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domingo, 16 de março de 2014

Venezuela: a violencia se dissemina, por parte do poder

Venezuela : l'opposition se dit victime de menaces et renonce à manifester

Le Monde.fr |  • Mis à jour le 
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Un opposant vénézuélien à Caracas, vendredi 14 mars. | REUTERS/JORGE SILVA

Se disant menacé, un parti d'opposition vénézuélien a renoncé à convoquer, samedi 15 mars, à Caracas, une march de protestation contre les violences policières qui ont marqué la vague de protestation contre le pouvoir qui a fait 28 morts depuis début février.
Le parti d'opposition radical Volonté populaire (VP), qui souhaite pousser le gouvernement vers la sortie en multipliant les manifestations, a pris cette décision après avoir constaté l'existence de « menaces de groupes violents » sur cette manifestation, a annoncésur Twitter, Johan Merchan, porte-parole du parti.
VP, dont le président Leopoldo Lopez est incarcéré depuis mi-février pour « incitation à la violence », avait initialement appelé ses partisans à se mobiliser samedi dans le quartier de Caricuao (ouest de Caracas) pour protester contre la répression « des forces de sécurité et de groupes illégaux contre les manifestants ».
ACCUSATIONS D'ATTAQUE À L'ARME À FEU
Depuis le début du mouvement de grogne lancé le 4 février en province, opposition et étudiants d'un côté et gouvernement de l'autre s'accusent mutuellement d'encourager de jeunes radicaux à attaquer le camp adverse à l'arme à feu.
Ce mouvement, lancé au départ par des étudiants et qui a fait tache d'huile dans tout le pays, vise à protester contre la gestion du gouvernement face à l'insécurité, la forte inflation et les pénuries, notamment de denrées alimentaires.
Visé par la grogne, le président Maduro, élu de justesse en avril dernier, n'a de cesse de dénoncer une « tentative de coup d'État » fomentée avec l'aide notamment des États-Unis.
ARRESTATIONS DANS LES BASTIONS D'OPPOSANTS
Jeudi, il a lancé une offensive policière dans les bastions des militants radicaux de l'opposition à Caracas, San Cristobal (nord-ouest, berceau du mouvement) et Valencia (nord). Ces opérations se sont soldées par plusieurs arrestations et la saisie d'instruments utilisés pour édifier des barricades et de produits servant à la fabrication de bombes artisanales notamment.
Comme chaque soir, des affrontements ont opposé vendredi forces de l'ordre et militants radicaux près de la place Altamira, dans l'est de Caracas. L'ONG Forum pénal a cette fois fait état de 15 arrestations mais pas de blessés.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Venezuela: até quando Brasil? Quantos mortos mais?


O ridículo argumento do tirano apedeuta é que há franco-atiradores nos bairros. Ora, o que se tem visto, desde o início da luta dos estudantes pela liberdade, são criminosos chavistas motorizados atirando nas pessoas que protestam nas ruas. Quanto aos estudantes presos, são submetidos a tortura e permanecem incomunicáveis - uma escandalosa violação dos Direitos Humanos. É esse déspota que Dilma e Lula apoiam, para vergonha do Brasil. O exército norte-americano afirma que a Venezuela já caminha para uma catástrofe:

Matéria do El País:

