O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador morte. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador morte. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Luiz Jorge Werneck Vianna, obituários (enviados por Maurício David)

 O diabo anda solto... Só nesta semana 3 grandes intelectuais ( Affonso Celso Pastore, Mauro Boyanovsky e Werneck Vianna) foram retirados do nosso convívio intelectual... O que nos restará se não revisitar as suas contribuições para a interpretação do nosso Brasil contemporâneo ? Do Werneck (como chamávamos os seus amigos e companheiros de luta...) guardo a convivência no exílio no Chile, apesar de ter sido um período em que êle passou por muitas dificuldades de adaptação (tanto que resolveu voltar abruptamente ao Brasil, o que o levou a ser preso tão logo chegou. Foi acolhido então por Francisco Weffort – que viria a ser Secretário Geral do PT e, posteriormente, Ministro da Cultura dos governos do Fernando Henrique, de quem era grande amigo,  e pelo próprio FHC, no CEBRAP). Werneck foi sempre um militante intelectual dedicado, um homem de Partido, sem perder jamais a ternura... Agora que se foi logo após a morte do Weffort e que o Fernando Henrique vive os seus momentos finais de vida, como seria bom que existisse uma vida após a morte (coisa de quer estou cada vez mais cético...) para que pudéssemos ter a esperança de trocar algumas idéias nos espaço celestial, caso houvesse uma vida futura...

Mauricio David


quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Luiz Carlos Azedo - Werneck Vianna, intérprete do Brasil contemporâneo 

image001.png

Correio Braziliense

Difusor do pensamento gramsciano no Brasil, produziu ensaios que servem de referência para o estudo do liberalismo, do Judiciário e da nossa modernização conservadora

O sociólogo carioca Luiz Jorge Werneck Vianna faleceu, nesta quarta-feira, aos 85 anos. Fez parte de uma geração de artistas e intelectuais que formou o pensamento crítico da esquerda brasileira nas décadas de 1960, 1970 e 1980, entre os quais, destacam-se Nelson Pereira dos Santos, Ruy Guerra, Joaquim Pedro, Walter Lima Jr., Zelito Viana, Luiz Carlos Barreto, Glauber Rocha, Leon Hirszman, Ferreira Gullar, Leon Amoedo, Tereza Aragão, Zuenir Ventura, Milton Temer, Norma Pereira Rego, Leandro Konder, Darwin Brandão, Marilia Kranz, Ziraldo, Jaguar, Albino Pinheiro, Ferdy Carneiro, Hélio Oiticica e Hugo Bidet, Hugo Carvana, Paulo Góes, Vergara, Carlinhos Oliveira, Zózimo Amaral, Tom Jobim, Carlos Lira, Vinicius do Moraes e Oduvaldo Viana Filho.

Residentes no Rio de Janeiro, em sua maioria, formavam a chamada República de Ipanema. Apesar da influência do antigo PCB no meio cultural carioca, muitos não eram comunistas e tinham profundas divergências com os militantes do setor cultural do velho Partidão, do qual Werneck fez parte. Com raízes familiares na aristocracia cafeeira fluminense, Werneck Vianna foi criado em Ipanema e estudou nos melhores colégios da Zona Sul carioca, mas teve trajetória rebelde, influenciado por autores como Monteiro Lobato, Eça de Queiroz, Fiódor Dostoiévski e Miguel de Cervantes.

Em 1958, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade do Estado da Guanabara (atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Uerj), concluindo o curso em 1962. Em 1967, graduou-se em ciências sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e, dois anos após, ingressou na primeira turma de mestrado do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj). Sua trajetória acadêmica, porém, foi interrompida na década de 1970, por cinco inquéritos policiais-militares, que o levaram a se exilar no Chile.

Retornou do exílio um ano após. Ao chegar, foi detido por seis meses. Acolhido em São Paulo por Francisco Weffort, seu orientador no doutorado em sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), começou a trabalhar no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), fundado em 1969, com financiamento da Fundação Ford, por professores da Universidade de São Paulo (USP) afastados pelo regime militar, entre os quais, Boris Fausto, Elza Berquó, Fernando Henrique Cardoso, Francisco de Oliveira, José Arthur Giannotti, Octavio Ianni, Paul Singer e Roberto Schwarz.

Em 1974, com outros intelectuais que estudavam O Capital, de Karl Marx, como Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho, foi aluno de Anastacio Mansilla na Escola de Quadros do PCUS. No mesmo ano, de volta ao Brasil, foi um dos redatores do programa político do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em 1975, fugindo da repressão ao PCB em São Paulo, retornou ao Rio de Janeiro e, escondido na casa do dramaturgo Paulo Pontes, companheiro da época de CPC, escreveu sua tese de doutorado: Liberalismo e sindicato no Brasil (Paz e Terra, 1976).

Modernização autoritária

Por três décadas, Werneck foi professor do Iuperj e, durante o biênio 2003-2004, presidiu a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs). Encerrou sua carreira acadêmica como professor de sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Um dos grandes responsáveis pela difusão do pensamento gramsciano no Brasil, no rastro do jornalista Luiz Mario Gazzaneo, produziu ensaios que servem de referência para o estudo do pensamento social brasileiro, principalmente o liberalismo, do papel do Judiciário e da modernização do Brasil.

Destacam-se entre seus trabalhos, pela atualidade: A revolução passiva: iberismo e americanismo no Brasil (Revan, 1997); A judicialização da política e das relações sociais no Brasil, com Maria Alice Rezende de Carvalho, Manuel Palacios Cunha Melo e Marcelo Baumann Burgos (Revan, 1999); Esquerda brasileira e tradição republicana: estudos de conjuntura sobre a era FHC-Lula (Revan, 2006); Uma sociologia indignada — Diálogos com Luiz Werneck Vianna, de Rubem Barboza Filho e Fernando Perlatto (Ed. UFJF, 2012); Modernização sem o moderno: análise de conjuntura na era Lula (Contraponto/Fundação Astrojildo Pereira) e Diálogos gramscianos sobre o Brasil (Fundação Astrojildo Pereira, 2018).

Liberalismo e Sindicato no Brasil é um esforço de compreensão das profundezas da nossa “modernização conservadora”, no contexto das obras de Simon Schwartzman, Florestan Fernandes (1975) e José Murilo de Carvalho (1980). Estudou o liberalismo numa sociedade marcada pelo escravismo e pelo patrimonialismo. Sua tese de que a modernização brasileira não significava ruptura e/ou desaparecimento das elites tradicionais, mas a renovação dessas forças, continua atualíssima.

