quinta-feira, 7 de março de 2013

Noticias de outro continente...

Atenção, se você for a Bombai, ou Mumbai, como os indianos preferem, cuidado com os leopardos soltos na periferia...
Isso me lembra aquela velha piada dos três leões que escaparam do zoológico, e cada um tentou se esconder em algum lugar: dois foram logo recapturados, mas o terceiro sobreviveu durante longos meses dentro de um armário numa repartição pública e só foi capturado depois que comeu o servidor de cafezinho. Na Índia o serviço público deve funcionar nas mesmas bases...
Paulo Roberto de Almeida
Inde
A Bombay, la plus grande ville du pays, se déroule une guerre de l'espace entre les habitants et les animaux sauvages qui bordent la ville. La capitale économique indienne est l'une des mégalopoles les plus peuplées au monde, avec près de 20 millions d'habitants, et le manque de logement est tel que plus de la moitié d'entre eux vivent dans des habitations informelles.
Des bidonvilles qui ont commencé à s'étendre jusqu'à l'intérieur d'une énorme forêt nationale qui jouxte Bombay, et où vivent une vingtaine de léopards. Mais durant les sept derniers mois, six personnes, dont des petits enfants, ont été tués par des léopards. Aujourd'hui, les autorités essaient, tant bien que mal, de gérer la coexistence entre les deux espèces de mammifères pour faire cesser cette hécatombe.

Noticias de certo continente...

A gente sempre se surpreende com as manchetes do dia:

 Ansa Latina (Itália) – Rousseff organiza frente contra golpe en Venezuela
Uau? Um golpe estava em curso? Então é preciso salvar o país dos conspiradores...

Venezolana de Televisión – Patriota: Chávez es un líder que quedará en la memoria de los venezolanos
Disso não existe a menor dúvida: HC é inesquecível...

El Nacional (Venezuela) – Aseguran que Maduro no puede ser candidato si ejerce como vicepresidente
Ops, os conspiradores se agitam; vamos fazer uma frente contra o golpe...

BBC (Reino Unido) – Chávez era "el mesías", según Ahmadinejad
Vamos ter de descobrir agora os fundamentos teológicos do novo culto...

Reuters (Reino Unido) – Una Cuba conmocionada empieza a imaginar el futuro sin Chávez
Uh, lá, lá: a mesada vai diminuir agora...

E assim vamos indo...
Sexta-feira tem mais...

Historia economica da América Latina: Jose Antonio Ocampo, Luis Bertola

Um livro a ser comprado, lido, anotado...

The Economic Development of Latin America since Independence
José Antonio Ocampo, Luis Bertola

Over the past decade macro-economic stability and the rise of China and India have brought unprecedented economic growth to Latin America—and with it a flood of investment and praise from analysts. Has the region overcome the historical structural constraints that have led to the booms and busts of the past?
In his new book José Antonio Ocampo, with co-author Luis Bertola, includes original research and empirical data on trade and free trade agreements, capital flows, Latin America’s insertion into the global economy, human developmet and inequality, and the impact of these patterns and structures for the region’s future.

Qusndo Chavez ainda nao era Chavez... - Mario Machado Filho

Simpática crônica dos tempos em que FHC ainda era "El Maestro", e quando Chávez, já socialista, mas cauteloso, ainda não tinha desembrulhado seu patético socialismo do século 21.
Mario Machado escreve muito bem, mas é muito sincero para fazer um militante de causas fundamentalistas. Espírito libertário, sabe avaliar com precisão a realidade contemporânea.
Estamos sempre conectados, pelas linhas invisíveis do espaço virtual...
Paulo Roberto de Almeida 

O dia que apertei a mão de Chávez
Mario Machado
Coisas Internacionais,  05 Mar 2013 10:54 PM PST

A notícia da morte de Chávez tomou de assalto o noticiário e as redes sociais, não faltam opiniões, análises e até mesmo as sempre presentes piadas de humor negro. Ao saber da notícia, naturalmente comecei a pensar no que escreveria. Bom, decidi compartilhar com vocês a lembrança que veio imediatamente a minha cabeça.

