sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Venezuela: Senador Alvaro Dias chama a atencao da diplomacia brasileira

Pronunciamento efetuado nesta data pelo Senador Alvaro Dias (PSDB-PR) sobre a dramática situação na Venezuela, com depoimentos recebidos de brasileiros residentes naquele país, relatando ataques indiscriminados, crimes cometidos pelas milícias chavistas e o que ele chama de comportamento dúbio da diplomacia brasileira.
Trecho de seu depoimento:

"... com todo o respeito que nós devotamos à diplomacia brasileira, não há como admitir o comportamento atual em relação ao que ocorre no país vizinho.
A Casa do Rio Branco sempre desempenhou um papel digno de admiração, mas causa perplexidade o posicionamento do Itamaraty diante da crise que assola o nosso fraterno e vizinho país da Venezuela. O Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Luiz Alberto Figueiredo, expressou opiniões que não condizem com a retórica equilibrada pela qual sempre se pautou o Itamaraty.
É algo inusitado assistir um chanceler vocalizar num timbre ideológico.
Em declarações reproduzidas pela Agência Brasil o Ministro Figueiredo qualificou os manifestantes que estão conduzindo os protestos de radicais de extrema direita e grupos fascistas, que não estão interessados em resolver os problemas da Venezuela. E completou assumindo um compromisso dúbio: "Estamos dispostos a assumir as consequências necessárias para exercer a independência, a soberania e a autonomia dos Poderes Públicos venezuelanos".

Paulo Roberto de Almeida


Pronunciamento do Senador Alvaro Dias (PSDB/PR) sobre a Venezuela

O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. Bloco União e Força/PTB - RR) – Concedo a palavra, como orador inscrito, ao Senador Alvaro Dias, do PSDB do Paraná.
O SR. ALVARO DIAS (Bloco Minoria/PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, visitantes que nos honram com as suas presenças, volto à tribuna hoje para atender a um apelo que vem da Venezuela. Recebi inúmeras mensagens da Venezuela, através da internet, de brasileiros que lá vivem e de venezuelanos pedindo socorro diante da crescente violência que toma conta das ruas em todo o país, não apenas na capital, mas também nas médias e pequenas cidades do interior.
A truculência política e a incompetência administrativa que se somam já há cerca de 15 anos vão empurrando a Venezuela para um abismo social inevitável. Não estamos sendo informados devidamente. A truculência chavista amordaça a imprensa e violenta os veículos de comunicação. Hoje:

[o] Sindicato denuncia agressões a 31 jornalistas em protestos na Venezuela. Pelo menos 31 jornalistas [diz a France-Presse] foram reprimidos, detidos e roubados na Venezuela, por efetivos das forças da ordem e por desconhecidos, durante os protestos contra o governo nas últimas duas semanas, [conforme denuncia] [...] o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa, em nota divulgada [no dia de hoje].

Temos algumas manchetes no Brasil, mas insuficientes, que não retratam a dura realidade vivida pelo povo da Venezuela, como esta, da Folha de S.Paulo: “Para Maduro, cadeia vai fazer opositor venezuelano ‘refletir’.” Ou: “Jovens se escondem em Caracas durante ação de polícia e milícias”, mas é muito pouco.
Vou ler três das manifestações escolhidas através da internet que recebi diretamente da Venezuela. Da Giselle Araújo:

