O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

sábado, 12 de abril de 2014

Presença da universidade no desenvolvimento brasileiro: uma perspectiva histórica - Paulo Roberto de Almeida

Um antigo texto meu, sobre a universidade, acaba de ser publicado num blog devotado especificamente aos problemas da universidade brasileira. Transcrevo aqui, um dia antes que ele tenha sido postado, mas isso é devido às diferenças de horário:

sábado, 12 de abril de 2014


A Perspectiva do Diplomata Paulo Roberto de Almeida Sobre a Universidade no Brasil


Já publicamos neste blog artigos ou depoimentos de várias pessoas, desde estudantes de graduação até profissionais renomados em suas respectivas áreas de atuação. Pois bem, estamos finalmente retomando tais contribuições.

O texto abaixo foi escrito pelo diplomata Paulo Roberto de Almeida, doutor em ciências sociais pela Université Libre de Bruxelles que exerceu diversos cargos na Secretaria de Estado das Relações Exteriores e em embaixadas e delegações do Brasil no exterior. Atualmente trabalhando no Consulado Geral do Brasil em Hartford, Estados Unidos, de Almeida mantém o blog diplomatizzando, no qual são discutidas predominantemente questões sobre políticas externas de nosso país.

Convidei de Almeida a colaborar com uma postagem para este blog. Ele então enviou o texto abaixo, que é uma síntese de um seminário apresentado na Universidade de São Paulo anos atrás. 

Espero que o leitor aproveite.
__________________

Presença da universidade no desenvolvimento brasileiro: uma perspectiva histórica



Introdução: 

Ao apresentar algumas reflexões sobre o papel da universidade no desenvolvimento nacional, quero deixar claro que estou aqui falando essencialmente da universidade pública. 

Os principais problemas da educação e do desenvolvimento nacional estão bem mais fora do que dentro da universidade pública, que funciona razoavelmente bem para os padrões falhos dos países em desenvolvimento. Mas, ela funciona cada vez mais mal para os padrões exigentes do estilo de desenvolvimento interdependente que temos hoje no âmbito do capitalismo global. Ela é autista, avessa à reforma, à competição e aos critérios de eficiência e se julga no direito de usufruir de recursos públicos sem prestar a devida conta à sociedade. Caminha para a decadência, ainda que a passos lentos, aliás, como o Brasil, em seu conjunto; pior, ela não está atenta a isso.

Tenho nítida consciência de que meus comentários, julgamentos e avaliações, tanto quanto minhas propostas e sugestões, serão recebidos com ceticismo, quando não com desconforto, pois que situando-se em posição crítica, ou possuindo espírito controverso, ao que normalmente se espera de um membro da academia, o que eu não sou, possuindo, portanto, alguma independência de opinião em relação aos assuntosinterna corporis. Por fim, alerto, preliminarmente, que a maior parte de minhas críticas e sugestões se dirigem a objetivos fora da universidade – mas aos quais ela não pode ficar alheia –, uma vez que estamos falando da contribuição da universidade para o desenvolvimento nacional, não para o seu próprio desenvolvimento. 

1. Consulta às origens: a universidade como formadora de mestres

O papel primordial da universidade sempre foi o da formação de mestres e pesquisadores, algo que no Brasil teve início tardiamente pela formação de quadros de elite para o Estado, sem que tivessem sido desenvolvidas as atividades formadoras básicas nos dois ciclos precedentes. Quando a universidade se instalou, ela o fez de forma superestrutural, cuidando basicamente do terceiro ciclo, sem olhar para os dois ciclos anteriores. Creio que o descomprometimento com os dois ciclos iniciais de estudo ainda continua a marcar a atitude geral da academia em relação ao problema educacional brasileiro, em que pese a atuação de alguns dos seus mestres renomados e atuantes nos diversos processos de reforma do ensino básico. A universidade brasileira deveria, a meu aviso, voltar bem mais os olhos para a realidade educacional brasileira como um todo.