Vários bairros de classe média da cidade de Valencia, capital do Estado de Carabobo e a terceira cidade mais populosa do país, amanheceram militarizados nesta quinta-feira depois que o presidente Nicolás Maduro —que horas antes prometia “medidas drásticas” para aplacar os protestos que desde o dia 12 de fevereiro sacodem o país— ordenasse a invasão de casas de opositores que participam das manifestações.
Na quarta-feira completou-se o primeiro mês da onda de protestos na Venezuela, que teve sua origem nas reivindicações dos estudantes, mas que, rapidamente, tomou corpo com a adesão de uma parte da população opositora que não se mostra disposta a esperar o calendário eleitoral para forçar a saída de Maduro do Governo.
Os incidentes mais violentos do dia foram em Valencia. Em choques anteriores, dois manifestantes e um integrante da Guarda Nacional morreram na cidade. Entre os mortos, a ex-miss Génesis Carmona e a estudante Geraldine Moreno, que agonizou durante dois dias depois de receber um tiro a queima-roupa e uma série de disparos no rosto que lhe causaram danos irreparáveis no cérebro.
Mesmo para o histórico violento na cidade, a quarta-feira foi um dia especialmente sangrento. Foram três mortes por tiros e 15 feridos. Um dos mortos foi o capitão da Guarda Nacional, Ranzor Bracho, de 36 anos, que foi atingido por um disparo nas costas.
Os outros dois mortos eram civis: Jesús Acosta, de 23 anos de idade, estudante de engenharia na vizinha Universidade de Carabobo; e Guillermo Sánchez, um treinador esportivo de 42 anos. Em ambos os casos, os depoimentos de testemunhas e de familiares dizem que grupos em motos pertencentes aos “coletivos” paramilitares do oficialismo realizavam operações na zona. Luis Acosta, primo de Jesús, declarou ao diário Notitarde de Valencia que “os grupos, de maneira deliberada, dispararam”.
Por sua vez, Gina Rodríguez, esposa de Guillermo Sánchez, foi taxativa em suas declarações ao repórter Fernando del Rincón, da rede CNN: “Eu posso te dizer que eram aproximadamente 50 ou 60 motos que vinham disparando contra nós, contra os prédios e atirando pedras; meu marido teve que sair correndo, se meteu entre um dos prédios e o agarraram, ele disse que não estava fazendo nada, mas, mesmo assim, o levaram”.
Mas o governador do Estado de Carabobo, Francisco Ameliach —um ex-oficial do Exército, colaborador próximo do desaparecido comandante Hugo Chávez— fez questão de dizer nas declarações à televisão que todas as mortes ocorreram por franco atiradores que estavam nos prédios adjacentes. Segundo Ameliach, os franco atiradores se preparavam para atacar uma marcha de trabalhadores oficialistas do setor automobilístico que se aproximava do local, exigindo que as empresas internacionais de automóveis que, como a Ford e a General Motors, mantêm plantas em Valencia, não cessem suas operações. Essas companhias diminuíram sua produção e avisaram sobre um próximo fechamento, devido às dificuldades de importação de componentes e de acesso à moeda estrangeira. Como as autoridades souberam desses planos, sempre segundo a versão oficial de Ameliach, desviaram o rumo. De modo que os francoa tiradores, frustrados, optaram por disparar à queima-roupa.
Aceitando a história dos franco atiradores, o presidente Maduro ordenou durante a madrugada da quinta-feira cercar as construções El Trigal, La Isabelica e Mañongo da capital do Estado. O objetivo das invasões seria capturar os supostos responsáveis pelas mortes. Além disso, em uma tentativa de agradar os setores do chavismo insatisfeitos porque, depois de um mês de desordens, os ânimos de protesto da oposição não parecem minguar de maneira espontânea, o presidente anunciou outras medidas severas, como a intervenção “da força pública nos focos violentos nas próximas horas” e a detenção de quem financiar e fornecer para “os grupos violentos”, segundo informou por meio de sua conta no Twitter a ministra da Comunicação e Informação, Delcy Rodríguez.
Na última hora de ontem, soube-se que os corpos de segurança ocupavam dezenas de casas nesses setores. Durante a operação, fecharam as ruas e impediram o acesso à imprensa. Ainda não se sabe o número de pessoas presas. Ao meio dia da quinta-feira, o Foro Penal Venezuelano informava que desde a noite anterior havia registrado 51 novas detenções em todo o país. (El País).

Original

PROTESTAS EN VENEZUELA

Maduro despliega militares en Valencia

El Ejército toma el control de barrios de clase media en la tercera ciudad venezolana tras anunciar el presidente “medidas drásticas” contra las protestas

Varios barrios de clase media de la ciudad de Valencia, capital del Estado de Carabobo y tercera ciudad del país por población, amanecieron militarizados ayer después de que durante la madrugada el presidente Nicolás Maduro —que horas antes había prometido “medidas drásticas” para aplacar las protestas que desde el 12 de febrero sacuden el país— ordenara el allanamiento de viviendas de opositores que participan en los desórdenes.
El miércoles se cumplió el primer mes de la oleada de disturbios en Venezuela, que tuvo su origen en los reclamos del sector estudiantil, pero que rápidamente engarzó en el ánimo insurreccional de una parte de la población opositora que no se muestra dispuesta a esperar al calendario electoral para forzar la salida del Gobierno de Maduro.
Los incidentes más violentos del día fueron en Valencia. En anteriores choques ya habían muerto en esa ciudad dos manifestantes y un integrante de la Guardia Nacional. Entre esos fallecidos se encontraban la exreina de belleza Génesis Carmona y la estudiante Geraldine Moreno, quien agonizó durante dos días luego de recibir a quemarropa una salva de perdigones en el rostro que le causó daños irreparables en el cerebro.
Incluso para los estándares violentos de la ciudad, la del miércoles fue una jornada especialmente sangrienta. Hubo tres muertes por heridas de bala y 15 heridos. Uno de los fallecidos fue el capitán de la Guardia Nacional, Ranzor Bracho, de 36 años, quien fue alcanzado por un disparo en la espalda.
Los otros dos muertos fueron civiles: Jesús Acosta, de 23 años de edad, estudiante de Ingeniería en la vecina Universidad de Carabobo; y Guillermo Sánchez, un entrenador deportivo de 42 años. En ambos casos, los testimonios de presentes en los hechos y de familiares refieren que grupos de motorizados pertenecientes a los “colectivos” paramilitares del oficialismo realizaban operaciones de amedrentamiento en la zona. Luis Acosta, primo de Jesús, declaró al diario Notitarde de Valencia que “los colectivos de manera deliberada dispararon aún sin tener capuchas ni nada”.
Por su parte, Gina Rodríguez, esposa de Guillermo Sánchez, fue tajante en sus declaraciones al entrevistador Fernando del Rincón, de la cadena CNN en español: “Yo te puedo decir que eran aproximadamente 50 o 60 motos que venían disparando, tirando piedras, disparándonos a nosotros, a los edificios; mi esposo tuvo que salir corriendo, se metió entre uno de los edificios y lo agarraron, él les dijo que no estaba haciendo nada, pero se lo llevaron”.
Pero el gobernador del Estado de Carabobo, Francisco Ameliach —un exoficial del Ejército, colaborador cercano del desaparecido comandanteHugo Chávez— insistió en declaraciones de televisión que todas las muertes habían sido producidas por francotiradores apostados en los edificios adyacentes. Según Ameliach, los francotiradores se preparaban para atacar a una marcha de trabajadores oficialistas del sector automovilístico que se aproximaba a la zona, exigiendo que las empresas internacionales de automóviles que, como Ford y General Motors, mantienen plantas ensambladoras en Valencia, no cesen en sus operaciones. Esas marcas han bajado su producción y avisan de un próximo cierre, por las dificultades de importación de componentes y deacceso a las divisas.Como las autoridades supieron de esos planes, siempre según la versión oficial de Ameliach, desviaron la marcha. Así que los francotiradores, frustrados, habrían optado por disparar a mansalva.
Acogiéndose a la historia de los francotiradores, el presidente Maduro ordenó durante la madrugada del jueves copar las urbanizaciones El Trigal, La Isabelica y Mañongo de la capital carabobeña. El objetivo de los allanamientos sería capturar a los presuntos responsables de las muertes. También, en un intento por complacer a los sectores del chavismo disgustados porque, luego de un mes de desórdenes, los ánimos de protesta de la oposición no parecen menguar de manera espontánea, anunció otras medidas severas, como la intervención “de la fuerza pública en los focos violentos en las próximas horas” y la detención de quienes financien y provean a “los grupos violentos”, según informó desde su cuenta de Twitter la ministra de Comunicación e Información, Delcy Rodríguez.
A última hora de ayer, se conoció que los cuerpos de seguridad habían ocupado decenas de viviendas en esos sectores. Durante el operativo, cerraron calles e impidieron el acceso a la prensa. Se desconoce el número de detenciones que se habían llevado a cabo. Al mediodía del jueves, el Foro Penal Venezolano informaba de que desde la noche anterior se habían registrado 51 nuevos arrestos en todo el país.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Venezuela: Senador Alvaro Dias chama a atencao da diplomacia brasileira

