O presente estudo analisa os dados de comércio exterior do Brasil para mostrar que em termos de exportações o país vem ocupando praticamente a mesma posição desde 2005 até 2011: de 23º para o 22º lugar no ranking dos maiores exportadores internacionais, incluindo a zona do Euro (OMC). Isso significou que a parcela brasileira nas exportações mundiais evoluiu de 1,13% em 2005 para 1,4% em 2011.
Todavia, em termos de importações o Brasil passou a ser muito mais relevante para o mercado internacional, passando da 28ª posição em 2005 para a 21ª em 2011, ou de uma parcela de 0,72% do mercado mundial para 1,3%.
O maior salto no ranking dos importadores ocorreu em 2010, quando o Brasil ultrapassou a Suíça, a Tailândia, a Turquia, a Polônia, a Áustria e os Emirados Árabes. Se for desconsiderado o comércio entre os membros da União Europeia, a posição brasileira no ranking dos importadores sobe para 15º. As importações brasileiras tiveram um crescimento em valor de 24% em 2011 em relação ao ano anterior – variação superior à do México, Malásia, Hong Kong e Singapura, mas inferior à China, Rússia, Tailândia, Indonésia, Emirados Árabes, Índia.
As informações do FMI, atualizadas até o primeiro semestre deste ano mostram que a participação do Brasil nas exportações mundiais caiu para 1,31% no primeiro semestre de 2012 (versus 1,34%), enquanto a parcela nas importações chegou a 1,28% (versus 1,24% no primeiro semestre de 2011).
Quando observado somente exportações e importações mundiais de manufaturas, o avanço brasileiro em termos de importações fica ainda mais claro vis-à-vis as perdas em termos de exportações. Em exportações de manufaturas, o Brasil caiu de 0,85% para 0,73% do total mundial entre 2005 e 2011, regredindo da 27ª para a 30ª posição. Por sua vez, o Brasil passou a ser o 21º maior importador mundial de manufaturas em 2011, sendo que em 2005 era o 31º. Sua parcela nas importações mundiais em dólares mais do que dobrou, de 0,69% para 1,37%.
No que se refere às exportações, o recente crescimento da participação do Brasil está relacionado, por um lado, à queda da atividade em termos globais e, por outro, à maior participação das commodities nas exportações totais brasileiras. A redução do peso das manufaturas nas exportações mundiais, ao contrário do que se pode pensar, foi mantida em torno de 70% desde 2005 até 2011.
Em contrapartida, nas exportações brasileiras as manufaturas caíram de 53% em 2005 para apenas 34% em 2011. Em adição, o coeficiente de exportações (total da produção doméstica que é exportado) da indústria brasileira se reduziu de 20,3% em 2005 para 17,9%. Todos os ramos de atividades tiveram redução do coeficiente, exceto químicos, farmoquímicos, fumo, celulose e papel. Vale destacar, em contrapartida, o crescimento das exportações da indústria aeronáutica em 2011.
O coeficiente de penetração das importações aumentou expressivamente na indústria brasileira, de 13,7% em 2005 para 21,9% em 2011. As variações mais expressivas ocorreram em têxteis, vestuário e acessórios, coque e derivados do petróleo, borracha e material plástico, metalurgia, produtos de metal, equipamentos de informática/eletrônicos e ópticos, máquinas e aparelhos elétricos, máquinas e equipamentos, veículos automotores.
Em suma, o Brasil somente manteve certa dinâmica exportadora a nível internacional em função de suas commodities primárias, regredindo como exportador de manufaturas. Do lado das importações, sua condição como mercado para produtos manufaturados se eleva, especialmente após a crise mundial de 2008.
Em parte, as tendências acima resumidas quanto à inserção brasileira no comércio mundial decorrem de mudanças na concorrência internacional por mercados mais restritos devido à crise, o que concorreu para transferir para a produção estrangeira parcela do mercado interno brasileiro e reduziu a posição brasileira em mercados no exterior.
Mas correspondem também a fatores domésticos como o câmbio e outros condicionantes da baixa competitividade brasileira. O governo vem adotando medidas para a proteção do câmbio, redução de impostos e para a diminuição de custos, como o custo de energia, de logística e de financiamento. São ações relevantes que precisam ser mantidas pois seus efeitos virão apenas a médio e longo prazo.
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