Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Pierre Salama: Les économies émergentes latino-américaines: entre cigales et fourmis (livre)
domingo, 21 de outubro de 2012
A demagogia das cotas - editorial Estadao
A demagogia das cotas
Editorial O Estado de S.Paulo, 21 de outubro de 2012
Ao divulgar o decreto e a portaria que regulamentam a Lei de Cotas, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, acabou reconhecendo que a lei dará acesso às universidades públicas a estudantes que não estão preparados para cursá-las. Aprovada há dois meses pelo Congresso, a Lei de Cotas obriga as universidades e institutos técnicos de nível médio federais a reservarem 50% de vagas para alunos que tenham feito integralmente o ensino médio em escolas públicas.
A lei também estabelece subcotas por critérios de renda e de raça. No primeiro caso, metade das vagas reservadas a "cotistas" deverá ser preenchida por estudantes com renda familiar mensal per capita de até 1,5 salário mínimo (R$ 933). As universidades e institutos técnicos federais poderão exigir cópia da declaração do Imposto de Renda, extratos bancários e até nomear uma comissão encarregada de visitar o domicílio dos candidatos para verificar se vivem em famílias com baixa renda. O decreto cria ainda um Comitê de Acompanhamento das Reservas de Vagas nas Instituições Federais de Educação Superior e de Ensino Técnico, que terá, entre outras, a incumbência de fiscalizar o cumprimento da Lei de Cotas e propor "programas de apoio" a cotistas.
Já no caso das subcotas raciais não haverá qualquer tipo de controle, bastando aos candidatos declarar se são pretos, pardos ou indígenas. Pelo decreto, os candidatos pretos, pardos e indígenas disputarão as mesmas vagas. Caberá, contudo, às universidades federais a prerrogativa de separar as subcotas raciais das cotas para indígenas.
"Fomos o último país a abolir a escravatura nas Américas. A política de ações afirmativas busca corrigir essa dívida histórica. Temos de dar mais oportunidade àqueles que nunca tiveram, que são os pobres", disse o ministro da Educação, depois de anunciar que vem preparando um sistema de tutoria e cursos de nivelamento para cotistas. "Os alunos terão um tutor que os acompanhará, verá as deficiências, ajudará a reforçar o que é necessário", afirmou. Com isso, ele admitiu os problemas de aproveitamento e desempenho escolar que a Lei de Cotas introduzirá nas universidades e institutos técnicos federais. É como se reconhecesse que as universidades e institutos técnicos federais passarão a ter dois tipos de alunos - os de primeira classe, escolhidos pelo princípio do mérito, e os de segunda classe, beneficiados pelo sistema de cotas.
"A experiência demonstra que parte desses alunos precisa de acompanhamento, especialmente no início do curso. Temos de garantir que saiam em condições. Inclusive, vamos fazer uma política de assistência estudantil, para que os cotistas possam se formar e ter seu diploma", afirmou.
Contudo, mostrando como são tomadas as decisões do governo na área social, o ministro anunciou que o "modelo nacional de nivelamento e tutorias" não deverá estar pronto antes do próximo vestibular, quando o regime de cotas entra em vigor. Portanto, apesar da retórica oficial em favor de políticas afirmativas, o MEC não estava preparado para lidar com os problemas trazidos por uma lei que aumentará significativamente as responsabilidades, a burocracia e os gastos das universidades e institutos técnicos federais com atividades-meio.
A preocupação em agitar a bandeira das cotas às vésperas de uma eleição é tanta que, na mesma entrevista em que reconheceu que o governo ainda não tem um plano de nivelamento e tutoria para cotistas, Mercadante disse que está cogitando de usar o sistema de cotas também no programa Ciência sem Fronteiras, que dá bolsas de graduação e pós-graduação no exterior. Mas, segundo ele, essa iniciativa teria de ser precedida do ensino em massa de inglês e de outras línguas. "Se não tem proficiência em inglês, só posso mandar os alunos para Portugal", afirmou. O ministro alegou que o MEC está preparando o programa Inglês sem Fronteiras. Mas, como se tornou rotineiro na administração petista, ele deverá ser implantado depois do anúncio da extensão do regime de cotas para o Ciência sem Fronteiras.