Senador, SOS Venezuela. Sou brasileira, vivo em Barquisimeto e a cada dia, está pior a situação!
Muitos tiros, muitas bombas de gás, muitos tanques de guerra nas ruas, dentro do conjunto residencial em que vivo jogaram bombas de gás lacrimogêneo, não foram poucas!
Aqui as TVs não passam nada. Ainda temos um pequeno espaço na CNN espanhola às vezes, mas é pouco para tudo que temos vivido. [Aqui, as TVs não passam nada.]
Nossos filhos não podem ir à escola, porque ninguém garante a sua segurança, temos vivido momentos de terror!
Aqui nos viramos é com vídeos caseiros, mensagens, WhatsApp, fotos, ajudando uns aos outros a denunciar tudo que está passando! Enviarei os links de vários vídeos mostrando toda a chacina que os policiais e os paramilitares chavistas têm feito no País!
Divulguem, ajudem que chegue ao mundo essa ditadura que mata tantos!
O que temos ouvido é que vão dar toque de recolher, se isso ocorrer mesmo vou avisar por aqui!
A guarda nacional atirou contra o nosso edifício além de jogar [...] bombas de gás.

Outra mensagem que recebi, de Vanessa Vasconcelos Cosme:

Bom dia Sr. Alvaro Dias! Sou brasileira e moro na Venezuela há 2 anos, meu marido é venezuelano.
Moro na Grande Caracas, porém longe de onde se concentram os protestos, mas acordei às 5h da manhã com buzinas, sirenes e disparos (esses soaram distantes). Acabo de compartilhar alguns vídeos de guardas disparando e matando pessoas.
É muito triste [...]

O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. Bloco União e Força/PTB - RR) – Senador Alvaro...
O SR. ALVARO DIAS (Bloco Minoria/PSDB - PR) – Pois não, Senador.
O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. Bloco União e Força/PTB - RR) – Desculpe interromper o seu discurso, e peço permissão, para, já que está falando de um assunto internacional, registrar aqui a presença nas nossas galerias dos alunos e alunas do curso de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília. Sejam bem-vindos!
O SR. ALVARO DIAS (Bloco Minoria/PSDB - PR) – Prazer em recebê-los aqui, estudantes certamente muito preocupados com o que ocorre na Venezuela, com os seus colegas estudantes que estão nas ruas daquele país. Certamente, as atenções de quem estuda aqui com os olhos voltados para o mundo devem estar concentradas hoje na Venezuela.
Continuo a leitura da mensagem da Vanessa.

É muito triste ver a tristeza, desespero, ansiedade e sensação de impotência no rosto dessas pessoas... Família, amigos, pessoas nas ruas.
O povo está protestando porque já não aguenta mais, são mais de 15 anos de má gestão, e agora ainda tem que andar de supermercado em supermercado para tentar conseguir alimentos básicos, como açúcar, leite, óleo, farinha de trigo, arroz, carne, frango, papel higiênico, são os mais difíceis de conseguir. [Na Venezuela, há escassez até de papel higiênico.]
Claro que existem outros problemas, mas a falta de alimentos e a insegurança são o pior.

Leio também, Sr. Presidente, mais uma mensagem, da Renata Ramia.

Meu nome é Renata Ramia. Eu moro na Venezuela há 13 anos, sou brasileira, meu marido e meus filhos são venezuelanos.
Estou fazendo tudo que eu posso para que não só o Brasil, mas o mundo veja o que está acontecendo aqui.
É brutal tudo o que está acontecendo já faz dez dias. Moro no interior, em Barquisimeto. A maioria aqui é opositora, vários jovens foram presos.
Em Caracas, Mérida, Valencia, a situação é ainda pior. Ajude a divulgar a situação daqui, por favor.
Obrigada pelo apoio. Vejo que o senhor está compartilhando várias fotos da situação daqui.
Hoje de noite meu prédio foi atacado por bombas de gás lacrimogêneo.
Havia pessoas protestando na porta dos prédios (fazendo garimpas) quando chegou a guarda nacional, policiais e motoqueiros lançando bombas de gás e disparando com bala de borracha. Isso não aconteceu só aqui, senão em toda a Venezuela.
Foi declarado toque de queda em San Cristóbal. Eles estão sem internet, sem telefone... Aqui te mando as fotos das bombas. Um vizinho gravou. Amanhã, se eu conseguir, te passo o vídeo.

