O cientista político Samuel P. Huntington desenvolveu uma tese, interessante no plano conceitual, mas inoperante no plano prático, sobre a convivência, ou conflito, entre diferentes configurações civilizacionais, que infelizmente foi reduzida, por críticos simplistas (e por muita gente que sequer leu o seu livro), a um enfrentamento entre a civilização ocidental, vilipendiada como hegemônica, colonialista, dominadora (ou outras coisas perversas, como capitalistas, por exemplo), e as grandes civilizações orientais, supostamente autênticas, legítimas, mais conciliadoras, ou em todo caso não imperialistas. Dentre estas últimas, figuraria, obviamente uma coisa chamada civilização islâmica, outra simplificação em face das diferentes configurações históricas e sociais das diferentes sociedades islâmicas, cobrindo um vasto leque de formações sociais que foram sendo transformadas ao longo dos tempos por influxos religiosos, culturais, econômicos e políticos, de origem local, regional ou transnacional.
Seja como for, volta e meia surgem conflitos como este que agora se alastrou em diferentes países islâmicos contra um filme idiota feito nos EUA e que ofende, ao que parece, Maomé, considerado profeta nessa religião. Profeta não é deus, mas um emissário de deus, ou o seu porta-voz, para os que crêem.
Seja qual for a agressão cometida contra esse profeta, a violência irracional, deslanchada contra alvos americanos, ocidentais, cristãos -- em países como Afeganistão, Argélia, Bangladesh, Egito, Índia, Irã, Iraque, Líbano, Líbia, Malásia, Paquistão, Sudão e Yemen, entre outros -- é algo inaceitável para os nossos padrões civilizatórios. Matar em nome da religião é algo bárbaro, selvagem, e como tal deve ser condenado.
Alguns poderão dizer que o que foi foi feito agora, nesses países, não difere muito da queima de heréticos na Idade Média, ou do trucidamento de populações inteiras nas guerras de religião, ocorridas já na Idade Moderna, no coração da Europa.
Se considerarmos que o islã surgiu 622 anos depois do cristianismo, bastaria esperar, digamos assim, mais um pouco para que o islã consiga chegar aos padrões civilizatórios alcançados pelo Ocidente, pouco menos de cinco séculos atrás. Faltariam assim, nessa hipótese, pouco mais de cem anos para que o islã começasse a convergir para esses padrões mais humanos, ou menos selvagens.
Não creio que seja uma questão de tempo, mas de diferenças no itinerário histórico do cristianismo e do islamismo. O primeiro sofreu contestações desde seu início, praticamente, desenvolvendo diversas vertentes, como aliás ocorre com versões ligeiramente diferentes do islã.
Mas existe um aspecto que dificulta a superação do fanatismo e do fundamentalismo, como ocorreu nas sociedades cristãs.
Por diferentes mecanismos, que seria ocioso explicar em detalhe agora, as sociedades cristãs admitiram a possibilidade de exegese, que significa a possibilidade de interpretar o livro sagrado, por meio de uma leitura não literal, e de considerar as "estórias bíblicas" simplesmente de forma alegórica, quase que como fábulas sobre o homem e o universo. Daí, contestar cientificamente o livro santo, até negá-lo no plano da geologia, da antropologia e da história, foi um passo relevante, que permitiu o avanço científico dessas sociedades.
Nada disso ocorreu nas sociedades islâmicas, embora algumas tenham avançado para a modernidade conciliando fé e agenda econômica e até política, na Ásia Pacífico, por exemplo. Nas sociedades árabes, ou naquelas mais islamizadas completamente do Oriente Médio, esse passo e essa conciliação parecem ser mais difíceis.
Já escrevi algo a respeito, e remeto a meu artigo de alguns anos atrás:
295.
Tradicionalismo e modernização nas sociedades islâmicas: uma impossível transição entre o fundamentalismo e a tolerância?, Espaço Acadêmico (Maringá,
a. I, n. 6, nov. 2001; link: http://www.espacoacademico.com.br/006/06almeida_isla.htm). Relação de Trabalhos n. 825.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Fellowships: Reagan-Fascell Democracy Fellows Program
Call for Applications: Reagan-Fascell Democracy Fellowships - Washington, D.C.