Liberalismo, pura e simplesmente -Book review (The Economist)
The birth of neoliberalism
New brooms
How three Viennese thinkers changed the world
sábado, 20 de outubro de 2012
Projetos audiovisuais - Instituto Mundial para as Relações Internacionais
Posted: 19 Oct 2012 12:37 PM PDT
Desde os tempos em que eu era estudante eu tinha uma percepção clara que as trocas culturais e comerciais são as bases de um mundo mais pacífico e contêm as chaves do entendimento do diferente que é tão necessário.
Com esse objetivo de promover a cultura vários profissionais e estudantes de Relações Internacionais criaram a Agência IR.wi, braço cultural do Instituto Mundial para as Relações Internacionais, hoje tenho orgulho de fazer parte desse grupo de trabalho composto por algumas das melhores mentes do país.
Hoje temos o prazer de lançar um projeto de criação coletiva para audiovisuais que prevê a concessão de um total de R$ 500 mil em incentivos, uma oportunidade imperdível para que produtores de conteúdo. Abaixo vai o release do lançamento. Divulguem e visitem o site do projeto Coletividea.
Agência IR.wi abre concurso com R$ 500 mil em incentivos para projetos audiovisuais para Coletivos Criativos.
18 de outubro de 2012, Brasília - DF
Na próxima sexta-feira, dia 19 de outubro, a Agência IR. wi apresentará os lançamentos do projeto Coletividea e o Concurso Coletivos Criativos, que ocorrerão, no Espaço Cássia Eller do Complexo da Funarte em Brasília, como forma de incentivar a produção em grupo do audiovisual no Brasil.
Os projetos representam uma tendência do audiovisual no mundo, o trabalho de produção coletiva que converge para a conexão entre as pessoas. É o incentivo ao audiovisual fora da tradicional sala de cinema, apoiando iniciativas e trabalhos nos formatos de game, instalação audiovisual, ficção, flash mob, animação, performance, experimental, transmídia, documentário e vídeo clipe, com prêmios de R$ 30 mil e R$ 100 mil para a execução desses projetos. As inscrições vão de 18 de outubro a 18 de novembro e podem ser feitas pelo portal www.coletividea.com.br.
O lançamento contará com a presença da Secretária do Audiovisual do Brasil, Sra. Ana Paula Dourado Santana, que apóia a iniciativa: “O projeto Coletividea tem um objetivo por essência: incentivar a produção e formas de pensar a continuidade de processos coletivos, unindo diferentes ideias de diferentes profissionais, canalizando-as em processos, metas e resultados”.
Sobre a Agência IR.wi
A Agência do Instituto Mundial para as Relações Internacionais - Agência IR.wi, é uma OSCIP, que, desde 2006, trabalho com projetos desenvolvimentistas nas áreas de cultura, esporte e educação.
Tradicionalmente, em Brasília, a Agência IR.wi promove a Mostra Os Diferentes Olhares do Mundo, uma mostra de curtas que amplia o debate sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, propostos pela ONU.
A Agência IR.wi é representada pela Presidente Carolina Valente.
Contatos:
Ana Arruda (Produtora)
E-mail: analuabsb@gmail.com
Telefone:
Site: www.irwi.org.br
Endereço: Rua das Paineiras, Lote 06, Torre B, Sala 709, Águas Claras, Brasília-DF.
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Brasil como grande importador mundial - IEDI
O presente estudo analisa os dados de comércio exterior do Brasil para mostrar que em termos de exportações o país vem ocupando praticamente a mesma posição desde 2005 até 2011: de 23º para o 22º lugar no ranking dos maiores exportadores internacionais, incluindo a zona do Euro (OMC). Isso significou que a parcela brasileira nas exportações mundiais evoluiu de 1,13% em 2005 para 1,4% em 2011.