Segundo Werneck Vianna, numa sociedade excludente e autoritária, que não incorporou os valores liberais, o caminho da modernização foi o Direito e suas instituições, em meio a rupturas e negociações entre elites. Em síntese, a modernização brasileira ocorreu e ainda ocorre em meio a negociações entre o moderno e a cultura do atraso, sem rupturas com ele, mas em compromisso. Werneck condenou a luta armada e apostou na luta política pelas liberdades e na mobilização da sociedade civil durante o regime militar; após a redemocratização, na participação política radicalmente comprometida com a democracia representativa como valor universal.

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Morre aos 85 anos Luiz Werneck Vianna, referência na sociologia brasileira 

image002.png

Folha de S. Paulo

Referência nas ciências sociais do Brasil, acadêmico foi opositor da ditadura e um dos críticos iniciais da Lava Jato

SÃO PAULO e RIO DE JANEIRO - Morreu nesta quarta-feira (21) aos 85 anos Luiz Werneck Vianna, professor e ex-presidente da Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais) e referência na sociologia brasileira.

O acadêmico foi autor de livros como "Liberalismo e Sindicato no Brasil" (1976), "Esquerda Brasileira e a Tradição Republicana" (2006) e a "A Judicialização da Política e das Relações Sociais no Brasil" (1999). Foi mestre em ciência política pelo Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) e doutor em sociologia pela USP.

Também era graduado em direito e foi advogado de presos políticos durante a ditadura militar. Integrante do Partido Comunista Brasileiro nos anos 1960, o sociólogo teve que ir para a clandestinidade durante o período autoritário e passou um período exilado no Chile.

Vianna foi criado no bairro de Ipanema, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, e frequentou colégios de elite, mas dizia que sua família era de "de classe média, de recursos não abundantes, também não muito escassos".

Em depoimento a centro de pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas), falou sobre a aproximação no auge da ditadura de intelectuais com o MDB, que incluía a atuação de Fernando Henrique Cardoso, também acadêmico.

"Fizemos esse programa, que foi editado um livrinho vermelho: era o programa do MDB de 74 e fomos a uma reunião em Brasília", disse ele.

A eleição parlamentar de 1974 marcou um dos principais reveses da ditadura militar.

Também no depoimento, disse que conheceu o hoje presidente Lula também naquela época, em encontro de delegados sindicais. Dizia lamentar que os grupos políticos do petista e do tucano tivessem perdido conexão.

Werneck Vianna sempre se manteve atuante no debate político do país. Mais recentemente, em 2022, escreveu que Jair Bolsonaro representava o risco real de um "fascismo –tabajara, mas fascismo– que nos ronda desde os anos 1930, derrotado por duas vezes, em 1945 e 1985, mas nunca erradicado, entranhado como está em nossa história de modernização capitalista autoritária".

Também foi crítico em suas análises sobre a Operação Lava Jato desde os estágios iniciais da investigação, classificando as autoridades como "tenentes de toga" —em referência aos jovens militares da década de 1920.

As críticas de Vianna à Lava Jato levaram o colunista da Folha Elio Gaspari a escrever em dezembro de 2016: "Werneck sabe do que fala. Conhece a história da República e traçou o melhor retrato do Judiciário nacional no seu livro 'Corpo e Alma da Magistratura Brasileira'. Durante dez anos, ajudou a aperfeiçoar os conhecimento de toda uma geração de juízes e promotores como professor da Escola da Magistratura. Sua perplexidade diante do rumo tomado pelo conjunto de iniciativas derivadas da Operação Lava Jato reflete a ansiedade de um mestre diante do tenentismo togado".

A PUC do Rio de Janeiro, onde lecionou, publicou nota de pesar afirmando que ele foi um intelectual de "grande relevância para o campo da sociologia e para a comunidade acadêmica como um todo", deixando "'marca indelével na história do pensamento social do Brasil".

"Durante sua trajetória, contribuiu de forma significativa para o avanço do conhecimento científico e para o debate público, sempre pautado pela ética, pela integridade e pelo compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e democrática."

O Hospital Copa D'Or informou que não tinha autorização para divulgar mais detalhes da morte.

A Anpocs, presidida pelo professor entre 2003 e 2004, disse que as obras dele se tornaram clássicas nos estudos sobre o país.

"Seu legado intelectual para as Ciências Sociais é inestimável, e seguirá inspirando reflexões sobre o Brasil do passado e do presente."

O Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo afirmou: "Werneck foi um dos cientistas sociais brasileiros mais importantes da sua geração. Nos seus mais variados trabalhos juntava uma perspectiva analítica e de intervenção".

"Perde a inteligência brasileira um dos seus mais ilustres representantes. Perdi um velho camarada e amigo. Meu profundo sentimento pelo falecimento do grande cidadão brasileiro, Luiz Werneck Vianna. Meus pêsames a família e seus amigos e amigas", escreveu o ex-deputado Roberto Freire, que presidiu o PCB e se tornou depois presidente do PPS, que viria a se tornar o Cidadania.

O deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) afirmou que o acadêmico "espalhou senso de justiça, ciência política comprometida com os explorados e inteligência crítica". "Cumpriu sua missão nessa vida. Fará falta nesses tempos de tanta indigência intelectual."

 

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

 

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Sociólogo Luiz Werneck Vianna morre no Rio 

image003.jpg

Valor Econômico

Professor da PUC, ele é autor de livros como 'Liberalismo e sindicato no Brasil'

O sociólogo Luiz Werneck Vianna morreu nessa quarta-feira (21), aos 86 anos. O sociólogo estava internado no Hospital Copa D'Or, que confirmou a morte por meio de nota e informou não ter autorização para divulgar mais detalhes.

Werneck nasceu no Rio em 1938 e se formou em direito na antiga Universidade do Estado da Guanabara, atual Uerj, em 1962. Depois, graduou-se em ciências sociais pela UFRJ, em 1967.

O sociólogo militou em movimentos comunistas e atuou no Centro Popular de Cultura. Em fins de 1970, no auge da repressão do regime militar, foi perseguido e exilou-se no Chile. Retornou um ano depois ao país e foi detido por seis meses.

No Brasil, publicou uma série de livros considerados fundamentais para a sociologia brasileira, como “Liberalismo e sindicato no Brasil”.

Werneck Vianna foi colunista do Valor entre 2010 e 2011, onde escrevia semanalmente às segundas-feiras, e fazia análises do cenário político do país.

O sociólogo atuou em mais de uma dezena de instituições universitárias pelo país. Atualmente, era professor da PUC-Rio, que, em nota, lamentou a morte do sociólogo: “Luiz Werneck Vianna foi um intelectual de grande relevância para o campo da sociologia e para a comunidade acadêmica como um todo. Seu legado se estende nas orientações de muitas gerações, estudos e reflexões sobre a sociedade brasileira, onde deixou uma marca indelével na história do pensamento social no Brasil.”

Na nota, a universidade lembrou da trajetória de Werneck Vianna e sua contribuição para o “avanço do conhecimento científico e para o debate público”.