Conversamos também – o meu gabinete fez contato com a Venezuela – com um militante da oposição, que fez um relato dramático, mas seguro, maduro e responsável: “As balas não são de borracha mais. São balas pra valer, que matam pessoas.”
Não se sabe quantos já morreram. Fala-se em mais de 20, mas, certamente, pela informação desse militante oposicionista da Venezuela, muita gente já perdeu a vida nas manifestações violentas nas ruas daquele país.
Informa, também, que chegam aviões carregados de cubanos. A milícia cubana veste o uniforme do Exército venezuelano e vai para as ruas. Esta é a informação que vem da Venezuela: cubanos que vestem o uniforme do Exército venezuelano para o enfrentamento nas ruas do país.
É muito grave, Sr. Presidente, para que o Governo brasileiro adote esta postura de condescendência. Mais do que isso, de cumplicidade com a truculência chavista que vai às ruas para afrontar pessoas e levá-las ao desespero.
Um governo tão incompetente, num país que produz petróleo, leva a população à miséria. Hoje, não há papel higiênico na Venezuela. Alimentos faltam, falta...
(Soa a campainha.)
O SR. ALVARO DIAS (Bloco Minoria/PSDB - PR) – ... água.
Sr. Presidente, eu peço mais algum tempo, porque esse tema é da maior importância para o Brasil, sim, e, com todo o respeito que nós devotamos à diplomacia brasileira, não há como admitir o comportamento atual em relação ao que ocorre no país vizinho.
A Casa do Rio Branco sempre desempenhou um papel digno de admiração, mas causa perplexidade o posicionamento do Itamaraty diante da crise que assola o nosso fraterno e vizinho país da Venezuela. O Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Luiz Alberto Figueiredo, expressou opiniões que não condizem com a retórica equilibrada pela qual sempre se pautou o Itamaraty.
É algo inusitado assistir um chanceler vocalizar num timbre ideológico.
Em declarações reproduzidas pela Agência Brasil o Ministro Figueiredo qualificou os manifestantes que estão conduzindo os protestos de radicais de extrema direita e grupos fascistas, que não estão interessados em resolver os problemas da Venezuela. E completou assumindo um compromisso dúbio: "Estamos dispostos a assumir as consequências necessárias para exercer a independência, a soberania e a autonomia dos Poderes Públicos venezuelanos".
Eu creio que é possível afirmar que esses boquirrotos líderes Venezuelanos que sustentam a bandeira do chavismo não possuem ideologia, a não ser a da truculência. Eu não creio que sejam de esquerda ou de direita, são ideólogos da truculência, da prepotência e da incompetência que se veem na Venezuela nos dias de hoje. Mas o apoio do Brasil ao chavismo não é novo, não é recente, vem de ontem, vem de antes, apoio incondicional ao chavismo, maduro nas eleições, mas o que nos importa destacar é que não é apenas apoio político, é apoio financeiro.
Os aportes financeiros oferecidos pelo Governo do Brasil, através do BNDES, à Venezuela são frequentes e expressivos. Eu lembro, por exemplo, o financiamento para o metrô de Caracas, Linhas 3 e 4 do metrô de Caracas. Um dos últimos empréstimos foi no valor de US$732 milhões, concedido para ampliação do metrô de Caracas.