2. O alheamento da universidade brasileira de sua função básica

Quer seja no que se refere à formação de quadros para os ciclos precedentes, quer seja no retorno à sociedade de suas atividades de pesquisa, financiadas com recursos da sociedade, a universidade brasileira tem deixado a desejar ao longo de sua existência consolidada. Embora a maior parte dos cursos “científicos” e “tecnológicos” isolados – que depois vieram a integrar a universidade – tenha se constituído, tendo em vista o provimento de soluções e respostas práticas aos problemas colocados pelo mundo da agricultura e da indústria, a atenção prioritária da universidade esteve mais concentrada na própria universidade, não necessariamente numa agenda percebida de problemas nacionais básicos. 

Pode-se argumentar que formação de professores nunca foi pensada como sendo a função básica da universidade brasileira, mas caberia aí reconhecer um desvio de origem, não um plano de trabalho que possua legitimidade social. O viés superestrutural fica mais uma vez evidente. Quanto à pesquisa, parece evidente, igualmente, seu alheamento do setor produtivo, ao lado de outros comportamentos ainda mais nefastos, como uma persistente cultura antipatentária e uma renitente, embora decrescente, postura antimercado. 

3. Nem só de big science vive a universidade e nem sempre é disso que precisa o país

Se pensarmos em três nomes que parecem caracterizar a consciência aguda dos problemas brasileiros, José Bonifácio, Joaquim Nabuco e Monteiro Lobato, veremos que suas agendas respectivas de transformação do país – elevação dos padrões da mão-de-obra, via cessação do tráfico e da escravidão, promoção de uma colonização comprometida com a qualificação técnica da agricultura e da indústria e melhoria dos padrões educacionais e de saneamento da maioria da população –  foram superficialmente integradas à agenda de trabalho das universidades. Mesmo intelectuais obcecados com a superação do atraso nacional, como Caio Prado Jr., por exemplo, tiveram em certa medida de exercer suas atividades à margem ou no alheamento da universidade. 

Todos eles, de certa forma, não estavam pensando em converter o Brasil num êmulo dos principais países desenvolvidos em suas épocas respectivas, mas apenas em estabelecer as condições de base pelas quais esses países se tornaram desenvolvidos em mérito próprio. 

4. Back to basics: para evitar o afundamento completo da educação brasileira

A educação brasileira vem sendo “afundada” devido a uma combinação involuntária de fatores perversos que ultrapassam a capacidade da universidade de corrigi-los, mas aos quais ela não deveria estar alheia, uma vez que a degradação do ensino básico vem se refletindo cada vez mais na mediocrização da graduação universitária, com possível contaminação dos cursos de pós.

Quando a universidade não se posiciona claramente contra deformações evidentes dos ciclos anteriores, ela contribui para essa deterioração geral dos padrões de ensino e pesquisa. Ao não reagir claramente contra regimes de cotas, contra a politização demagógica do primeiro ciclo  e a corporativização do segundo – como refletidos, por exemplo, no ensino obrigatório de estudos afrobrasileiros e de espanhol e na reserva de mercado abusiva que se pretende dar a sociólogos desempregados e a filósofos em disponibilidade –, a universidade sanciona a tendência declinante da educação pré-graduada e com isso compromete a qualidade dos seus próprios cursos. 

5. Uma “cadeia de montagem” de professores de português, matemáticas e ciências básicas

Se por milagre de uma combinação de políticas macroeconômicas virtuosas e de políticas setoriais focadas em externalidades positivas o Brasil despertasse para um ciclo de crescimento sustentado, o setor produtivo não poderia contar com quadros competentes na tarefa de elevar os padrões de produtividade a níveis de excelência. A carência educacional naquelas áreas que deveriam constituir o núcleo básico do ensino fundamental e médio é de tal forma gritante que seria impossível não pedir que a universidade se interesse pelo assunto. 