Pronunciamento efetuado nesta data pelo Senador Alvaro Dias (PSDB-PR) sobre a dramática situação na Venezuela, com depoimentos recebidos de brasileiros residentes naquele país, relatando ataques indiscriminados, crimes cometidos pelas milícias chavistas e o que ele chama de comportamento dúbio da diplomacia brasileira.
Trecho de seu depoimento:

"... com todo o respeito que nós devotamos à diplomacia brasileira, não há como admitir o comportamento atual em relação ao que ocorre no país vizinho.
A Casa do Rio Branco sempre desempenhou um papel digno de admiração, mas causa perplexidade o posicionamento do Itamaraty diante da crise que assola o nosso fraterno e vizinho país da Venezuela. O Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Luiz Alberto Figueiredo, expressou opiniões que não condizem com a retórica equilibrada pela qual sempre se pautou o Itamaraty.
É algo inusitado assistir um chanceler vocalizar num timbre ideológico.
Em declarações reproduzidas pela Agência Brasil o Ministro Figueiredo qualificou os manifestantes que estão conduzindo os protestos de radicais de extrema direita e grupos fascistas, que não estão interessados em resolver os problemas da Venezuela. E completou assumindo um compromisso dúbio: "Estamos dispostos a assumir as consequências necessárias para exercer a independência, a soberania e a autonomia dos Poderes Públicos venezuelanos".

Paulo Roberto de Almeida


Pronunciamento do Senador Alvaro Dias (PSDB/PR) sobre a Venezuela

O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. Bloco União e Força/PTB - RR) – Concedo a palavra, como orador inscrito, ao Senador Alvaro Dias, do PSDB do Paraná.
O SR. ALVARO DIAS (Bloco Minoria/PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, visitantes que nos honram com as suas presenças, volto à tribuna hoje para atender a um apelo que vem da Venezuela. Recebi inúmeras mensagens da Venezuela, através da internet, de brasileiros que lá vivem e de venezuelanos pedindo socorro diante da crescente violência que toma conta das ruas em todo o país, não apenas na capital, mas também nas médias e pequenas cidades do interior.
A truculência política e a incompetência administrativa que se somam já há cerca de 15 anos vão empurrando a Venezuela para um abismo social inevitável. Não estamos sendo informados devidamente. A truculência chavista amordaça a imprensa e violenta os veículos de comunicação. Hoje:

[o] Sindicato denuncia agressões a 31 jornalistas em protestos na Venezuela. Pelo menos 31 jornalistas [diz a France-Presse] foram reprimidos, detidos e roubados na Venezuela, por efetivos das forças da ordem e por desconhecidos, durante os protestos contra o governo nas últimas duas semanas, [conforme denuncia] [...] o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa, em nota divulgada [no dia de hoje].