Como receberá o Brasil esse valor? A Venezuela hoje não tem papel higiênico, não tem comida para o seu povo, como pagará esse empréstimo ao Brasil, ao Governo brasileiro, ao povo brasileiro?
Outra obra que contou com financiamento naquele País foi a Hidrelétrica La Vueltosa. Milhões de dólares para a hidrelétrica na Venezuela e apagões no Brasil por falta de investimentos.
Dinheiro sobra para empréstimos a Cuba, à Venezuela e a outros países, mas dinheiro falta para as medidas preventivas que pudessem evitar os apagões reiterados que ocorrem no Brasil, em que pese o compromisso da atual Presidente, ainda Ministra, de que apagão no Brasil era coisa do passado.
E agora, além desse empréstimo para hidroelétrica, há empréstimos para máquinas agrícolas, colheitadeiras financiadas também pelo BNDES. Estão sendo negociados mais US$4,3 bilhões para projetos de infraestrutura e de indústrias de base na Venezuela. O BNDS está negociando.
Abriu linha de financiamento de mais US$814 milhões para a Venezuela comprar 20 aeronaves Embraer. As aeronaves integrarão a frota da campanha estatal venezuelana Conviasa.
Uma pergunta está no ar: serão honrados esses compromissos financeiros? A Venezuela terá condições de pagar esses empréstimos? Uma economia combalida, gerenciada em meio ao caos administrativo do governo Maduro, de incompetência já consagrada. Qual a capacidade efetiva de pagamento da Venezuela nos dias atuais?
O que é importante, Sr. Presidente, para concluir. O Brasil não deveria alimentar falsas democracias ou ditaduras explicitas. Não! Alimentar ditaduras como a de Cuba para dar a elas sobrevivência ao longo do tempo e da história, sacrificando direitos humanos e maltratando populações, ou alimentar a farsa da democracia venezuelana com recursos que faltam ao Brasil para que aquele povo prossiga no sofrimento?
O Brasil deveria colocar sempre como pressuposto básico para esse tipo de relação no plano econômico e financeiro o regime vigente no país parceiro. Ditadura? Não! Democracia falsa? Não! Se o Brasil tem carências internas, necessidades prementes, escassez de recursos, não há razão para alimentar a ambição desmedida dos boquirrotos e prepotentes líderes que se valem de recursos externos para a sua sobrevivência, levando, como levam agora, com o seu chavismo, a Venezuela a um abismo social sem precedentes.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
A nossa solidariedade a essas pessoas que nos procuraram, que se manifestaram através da internet, àquelas que pedem socorro, mas, sobretudo, o nosso protesto contra a postura do Governo brasileiro, que é a absoluta ausência de solidariedade em relação ao sofrimento daqueles que querem viver a democracia.
Afinal, Sr. Presidente, democracia não é só uma palavra, democracia é muito mais que uma palavra. Não existe apenas para ser cantada, existe para ser vivida.
Por isso, Sr. Presidente, o nosso protesto em relação a essa postura acovardada do Governo brasileiro.