Abaixo, a íntegra da nota divulgada pela universidade.

"É com grande pesar que a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) recebe a notícia do falecimento do reconhecido sociólogo Luiz Werneck Vianna, ocorrido hoje.

Luiz Werneck Vianna foi um intelectual de grande relevância para o campo da sociologia e para a comunidade acadêmica como um todo. Seu legado se estende nas orientações de muitas gerações, estudos e reflexões sobre a sociedade brasileira, onde deixou uma marca indelével na história do pensamento social no Brasil.

Durante sua trajetória, contribuiu de forma significativa para o avanço do conhecimento científico e para o debate público, sempre pautado pela ética, pela integridade e pelo compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Sempre foi muito generoso, com seus colegas professores e alunos, tanto no sentido intelectual quanto no sentido pessoal.

Em nossa Universidade, Professor Werneck contribuiu para a consolidação do nosso Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e rapidamente se tornou uma referência em nosso Departamento de Ciências Sociais e para toda a Universidade, onde continuou lecionando até o ano passado.

Expressamos nossas condolências à família, aos amigos e aos colegas de Luiz Werneck Vianna, e manifestamos nosso reconhecimento e gratidão por sua inestimável contribuição ao saber e à cultura.

Que seu legado continue inspirando gerações futuras e que sua memória seja honrada com o compromisso contínuo pela busca do conhecimento e pela transformação social."

 

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Morre Mauro Boianovsky, professor de economia da UnB - Pedro Sales (Congresso em Foco)

 Enorme perda. Tenho dezenas de trabalhos dele em meu computador.

Morre Mauro Boianovsky, professor de economia da UnB

Pedro Sales

Congresso em Foco, 21/02/2024

https://congressoemfoco.uol.com.br/area/pais/morre-mauro-boianovsky-professor-de-economia-da-unb/?utm_source=pushnews&utm_medium=pushnotification

O professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB) Mauro Boianovsky morreu na manhã desta quarta-feira (21), aos 64 anos, em decorrência de câncer. Referência no campo de História do Pensamento Econômico, foi considerado um dos pesquisadores mais influentes do mundo, conforme lista elaborada pela Universidade de Stanford e pelo repositório de dados Elsevier em 2023.

Formado em Economia pela UnB, em 1979, Mauro fez mestrado na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e doutorado em Cambridge, na Inglaterra. Era professor titular na Universidade de Brasília, onde lecionava Teoria do Desenvolvimento Econômico, na graduação, e História do Pensamento Econômico na pós-graduação.

Com a morte de Mauro, o Brasil perde duas referências da área da economia no mesmo dia. Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, também morreu nesta quarta-feira.


sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Ascensão e queda, e morte, na Rússia de Putin - Centre for Defence Strategies (CDS)

 The story of the Wagner PMC, a quintessentially Russian narrative, has reached its conclusion. 

Employing infernal symbolism, Vladimir Putin orchestrated the demise of Yevgeniy Prigozhin, a one-time loyal supporter turned renegade, marking the beginning of the failed mutiny two months ago. This event draws striking parallels to the assassination of Anna Politkovskaya, an independent Russian journalist and vehement critic of Vladimir Putin, who was murdered on Putin's birthday seventeen years ago. Putin's reputation is rooted in ruthless actions and rancour. Among those observing Kremlin affairs, few doubted that the leader of Wagner was doomed.

The tradition of absolute power runs deep in Russia's history, tracing back to Muscovite rulers like Ivan the Terrible and even earlier. In this system, a czar holds complete authority over all subjects, treating them as possessions regardless of their social status – whether nobles with recognized rights or serfs with limited freedoms. The ruler retains the authority to bestow official positions or property as he pleases, without temporal restrictions. The ruler's “jurisdiction” extends to the appropriation of his subjects' possessions, freedoms, and even lives, at his sole discretion and timing. Concepts like the Magna Carta and Habeas Corpus remain foreign to Russia, up to the present day.

The FSB, a successor to the KGB, intricately blurred the lines between the state and the criminal underworld. Yevgeniy Prigozhin, a convicted criminal, has been a recurring figure in Vladimir Putin's realm since the tumultuous 1990s. Back then, Putin, serving as an aide to the mayor of St. Petersburg, was involved in a web of corrupt dealings and more serious transgressions. After consolidating his power and dismantling the oligarchic circle around "retired" President Boris Yeltsin, Putin assumed dominion over virtually all facets of Russia—its assets, entities, and populace.

Dissenters found themselves met with a choice between assassination, incarceration, or banishment from the Russian landscape. From that juncture, the so-called oligarchs were granted the liberty to misappropriate and squander resources, exercising unrestrained control. However, they had to satisfy the actual proprietor through bribes—whether channeling funds towards his caprices at the Gelendzhik palace or endowing various opulent superyachts. Moreover, they were mandated to fund a spectrum of intelligence operations and exert influence campaigns abroad on behalf of the Kremlin. It's important to highlight that they never held control over Putin's decisions, which excludes them from being classified as genuine oligarchs..

The so-called Wagner Private Military Company (bearing in mind that formal mercenary endeavors are proscribed within Russia) has functioned as a valuable instrument for the Kremlin, offering a shroud of plausible deniability. Prigozhin evolved into a well-established operator in Africa with some 5,000 mercenary forces deployed across the continent. A sophisticated network of companies established and run by Yevgeniy Prigozhin generated profit from the mercenary business serving various regimes. This endeavor not only yielded financial gains but also facilitated access to coveted resources encompassing precious minerals such as gold and diamonds, as well as fossil fuels like oil and gas.

Parallel to the inflow of untraceable financial resources, the operations conducted by the Wagner PMC bolstered the Kremlin's capacity to wield influence beyond its apparent heft, in the competitive arena of African influence vis-à-vis more resource-abundant entities from the free world and China. Before the extensive involvement in Ukraine, the Wagner PMC had already gained infamy due to its involvement in war crimes in Africa and Syria.

While the Wagner PMC momentarily captured headlines with its audacious march towards Moscow during in June, the Kremlin's propaganda machine skillfully revealed that the company's autonomy was less substantial than it seemed. Notably, the company received significant military contracts totaling $2 billion between May 2022 and 2023. Concurrently, a sophisticated propaganda network associated with Wagner, including entities like the Internet Research Agency (previously implicated in U.S. electoral interference), secured an astonishing $20 billion in government contracts.

The Kremlin discarded its facade of plausible deniability by orchestrating the destruction of a civilian aircraft carrying the chieftain and his key subordinates. In doing so, the Kremlin effectively eliminated former collaborators and operatives who had displayed disloyalty. It's worth noting that Yevgeniy Prigozhin was destined for doom even without the staged mutiny, a fate shared by numerous other figures who fought in Ukraine since 2014, often portrayed in propaganda as local "miners and tractor drivers" in the so-called civil war narrative.