Temos algumas manchetes no Brasil, mas insuficientes, que não retratam a dura realidade vivida pelo povo da Venezuela, como esta, da Folha de S.Paulo: “Para Maduro, cadeia vai fazer opositor venezuelano ‘refletir’.” Ou: “Jovens se escondem em Caracas durante ação de polícia e milícias”, mas é muito pouco.
Vou ler três das manifestações escolhidas através da internet que recebi diretamente da Venezuela. Da Giselle Araújo:

Senador, SOS Venezuela. Sou brasileira, vivo em Barquisimeto e a cada dia, está pior a situação!
Muitos tiros, muitas bombas de gás, muitos tanques de guerra nas ruas, dentro do conjunto residencial em que vivo jogaram bombas de gás lacrimogêneo, não foram poucas!
Aqui as TVs não passam nada. Ainda temos um pequeno espaço na CNN espanhola às vezes, mas é pouco para tudo que temos vivido. [Aqui, as TVs não passam nada.]
Nossos filhos não podem ir à escola, porque ninguém garante a sua segurança, temos vivido momentos de terror!
Aqui nos viramos é com vídeos caseiros, mensagens, WhatsApp, fotos, ajudando uns aos outros a denunciar tudo que está passando! Enviarei os links de vários vídeos mostrando toda a chacina que os policiais e os paramilitares chavistas têm feito no País!
Divulguem, ajudem que chegue ao mundo essa ditadura que mata tantos!
O que temos ouvido é que vão dar toque de recolher, se isso ocorrer mesmo vou avisar por aqui!
A guarda nacional atirou contra o nosso edifício além de jogar [...] bombas de gás.

Outra mensagem que recebi, de Vanessa Vasconcelos Cosme:

Bom dia Sr. Alvaro Dias! Sou brasileira e moro na Venezuela há 2 anos, meu marido é venezuelano.
Moro na Grande Caracas, porém longe de onde se concentram os protestos, mas acordei às 5h da manhã com buzinas, sirenes e disparos (esses soaram distantes). Acabo de compartilhar alguns vídeos de guardas disparando e matando pessoas.
É muito triste [...]

O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. Bloco União e Força/PTB - RR) – Senador Alvaro...
O SR. ALVARO DIAS (Bloco Minoria/PSDB - PR) – Pois não, Senador.
O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. Bloco União e Força/PTB - RR) – Desculpe interromper o seu discurso, e peço permissão, para, já que está falando de um assunto internacional, registrar aqui a presença nas nossas galerias dos alunos e alunas do curso de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília. Sejam bem-vindos!
O SR. ALVARO DIAS (Bloco Minoria/PSDB - PR) – Prazer em recebê-los aqui, estudantes certamente muito preocupados com o que ocorre na Venezuela, com os seus colegas estudantes que estão nas ruas daquele país. Certamente, as atenções de quem estuda aqui com os olhos voltados para o mundo devem estar concentradas hoje na Venezuela.
Continuo a leitura da mensagem da Vanessa.

É muito triste ver a tristeza, desespero, ansiedade e sensação de impotência no rosto dessas pessoas... Família, amigos, pessoas nas ruas.
O povo está protestando porque já não aguenta mais, são mais de 15 anos de má gestão, e agora ainda tem que andar de supermercado em supermercado para tentar conseguir alimentos básicos, como açúcar, leite, óleo, farinha de trigo, arroz, carne, frango, papel higiênico, são os mais difíceis de conseguir. [Na Venezuela, há escassez até de papel higiênico.]
Claro que existem outros problemas, mas a falta de alimentos e a insegurança são o pior.

Leio também, Sr. Presidente, mais uma mensagem, da Renata Ramia.

Meu nome é Renata Ramia. Eu moro na Venezuela há 13 anos, sou brasileira, meu marido e meus filhos são venezuelanos.
Estou fazendo tudo que eu posso para que não só o Brasil, mas o mundo veja o que está acontecendo aqui.
É brutal tudo o que está acontecendo já faz dez dias. Moro no interior, em Barquisimeto. A maioria aqui é opositora, vários jovens foram presos.
Em Caracas, Mérida, Valencia, a situação é ainda pior. Ajude a divulgar a situação daqui, por favor.
Obrigada pelo apoio. Vejo que o senhor está compartilhando várias fotos da situação daqui.
Hoje de noite meu prédio foi atacado por bombas de gás lacrimogêneo.
Havia pessoas protestando na porta dos prédios (fazendo garimpas) quando chegou a guarda nacional, policiais e motoqueiros lançando bombas de gás e disparando com bala de borracha. Isso não aconteceu só aqui, senão em toda a Venezuela.
Foi declarado toque de queda em San Cristóbal. Eles estão sem internet, sem telefone... Aqui te mando as fotos das bombas. Um vizinho gravou. Amanhã, se eu conseguir, te passo o vídeo.

