011
Está disponível em três formatos na Internet o livro eletrônico “A Corrupção de Sarney a Lula”, escrito por Eduardo Graeff. Ele é, sim, ligado ao PSDB, mas sua filiação partidária não o impede de pensar. Abaixo, reproduzo um trecho do livro e publico os endereços em que pode ser lido na íntegra.
(…)
O modo de operar [dos petistas] continua o mesmo. O que mudou com a conquista da Presidência da República foi a escala de operação. Antes o PT poderia ter acesso indireto e eventual a recursos federais por meio dos fundos de pensão em cuja diretoria tinham assento sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores. A partir de 2003, os operadores do partido ganharam acesso direto e permanente ao orçamento da União e, principalmente, aos cofres dos bancos e empresas estatais, com as imensas oportunidades de manipulação política e enriquecimento pessoal daí decorrentes.
Para muitos desses operadores, poder e dinheiro parecem ter se tornado objetivos suficientes por si mesmo. Socialismo? Virou um rótulo esmaecido, que não assusta mais os amigos e clientes empresários nem banqueiros. Em vez disso, os quadros do PT que ainda sentem falta de uma causa mais nobre apresentam-se eventualmente como agentes de um arremedo de “via chinesa” de desenvolvimento para o Brasil: economia com forte intervenção estatal, só que mais aberta para o exterior; comando centralizado burocrático com pendores autoritários, só que mais permeável às aspirações populares em geral e dos trabalhadores e funcionários sindicalizados em especial. Até agora, os resultados dessa versão globalizada do velho capitalismo de estado brasileiro estão longe de ser brilhantes, seja em termos de crescimento, seja de inclusão social. Mas alguma visão “estratégica” deve parecer-lhes melhor que nada para justificar o patrocínio de interesses privados com dinheiro público na escala praticada pelo governo Lula.
(…)
É possível baixar o arquivo em três formatos:
PDF (para imprimir): http://db.tt/uaM3YHy
EPUB (para iPad): http://db.tt/CXu2oL5
MOBI (para Kindle): http://db.tt/5y9VILU
Um livro eletrônico: “A Corrupção de Sarney a Lula”
Reinaldo Azevedo, 26/08/2011
Está disponível em três formatos na Internet o livro eletrônico “A Corrupção de Sarney a Lula”, escrito por Eduardo Graeff. Ele é, sim, ligado ao PSDB, mas sua filiação partidária não o impede de pensar. Abaixo, reproduzo um trecho do livro e publico os endereços em que pode ser lido na íntegra.
(…)
O modo de operar [dos petistas] continua o mesmo. O que mudou com a conquista da Presidência da República foi a escala de operação. Antes o PT poderia ter acesso indireto e eventual a recursos federais por meio dos fundos de pensão em cuja diretoria tinham assento sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores. A partir de 2003, os operadores do partido ganharam acesso direto e permanente ao orçamento da União e, principalmente, aos cofres dos bancos e empresas estatais, com as imensas oportunidades de manipulação política e enriquecimento pessoal daí decorrentes.
Para muitos desses operadores, poder e dinheiro parecem ter se tornado objetivos suficientes por si mesmo. Socialismo? Virou um rótulo esmaecido, que não assusta mais os amigos e clientes empresários nem banqueiros. Em vez disso, os quadros do PT que ainda sentem falta de uma causa mais nobre apresentam-se eventualmente como agentes de um arremedo de “via chinesa” de desenvolvimento para o Brasil: economia com forte intervenção estatal, só que mais aberta para o exterior; comando centralizado burocrático com pendores autoritários, só que mais permeável às aspirações populares em geral e dos trabalhadores e funcionários sindicalizados em especial. Até agora, os resultados dessa versão globalizada do velho capitalismo de estado brasileiro estão longe de ser brilhantes, seja em termos de crescimento, seja de inclusão social. Mas alguma visão “estratégica” deve parecer-lhes melhor que nada para justificar o patrocínio de interesses privados com dinheiro público na escala praticada pelo governo Lula.
(…)
É possível baixar o arquivo em três formatos:
PDF (para imprimir): http://db.tt/uaM3YHy
EPUB (para iPad): http://db.tt/CXu2oL5
MOBI (para Kindle): http://db.tt/5y9VILU
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Liberando um artigo que passou um ano no limbo: Mercosul e União Europeia: a longa marcha da cooperação à associação Recebo, em 19/12/2025,...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
Homeric Epithets: Famous Titles From 'The Iliad' & 'The Odyssey' Word Genius, Tuesday, November 16, 2021 https://www.w...
-
Quando a desgraça é bem-vinda… Leio, tardiamente, nas notícias do dia, que o segundo chanceler virtual do bolsolavismo diplomático (2019-202...
-
Textos sobre guerra e paz, numa perspectiva histórica e comparativa Paulo Roberto de Almeida 5136. “A Paz como Projeto e Potência”, Brasília...
-
Sobre isto: A presidente Dilma Rousseff empossou nesta quarta-feira, em Brasília, os sete integrantes da Comissão Nacional da Verdade, gr...
-
Minha preparação prévia a um seminário sobre a ordem global, na UnB: 5152. “ A desordem mundial gerada por dois impérios, contemplados por...
-
Stephen Kotkin is a legendary historian, currently at Hoover, previously at Princeton. Best known for his Stalin biographies, his other wor...