Speculation has arisen regarding Yevgeniy Prigozhin's rumored possession of a collection of Kompromat, potentially containing compromising information about Vladimir Putin and other senior regime figures. This alleged leverage was reportedly intended for release in case of Prigozhin's untimely demise. Some of his mercenary forces, motivated by loyalty, issued threats to retaliate against those deemed responsible (Vladimir Putin and/or military leadership) for the assassination of their revered chieftain.

The Russian Volunteer Corps, a military unit operating within the Ukrainian Armed Forces, extended an invitation to Wagner PMC members who had refrained from participating in war crimes during their time in Ukraine—although such instances appeared quite rare. The offer was for them to join their ranks and confront Putin and the Russian military. 

Those Russians, often holding fascist and imperialistic views, who are now setting up improvised memorials for Yevgeniy Prigozhin in various Russian cities or engaged in the war have learned that the next mutiny or coup d'état must result in Vladimir Putin's demise. He, they argue, bears responsibility for the catastrophic war in Ukraine, having breached agreements with Prigozhin. However, the feasibility of these threats remains questionable, as the Wagnerites were disarmed (heavy armaments and artillery), bereft of significant resources, and severed from their influential leader's connections within both the ruling hierarchy and criminal circles.

While their capabilities remain restricted, it's conceivable that dissatisfied individuals could become involved in future insurrections, especially if a coup d'état orchestrated by elements within the regime occurs, or if Russian forces experience a collapse in Ukraine leading to internal turmoil. However, these individuals might also become targets of mid and low-tier purges following actions by higher echelons of power. Russia's non-democratic framework impedes crisis resolution through elections, and Putin's inability for criminal-like dealings within the elite was starkly demonstrated as unviable. Putin doesn't obey either formal agreements or his words, which is also a lesson for the Western partners willing to find a diplomatic solution to the "Ukrainian war."

The Russian military has lost a formidable and highly effective (within Russian context) fighting force, bolstered by considerable resources. The legacy of the Wagner enterprise is now being taken up by both established and emerging loyalists. It wouldn't be surprise if figures like Viktor Bout, dubbed the "Merchant of Death," are positioned to secure substantial African assets—his conspicuous presence at the recent Russia-Africa summit lends credence to this prospect. Nevertheless, it's unlikely that Putin will repeat the mistake of allowing an individual or faction to amass resources that could potentially threaten his personal authority.

Wagner's striking ability to achieve outcomes that the conventional Armed Forces struggled with highlights the clear inefficiencies of the existing governance model. Putin, invested billions into his war apparatus and attempted reforms on multiple occasions, obsessively cultivating an image of Russia as a potent state fortified by a formidable military. Yet, the mutiny's occurrence and its resolution exposed the limitations of Putin's authority, eroding his portrayal as an invincible strongman—an element pivotal within Russian political culture.

The public's support for the Wagnerites and the popularity of figures like Yevgeniy Prigozhin reveal the deep-rooted discontent prevailing within society. Escalating internal contradictions coupled with the progressively evident catastrophe triggered by the ongoing war foreshadow a monumental upheaval, unparalleled in recent Russian history. This convulsion might be catalyzed by domestic triggers or, more likely, by the inevitable successes of the Ukrainian Armed Forces. Though more robust and swift support from the West to Ukraine has been dragged back by the fear of Russia’s collapse, it’s highly likely to came about. It’s better for Ukraine and its partners to turn to contingency planning.

Centre for Defence Strategies (CDS) is a Ukrainian security think tank. We operate since 2020. 

sexta-feira, 16 de abril de 2021

John Williamson, 83, Dies; Economist Defined the ‘Washington Consensus’ - Clay Risen (NYT)

O mal chamado 'consenso de Washington" é uma excelente peça de avaliação crítica das políticas econômicas pró-reforma, pró-crescimento, pró-justiça social que podem ser concebidas. Mas, se o nome fosse "Consenso de Cochabamba" teria tido uma sorte menos cruel do que aquela que afetou o original. Esta matéria não menciona o segundo seminário que ele fez em 2002, chamado "Post-Washington Consensus", com reformas da segunda e terceira geração. Grande economista.

Paulo Roberto de Almeida 

John Williamson, 83, Dies; Economist Defined the ‘Washington Consensus’

A careful pragmatist, he regretted the way his term, aimed at developing countries, was misinterpreted by free-market ideologues and anti-globalization activists.

John Williamson, who drew up a list of 10 “best practices” for the economies of developing countries.
Credit...via Williamson family

John Williamson, a British economist who in 1989 coined the phrase “Washington Consensus” to describe a set of policy reforms for developing economies, then spent the rest of his career trying to rescue it from misuse by both free-market ideologues and anti-globalization activists, died on Sunday at his home in Chevy Chase, Md. He was 83.

His daughter, Theresa Williamson, said the cause was multiple system atrophy, a rare degenerative disease.

More than most economists, Mr. Williamson had a knack for crafting catchy names for complicated ideas. In 1965 he developed what he called the “crawling peg,” in which a central bank would keep an exchange rate fixed but establish a formula for devaluing its currency over time and in response to changing external pressure.

He later mocked the view that changes in a country’s trade deficit would have no impact on exchange rates — a position advocated by the editorial board of The Wall Street Journal, among others — as “the doctrine of immaculate transfer.”

Continue reading the main story

But only the Washington Consensus achieved wonkish immortality, so much so thatmost people who used it knew neither what it originally meant nor who created it. It started innocently enough: In the late 1980s, in the face of pressure on developing economies by the World Bank, International Monetary Fund and the U.S. Treasury to enact sweeping reform, Mr. Williamson organized a conference of Latin American policymakers to demonstrate what their countries were already doing to make their countries more competitive.
He drew up a list of 10 things that both Latin American governments and international economists would say constituted “best practices” — among them, keeping deficits under control, protecting property rights, investing in education and health care, reducing subsidies and making it easier for foreign direct investments to enter developing economies. He called the list the Washington Consensus. Mr. Williamson was careful about what he included, and specific in what he left out, and most economists, then and now, agreed with him — though some later criticized the list as one-size-fits-all and faulted it for not including more pro-growth measures. “To the extent that it made us focus on a universal blueprint, it didn’t give us a good strategy for growth,” said Dani Rodrik, an economist at Harvard. He nevertheless credited Mr. Williamson for his nuanced approach.
That nuance was lost on others, though. By the mid-1990s the Washington Consensus had come to refer to a broad portfolio of pro-market, deregulatory reforms imposed with often brutal efficiency by developed countries on emerging economies, including the “shock therapy” implemented in post-Soviet Russia. Especially after the financial crisis of the late 2000s, the Washington Consensus became a term of derision, used by progressive scholars and activists to attack both neoliberals and free-market conservatives for undermining public welfare to benefit the global financial elite. 
Mr. Williamson, a critic of neoliberalism, particularly on tax policy and deregulation, was aghast. In a series of papers, books and speeches during the 1990s and 2000s, he strained to clarify his position, though he eventually conceded that the term had taken on a life of its own.