Venezuela: os amigos da Carta Democratica da OEA sobre a violencia

Estes "amigos" fazem aquilo que o Secretário Geral da OEA não faz, ou seja, defender a Carta Democrática, seus valores e princípios, e tampouco os governos amigos do governo bolivariano da Venezuela.
Paulo Roberto de Almeida

De: Voluntad Popular Internacional [mailto:coordinacioninternacionalvp@gmail.com]
Enviada em: sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014 16:07
Assunto: Declaración de los Amigos de la Carta Democrática Interamericana sobre Venezuel

Declaración de los Amigos de la Carta Democrática Interamericana sobre la situación en Venezuela

Los Amigos de la Carta Democrática Interamericana expresan su rechazo ante los hechos ocurridos con ocasión de la manifestación pacífica convocada por organizaciones estudiantiles el 12 de febrero pasado en Venezuela. En este sentido, el grupo de Los Amigos lamenta la perdida de vidas humana y los heridos, y hace pública su enérgica condena a la detención de más de 100 estudiantes, algunos de los cuales han denunciado que sufrieron atentados a su integridad física.
Especialmente preocupante es el allanamiento a la oficina de un partido político sin orden judicial, así como la detención del coordinador del partido político Voluntad Popular, Leopoldo López.  Dicha situación configura una criminalización de la actividad política de los sectores de oposición, lo cual es inaceptable en una sociedad democrática.
Igualmente preocupantes son los obstáculos existentes para que los medios de comunicación informen sobre los acontecimientos, incluyendo las amenazas de penalidades que conduce a la autocensura, la eliminación del aire de un canal televisora internacional y la falta de papel para la prensa escrita.
En virtud de estos graves hechos, el Grupo de Amigos de la Carta Democrática:
1.     Condenan la represión de las manifestaciones pacíficas y la detención arbitraria de estudiantes venezolanos;
2.     Condenan la detención arbitraria de dirigentes políticos;
3.     Requieren la inmediata liberación de todas las personas todavía detenidas, en los términos en que el derecho a la libertad personal está garantizado por la Constitución venezolana, el Pacto Internacional de Derechos Civiles y Políticos de Naciones Unidas, y otros instrumentos internacionales que obligan a Venezuela, sin perjuicio de que quienes hayan sido inculpados por hechos de violencia o vandalismo, sean sometidos a los procedimientos legales para determinar su responsabilidad, con las debidas garantías al debido proceso;
4.     Requieren una investigación independiente exhaustiva y transparente de los hechos de violencia así como de las denuncias de abusos contra estudiantes detenidos;
5.     Llaman al Gobierno de Venezuela a respetar y garantizar las condiciones necesarias para la realización de las actividades políticas por parte de la oposición y los sectores sociales que lo adversan, como está garantizado en la Carta Democrática Inter-Americana;
6.     Recuerdan a todos los venezolanos y venezolanas que el ejercicio de su derecho constitucional a protestar deber ser pacífico, tolerante y respetuoso del pluralismo de una sociedad democrática.
Urgimos a los líderes políticos buscar urgentemente soluciones y mecanismos que prevengan una escalada del conflicto en el país.

El Grupo de Amigos de la Carta Democrática Interamericana lo integran ex Presidentes, ex Primeros Ministros, ex miembros de gabinete, expertos y promotores de los Derechos Humanos del hemisferio, que procuran incrementar el reconocimiento y cumplimiento de la Carta Democrática Interamericana, así como prevenir que tensiones políticas se conviertan en crisis que amenacen la estabilidad democrática. Los Amigos de la Carta Democrática visitan países para analizar conflictos políticos, animar a la ciudadanía y a los gobiernos a utilizar los instrumentos internacionales para proteger sus democracias y resolver conflictos constitucionales. Asimismo, formulan recomendaciones a la Organización de Estados Americanos para aplicar la Carta Democrática con un carácter preventivo y constructivo. El Centro Carter actúa como la secretaría de los Amigos de la Carta Democrática Interamericana.
Amigos de la Carta Democrática Interamericana
Diego Abente Brun
Ex Ministro de Justicia y Trabajo - Paraguay
Cecilia BlondetEx Ministra para la Promoción de la Mujer y el Desarrollo Humano - Perú
Jorge CastañedaEx Ministro de Relaciones Exteriores - México
Joe Clark
Ex Primer Ministro y ex Ministro de Relaciones Exteriores Canadá
John Graham
Presidente Emérito, Fundación Canadiense Para las Américas (FOCAL), Canadá
Osvaldo Hurtado
Ex Presidente - Ecuador
John ManleyEx Ministro de Relaciones Exteriores - Canadá
Torquato JardimEx Magistrado del Tribunal Superior Electoral - Brasil
Barbara McDougallEx Secretaria de Estado para Relaciones Exteriores - Canadá
Sonia Picado
Presidenta Instituto inter-americano de Derechos Humanos
Andrés Pastrana
Ex Presidente Colombia
Eduardo SteinEx Vicepresidente Guatemala
Sergio Ramirez
Ex Vicepresidente Nicaragua
Joaquín VillalobosFundador del Frente Farabundo Martí para la Liberación Nacional (FMLN), Firmante de los Acuerdos de Paz de El Salvador en 1992
Sir Ronald Sanders
Miembro del Grupo de Personas Eminentes del Commonwealth 2010-2011
Alejandro Toledo
Ex Presidente de Perú
Fernando Tuesta SoldevillaEx Director 
Oficina Nacional de Procesos Electorales - Perú