O futuro do Brasil está sendo comprometido pelo “afundamento” dos fundamentos. Seria relevante que a universidade se interessasse por isto também: língua pátria, raciocínio matemático e conhecimentos científicos elementares fazem parte do funil vergonhoso que hoje restringe a população universitária a uma fração mínima da população total. 

6. Competência, competição, administração técnica, avaliação independente e objetiva

A despeito de certos progressos, a universidade pública continua resistindo à meritocracia, à competição e à eficiência. Ela concede estabilidade no ponto de entrada, não como retribuição por serviços prestados ao longo do tempo, aferidos de modo objetivo. Ela premia a dedicação exclusiva, como se ela fosse o critério definidor da excelência na pesquisa, ou como se ela fosse de fato exclusiva. Ela tende a coibir a “osmose” com o setor privado, mas parece fechar os olhos à promiscuidade com grupos político-partidários ou com movimentos ditos sociais. Ela pretende à autonomia operacional, mas gostaria de dispor de orçamentos elásticos, cujo aprovisionamento fosse assegurado de maneira automática pelos poderes públicos. Ela aspira à eficiência na gestão, mas insiste em escolher os seus próprios dirigentes, numa espécie de conluio democratista que conspira contra a própria ideia de eficiência e de administração por resultados. Ela diz privilegiar o mérito e a competência individual, mas acaba deslizando para um socialismo de guilda, quando não resvalando num corporativismo exacerbado. 

Com todos os desvios acumulados ao longo dos anos, a universidade pública tornou-se parte do problema do desenvolvimento nacional, sem necessariamente apresentar-se como parte da solução desse problema. O problema básico do país não se situa na universidade pública, e sim no ciclo universal de ensino, mas a universidade não tem feito o suficiente para diagnosticar o problema e encaminhá-lo de forma satisfatória. Ela poderia dizer, por exemplo, que o sistema nacional de ensino requer um pouco menos de pedagogos no MEC e mais administradores nas escolas, sensatos, dotados de ideias simples como boa gestão e fixação de metas para os resultados escolares. 

7. O estatismo está estrangulando a economia, with a little help from the university... 

Independentemente do fomento à pesquisa, dos fundos setoriais e de todas as demandas por financiamento público às suas atividades, a universidade possui entranhado em seu DNA um estatismo secular e renitente, o que seria compreensível em vista do papel cumprido no passado em favor do desenvolvimento nacional pelo Estado brasileiro, se essa característica não tivesse, hoje, efeitos nefastos sobre o crescimento econômico. 

Vários estudos empíricos já demonstraram a existência de uma correlação negativa entre os níveis de gastos governamentais e a taxa de crescimento econômico. As evidências são tão óbvias que o tema não merece maiores desenvolvimentos a não ser a remissão à bibliografia pertinente. Bastaria agregar que a universidade, com as poucas exceções de alguns departamentos de economia, também tem falhado em demonstrar que o Estado brasileiro converteu-se de antigo promotor em atual obstrutor, de fato, do processo de desenvolvimento, aspecto geralmente negligenciado na maior parte dos estudos acadêmicos.

Das quatro condições gerais que podem facilitar, estimular ou permitir a manutenção de um ritmo de crescimento sustentado, base inquestionável de um processo de desenvolvimento econômico e social, com transformação tecnológica e redistribuição social de seus benefícios – que são, respectivamente, (a) uma macroeconomia estável; (b) uma microeconomia competitiva; (c) alta qualidade dos recursos humanos e (d) abertura ao comércio exterior e aos investimentos diretos estrangeiros –, a universidade pode atuar diretamente no bom desempenho das tarefas de formação e aperfeiçoamento dos recursos humanos, e secundariamente em todos os demais fatores. Não me parece que ela o venha fazendo de modo consistente, pelo menos não no ritmo e com a intensidade desejados. 