“It is difficult even for the creator of the term to deny that the phrase ‘Washington Consensus’ is a damaged brand name,” he said in 2002. “There are people who cannot utter the term without foaming at the mouth.

Mr. Williamson was a senior fellow at the Peterson Institute for International Economics in Washington and a passionate bird watcher.

Credit...Peterson Institute for International Economics

John Williamson was born on June 7, 1937, in Hereford, a small English city near the Welsh border. His mother, Eileen (Heap) Williamson, was a volunteer Methodist preacher, and his father, Harry Williamson, ran a plant nursery and grew roses — he even created his own breed, the Wyevale.

His father instilled in him a lifelong love of birdwatching. Throughout his career, he would often choose to attend conferences based on the ornithological opportunities they presented. He recorded more than 4,000 species of birds during his lifetime, nearly half of the estimated 10,000 species on the planet.

Mr. Williamson attended the London School of Economics, graduating with a degree in economics in 1951. After completing two years of compulsory military service, he entered graduate school at Princeton, where he received his Ph.D. in 1963.

Though he had frequent offers from Oxford and Cambridge, especially later in his career, Mr. Williamson was drawn to the sort of creative research being done at some of the newly established, so-called plate-glass universities, after their modernist architecture.

He joined the University of York in 1963, the year it was founded, and later taught at the University of Warwick, founded in 1965. But he was increasingly drawn to policymaking. In 1968 he took a job as an adviser to the British Treasury, where he worked on economic relations with the European Economic Community, and later moved to Washington to work at the International Monetary Fund.

While at the I.M.F. he met Denise Rausch, a Brazilian economist. They married in 1974.

Along with his daughter and wife, Mr. Williamson is survived by two sons, Andre and Daniel; two sisters, Chris Evans and Wyn Jones; and seven grandchildren.

The Williamsons spent the late 1970s in Brazil, where she worked for a research institution and he taught at a Catholic university. Ms. Williamson taught her husband Portuguese, something he considered his greatest achievement, having struggled with foreign languages in school.

They returned to Washington in 1981, when the economist C. Fred Bergsten hired Mr. Williamson to be the first employee of the newly founded Institute for International Economics, later renamed the Peterson Institute for International Economics. He remained there until he retired in 2012. (In 1996 he took a leave from the institute to join the World Bank, where his wife had worked, though he left after just three years, frustrated with the bank’s bureaucracy.)

Until he coined the Washington Consensus, Mr. Williamson was best known for his work on exchange rates. He was a passionate advocate for a middle ground between the rigidity of fixed rates — especially for developing economies — and the chaos of floating rates, which he believed put even developed economies at the mercy of global financial markets.Continue reading the main story

He presented his initial solution, the crawling peg, to the British government after it had decided to let the pound float in 1971. The U.K. Treasury was uninterested, but several developing economies did adopt it, and today it is used by both Nicaragua and Vietnam.

He applied similar thinking to developed economies in the 1980s, arguing that policymakers should try to constrain free-floating exchange rates by intervening to keep them within “target zones” — an idea that was ratified by six leading economies in the 1987 Louvre Accord, then largely dropped, much to Mr. Williamson’s chagrin.

Mr. Williamson was widely regarded for his careful pragmatism, and as a critic of those who sought to upturn apple carts with unconventional ideas — most of the time.

“I’m more often than not on the side of the conventional wisdom,” he said in a 2012 interview. “Most often it’s right. But sometimes people get things totally wrong, and then it’s necessary to stand up and say so.”


A version of this article appears in print on April 16, 2021, Section A, Page 24 of the New York edition with the headline: John Williamson Dies at 83; Economist Coined ‘Washington Consensus’. 

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

A morte silenciosa do acordo Mercosul- UE (Deutsche Welle)

A morte silenciosa do acordo UE-Mercosul



Merkel pôs em xeque o pacto comercial devido às queimadas na Amazônia. Ao ignorarem o alerta, governos sul-americanos deixam claro seu desinteresse na implementação do tratado. Também na Europa o silêncio predominou.

Faz exatamente um ano desde que o presidente francês, Emmanuel Macron, atacou o Brasil pela primeira vez por causa dos incêndios na Amazônia, durante a cúpula do G7 na França. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, disse agora que tem dúvidassobre se o acordo comercial da União Europeia (UE) com o Mercosul ainda pode ser implementado. O motivo são as queimadas na região amazônica.
As "sérias dúvidas" de Merkel se encaixam na corrente de muitos outros críticos que há um ano vêm exigindo cada vez mais veementemente que o governo brasileiro tome medidas contra o desmatamento. Primeiro foram as organizações ambientais, depois os embaixadores da Noruega e da Alemanha e, finalmente, agora fundos, bancos e empresas que pediram ao governo de Jair Bolsonaro que tome uma atitude.
Mas as reações do governo até hoje são as mesmas: afirma que faz o suficiente para proteger a Amazônia; responde que a Europa e os Estados Unidos já desmataram tudo o que tinham; quer oferecer parques nacionais a empresas privadas estrangeiras, para que elas possam proteger o meio ambiente. Afinal, o que o mundo estaria disposto a pagar pela proteção da floresta tropical?
Os militares, segundo o governo, protegerão a floresta de maneira mais eficaz do que as autoridades responsáveis. É preciso poder garantir aos pobres, como os indígenas da Amazônia, uma vida digna, algo que só seria possível com empresas e através de atividades econômicas. Assim soam os argumentos dos ministros quando comentam o tema.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

10 de junho de 1580: morte de Luis Vaz de Camoes

Morre Luís Vaz de Camões

No dia 10 de junho de 1580, morreu Luís Vaz de Camões, o mais famoso escritor de Portugal e autor de 'Os Lusíadas'