Oportunidade:
The Reagan-Fascell Democracy Fellows Program at the Washington, DC–based National Endowment for Democracy invites applications for fellowships in 2013–2014. This federally funded program enables democracy activists, practitioners, scholars, and journalists from around the world to deepen their understanding of democracy and enhance their ability to promote democratic change. Dedicated to international exchange, this five-month residential program offers a collegial environment for fellows to reflect on their experiences; consider best practices and lessons learned; conduct independent research and writing; engage with counterparts; and develop professional relationships within a global network of democracy advocates.
The program is intended primarily to support practitioners, scholars, and journalists from developing and aspiring democracies; distinguished scholars from established democracies may also apply. Projects may focus on the political, social, economic, legal, and cultural aspects of democratic development and may include a range of methodologies and approaches. All fellows devote full time to their fellowship projects and receive a monthly fellowship payment, health insurance, travel assistance at the beginning and end of their fellowship, and research support. Awardees my not receive concurrent funding from the Endowment or its family of institutes during the fellowship period. The program does not fund professional training, fieldwork, or students working towards a degree. A working knowledge of English is required.
The program will host two five-month fellowship sessions in 2013–2014: Fall 2013 (October 1, 2013 - February 28, 2014), and Spring 2014 (March 1 - July 31, 2014).
Deadline: Monday, October 15, 2012.
For more information and application instructions, visit http://www.ned.org/fellowships/reagan-fascell-democracy-fellows-program.
Applications will be accepted through our online application system beginning July 15, 2012 at http://fellowships.ned.org.
Flyers may also be viewed in the following languages by clicking on these links:
Uma lagrima para...Geraldo Lesbat Cavagnari
Nota da Associação Brasileira de Estudos de Defesa:
É com pesar que comunicamos o falecimento, ontem em Campinas, de Geraldo Lesbat Cavagnari Filho.
Especialista em Estratégia e pesquisador da Unicamp. Fundador e coordenador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp e professor convidado do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da USP. Doutor emCiências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e analista em Inteligência Estratégica pela Escola Nacional de Inteligência. Cavagnari foi introdutor dos estudos estratégico-militares na universidade brasileira.
Cavagnari foi Coronel do Exército Brasileiro e estudioso da Estratégia Militar, matéria de sua paixão. Participou da criação do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, com o apoio dos amigos Elizer Rizzo, René Dreyfuss, Galeno de Freitas e José Aníbal. O núcleo foi criado pelo reitor José Aristodemo Pinotti. Foi diretor científico do NEE onde contribuiu para a formação de diversos pesquisadores.
É parte importantíssima da História dos Estudos Estratégicos no Brasil.
O velório no Cemitério da Saudade, em Campinas, se encerrará às 15 horas de 14/09 e eeu corpo será cremado em São Paulo.
A Diretoria
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Venezuela: do nao-debate 'a violencia das milicias governistas
Um leitor consultou-me a respeito a possível de possível violência política na Venezuela e acho que ele exagerou um pouco, não nos seus temores -- acho, sim, que vai haver violência -- mas no grau ou na dimensão que pode tomar essa violência política (e militar).
Meu interlocutor disse que:
"...muito me preocupa a situação das eleições do mês que vem naquele país e, assim como vários analistas, creio que, caso haja uma grande chance do opositor Capríles (a quem Hugo Chávez chama constantemente de \"nada\" e \"perdedor\", como se sua opinião fosse fato indiscutível), poderemos ter uma guerra civil de grandes proporções no país.
Respondi desta maneira:
Aproveitando a dica, a matéria abaixo transmite um pouco do clima reinante naquele país, e esse cenário deve se agravar sensivelmente nas próximas semanas. Infelizmente.
Paulo Roberto de Almeida
Oficialistas y opositores se enfrentaron hoy a las afueras del aeropuerto Bartolomé Salom de Puerto Cabello, estado Carabobo (centro), con piedras y bombas caseras que dejaron al menos cuatro heridos leves, según diversas fuentes, horas antes de que Capriles llegara a la ciudad para un acto de campaña.