Nunca é tarde para que a universidade retifique algumas tendências ao autismo acadêmico e participe de modo mais afirmado dos diagnósticos e soluções aos mais graves problemas brasileiros de desenvolvimento. Ela já o fez no passado, pelo menos de modo parcial, e pode certamente voltar a dar sua contribuição na presente fase de impasses e de lento estrangulamento do processo de crescimento econômico. Esperemos que ela o faça, para o seu próprio bem...

Antijudaismo: uma velha fobia - a book by David Nirenberg (reviewed by Michael Walzer, NYRBooks)


Imaginary Jews
Michael Walzer
The New York Review of Books, March 20, 2014

by David Nirenberg

Norton, 610 pp., $35.00

1.
In 1844, Karl Marx published his essay “On the Jewish Question.” This wasn’t an engagement with Judaism, or with Jewish history, or even with the sociology of German Jews. Its occasion was the contemporary debate about Jewish emancipation, but its real purpose was to call for the overthrow of the capitalist order. The call was expressed in a language that is probably not surprising to readers today and that was entirely familiar to readers in the nineteenth century. Still, it is a very strange language. Capitalism is identified by Marx with Judaism, and so the overthrow of capitalism will be, he writes, “the emancipation of mankind from Judaism.” The argument is worth quoting, at least briefly:

The Jew has already emancipated himself in a Jewish way…not only insofar as he has acquired financial power, but also insofar as, through him and without him, moneyhas risen to world power and the practical Jewish spirit has become the practical spirit of the Christian peoples. The Jews have emancipated themselves to the extent that the Christians have become Jews.
“Through [the Jew] and without [the Jew]”—mostly without him: as Marx certainly knew, Jews made up a very small part of the moneyed elite of England, the most advanced capitalist country, and an even smaller part of the “rising” German bourgeoisie. His own father had converted to Protestantism in order to facilitate his entry into bourgeois society, where Jews were not welcome in the early nineteenth century.
What Marx is doing here, David Nirenberg argues in his brilliant, fascinating, and deeply depressing book Anti-Judaism, is exactly what many other writers have done in the long history of Western civilization. His essay is a “strategic appropriation of the most powerful language of opprobrium available to any critic of the powers and institutions of this world.” That sentence comes from Nirenberg’s discussion of Martin Luther, but it applies equally well to Marx. Still, we should be more surprised by Marx’s use of this language than by Luther’s, not only because of Marx’s Jewish origins but also because of his claim to be a radical critic of the ideology of his own time. He might, Nirenberg says, have questioned the association of Judaism and capitalism and written a critical history aimed at making his readers more reflective about that association. Instead, he chose to exploit “old ideas and fears about Jewishness.”