Morre Luís Vaz de Camões
Camões perdeu um olho durante a guerra contra os Celtas, no Marrocos, pelo Exército da Coroa de Portugal (Foto: Wikimedia)
Ouça este conteúdo0:00100%
Luís Vaz de Camões é o mais famoso nome da literatura portuguesa. Autor de “Os Lusíadas”, livro que conta a história do povo português, tendo como herói o navegador Vasco da Gama, morreu em 10 de junho de 1580, aos 56 anos, em Lisboa.
Não se tem certeza do ano nem do local do nascimento de Camões, admite-se que tenha sido próximo à Lisboa no ano de 1524. Alistou-se para o Exército da Coroa de Portugal, que o levou para a África como soldado e participou da guerra contra os Celtas, no Marrocos, onde perdeu o olho direito.
Em suas viagens pelo exército, começou a escrever os primeiros manuscritos dos Lusíadas, que foi publicado em 1572, com ajuda do rei de Portugal, D. Sebastião.
Em suas obras, o autor se preocupa em relatar os dramas humanos, sejam eles amorosos ou existenciais. Suas principais inspirações são as trovas populares e as cantigas medievais. Na sua obra-prima utilizou um recurso que a diferenciou da maior parte das epopeias, inserindo episódios líricos que em nada tem relação com o tema central, as navegações de Vasco da Gama.
Camões é o principal representante do Classicismo Português. Ele morreu em Lisboa, no dia 10 de junho de 1580, na pobreza.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

9 de outubro de 1967: morte de Che Guevara na Bolivia - (NYTimes this day in History)


On This Day: October 9

Updated October 9, 2013, 2:28 pm
NYT Front Page
On Oct. 9, 1967, Latin American guerrilla leader Che Guevara was executed in Bolivia while attempting to incite revolution. 

Bolivia Confirms Guevara's Death; Body Displayed



Army Reports Fingerprints Prove Rebel Leader Was Killed in Sunday Clash
Confession Described
He Made Himself Known and Admitted Failure Before He Died, General Says
Bolivian Army Identifies body of Guerilla Slain in Clash
Confession Made, General Reports
Fingerprints Are Checked--Admission of Failure by Rebel Leader Described
By REUTERS
OTHER HEADLINES
Citizen Leaders of City Organize to Aid the Slums: New York Coalition, Headed by Christian Herter Jr., Seeking Private Help: 105 Members in Group: Initial Goal to Be Jobs and Training -- Mayor Praises Approach to Problem
Lindsay Helps Organize Attack on Urban Problems
Senate, Barring Cut, Votes 4.7- Billion Public Works
Smathers Urges 3% Spending Cut: Offers Plan to End Impasse Between White House and Congress on Tax Policy
President Invites Soviet to Join U.S. in Exploration of Space
Soviet Announces Arms Budget Rise: But Consumer Goods in '68 Are Scheduled to Outstrip Heavy-Industry Growth
M'Namara Doubts Rise in G.I. Losses if Bombing Is Cut: Told Senate Panel Attacks on North Barely Reduce Flow of Material South
Thieu Pledges Wider War if Search for Peace Fails
U.S. Planes Bomb Enemy Compound: Missiles Said to Be Stored in Suburb of Haiphong -- Strike Is First at Area
U.S. Temporarily Cutting Back Its Troop Commitment to NATO
Valle Grande, Bolivia, Oct. 10--The army high command officially confirmed today that Ernesto Che Guevara, the Latin revolutionary leader, was killed in a clash between guerrillas and Bolivian troops in southeastern Bolivia last Sunday.
The armed forces commander, Gen. Alfredo Ovando Candia, said Mr. Guevara had admitted his identity before dying of his wounds. General Ovando said at a news conference that the guerrilla leader had also admitted that he failed in the seven-month guerrilla campaign he organized in Bolivia.
The identification of the body was made after fingerprinting by the Eighth Army command.
[United States officials in Washington reacted cautiously to the Bolivian reports that Mr. Guevara had been killed, but there was an increasing tendency to regard them as true. Page 18.]
Arrives on Helicopter
The body was flown here yesterday, lashed to the landing runners of a helicopter that brought it from the mountain scene of the clash. The army said yesterday that it had received a report that Mr. Guevara had been killed near Higueras, but it declined to make immediate positive identification at the time.
After the body, dressed in bloody clothes, arrived here, it was fingerprinted and embalmed.
[The Guevara fingerprints are on file with the Argentine federal police. As an Argentine citizen, Mr. Guevara was required to be fingerprinted to obtain a passport when he left his homeland in 1952. These official records have provided the basis for comparison with the fingerprints taken by the Bolivians from the body said to be that of Mr. Guevara.]
The scanty beard, shoulder-length hair and shape of the head resembled the features of Mr. Guevara as shown in earlier photographs. He was 39 years old.
An Englishman in the crowd, which except for the press was kept away at bayonet point, said that he had seen Mr. Guevara in Cuba and that he was "absolutely convinced" it was the long- sought revolutionary leader.
The body appeared to bear wounds in at least three places--two in the neck and one in the throat.
It was dressed in a green jacket with a zippered front, patched and faded green denim pants, green woolen socks and a pair of homemade moccasins.
A nun assisted doctors and intelligence men in preparing the body for display. After the work was finished, the body was raised on a stretcher for the crowd, which appeared jubilant.
General Ovando arrived from la Paz and immediately went to the officers' mess to pay his respect to the four soldiers killed in the clash.
The first news of the fight was brought to Valle Grande, 80 miles southwest of Santa Cruz [CHECK] by Col. Joaquin Zenteno Anaya, commander of the Eighth Division.
Others Reported Slain
He said that six other guerrillas had been killed in the clash and that their bodies would also be brought here. He said four of them were Cubans.
Mr. Guevara was a familiar bearded figure in olive green fatigues in Havana, where he was Minister of Industries before he dropped out of sight in March, 1965.
His whereabouts since has remained a mystery, leading to rumors that he had been killed in a dispute with Premier Fidel Castro and later that he was leading guerrillas in various parts of Latin America.
His name was linked with guerrilla activity in Venezuela, Colombia, Brazil, Argentina, Peru and Bolivia.
On Sept. 10, the Bolivian President, Rene Barrientos Ortuno, described reports that Mr. Guevara was active in Bolivia as a myth. The next day he announced a $5,000 reward for his capture dead or alive.
Reports published in the press here today said that a diary believed to have belonged to Mr. Guevara was in Army hands. These reports said that the diary had been found in a knapsack owned by the guerrilla leader.
Report Ignored in Havana
A non-Cuban informant, reached by telephone in Havana last night, said that officials of the Castro regime were regarding the reports of Mr. Guevara's death as unconfirmed and were declining to comment on them. The Cuban broadcasts ignored the news, the informant said, adding: "My feeling is that the newspapers tomorrow won't publish a line."

quarta-feira, 26 de julho de 2017

A morte misteriosa de diplomata brasileiro na Europa durante a ditadura - Livro de Eumano Silva



A morte misteriosa de diplomata brasileiro na Europa durante a ditadura
Livro-reportagem investiga episódio obscuro da história nacional e revela fatos novos sobre ações da diplomacia brasileira em apoio ao regime militar.
BBC BRASIL.com
26 JUL2017
16h30