Venezuela e a questao da lideranca brasileira - Blog Coisas Internacionais


Coisas Internacionais, 21 Feb 2014 06:39 AM PST

Não é a primeira vez que reflito nesse blog sobre o conceito e a abrangência da suposta liderança brasileira na região da América do Sul. E reiteradamente constato que essa liderança propalada em discursos raramente se converte em política, em ações estratégicas, em momentos de crise como o que vive agora a Venezuela.
O Brasil se eximiu de ter um papel ativo e público na solução da crise das papeleras, amarga disputa entre Argentina e Uruguai que ameaçou seriamente a unidade do MERCOSUL.
Quando a Colômbia atacou acampamento das FARC em território equatoriano e matou um membro do secretariado da narco-guerrilha Raúl Reys, novamente, nossa diplomacia ficou a reboque da dupla Kirchner- Chávez.
Foram duas oportunidade de liderar, de oferecer bons-ofícios e tentar impelir estratégias nacionais para a região, sem imposição imperial, mas construindo com habilidade o consenso ao se mostrar verdadeiramente engajado.
É sempre difícil pros decisores políticos separar seus interesses de governo (partidário-eleitorais) dos interesses de Estado (de longo prazo e supostamente suprapartidários) principalmente quando a simpatia e antipatia ideológica são tão aparentes como no atual partido no poder no Brasil. Só a simpatia ideológica explica por que o Brasil é neutro diante das FARC que tentam derrubar um regime para impor uma ditadura socialista e na busca desse propósito traficam drogas que inundam as ruas brasileiras e armas ilegais que nos matam e é agora completamente defensor do regime bolivariano que enfrenta ampla contestação de uma fatia significativa da população da Venezuela.
Sobre a Venezuela é preciso resistir a vontade de demonizar os lados em disputa. É verdade que Maduro foi democraticamente eleito, ainda que pipoquem denuncias de fraudes eleitorais, mas também é verdade que sua eleição transformada pelos marketeiros brasileiros em referendo sobre o Chável, recém-falecido (o que é claro tem forte carga emocional) foi bem apertada com cerca de 200 mil votos de diferença.
Isso quer dizer que não são protestos de uma “minoria fascista”, “branca” e “racista” que não suportaria um Estado mestiço e indígena, como li na opinião de um professor da UnB, que pela ingenuidade da afirmação não deve ser (assim espero) membro do iPol ou do iRel.
Hoje, 21 de fevereiro de 2014, até as 10h não havia no site do Itamaraty nenhuma nota referente a virulência das manifestações e da repressão na Venezuela, alguns dias atrás uma nota da CELALC havia sido publicada mas foi retirada. Notas oficiais são em conteúdo sempre cheia de platitudes e diplomatiquês, mas a ausência delas é um indicativo muito interessante de que falta consenso sobre o assunto no governo.
E antes que venham com a balela de que qualquer manifestação contrariaria a não-intervenção, o Brasil emitiu com rapidez nota externando preocupação com a violência e pedindo refreamento por parte do governo e opositores e diálogo para alcançar a paz social na Ucrânia.
Ora, se o governo brasileiro quer mesmo ter papel de liderança no continente não pode se omitir, não pode deixar de condenar a violência dos manifestantes e dos agentes do governo, deveria fazer gestões para que o opositor preso responda processo em liberdade, o que acalmaria um pouco as ruas e pediria comedimento por parte do regime na resposta as manifestações e mais articularia uma missão da UNASUL ou MERCOSUL até a Venezuela para avaliar melhor a situação e para ajudar na negociação do fim da crise. Ações práticas demonstram liderança.
Inevitável é o questionamento de quanto da ação vacilante do governo deriva da simpatia ideológica e o quanto deriva de um quadro de análise política sobre a mensagem que isso passaria aos manifestantes nacionais, que prometem infernizar o governo durante a Copa do Mundo FIFA Brasil 2014.
Pode um líder ser tão vacilante? Cabeças devem estar fervendo no belo palácio dos arcos atormentadas por essas questões, como diria o Barão do Rio Branco, Política Externa é projetar uma certa imagem de Brasil e nesse caso é uma parcial a favor de regimes de mesma matiz ideológica e vacilante quanto a própria capacidade de intermediar crises regionais. É esse um quadro acurado?