Consider another famous use of this language of opprobrium, this time not in support of but in fierce opposition to revolutionary politics. In his Reflections on the Revolution in France, published in 1790, Edmund Burke compared what was going on in France to previous revolutions (like England’s in 1688) that were led by noblemen “of great civil, and great military talents.” By contrast, he wrote, the revolutionary government in Paris is led by “Jew brokers contending with each other who could best remedy with fraudulent circulation and depreciated paper the wretchedness and ruin brought on their country by their degenerate councils.”
In Burke’s case, the choice of this language was probably not “strategic.” The choice was structural—anti-Judaism was a feature of the worldview with which Burke was able to recognize what Marxists later described as a “bourgeois” revolution. “Given the complete absence of Jews from the actual leadership, whether political, pecuniary, or philosophical, of the French Revolution,” Nirenberg writes, the line about “Jew brokers” (and also Burke’s proposal to help the revolutionaries by sending English Jews to France “to please your new Hebrew brethren”) may, again, seem very strange. In fact, it is utterly common; only Burke’s ferocious eloquence is uncommon.
Friendly writers have worked hard to exonerate Burke of anti-Semitism. Nirenberg says only that they miss the point. Burke certainly knew that Danton, Robespierre, Saint-Just, and their friends and enemies among the revolutionaries were, all of them, Catholics and lapsed Catholics (plus a few Protestants). They were only figurative Jews, imaginary Jews, who came to Burke’s mind, and to many other minds,
because the revolution forced him…to confront basic questions about the ways in which humans relate to one another in society. These were questions that two millennia of pedagogy had taught Europe to ask in terms of “Judaism,” and Burke had learnt the lesson well.
2.
Nirenberg’s book is about those two millennia and their pedagogy. It isn’t a book about anti-Semitism; it isn’t a history of the Jewish experience of discrimination, persecution, and genocide; it isn’t an example of what the historian Salo Baron called the “lachrymose” account of Jewish life in exile; nor is it an indictment of contemporary anti-Zionism or a defense of the state of Israel. The book is not about Jews at all or, at least, not about real Jews; it deals extensively and almost exclusively with imaginary Jews.
What Nirenberg has written is an intellectual history of Western civilization, seen from a peculiar but frighteningly revealing perspective. It is focused on the role of anti-Judaism as a constitutive idea and an explanatory force in Christian and post-Christian thought—though it starts with Egyptian arguments against the Jews and includes a discussion of early Islam, whose writers echo, and apparently learned from, Christian polemics. Nirenberg comments intermittently about the effects of anti-Judaism on the life chances of actual Jews, but dealing with those effects in any sufficient way would require another, and a very different, book.
Anti-Judaism is an extraordinary scholarly achievement. Nirenberg tells us that he has left a lot out (I will come at the end to a few things that are missing), but he seems to know everything. He deals only with literature that he can read in the original language, but this isn’t much of a limitation. Fortunately, the chapter on Egypt doesn’t require knowledge of hieroglyphics; Greek, Hebrew, and Latin are enough. Perhaps it makes things easier that the arguments in all the different languages are remarkably similar and endlessly reiterated.
A certain view of Judaism—mainly negative—gets established early on, chiefly in Christian polemics, and then becomes a common tool in many different intellectual efforts to understand the world and to denounce opposing understandings. Marx may have thought himself insightful and his announcement original: the “worldly God” of the Jews was “money”! But the identification of Judaism with materialism, with the things of this world, predates the appearance of capitalism in Europe by at least 1,500 years.
Since I want mostly to describe Nirenberg’s argument (and, though without the authority of his erudition, to endorse it), let me note quickly one bit of oddness in it. One could also write—it would be much shorter—a history of philo-Judaism. It might begin with those near-Jews, the “God-fearers” of ancient Rome, whom Nirenberg doesn’t mention. But the prime example would be the work of the Christian, mostly Protestant, Hebraists of the late sixteenth and seventeenth centuries, who searched in biblical and rabbinic texts for God’s constitution and produced books with titles like The Hebrew Commonwealth. Many of these writers studied with Jewish scholars, chiefly from the Netherlands, but (with some notable exceptions) remained in most of their references to contemporary Jews conventionally anti-Semitic.