Agosto de 1970. No auge da repressão durante a ditadura militar no Brasil, um jovem diplomata que servia na Embaixada do Brasil em Haia, na Holanda, aparece morto na cidade dentro de seu carro, com cortes pequenos no pulso esquerdo e um ferimento profundo no pescoço.
Paulo Dionísio de Vasconcelos (à esq.) e os trabalhos de investigadores no carro em que foi encontrado morto na Holanda; quase 50 anos depois, livro reconta história esquecida do regime militar
Foto: BBCBrasil.com

O caso levanta suspeita de motivação política. O mundo vive sob a tensão da Guerra Fria. Diplomatas ajudavam a ditadura na vigilância e até na perseguição a exilados políticos. Outros eram detidos e expulsos sob acusação de colaborar com organizações de esquerda, que sequestravam embaixadores estrangeiros para troca por presos políticos.
Em 24 horas de investigação, a polícia holandesa conclui que o mineiro Paulo Dionísio de Vasconcelos cometera suicídio, pouco antes de completar 35 anos. Responsável pela codificação de documentos secretos da embaixada, ele deixava uma bebê de dois anos e a mulher nos últimos dias de gravidez da segunda filha.
O inquérito se baseia em duas evidências: um inspetor encontrara uma lâmina de barbear numa poça de sangue no carro e testemunhas dizem que o diplomata vinha demonstrando sinais de nervosismo, ansiedade e depressão. Não há pista de um eventual assassino nem carta de despedida.
Órgãos de imprensa, alguns colegas de Itamaraty e a família levantam dúvidas sobre o inquérito. Fatos novos, surgidos nos meses seguintes, aumentam as incertezas, mas autoridades pouco se mexem para desvendá-los e o episódio acaba caindo no esquecimento da opinião pública.
Quase 50 anos depois, essa morte sob circunstâncias misteriosas é reconstituída pelo jornalista Eumano Silva no livro-reportagem A Morte do Diplomata: Um Mistério Arquivado pela Ditadura (Tema Editorial), que traz informações inéditas sobre o caso e os anos de regime militar no Brasil.
Silva cobriu política por mais de 20 anos em Brasília, é coautor de Operação Araguaia: Os Arquivos Secretos da Ditadura (Geração Editorial), prêmio Jabuti de livro-reportagem em 2005, e foi consultor da Comissão Nacional da Verdade (2012-2014), que apurou violações aos direitos humanos cometidas no Brasil entre 1946 a 1988.
Para reconstruir a história de Paulo Dionísio, que narra em estilo de romance policial, ele teve acesso a documentos, fotos e até ao diário pessoal do diplomata produzido durante o período na Holanda - centenas de páginas com desabafos, resenhas, opiniões e relatos.
A família também lhe concedeu uma procuração para acesso a documentos do Itamaraty sobre o caso.
Nesse trabalho de dois anos, Silva coletou informações que expunham o cenário que envolvia a diplomacia brasileira à época, inclusive com evidências da rede de vigilância montada para seguir a movimentação no exterior do ex-arcebispo de Recife e Olinda d. Helder Câmara (1909-1999), que denunciava prisões e torturas do regime para plateias internacionais.
"Tentei dar todos os elementos - os mesmos a que tive acesso - para que as pessoas pudessem avaliar o caso. É muito complicado saber como uma pessoa morreu se você não está perto. Como achava que não iria conseguir uma resposta definitiva, achei mais importante colocar todos os elementos. Seria isso suficiente? Não sei", disse Silva à BBC Brasil.


Resultado de dois anos de pesquisas, livro de Eumano Silva conheceu teve origem em trabalho de jornalista na Comissão Nacional da Verdade
Foto: Divulgação

Trajetória
Natural de São Domingos do Prata, região central de Minas Gerais, Paulo Dionísio de Vasconcelos vinha de uma família de elite. Seu pai, José Matheus, era médico e referência política na região - foi prefeito de São Domingos do Prata por dez anos. Cometeu suicidio em 1968, pouco mais de dois anos antes da morte do filho, cravando um bisturi no peito.
Paulo frequentou rígidos colégios internos. Estudioso, ainda na juventude exibia conhecimento do latim aprendido em escolas católicas, montava peças de teatro, mostrava gosto por Filosofia. Conhecido como Paulão, tinha mais de 1,90m de altura.
Formou-se advogado pela Universidade Federal de Minas Gerais e ingressou no Itamaraty em fevereiro de 1966. O trabalho na Holanda, onde chegara com a família em maio de 1969, era seu primeiro posto de relevância fora do Brasil. Como segundo-secretário, chefiava o setor de promoção comercial da embaixada.
Por ter feito um estágio em criptografia ainda no Brasil, ele acabou também sendo encarregado do serviço sigiloso - codificava e decodificava documentos secretos produzidos e recebidos pela representação brasileira em Haia.
Os manuscritos do diário, conta o jornalista Eumano Silva, revelam um diplomata aficionado por futebol (ele fazia longa análises táticas sobre jogos europeus), cheio de opiniões sobre assuntos da atualidade e que desfrutava de uma intensa vida social e cultural ao lado da mulher, Maria Coeli, namorada de adolescência.

Ansiedade e tensão
Por outro lado, as páginas descreviam também brigas constantes do casal - por "divergências na maneira de agir", como descreve o autor do livro -, chateações do trabalho diplomático e o clima de desconfiança vigente entre funcionários públicos naquele período.
"As perseguições políticas levam as pessoas a temer o que fazem e falam", relata Eumano Silva no livro, a partir de exemplos do diário do diplomata.
Paulo vinha reclamando, por exemplo, de pressões que recebia do Itamaraty para acompanhar os movimentos de d. Helder Câmara em viagens pela Europa - o diplomata costumava passar noites em claro para transmitir, em criptografias, entrevistas concedidas pelo religioso à mídia europeia.
Certa vez, teve que prestar esclarecimentos a superiores após ter comentado com colegas - sem ter informado previamente aos chefes - que assistira a uma entrevista com o religioso na TV holandesa.


Dom Helder Câmara em visita a Holanda em 1981; livros mostra como passos de religioso no exterior eram monitorados pela ditadura via Itamaraty
Foto: Marcel Antonisse/Wikimedia Commons / Divulgação

Também manifestava nervosismo com uma cobrança insistente do Ministério das Relações Exteriores sobre uma conta telefônica que havia sido gerada pelo inquilino do apartamento que ele tinha em Brasília - a linha era do Itamaraty, e a burocracia do ministério não aceitava as explicações do diplomata.
"Os elementos de angústia mais fortes que aparecem no diário estão no livro, quando ele fala do pai dele, de fraqueza", lembra Eumano Silva.
Poucos dias antes de morrer, Paulo Dionísio havia tido uma crise de impaciência após esquecer de postar uma carta da embaixada. A mulher o convenceu então a ir ao médico, que prescreveu um calmante leve.