Conversamos também – o meu gabinete fez contato com a Venezuela – com um militante da oposição, que fez um relato dramático, mas seguro, maduro e responsável: “As balas não são de borracha mais. São balas pra valer, que matam pessoas.”
Não se sabe quantos já morreram. Fala-se em mais de 20, mas, certamente, pela informação desse militante oposicionista da Venezuela, muita gente já perdeu a vida nas manifestações violentas nas ruas daquele país.
Informa, também, que chegam aviões carregados de cubanos. A milícia cubana veste o uniforme do Exército venezuelano e vai para as ruas. Esta é a informação que vem da Venezuela: cubanos que vestem o uniforme do Exército venezuelano para o enfrentamento nas ruas do país.
É muito grave, Sr. Presidente, para que o Governo brasileiro adote esta postura de condescendência. Mais do que isso, de cumplicidade com a truculência chavista que vai às ruas para afrontar pessoas e levá-las ao desespero.
Um governo tão incompetente, num país que produz petróleo, leva a população à miséria. Hoje, não há papel higiênico na Venezuela. Alimentos faltam, falta...
(Soa a campainha.)
O SR. ALVARO DIAS (Bloco Minoria/PSDB - PR) – ... água.
Sr. Presidente, eu peço mais algum tempo, porque esse tema é da maior importância para o Brasil, sim, e, com todo o respeito que nós devotamos à diplomacia brasileira, não há como admitir o comportamento atual em relação ao que ocorre no país vizinho.
A Casa do Rio Branco sempre desempenhou um papel digno de admiração, mas causa perplexidade o posicionamento do Itamaraty diante da crise que assola o nosso fraterno e vizinho país da Venezuela. O Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Luiz Alberto Figueiredo, expressou opiniões que não condizem com a retórica equilibrada pela qual sempre se pautou o Itamaraty.
É algo inusitado assistir um chanceler vocalizar num timbre ideológico.
Em declarações reproduzidas pela Agência Brasil o Ministro Figueiredo qualificou os manifestantes que estão conduzindo os protestos de radicais de extrema direita e grupos fascistas, que não estão interessados em resolver os problemas da Venezuela. E completou assumindo um compromisso dúbio: "Estamos dispostos a assumir as consequências necessárias para exercer a independência, a soberania e a autonomia dos Poderes Públicos venezuelanos".
Eu creio que é possível afirmar que esses boquirrotos líderes Venezuelanos que sustentam a bandeira do chavismo não possuem ideologia, a não ser a da truculência. Eu não creio que sejam de esquerda ou de direita, são ideólogos da truculência, da prepotência e da incompetência que se veem na Venezuela nos dias de hoje. Mas o apoio do Brasil ao chavismo não é novo, não é recente, vem de ontem, vem de antes, apoio incondicional ao chavismo, maduro nas eleições, mas o que nos importa destacar é que não é apenas apoio político, é apoio financeiro.
Os aportes financeiros oferecidos pelo Governo do Brasil, através do BNDES, à Venezuela são frequentes e expressivos. Eu lembro, por exemplo, o financiamento para o metrô de Caracas, Linhas 3 e 4 do metrô de Caracas. Um dos últimos empréstimos foi no valor de US$732 milhões, concedido para ampliação do metrô de Caracas.
Como receberá o Brasil esse valor? A Venezuela hoje não tem papel higiênico, não tem comida para o seu povo, como pagará esse empréstimo ao Brasil, ao Governo brasileiro, ao povo brasileiro?
Outra obra que contou com financiamento naquele País foi a Hidrelétrica La Vueltosa. Milhões de dólares para a hidrelétrica na Venezuela e apagões no Brasil por falta de investimentos.
Dinheiro sobra para empréstimos a Cuba, à Venezuela e a outros países, mas dinheiro falta para as medidas preventivas que pudessem evitar os apagões reiterados que ocorrem no Brasil, em que pese o compromisso da atual Presidente, ainda Ministra, de que apagão no Brasil era coisa do passado.
E agora, além desse empréstimo para hidroelétrica, há empréstimos para máquinas agrícolas, colheitadeiras financiadas também pelo BNDES. Estão sendo negociados mais US$4,3 bilhões para projetos de infraestrutura e de indústrias de base na Venezuela. O BNDS está negociando.
Abriu linha de financiamento de mais US$814 milhões para a Venezuela comprar 20 aeronaves Embraer. As aeronaves integrarão a frota da campanha estatal venezuelana Conviasa.
Uma pergunta está no ar: serão honrados esses compromissos financeiros? A Venezuela terá condições de pagar esses empréstimos? Uma economia combalida, gerenciada em meio ao caos administrativo do governo Maduro, de incompetência já consagrada. Qual a capacidade efetiva de pagamento da Venezuela nos dias atuais?
O que é importante, Sr. Presidente, para concluir. O Brasil não deveria alimentar falsas democracias ou ditaduras explicitas. Não! Alimentar ditaduras como a de Cuba para dar a elas sobrevivência ao longo do tempo e da história, sacrificando direitos humanos e maltratando populações, ou alimentar a farsa da democracia venezuelana com recursos que faltam ao Brasil para que aquele povo prossiga no sofrimento?
O Brasil deveria colocar sempre como pressuposto básico para esse tipo de relação no plano econômico e financeiro o regime vigente no país parceiro. Ditadura? Não! Democracia falsa? Não! Se o Brasil tem carências internas, necessidades prementes, escassez de recursos, não há razão para alimentar a ambição desmedida dos boquirrotos e prepotentes líderes que se valem de recursos externos para a sua sobrevivência, levando, como levam agora, com o seu chavismo, a Venezuela a um abismo social sem precedentes.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
A nossa solidariedade a essas pessoas que nos procuraram, que se manifestaram através da internet, àquelas que pedem socorro, mas, sobretudo, o nosso protesto contra a postura do Governo brasileiro, que é a absoluta ausência de solidariedade em relação ao sofrimento daqueles que querem viver a democracia.
Afinal, Sr. Presidente, democracia não é só uma palavra, democracia é muito mais que uma palavra. Não existe apenas para ser cantada, existe para ser vivida.
Por isso, Sr. Presidente, o nosso protesto em relação a essa postura acovardada do Governo brasileiro.