Todavia, em termos de importações o Brasil passou a ser muito mais relevante para o mercado internacional, passando da 28ª posição em 2005 para a 21ª em 2011, ou de uma parcela de 0,72% do mercado mundial para 1,3%.
O maior salto no ranking dos importadores ocorreu em 2010, quando o Brasil ultrapassou a Suíça, a Tailândia, a Turquia, a Polônia, a Áustria e os Emirados Árabes. Se for desconsiderado o comércio entre os membros da União Europeia, a posição brasileira no ranking dos importadores sobe para 15º. As importações brasileiras tiveram um crescimento em valor de 24% em 2011 em relação ao ano anterior – variação superior à do México, Malásia, Hong Kong e Singapura, mas inferior à China, Rússia, Tailândia, Indonésia, Emirados Árabes, Índia.
As informações do FMI, atualizadas até o primeiro semestre deste ano mostram que a participação do Brasil nas exportações mundiais caiu para 1,31% no primeiro semestre de 2012 (versus 1,34%), enquanto a parcela nas importações chegou a 1,28% (versus 1,24% no primeiro semestre de 2011).
Quando observado somente exportações e importações mundiais de manufaturas, o avanço brasileiro em termos de importações fica ainda mais claro vis-à-vis as perdas em termos de exportações. Em exportações de manufaturas, o Brasil caiu de 0,85% para 0,73% do total mundial entre 2005 e 2011, regredindo da 27ª para a 30ª posição. Por sua vez, o Brasil passou a ser o 21º maior importador mundial de manufaturas em 2011, sendo que em 2005 era o 31º. Sua parcela nas importações mundiais em dólares mais do que dobrou, de 0,69% para 1,37%.
No que se refere às exportações, o recente crescimento da participação do Brasil está relacionado, por um lado, à queda da atividade em termos globais e, por outro, à maior participação das commodities nas exportações totais brasileiras. A redução do peso das manufaturas nas exportações mundiais, ao contrário do que se pode pensar, foi mantida em torno de 70% desde 2005 até 2011.
Em contrapartida, nas exportações brasileiras as manufaturas caíram de 53% em 2005 para apenas 34% em 2011. Em adição, o coeficiente de exportações (total da produção doméstica que é exportado) da indústria brasileira se reduziu de 20,3% em 2005 para 17,9%. Todos os ramos de atividades tiveram redução do coeficiente, exceto químicos, farmoquímicos, fumo, celulose e papel. Vale destacar, em contrapartida, o crescimento das exportações da indústria aeronáutica em 2011.
O coeficiente de penetração das importações aumentou expressivamente na indústria brasileira, de 13,7% em 2005 para 21,9% em 2011. As variações mais expressivas ocorreram em têxteis, vestuário e acessórios, coque e derivados do petróleo, borracha e material plástico, metalurgia, produtos de metal, equipamentos de informática/eletrônicos e ópticos, máquinas e aparelhos elétricos, máquinas e equipamentos, veículos automotores.
Em suma, o Brasil somente manteve certa dinâmica exportadora a nível internacional em função de suas commodities primárias, regredindo como exportador de manufaturas. Do lado das importações, sua condição como mercado para produtos manufaturados se eleva, especialmente após a crise mundial de 2008.
Em parte, as tendências acima resumidas quanto à inserção brasileira no comércio mundial decorrem de mudanças na concorrência internacional por mercados mais restritos devido à crise, o que concorreu para transferir para a produção estrangeira parcela do mercado interno brasileiro e reduziu a posição brasileira em mercados no exterior.
Mas correspondem também a fatores domésticos como o câmbio e outros condicionantes da baixa competitividade brasileira. O governo vem adotando medidas para a proteção do câmbio, redução de impostos e para a diminuição de custos, como o custo de energia, de logística e de financiamento. São ações relevantes que precisam ser mantidas pois seus efeitos virão apenas a médio e longo prazo.