“Yo lo señalo directamente, es usted candidato del Gobierno, es usted el que quiere ese escenario, es usted el que quiere sembrar el miedo, es usted el que quiere que los venezolanos se sigan enfrentando unos con otros”, dijo Capriles en la ciudad de Puerto Cabello.
El opositor hizo los señalamientos tras su llegada a esa localidad, donde encabezó un acto proselitista en el que aseguró que debió llegar al lugar del evento en una embarcación pesquera pues desde el martes por la noche estaba en conocimiento de que “grupos radicales” iban a realizar acciones violentas en el aeropuerto de la zona.
“Esas acciones no son espontáneas, esas acciones tienen un responsable”, reiteró Capriles, quien pidió a sus partidarios no caer en provocaciones y dejar que esos grupos radicales “se queden con las ganas”, pues, según dijo, lo que pretenden es sembrar el miedo de cara a las elecciones presidenciales del 7 de octubre.
El domingo pasado Capriles suspendió un acto de campaña en una populosa parroquia del oeste de Caracas tras haber sido informado de supuestas amenazas de un grupo de simpatizantes de Chávez, según informó su equipo de campaña.
El aspirante de la oposición acusó este martes a Chávez de orquestar una “guerra sucia” en su contra después de que perdiera el apoyo de cuatro partidos de la treintena que lo respaldaba lo que atribuyó a una “compra” de organizaciones y líderes políticos por parte del comando de campaña del candidato del Gobierno.
Meu interlocutor disse que:
"...muito me preocupa a situação das eleições do mês que vem naquele país e, assim como vários analistas, creio que, caso haja uma grande chance do opositor Capríles (a quem Hugo Chávez chama constantemente de \"nada\" e \"perdedor\", como se sua opinião fosse fato indiscutível), poderemos ter uma guerra civil de grandes proporções no país.
Temo que esta possível guerra civil esteja menos para uma \"primavera árabe\" e mais para um massacre do nível de Ruanda.
Assim como Bill Clinton se arrepende de não ter mandado ajuda quando necessário a Ruanda, pode ser que daqui a dois anos iremos olhar para trás e perguntar a Dilma Roussef por quê ela não fez nada, quando bastava mandar agentes para fiscalizar uma eleição para evitar uma grande guerra civil e um posterior massacre de inocentes por milicianos chavistas?
Já não seria hora do governo brasileiro de oferecer ajuda na organização das eleições presidenciais na Venezuela? Podemos estar à beira de um banho de sangue? Gostaria de saber qual a sua opinião acerca deste assunto."Respondi desta maneira:
Acredito, sim, que, independentemente de quem ganhe as eleições na Venezuela, teremos pelo menos alguns mortos, antes, durante e depois, dado o nível de exacerbação do lado governista e suas milícias armadas.
Infelizmente algum sangue vai correr, mas não acredito em nada parecido com Ruanda. Aqui estamos falando de 400 a 600 mil mortos, num conflito civil de caráter étnico, basicamente. Isso não ocorre na Venezuela.
Existe um grau de violência embutido no regime chavista que torna o sacrifício de vidas humanas inevitável, embora nada que se assemelhe a uma guerra civil.
Haverá disturbios e, dependendo do grau de fraude existente no sistema eleitoral (ele haverá, esteja certo disso), pode ser que leve a enfrentamentos localizados.
Mas Chavez controla o Exército e dispõe de milicias armadas. Ele tem o aconselhamento da Inteligência cubana a seu serviço, assim que pode saber antecipadamente o que planejam os lideres oposicionistas e prender ou eliminar vários deles preventivamente.
É isso o que eu acho que vai ocorrer na Venezuela.
Se a observação eleitoral (não por parte de enviados estrangeiros) dos fiscais da oposição for eficaz, eles vão poder detectar fraudes (ou seja, diferencas entre votos computados, eleitores inscritos e votos comunicados à central de totalização), e se eles forem grandes, pode haver aí uma fonte provável de disturbios.
Mas não sei se a oposicao está preparada para ter um fiscal praticamente em cada secao eleitoral, e depois ter acesso aos mapas de totalização.