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Venezuela: a espiral descendente para o caos economico e a violencia politica

O ano em que Maduro viverá em perigo
Por Humberto Saccomandi
Valor Econômico, 05/12/2013

Inflação anual de 54%, desabastecimento, déficit fiscal acima de 10%, câmbio paralelo em disparada. O que está acontecendo na Venezuela é a implosão, em câmera lenta, do modelo econômico chavista. Isso será acompanhado por um colapso político do regime? É difícil prever, e parece pouco provável no curto prazo. Mas sem dúvida 2014 será um ano de tensão extrema no país. Esse cenário preocupa muito o governo e empresas no Brasil.

A tensão deve se agravar já a partir deste domingo, quando o chavismo pode perder a primeira eleição no voto popular desde que chegou ao poder, há quase 15 anos. O partido governista PSUV deve levar um maior número de prefeituras (a meta é 335). O presidente Nicolás Maduro, que venceu as eleições presidenciais de abril por pouco mais um ponto, alardeará isso como uma vitória. Mas, se ele perder na contagem total do voto popular, o efeito será de derrota.

Para evitar isso, Maduro vem fazendo uma ofensiva populista nas últimas semanas. Obteve do Legislativo poder para governar por decreto, denunciou uma guerra econômica da burguesia contra o seu governo, mandou prender empresários, enviou tropas para ocupar lojas (que foram obrigadas a vender produtos a preços reduzidos), ampliou o tabelamento de preços. Governistas e opositores concordam que essa mobilização reforçou a imagem de líder do regime, mas não está claro se isso se traduzirá em mais votos para seus candidatos a prefeito.

Ungido como seu sucessor por Chávez, pouco antes de este morrer, Maduro despertou inicialmente a expectativa de que poderia abraçar as reformas e deixar a política de confronto com a iniciativa privada. Isso durou pouco. O presidente, que diz falar com passarinho e ter visto o rosto de Chávez numa obra do metrô, logo recrudesceu.

Uma fonte do governo brasileiro, que falou sob a condição de não ser identificada, faz um juízo severo de Maduro. "Ele vem se mostrando incapaz e parece não entender a gravidade dos problemas da Venezuela", disse. "O Brasil ajuda como pode, dá crédito para a exportação, mas a situação lá é muito grave."

A situação é de descontrole da economia. A produtividade das empresas estatizadas caiu muito, diz a fonte brasileira. As reservas internacionais caíram 30% este ano e estão em só US$ 21 bilhões (contra US$ 375 bilhões do Brasil), o menor nível em nove anos. Faltam dólares; empresas locais não conseguem pagar fornecedores e estrangeiras não conseguem remeter dinheiro. O país é tido como o mais corrupto da América Latina, segundo estudo da ONG Transparência Internacional desta semana. O governo admitiu déficit público de 3,8% do PIB em 2012, mas o dado oficial é pouco confiável; o Banco Mundial deixou de usá-lo. O Bank of America estima o déficit este ano em mais de 10%.

Chavismo pode perder a sua primeira eleição no domingo
Durante anos, o chavismo gastou por conta do faturamento recorde com petróleo. Mas essa receita vem caindo (o governo não divulga estatísticas). Os EUA compram hoje menos da metade do petróleo que compravam pouco antes da posse de Chávez (veja gráfico abaixo). Isso não deixa de ser irônico, pois por muito tempo Chávez ameaçou interromper a venda de petróleo a Washington. Com isso, Caracas foi obrigada a vender mais para a China, que paga menos. Os chineses ainda anteciparam pagamentos em forma de empréstimos, e é provável que essa antecipação já tenha sido gasta pelo governo. Para completar a tempestade perfeita, a cotação do petróleo caiu bastante em relação ao seu pico e pode cair um pouco mais.

Essa perda de receita com o petróleo não foi acompanhada por corte de gastos equivalente. Há sinais de que já começou alguma contenção, como o corte na surdina da ajuda petroleira a países aliados. Mas o grosso do ajuste fiscal ainda está por ser feito, após as eleições. E deve ser acompanhado de desvalorização do bolívar, o que vai alimentar mais a inflação, pois a Venezuela importa muito do que consome.

Por isso, é importante para Maduro um bom desempenho nas eleições de domingo. Senão, ele terá de iniciar um período de cortes dolorosos de gastos numa situação de fragilidade política. Isso é uma combinação perigosa.

Esse cenário preocupa muito o governo brasileiro, que já vê a formação de grupos rivais nas Forças Armadas, antes mantidas coesas sob o comando de Chávez. Maduro não é um militar.

Essa preocupação não é só política. O Brasil tem seu terceiro maior superávit comercial com a Venezuela. Foram cerca de US$ 45 bilhões (não corrigidos) em dez anos (gráfico abaixo). Empresas brasileiras que atuam ou vendem para o país têm pagamentos a receber. E Henrique Capriles, líder da oposição, se disse contra a recente do país ao Mercosul.