Nirenberg writes about these Christian Hebraists with his usual learning, but they don’t fit neatly into his book. They were looking for an ancient, biblical Judaism (with the rabbis of the talmudic age as helpful interpreters) that they could learn from, even imitate. Nirenberg’s proper subject is a hostile understanding of Judaism, early and late, reiterated by writers of very different sorts, with which the social-political-theological-philosophical world is constructed, enemies are identified, and positions fortified. Philo-Judaism is aspirational; anti-Judaism claims to be explanatory.
What is being explained is the social world; the explanatory tools are certain supposed features of Judaism; and the enemies are mostly not Jews but “Judaizing” non-Jews who take on these features and are denounced for doing so. I will deal with only a few of Judaism’s negative characteristics: its hyperintellectualism; its predilection for tyranny; its equal and opposite predilection for subversive radicalism; and its this-worldly materialism, invoked, as we’ve seen, by both Burke and Marx. None of this is actually descriptive; there certainly are examples of hyper-intellectual, tyrannical, subversive, and materialist Jews (and of dumb, powerless, conformist, and idealistic Jews), but Nirenberg insists, rightly, that real Jews have remarkably little to do with anti-Judaism.
3.
Speaking to German students in May 1933, a few months after the Nazis took power, Joseph Goebbels proclaimed that “the age of rampant Jewish intellectualism is now at an end.” Goebbels was a third-rate German intellectual (the word is unavoidable: he had a Ph.D.; he wrote articles; Nirenberg suggests that we think of him as an apostate intellectual). But he was making an argument that had been made by many less infamous, indeed, more worthy, figures. It begins in the Gospels, with the earliest attacks on the Judaism of the Pharisees. Christian supersessionist arguments—i.e., arguments about what aspects of Judaism had been superseded by Christianity—were based on a set of oppositions: law superseded by love, the letter by the spirit, the flesh (the material world, the commandments of the Torah, the literal text) by the soul. “I bless you father…,” writes Luke, “for hiding these things from the learned and the clever and revealing them to little children.”
The Pharisees were indeed learned and clever, as were their rabbinic successors; the discussions and disputations of the Talmud are a particularly revealing display of learning and cleverness. By comparison (it’s a self-description), the early Christians were naive and innocent children to whom God spoke directly, evoking the faith that brought salvation (which law and learning couldn’t do).
The difficulty here is that the Christians very quickly produced immensely learned, clever, and disputatious theologians of their own, who were then accused, and who accused each other, of Judaizing—thinking or acting like Jews. The earliest Christian writers, Paul most importantly, were engaged with actual Jews, in some mix of coexistence and competition that scholars are still trying to figure out. Nirenberg writes about Paul with subtlety and some sympathy, though he is the writer who sets the terms for much that comes later.
By the time of writers like Eusebius, Ambrose, and Augustine, the Jews had been, as Nirenberg says, “a twice-defeated people”—first militarily by the Romans and then religiously by the imperial establishment of Christianity. And yet the threat of Judaism grew greater and greater as the actual Jews grew weaker and weaker. According to their triumphant opponents, the Jews never gave up their hostility to Jesus and his followers (indeed, they didn’t convert). They were endlessly clever, ever-active hypocrites and tricksters, who mixed truth with falsehood to entice innocent Christians—in the same way that those who prepare lethal drugs “smear the lip of the cup with honey to make the harmful potion easy to drink.”
That last charge is from Saint John Chrysostom, who was such a violent opponent of “the Jews” that earnest scholars have assumed that Judaism must have posed a clear and present danger to Christianity in his time. In fact, Nirenberg tells us, there was no such danger; the people mixing the poison were Christian heretics. If Saint John feared the Jews, “it was because his theology had taught him to view other dangers in Jewish terms.”