Vai ser, em todo caso, uma coisa alucinante...
Aproveitando a dica, a matéria abaixo transmite um pouco do clima reinante naquele país, e esse cenário deve se agravar sensivelmente nas próximas semanas. Infelizmente.
Paulo Roberto de Almeida
Venezuela: Capriles acusa a Chávez por acciones de violentos contra su campaña
Infolatam Efe
Caracas, 12 septiembre 2012
El candidato de la alianza opositora de Venezuela,Henrique Capriles, acusó hoy al jefe de Estado y aspirante a la reelección, Hugo Chávez, de propiciar acciones violentas y generar miedo, después de que se produjeran enfrentamientos en un aeropuerto del interior del país.Caracas, 12 septiembre 2012
Oficialistas y opositores se enfrentaron hoy a las afueras del aeropuerto Bartolomé Salom de Puerto Cabello, estado Carabobo (centro), con piedras y bombas caseras que dejaron al menos cuatro heridos leves, según diversas fuentes, horas antes de que Capriles llegara a la ciudad para un acto de campaña.
“Yo lo señalo directamente, es usted candidato del Gobierno, es usted el que quiere ese escenario, es usted el que quiere sembrar el miedo, es usted el que quiere que los venezolanos se sigan enfrentando unos con otros”, dijo Capriles en la ciudad de Puerto Cabello.
El opositor hizo los señalamientos tras su llegada a esa localidad, donde encabezó un acto proselitista en el que aseguró que debió llegar al lugar del evento en una embarcación pesquera pues desde el martes por la noche estaba en conocimiento de que “grupos radicales” iban a realizar acciones violentas en el aeropuerto de la zona.
“Esas acciones no son espontáneas, esas acciones tienen un responsable”, reiteró Capriles, quien pidió a sus partidarios no caer en provocaciones y dejar que esos grupos radicales “se queden con las ganas”, pues, según dijo, lo que pretenden es sembrar el miedo de cara a las elecciones presidenciales del 7 de octubre.
El domingo pasado Capriles suspendió un acto de campaña en una populosa parroquia del oeste de Caracas tras haber sido informado de supuestas amenazas de un grupo de simpatizantes de Chávez, según informó su equipo de campaña.
El aspirante de la oposición acusó este martes a Chávez de orquestar una “guerra sucia” en su contra después de que perdiera el apoyo de cuatro partidos de la treintena que lo respaldaba lo que atribuyó a una “compra” de organizaciones y líderes políticos por parte del comando de campaña del candidato del Gobierno.
Venezuela e direitos humanos: paralelas infinitas?
Perguntar nao ofende: ja' que se trata de um novo membro do Mercosul, existe uma coisa chamada Comissao de Direitos Humanos no Mercosul?

Direitos humanos na Venezuela
Editorial O Estado de S.Paulo, 13 de Setembro de 2012
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, cumpriu sua ameaça e retirou a Venezuela da Comissão e da Corte Interamericana de Direitos Humanos, órgãos autônomos que trabalham com a Organização dos Estados Americanos. Segundo o caudilho bolivariano, as duas entidades são parciais em relação à Venezuela e agem como "instrumentos do imperialismo" - isto é, a serviço dos Estados Unidos. A gota d'água foi a decisão da Corte Interamericana de condenar o Estado venezuelano a indenizar Raúl José Díaz Peña, preso durante seis anos por "terrorismo" e que fugiu para os EUA em 2010. Mas Chávez tem vários outros motivos para não gostar da Comissão de Direitos Humanos.
Há mais de uma década, o órgão vem apontando a deterioração progressiva dos direitos humanos e das garantias individuais na Venezuela, transformando o país num simulacro de democracia. Em seus relatórios anuais, a comissão manifestou preocupação pela ausência de separação entre os Poderes Executivo e Judiciário. Além do elevado número de juízes e promotores que ocupam seus cargos em caráter provisório, a indicação e a destituição desses magistrados são arbitrárias, sem transparência nem escrutínio público. Ou seja: os juízes trabalham em função dos humores do governo e do Legislativo, subjugado ao chavismo.