Aquela foi uma manhã completamente atípica no bloco K, da Universidade Católica de Brasília, havia uma corrente elétrica no ar, todos estavam ouriçados, a maioria por que as aulas terminariam mais cedo, outros por que haviam sido convidados para estar na audiência do discurso que faria o presidente Venezuelano Hugo Chávez Frias, que acabará de conduzir uma série de consultas populares que estavam a gerar uma grande polarização em seu país. Não era ainda o Chávez socialista do século XXI, afinal estávamos no ano 2000 e o barril de petróleo era cotado na casa dos USD 29.00.

Chávez ainda não era um “household name”, ou seja, não se conhecia tanto o homem, ou eu teria optado por lanchar antes do discurso, que eu não imaginei que duraria tanto. O bloco K foi esvaziado naquela manhã, homens da Polícia Federal e dezenas de seguranças venezuelanos de Chávez ocuparam as entradas, o aparato parecia exagerado, havia alguns poucos manifestantes que pediam solidariedade de Chávez com as FARC, eram dias em que o Plano Colômbia acirrava ânimos.

Todos já estavam no auditório do nosso prédio, mas que não era mais nosso, naquela manhã pertencia a alta cúpula dos dirigentes da Católica, jornalistas venezuelanos e brasileiros se acotovelavam na porta sinal inequívoco que o convidado de honra havia chegado.

Cumprida as formalidades do cerimonial público, começou a fala de Hugo Chávez. “É um caudilho, um milico que quer calar a imprensa” me disse uma moça do movimento estudantil, que anos mais tarde se renderia ao bolivarianismo.

O homem sabia entreter uma platéia, era agradável, envolvia os estudantes, foi acessível e gentil no trato, sua retórica já era de alta octanagem, inflamatória por excelência arrancou aplausos ao denunciar os planos de internacionalização da Amazônia – esse eterno fantasma na mentalidade brasileira – e fez relatos sobre como os recursos do petróleo seriam malversados pelos oligarcas e que seu país possuía 80% da população na pobreza. Ele falou dos laços Brasil e Venezuela e de como tinha F.H.C como “El maestro”.

Ao terminar sua fala Chávez – como bom político – dedicou um pouco de seu tempo para tirar fotos cumprimentando os estudantes. E logo foi cercado por repórteres de sua terra natal que queriam saber de algum assunto urgente do dia, na comoção que isso causou aproveitei pra ficar entre os seguranças dele que talvez tenham sido levados a acreditar por conta do terno que eu vestia e do meu porte físico que eu era um segurança brasileiro, quando o presidente esteve em minha frente estendi a mão e recebi um aperto de mão efusivo e uma mensagem que não lembro bem, mas era algo como o futuro pertence a vocês.

Eu ainda tinha 19 anos e era um tanto imaturo e me deixei levar pela pompa e circunstância de estar na presença de um chefe de Estado e acabei por tietar um homem que hoje representa o contrário de tudo que eu acredito, mas são essas experiências que pouco a pouco vão construindo o rumo de nossas vidas.

Não sei, realmente não sei se essa história é pertinente a única certeza que tenho que os eventos daquele dia 31 de agosto de 2000 ajudaram a solidificar meu desejo de percorrer essa tortuosa estrada de ser analista de Relações Internacionais.
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Para algumas considerações sobre a situação venezuelana, clique aqui.

*Post dedicado ao meu bom amigo Bruno Amário e sua prodigiosa habilidade de encontrar reportagens antigas na internet.