E não é só o Brasil que está preocupado. O custo de seguro contra um calote da Venezuela (o CDS), uma medida do risco de se investir num país, subiu mais de 30% nos último mês, passando de 1.000 pontos-base no início de novembro para 1.300 agora.

O regime já está recorrendo a ajuda externa. A estatal PDVSA acertou empréstimo de US$ 1 bilhão com a russa Gazprom na semana passado, supostamente para ampliar a produção de petróleo. Resta saber se e quando esse dinheiro se traduzirá em crescimento da economia, que está praticamente estagnada.

Maduro deve enfrentar um plebiscito sobre seu mandato, mas só daqui a dois anos e meio. Em 2014 não há eleições, o que teoricamente daria a ele uma trégua política para avançar no ajuste da economia. Mas não se sabe o que pode acontecer se a tensão social aumentar muito.

Humberto Saccomandi é editor de Internacional. Escreve mensalmente às quintas-feiras

domingo, 26 de maio de 2013

Venezuela: luta de vida ou morte entre os herdeiros do caos

As armas não são exatamente para defender nenhuma soberania e menos ainda uma revolução que ameaça virar luta de foice entre os sucessores presumidos. São para salvar a própria pele do irresponsável que ainda vai contribuir para o aumento da violência, da delinquência, do banditismo, pois milícias desorganizados são um convite para o aumento do caos em que já vive o país.
Paulo Roberto de Almeida

Maduro anuncia que irá armar operários na Venezuela

  • Em ato oficial, presidente venezuelano anunciou a criação das Milícias Operárias Bolivarianas
  • Oposição qualificou o gesto de irresponsável e intimidador
O Globo, 25/05/2013

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/maduro-anuncia-que-ira-armar-operarios-na-venezuela-8490436#ixzz2US9BDICQ
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CARACAS — O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ordenou às Forças Armadas que armem a classe operária para reforçar a defesa da soberania nacional e garantir a “estabilidade da Revolução Bolivariana”. Em um ato oficial televisionado na noite de quarta-feira, o governante anunciou que entregará até dois milhões de armas para operários e reiterou que o país deve articular força suficiente para “se fazer respeitar”. A oposição pediu que o presidente explique qual a verdadeira finalidade da medida e qualificou o gesto de irresponsável e intimidador.

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- A classe operária será cada vez mais respeitada uma vez que esteja mais consciente e produtiva - disse Maduro na noite de quarta-feira, anunciando que as Milícias Operárias Bolivarianas farão parte das milícias bolivarianas, um corpo criado por Hugo Chávez em 2005. - Seremos ainda mais respeitados se as milícias tiveram 300 mil, 500 mil, um milhão, dois milhões de operários e operárias uniformizados, armados e preparados para a defesa da soberania da Pátria, da estabilidade da Revolução Bolivariana.
Ainda segundo Maduro, a medida deverá armar trabalhadores e estabelecer laços entre associações de profissionais e as Forças Armadas. O presidente também ordenou ao ministro da Defesa, Diego Molero, a avançar o mais rápido possível no estabelecimento e organização da milícia. Mas não deu quaisquer detalhes sobre prazos, números ou sequer se as milícias serão, de fato, armadas. Hoje, estima-se que cerca de 120 mil voluntários façam parte dessa força.
A oposição - que contesta na Justiça o resultado das eleições de 14 de abril e sequer reconhece a legitimidade da Presidência - protestou. Para os críticos do chavismo, essas milícias serão usadas para perpetuar o regime bolivariano.
Nesta sexta-feira, o secretário-executivo da Mesa da Unidade Democrática (MUD), Ramón Guillermo Aveledo, disse que as declarações fazem parte de uma retórica intimidatória que evidencia a incapacidade administrativa do governo. Segundo ele, a ordem ainda contradiz a lei de desarmamento que tramita no Parlamento - e que o governo chavista diz apoiar.
- Que ele pare de dizer esse tipo de besteiras que, em vez de ameaçar, refletem irresponsabilidade - acusou.
O deputado opositor Ismael Garcia, que na semana passada revelou uma gravação de conversas comprometedoras do presidente da Assembleia Nacional, atacou:
- Isso é uma mostra de debilidade; cai mal nos setores que esperam que reine a harmonia e a paz, as empresas, que possam produzir em paz.
A presidente da ONG Controle Cidadão, Rocío San Miguel, também criticou a criação de novas milícias:
- Ele poderia estar interessado em retomar o caminho de uma sociedade obediente e subordinada, porque os membros da milícia não teriam liberdade de reivindicar questões trabalhistas, por estarem sujeitos à disciplina militar.
O anúncio polêmico aconteceu no Teatro Municipal de Caracas, onde Maduro entregou diplomas para a primeira turma da Universidade dos Trabalhadores, composta por 522 profissionais.