Os informes demonstram também que não há clima de tolerância à manifestação democrática de ideias no país, frequentemente ocorrendo atos de intimidação contra jornalistas e veículos de comunicação. Para essa atmosfera concorrem as declarações de autoridades, desqualificando a imprensa e a oposição, além da imposição de punições drásticas contra empresas jornalísticas e seus profissionais, o que "configura um cenário restritivo que inibe o livre exercício da liberdade de expressão como condição de uma democracia vigorosa, fundada no pluralismo e na deliberação pública".
A hostilidade oficial à dissidência política e aos grupos que defendem os direitos humanos atingiu níveis patéticos na Venezuela. Um exemplo eloquente foi um documento da Assembleia Nacional, intitulado "Informe Final da Comissão Especial para Investigar a Conspiração e a Organização do Golpe de Estado e do Magnicídio contra o Comandante Presidente da República Bolivariana da Venezuela Hugo Chávez". Tal relatório acusou organizações de direitos humanos de atuarem como "organismos internacionais que cooperam com os objetivos do império". Entre os grupos acusados estão a CIA, o Mossad, a Sociedade Interamericana de Imprensa e a Human Rights Watch.
Essa desmoralização dos direitos humanos na Venezuela tem no processo contra Díaz Peña um caso exemplar. Em 2003, o dissidente foi preso sob acusação de ter "facilitado" um ataque a bomba contra representações da Colômbia e da Espanha. A polícia agiu a partir do depoimento de Silvio Mérida Ortiz, outro preso no episódio. Ortiz disse ao juiz, no entanto, que só denunciou Díaz Peña porque foi torturado, mas sua declaração não foi levada em conta. Díaz Peña passou os anos seguintes na cadeia com direito a uma hora de sol a cada 15 dias. Uma infecção o deixou surdo e só foi levado a um médico depois que um grupo de defesa dos direitos humanos entrou com uma petição na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Em 2008, quando receberia sua sentença - que a defesa esperava converter em prisão domiciliar, como prevê a lei -, Díaz Peña foi condenado a nove anos de prisão, porque a Promotoria, sem avisar os advogados de defesa, havia mudado a acusação: de "facilitador" do atentado, ele passou a "autor". Dois anos mais tarde, Díaz Peña fugiu para os EUA.
Em junho, a Corte Interamericana condenou a Venezuela por "violação do direito à integridade pessoal" de Díaz Peña e pelo "tratamento desumano e degradante" a que ele foi submetido, além de considerar sua prisão "ilegal e arbitrária". Chávez reagiu dizendo que a decisão de sair da Comissão Interamericana de Direitos Humanos foi "baseada em nossa conduta moral" - aquela que justifica crimes de Estado.
Venezuela: esquizofrenia cambial, loucuras politicas...
Como a lei venezuelana, que não permite divulgar o valor da taxa de câmbio no mercado paralelo, não vigora no Brasil, eu aqui divulgo: o câmbio negro está cotado a mais de 9 bolívares por dólares, muito acima da irreal taxa oficial.
Paulo Roberto de Almeida
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que tentará se reeleger em 7 de outubro, descartou esta terça-feira que seu governo prepare um ajuste da taxa de câmbio oficial, assegurando que as finanças estatais no país estão bem.
“Nós não temos previsto nenhum ajuste do câmbio, acreditamos que as variáveis macroeconômicas estão bastante estabilizadas, a política cambiária está funcionando”, disse Chávezdurante coletiva.
Na Venezuela vigora desde 2003 um duro controle do câmbio, que fixa o dólar em 4,3 bolívares, enquanto existe um mercado parapelo no qual a moeda americana é vendida a um preço muito maior, cujo valor é proibido difundir por lei.
Questionado se as condições cambiárias atuais prejudicam a entrada da Venezuela no Mercosul – do qual também fazem parte Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai -, Chávez assegurou que o ingresso no bloco regional, que seu país formalizou no final de julho, “não depende de elementos” como esse.
“Nossa incorporação com êxito ao Mercosul, como estamos certos de que vai acontecer ou começou a acontecer, não depende de elementos tão específicos como este, depende do desenvolvimento real da economia”, que está “muito sólida”, afirmou.