Ah, essa mania perversa de estudar e de prosperar - Jose Vicente Lessa

Como é duro dar duro: além disso requerer menos horas de sono, de lazer, de simples far niente, a gente ainda corre o risco de prosperar, ter sucesso, ficar rico, e... pronto: já criamos desigualdades insuperáveis em relação aos que não fizeram como nós, e quiseram apenas levar uma vida "normal", sem essas chateações de uma ambição desmedida pelo progresso individual, pela ascensão solitária em direção à riqueza, à fama, ao poder.
Sem querer estamos alimentando essas famosas assimetrias sociais que justificam todas as políticas públicas de "redução das desigualdades", que como todos sabem são criadas por esse perverso mercado e pelo ainda mais perverso capitalismo.
Ah, se não fossem os companheiros corretores das desigualdades estruturais, nos viveríamos eternamente numa sociedade injusta, cheia de pobres e desvalidos, quando não oprimidos, e teríamos de aguentar, além da miséria da massa e a possível inveja da "burguesia do capital alheio", o nosso próprio remorso, por sermos tão ricos -- eu, por exemplo, não tenho muito dinheiro no banco, mas devo ter pelo menos 5 mil livros -- e os outros tão pobres.
Ops, isso me lembra o título de dois outros livros, clássicos. O primeiro é de um tal de Adam Smith, tenho certeza de que vocês já ouviram falar dele, o tal de "pai da economia política", que proclamou (segundo alguns dos meus alunos), a tal de "teoria da mão invisível" (Senhor, perdoai aos inocentes) e afirmou que a base de toda a riqueza era a divisão do trabalho e a especialização (e eu aqui querendo saber de tudo ao mesmo tempo... que pobreza de espírito). O segundo é um tal de David Landes, que aproveitou o título do Smith, sobre A Riqueza das Nações, e aproveitou também para se questionar sobre a origem da pobreza das nações, que um tal de Jared Diamond acha que está na ecologia (ops, lá vem aqueles chatos com aquela conversa: "eu não disse?, eu não disse?").
Enfim, toda essa introdução caótica para introduzir (com perdão pela redundância e pelo conceito pornográfico), este pequeno texto sobre o mesmo assunto de meu amigo, colega, um dos meus intelectuais preferidos da diplomacia (é, parece que tem alguns, pelo menos), José Vicente Lessa.
Divirtam-se...
Paulo Roberto de Almeida

Nós, os injustos sociais
José Vicente Lessa
(Recebido, indiretamente, em 6/03/2013)

Confesso que o discurso sobre as “desigualdades sociais” é um dos temas que mais me aborrecem. Não porque seja ele enfadonho - longe disso -, mas em razão do envólucro politicamente “correto” e “progressista” que ele invariavelmente assume. O grande divisor de águas da discussão provém do fato de o “progressismo”, subproduto eufemístico do esquerdismo, não nos conceber como indivíduos, mas como categorias sociais. Assim, o pobre, o desvalido, a pessoa em situação (como eles gostam de dizer) de vulnerabilidade ou de precariedade socioeconômica, será sempre prisioneira de uma estrutura “perversa”, incapaz de dela se libertar por si mesma. Mas “incapaz” por quê? Ora, incapazes porque não são exatamente pessoas, mas categorias gerais!

Como se geram as desigualdades? Isto é facílimo de entender. Você, leitor, que adquiriu certa posição social, tem um bom emprego ou é um empreendedor de sucesso, é certamente, também, um injusto social. Quando você estudava, varava noites se preparando para o vestibular, trabalhava para custear seus estudos, frequentava aulas à noite, lia livros e aprendia novas habilidades, estava, sem se dar conta, cavando um fosso de desigualdades com relação a todos aqueles que preferiam ver telenovelas, conversar sobre futebol no bar da esquina, ou simplesmente coçar os “países baixos” à espera de que a sorte ou o governo viesse em seu socorro. Quanta injustiça você, leitor – e admito, eu próprio, minha culpa –, produziu nessa sua insana e estranha compulsão de melhorar de vida às próprias custas...

O problema todo está em que você e eu quisemos progredir como indivíduos. Este foi o nosso grande erro. Deveríamos todos ter ficado em casa, coçando..., como categoria social coletiva, à espera que o governo nos desse casa e comida, proclamando ser estes itens, afinal, nosso direito! Assim, se todos fôssemos “vulneráveis” e “precários”, estaríamos na mesma situação. Deixaria, enfim, de haver desigualdades.

quarta-feira, 6 de março de 2013

HC, o breve (brevissimo para certos personagens...)

A charge definitiva de Amarildo:
 (eu não disse que teríamos luto?; vamos ver agora a procissão, e os salmos...)