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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Venezuela: do nao-debate 'a violencia das milicias governistas

Um leitor consultou-me a respeito a possível de possível violência política na Venezuela e acho que ele exagerou um pouco, não nos seus temores -- acho, sim, que vai haver violência -- mas no grau ou na dimensão que pode tomar essa violência política (e militar).
Meu interlocutor disse que:
"...muito me preocupa a situação das eleições do mês que vem naquele país e, assim como vários analistas, creio que, caso haja uma grande chance do opositor Capríles (a quem Hugo Chávez chama constantemente de \"nada\" e \"perdedor\", como se sua opinião fosse fato indiscutível), poderemos ter uma guerra civil de grandes proporções no país.
Temo que esta possível guerra civil esteja menos para uma \"primavera árabe\" e mais para um massacre do nível de Ruanda.
Assim como Bill Clinton se arrepende de não ter mandado ajuda quando necessário a Ruanda, pode ser que daqui a dois anos iremos olhar para trás e perguntar a Dilma Roussef por quê ela não fez nada, quando bastava mandar agentes para fiscalizar uma eleição para evitar uma grande guerra civil e um posterior massacre de inocentes por milicianos chavistas?
Já não seria hora do governo brasileiro de oferecer ajuda na organização das eleições presidenciais na Venezuela? Podemos estar à beira de um banho de sangue? Gostaria de saber qual a sua opinião acerca deste assunto."

Respondi desta maneira: 

Acredito, sim, que, independentemente de quem ganhe as eleições na Venezuela, teremos pelo menos alguns mortos, antes, durante e depois, dado o nível de exacerbação do lado governista e suas milícias armadas.
Infelizmente algum sangue vai correr, mas não acredito em nada parecido com Ruanda. Aqui estamos falando de 400 a 600 mil mortos, num conflito civil de caráter étnico, basicamente. Isso não ocorre na Venezuela.
Existe um grau de violência embutido no regime chavista que torna o sacrifício de vidas humanas inevitável, embora nada que se assemelhe a uma guerra civil.
Haverá disturbios e, dependendo do grau de fraude existente no sistema eleitoral (ele haverá, esteja certo disso), pode ser que leve a enfrentamentos localizados.
Mas Chavez controla o Exército e dispõe de milicias armadas. Ele tem o aconselhamento da Inteligência cubana a seu serviço, assim que pode saber antecipadamente o que planejam os lideres oposicionistas e prender ou eliminar vários deles preventivamente.
É isso o que eu acho que vai ocorrer na Venezuela.
Se a observação eleitoral (não por parte de enviados estrangeiros) dos fiscais da oposição for eficaz, eles vão poder detectar fraudes (ou seja, diferencas entre votos computados, eleitores inscritos e votos comunicados à central de totalização), e se eles forem grandes, pode haver aí uma fonte provável de disturbios.
Mas não sei se a oposicao está preparada para ter um fiscal praticamente em cada secao eleitoral, e depois ter acesso aos mapas de totalização.
Vai ser, em todo caso, uma coisa alucinante...


Aproveitando a dica, a matéria abaixo transmite um pouco do clima reinante naquele país, e esse cenário deve se agravar sensivelmente nas próximas semanas. Infelizmente.
Paulo Roberto de Almeida 

Venezuela: Capriles acusa a Chávez por acciones de violentos contra su campaña

Infolatam Efe
Caracas, 12 septiembre 2012
El candidato de la alianza opositora de Venezuela,Henrique Capriles, acusó hoy al jefe de Estado y aspirante a la reelección, Hugo Chávez, de propiciar acciones violentas y generar miedo, después de que se produjeran enfrentamientos en un aeropuerto del interior del país.
Oficialistas y opositores se enfrentaron hoy a las afueras del aeropuerto Bartolomé Salom de Puerto Cabello, estado Carabobo (centro), con piedras y bombas caseras que dejaron al menos cuatro heridos leves, según diversas fuentes, horas antes de que Capriles llegara a la ciudad para un acto de campaña.
“Yo lo señalo directamente, es usted candidato del Gobierno, es usted el que quiere ese escenario, es usted el que quiere sembrar el miedo, es usted el que quiere que los venezolanos se sigan enfrentando unos con otros”, dijo Capriles en la ciudad de Puerto Cabello.
El opositor hizo los señalamientos tras su llegada a esa localidad, donde encabezó un acto proselitista en el que aseguró que debió llegar al lugar del evento en una embarcación pesquera pues desde el martes por la noche estaba en conocimiento de que “grupos radicales” iban a realizar acciones violentas en el aeropuerto de la zona.
“Esas acciones no son espontáneas, esas acciones tienen un responsable”, reiteró Capriles, quien pidió a sus partidarios no caer en provocaciones y dejar que esos grupos radicales “se queden con las ganas”, pues, según dijo, lo que pretenden es sembrar el miedo de cara a las elecciones presidenciales del 7 de octubre.
El domingo pasado Capriles suspendió un acto de campaña en una populosa parroquia del oeste de Caracas tras haber sido informado de supuestas amenazas de un grupo de simpatizantes de Chávez, según informó su equipo de campaña.
El aspirante de la oposición acusó este martes a Chávez de orquestar una “guerra sucia” en su contra después de que perdiera el apoyo de cuatro partidos de la treintena que lo respaldaba lo que atribuyó a una “compra” de organizaciones y líderes políticos por parte del comando de campaña del candidato del Gobierno.