Empresários venezuelanos afirmam que o controle cambiário é o grande entrave para as exportações e só beneficia as importações, majoritárias no modelo venezuelano, uma vez que o país importa, por exemplo, 70% dos alimentos que consome.
Esta situação, advertem, só beneficiaria os gigantes do bloco regional, como Brasil e Argentina.
Paulo Roberto de Almeida
Economia e Negócios
Venezuela: Chávez descarta ajuste da taxa de câmbio oficial no país
AFP
Las claves
- Na Venezuela vigora desde 2003 um duro controle do câmbio, que fixa o dólar em 4,3 bolívares, enquanto existe um mercado parapelo no qual a moeda americana é vendida a um preço muito maior, cujo valor é proibido difundir por lei.
“Nós não temos previsto nenhum ajuste do câmbio, acreditamos que as variáveis macroeconômicas estão bastante estabilizadas, a política cambiária está funcionando”, disse Chávezdurante coletiva.
Na Venezuela vigora desde 2003 um duro controle do câmbio, que fixa o dólar em 4,3 bolívares, enquanto existe um mercado parapelo no qual a moeda americana é vendida a um preço muito maior, cujo valor é proibido difundir por lei.
Questionado se as condições cambiárias atuais prejudicam a entrada da Venezuela no Mercosul – do qual também fazem parte Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai -, Chávez assegurou que o ingresso no bloco regional, que seu país formalizou no final de julho, “não depende de elementos” como esse.
“Nossa incorporação com êxito ao Mercosul, como estamos certos de que vai acontecer ou começou a acontecer, não depende de elementos tão específicos como este, depende do desenvolvimento real da economia”, que está “muito sólida”, afirmou.
Empresários venezuelanos afirmam que o controle cambiário é o grande entrave para as exportações e só beneficia as importações, majoritárias no modelo venezuelano, uma vez que o país importa, por exemplo, 70% dos alimentos que consome.
Esta situação, advertem, só beneficiaria os gigantes do bloco regional, como Brasil e Argentina.
Livro "Brasil-Venezuela"- Thiago Gehre Galvão
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Mundorama, 12 Sep 2012
A Editora Fino Traço, o Centro de Estudos sobre o Pacífico e o Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília anunciam a publicação do livro ”Uma história de parceria: as relações entre Brasil e Venezuela (1810-2012)”, de Thiago Gehre Galvão, professor da Universidade Federal de Roraima.
Desde o início do século XIX, Venezuela e Brasil promoveram um gradual entrelaçamento político e diplomático concernente a acertos fronteiriços e comerciais, o que culminou em um modo de vida bilateral. A baixa profundidade dos contatos internacionais e as constantes flutuações conjunturais internas colocaram os dois vizinhos em um compasso de espera. Incompatibilidades ideológicas, crises diplomáticas e uma espécie de ressentimento adormecido, nas duas sociedades, e em suas chancelarias, faziam aflorar o caráter relutante do relacionamento bilateral. Da suspensão das relações diplomáticas, em 1964, sucedeu o entendimento, pela desconstrução de rivalidades e pelo florescimento das “forças econômicas”. A partir de 1979, duas ondas de adensamento redefiniram e atualizaram os parâmetros conceituais e práticos do eixo Brasília-Caracas e deram consistência à multidimensionalidade do relacionamento bilateral, sendo formalizada nos anos 1990 com o protocolo de La Guzmania. Nos anos 2000, a aproximação definitiva foiancorada em uma carteira de projetos infraestruturais e energéticos, amparados por um diálogo de alto nível, o que levou à constituição de uma “aliança estratégica” entre 2003 e 2006. Motivados, em grande medida, pelas críticas da opinião pública e dosParlamentos, assim como pela atuação construtiva do empresariado, os governos brasileiro e venezuelano efetuaram ajustes em suas relações bilaterais, entre 2007 e 2012, que serviram para confirmar o sentido estratégico da parceria.
Acesse aqui a apresentação e a introdução deste livro.
Este livro pode ser adquirido nas melhores livrarias, ou diretamente no site da Editora Fino Traço – clique aqui para comprá-lo.
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