Morte e fatos sem explicação
O corpo de Paulo Dionísio foi encontrado à tarde por um casal de estudantes, dentro de seu carro, estacionado ao lado de um bosque em Haia, numa rua paralela à praia. Naquele dia, ele dissera à mulher que iria à cidade vizinha de Utrecht, onde organizava uma feira comercial, passaria na embaixada e voltaria para casa.
Em três horas de buscas no veículo e nos arredores, a polícia não localizou nenhum objeto capaz de provocar os ferimentos que tinham causado a morte do diplomata. Numa segunda busca, já no final da noite, um inspetor encontrou uma lâmina de barbear numa espessa poça de sangue no tapete do banco da frente.
Em menos de 24 horas, a polícia de Haia ouviu várias testemunhas - como o embaixador do Brasil em Haia, colegas da embaixada, um padre amigo da família e a viúva Maria Coeli.
Todos descreveram que Paulo Dionísio andava muito nervoso e angustiado. Baseado na existência da lâmina e desses relatos, o inquérito apontou que houve suicídio, conclusão que o próprio embaixador Carlos Eiras reforçou à imprensa à época.
Mas a rapidez do inquérito (que não investigou o que Paulo Dionísio havia feito naquela tarde, por exemplo) e a localização tardia do instrumento do crime não eram as únicas "pontas soltas" do caso a alimentar questionamentos na imprensa, entre colegas de Itamaraty e a própria família do diplomata.
Naquelas mesmas semanas de agosto de 1970, Paulo Dionísio recebera, na embaixada, uma carta em papel timbrado de um suposto escritório de advocacia britânico, com as palavras "privada" e "confidencial".
A correspondência detalhava supostas situações e atos comprometedores atribuídos ao diplomata mineiro, como extorsões e posse de documentos de veículos e barcos alheios. Por meio do escritório de advocacia, um cliente chamado Jean Pierre Goehl cobrava a devolução de altas somas de dinheiro e dizia estar preso após ter sido alvo de "maldades", "maquinações" e "chantagens" de Paulo Dionísio.
"Ao mesmo tempo que culpa o diplomata, o remetente extorque e ameaça. Descreve uma situação de criminalidade. Não explicita que tipo de relação pessoal haveria entre o remetente e o destinatário da carta", descreve Eumano Silva no livro.
As cartas misteriosas continuaram a chegar nos meses seguintes à morte, mas acabaram sem explicação. A polícia holandesa disse que o caso estava encerrado e sugeriu que uma eventual investigação ocorresse em Londres. A Embaixada do Brasil na Holanda transferiu o caso à representação de Londres, que comunicou apenas, segundo mensagem do embaixador em Haia à cúpula do Itamaraty, que "nada" tinha sido apurado sobre o caso.
Não se sabe até hoje se a representação em Londres chegou a tomar alguma providência concreta nesse sentido.
O autor do livro destaca que "não há elementos que comprovem a veracidade dos acontecimentos narrados na correspondência". "Falta conexão entre os episódios descritos e a rotina do diplomata. As referências a vultosas quantias de dinheiro, Mercedes, motor de barco não fazem sentido para os familiares", escreve.
As cartas também citavam a presença do diplomata em Luxemburgo no ano de 1967, o que parentes dele sempre negaram - afirmam que, pelo que sabiam, ele havia conhecido a Europa apenas ao se mudar para Haia. Mas nunca foi possível encontrar um passaporte antigo dele para verificar essa situação.
Eumano Silva menciona duas hipóteses para a estranha correspondência: ação de golpistas que queriam se aproveitar da fragilidade da família para pedir dinheiro para abafar um escândalo inexistente. Ou a ação de algum serviço secreto tentando desestimular a família a contestar o resultado da investigação.
"Qualquer que seja a circunstância, se realmente aconteceu, as páginas expõem uma situação extrema. Merecedora de atenção especial por parte das autoridades brasileiras e holandesas", escreve.
Incerteza
O político Paulino Cícero de Vasconcellos, irmão do diplomata que foi deputado estadual, federal e ministro das Minas e Energia, viajou à Inglaterra atrás de pistas em 1975 e no começo dos anos 1990 pediu apoio do Itamaraty para encerrar as dúvidas, mas os documentos fornecidos não trouxeram novidades.
Em 2014, ele entregou documentos à filha caçula do irmão para que fossem levados à Comissão Nacional da Verdade, mas o material chegou na reta final dos trabalhos do grupo e acabou sem análise.
Maria Lucia Abbott, jornalista brasileira baseada em Londres que trabalhou com Eumano Silva no livro, foi a campo e em um mês e meio de trabalho reuniu indícios de que um advogado e um escritório com nomes citados nas cartas misteriosas realmente existiram na Inglaterra dos anos 1970.
"Quarenta e seis anos depois da morte do diplomata, com alguns contatos e entrevistas, a jornalista descobre pontos de conexão das cartas com a realidade na época dos fatos. Ao desprezar a busca de esclarecimentos, o Itamaraty exime-se de desvendar a autoria das cartas. Deixa na memória da instituição e da família Vasconcelos a incerteza quanto aos autores das cartas", escreve Eumano no livro.


Pesquisa para livro confirmou existência nos anos 1970 de escritório de advocacia em Kingston upon Thames, na Grande Londres (foto), que assina carta
Foto: Google Maps / Reprodução

O jornalista lembra que a documentação pesquisada para o livro mostra que "as embaixadas tinham outras tarefas mais urgentes" naquele momento, demandadas pela cúpula do Itamaraty e do regime: o monitoramento da imprensa e dos exilados e a propaganda da ditadura.
Nesse sentido, para além da reconstrução da história do diplomata, a pesquisa feita para o livro acabou trazendo à luz fatos históricos que não eram de conhecimento público.
Como a atuação do Itamaraty na difusão da versão - considerada falsa pela Comissão da Verdade - de suicídio do estudante e sindicalista Olavo Hansen, morto em maio de 1970 após ser preso pela repressão. Ou contatos feitos pela Embaixada do Brasil em Londres com a Scotland Yard, a polícia metropolitana da capital britânica, para monitoramento de exilados brasileiros.
Na história de Paulo Dionísio, a família não descarta a hipótese de suicídio - há, por exemplo, a sombra do ato cometido pelo pai dois anos antes e os relatos da própria mulher sobre o estado mental do diplomata nos meses anteriores à morte. Mas a dúvida permaneceu, relata o jornalista no livro.
"Ao procurar um fato citado nas cartas que tenha relação com a vida dele, não há. Mas por que então isso não foi dito na época, por que não apuraram, por que preferiram deixar a família em dúvida, realmente não sei", diz.
A BBC Brasil procurou o Ministério das Relações Exteriores para comentários sobre os fatos expostos no livro de Eumano Silva, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.