E agora, vamos fingir que vou estudar no exterior...

Estava com ar de férias remuneradas no exterior. Agora, parece que não é só o ar...
PRA

'Puxadinho' sem fronteiras

06 de março de 2013 | 2h 13
Editorial O Estado de S.Paulo
 
Com menos de dois anos, o programa Ciência sem Fronteiras, uma iniciativa acertada do governo federal, já começa a mostrar sinais de que está contaminado pela cultura do "puxadinho", que tão bem tem caracterizado a administração da presidente Dilma Rousseff.
O Ciência sem Fronteiras tem como objetivo internacionalizar o ensino superior no País, por meio da concessão de bolsas de estudo em universidades competitivas no exterior. A intenção, alardeia o governo, é "investir na formação de pessoal altamente qualificado nas competências e habilidades necessárias para o avanço da sociedade do conhecimento". Ainda se espera que esse objetivo seja alcançado, porque esse é um dos fatores dos quais depende o pleno desenvolvimento do Brasil, mas multiplicam-se evidências de que, por trás do palavrório repleto de boas intenções e metas ousadas, viceja a conhecida inépcia da administração lulopetista.
Um exemplo escandaloso disso é a decisão do governo de diminuir a exigência de conhecimento de alemão, francês, inglês e italiano para seleção de bolsistas, de modo que os candidatos com nenhum domínio desses idiomas poderão participar do programa. Com a medida, o governo pretende conseguir cumprir sua promessa de enviar 101 mil bolsistas ao exterior até 2015 - até agora, graças em grande parte ao obstáculo do idioma, apenas 22% dessa meta foi atingida. O governo oferecerá aulas intensivas de idiomas, de até dois meses, para tentar compensar a deficiência dos candidatos, mas especialistas salientam que isso não basta, já que os cursos na área tecnológica, principal foco do programa, exigem pleno domínio da língua em que são dados. Em dois meses, é improvável que os bolsistas possam atingir esse nível de proficiência. O governo reduziu a tal ponto a exigência de domínio do inglês que, no caso da seleção de alunos dos Institutos Federais de Educação Tecnológica e das Faculdades de Tecnologia (Fatecs) para estudar nos Estados Unidos, o candidato ganhará a vaga mesmo se não conseguir manter uma conversação básica. Não é possível imaginar que um bolsista com essas credenciais consiga ser bem-sucedido nas melhores universidades americanas e europeias.
Ante a evidente limitação de muitos candidatos, vários deles têm optado por concorrer a bolsas para estudar em Portugal, para driblar o obstáculo da língua. O problema é que a maioria dos bolsistas optou por universidades portuguesas que são consideradas mais fracas que as brasileiras, apesar do Ciência sem Fronteiras propagandear que tem convênios com "as melhores universidades do mundo". Um desses estudantes, ouvido pelo Estado (5/3), disse que o importante não era o curso em si, mas o "contato com a cultura europeia" - uma espécie de turismo à custa dos cofres públicos.
Para tentar contornar o problema, a Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (Capes) ofereceu a esses alunos em Portugal a oportunidade de estudar nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha e em outros países com universidades de ponta - sem necessidade de passar por teste de proficiência.
A precariedade do Ciência sem Fronteiras não é uma novidade. Entre 2011 e 2012, muitos dos estudantes enviados ao exterior receberam da ajuda prometida apenas a passagem aérea, e ficaram um bom tempo sem dinheiro para pagar o aluguel, a alimentação, os livros, o plano de saúde e o transporte.
Essa situação constrangedora é mais uma a revelar as práticas de um governo que precisa produzir continuamente números vistosos para alimentar seus slogans eleitoreiros, enquanto faz remendos grosseiros para esconder a fragilidade de suas alegadas conquistas.
Não se esperava que um programa com essa magnitude fosse isento de problemas e contratempos. No entanto, é notável que, na cartilha da administração petista, quando se trata de corrigir falhas e rumos, recorre-se, como regra, ao improviso. Enquanto isso, o Ciência sem Fronteiras, numa flagrante contradição em termos, seguirá formando esforçados monoglotas.

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Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...