Brasil: com quantos partidos se faz uma democracia? 2, 3, 7, 15, 35, 70?

O número, em si, talvez não signifique muita coisa. Pode-se ter democracia sob uma "ditadura" bipartidária, como nos EUA pelos últimos 150 anos, pelo menos (mas existem vários outros partidos legais nos EUA, inclusive um Partido Comunista, que talvez não tenha fechado por repressão, mas por falta de aderentes), pode-se ter regimes parlamentares estáveis sob três ou quatro partidos (como certas monarquias e repúblicas europeias), e pode-se ter democracia sob uma partidocracia corrupta como parece ser a Itália, e em parte certos regimes considerados democráticos, também, como Espanha, Japão, etc.
O fato é que a extrema atomização, ou liberalidade na constituição, existência e representação partidária pode, deve ser um sinal de mau funcionamento do sistema democrático. Tal permissivid, ade dá espaço para as mais loucas aventuras, no caso do Brasil, financiadas na maior parte pelo dinheiro público, ou seja, o nosso dinheiro.
A classe política no Brasil converteu-se, estabelecidos e aspirantes, numa categoria profissional cuja ÚNICA atividade está voltada para a captura dos recursos coletivos. Se algum economista puder calcular QUANTO dinheiro é sistematicamente drenado apenas para alimentar Congresso, assembleias estaduais, câmaras de vereadores, partidos políticos, e os milhares, talvez milhões de envolvidos, dos chefes aos aspones minúsculos, nesse jogo gigantesco que é a política brasileira atualmente, esse economista certamente vai descobrir o pote de ouro no final de um arco-iris negro (talvez até macabro).
O sistema político brasileiro é disfuncional, irracional, perdulário, e agrava a decadência política e econômica brasileira, e não apenas pela existência de dezenas de partidos -- a Espanha, a Polônia, Portugal, em suas transições para a democracia também tiveram dezenas de partidos, de todos os tipos, cores e tamanhos -- e sim pelo seu modo de funcionamento, e mais do que isso, pelo espírito pouco hegeliano que está por trás disso tudo.
Quo Vadis Brasil?
Do meu ponto de vista, para lugar nenhum, ou melhor para lugares pouco interessantes...
Vejamos a lista dos partidos existentes, e depois a dos que estão na lista para se juntar aos primeiros:


Democratas (DEM)

E agora, o que estão batendo à porta do Frankenstein da política brasileira...

·       Ação Libertadora Nacional (ALN)36
·       Aliança Renovadora Nacional (ARENA)37 38
·       Libertários (LIBER)39
·       Partido da Construção Imperial (PCI) 40
·       Partido da Mulher Brasileira (PMB) 41
·       Partido da Real Democracia (PRD)40
·       Partido Liberal Brasileiro (PLB)38
·       Partido Militar Brasileiro (PMB)44
·       Partido Novo (NOVO)45 38
·       Partido Ordem e Progresso (POP)46
·       Partido Pirata do Brasil (PIRATAS)47
·       Partido Popular de Liberdade de Expressão Afro-Brasileira (PPLE)
·       Rede Sustentabilidade (REDE)48 38 38
·       Partido da Defesa Social (PDS)49
·       Partido Povo (POVO)50

·       Partido Federalista (FE)

Onde vamos parar, volto a perguntar?
Não sei exatamente, mas a sensação é a pior possível...
Seres racionais, no Brasil, parece que estão se tornando uma espécie extremamente rara...
Paulo Roberto de Almeida

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Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...