Bridgeman Art Library

The cover of a French edition of The Protocols of the Elders of Zion, circa 1940
The critique of Jewish cleverness is fairly continuous over time, but it appears with special force among German idealist philosophers of the eighteenth and nineteenth centuries, who repeat many of the supersessionist arguments of the early Christians. Kant understood the heteronomy he sought to overcome—action according to moral law externally imposed rather than freely accepted by the agent—in Jewish terms, but he was himself considered too Jewish by the philosophers who came next, most importantly by Hegel. Kantianism, Hegel claimed, was simply a new version of “the Jewish principle of opposing thought to reality, reason to sense; this principle involves the rending of life and a lifeless connection between God and the world.” According to Hegel, Abraham had made a fateful choice: his rejection of the world in favor of a sublime God had alienated the Jews forever from the beauty of nature and made them the prisoners of law, incapable of love. (Needless to say, Schopenhauer, in the next generation, thought that the academic Hegelians of his time were “Jews” and followers of “the Jewish God,” but I shall stop with Hegel himself.)
It isn’t Nirenberg’s claim that any of these philosophers were anti-Semites. Indeed, Hegel defended the rights of Jews in German universities and thought that anti-Semitic German nationalism was not “German-ness” but “German-stupid-ness.” Nor is Nirenberg arguing for any kind of intellectual determinism. He doesn’t believe that Goebbels’s attack on Jewish intellectualism was the necessary outcome of the German philosophical identification of Judaism with lifeless reason—any more than German idealism was the necessary outcome of Christian claims to supersede Pharasaic Judaism or of Lutheran claims to supersede the Judaizing Catholics. In all these cases, there were other possible outcomes. But philosophers like Hegel used the language of anti-Judaism to resolve “the ancient tension between the ideal and the real,” and their resolutions were enormously influential. The idea of Judaism as the enemy of “life” had a future.
4.
Judaism’s associations with worldly power and subversive rebellion are closely linked, for what is rebellion but an effort to seize power? So Jewish bankers can rule the world and Jewish Bolsheviks can aspire to overthrow and replace the bankers. In some alcoves of the Western imagination, the two groups can almost appear as co-conspirators. The populist anti-Semitism of the nineteenth and twentieth centuries (what August Bebel called “the socialism of fools”) has a long history. One very early example is Saint Ambrose’s response to the emperor Maximus, who punished the leaders of a Christian mob that burned a synagogue in the Mesopotamian city of Callinicum: “That king,” Ambrose said, “has become a Jew.” What made Maximus a “Jew” was not that he defended the Callinicum Jews but that he ranked enforcement of the law over the demands of the spirit (and the religious enthusiasm of the mob).
Often in the Middle Ages, Christian rulers were accused of Judaizing by populist rebels; the accusations had a curious doubleness. Tyranny was, first of all, imagined as a feature of Judaism, both when there were Jews at court (as physicians, advisers, tax collectors, and money-lenders) and when there were no Jews at court. The Jewish “seduction” of princes was one common way of understanding tyranny. Of course, Jewish seduction was often princely exploitation: the Jews were allowed to collect interest on loans to the king’s Christian subjects so that he could then “expropriate a considerable share of the proceeds.” It was a kind of indirect taxation, at a time when the royal power to tax was radically constrained. The indirectly taxed subjects resented the Jewish money-lenders, but, Nirenberg stresses, the resentment was politically acted out, again and again, in many times and places, though Jews rarely predominated in royal financial affairs “and then only for short periods of time.”
Anti-Judaism also had a second and rather different political usefulness. Jews were imagined not only as tyrants or the allies of tyrants but at the same time, and more realistically, as oppressed and powerless. Given their rejection of Jesus Christ and their complicity in his death, the oppression of the Jews was justified; but when a tyrannical ruler oppressed his Christian subjects, he could be accused of trying “to make a Jewry” out of them, which obviously wasn’t justified. “We would rather die than be made similar to Jews.” That last line is from a petition of the city council of Valencia to King Peter in 1378. So tyranny was twice understood in Jewish terms: a Judaizing prince treated his subjects like Jews.
Populist rebels obviously did not think of themselves as Jews; the construction of subversion and rebellion as “Jewish” was, and is, the work of conservative and reactionary writers. Among modern revolutionaries, the Puritans actually were Judaizers (focused far more on the Old than the New Testament), though with their own supersessionist theology. The use of the tropes of philo- and anti-Judaism during the English civil war made some sense, even though there were no Jews in England in the 1640s. The French revolutionaries were neither Jews nor Judaizers, though Burke and others understood them by invoking the “old ideas and fears.” But it was the Bolsheviks who, more than any other group of rebels, were widely understood as “Jewish.” It is true that many of them were Jews, though of the sort that Isaac Deutscher called “non-Jewish Jews.” Judaism had nothing at all to do with Bolshevism and yet, if Nirenberg is right, the Bolsheviks would have been explained in the language of anti-Judaism even if there had never been a Trotsky, a Kamenev, or a Radek among them.
5.
The identification of Jews with merchants, money-lenders, royal financiers, and predatory capitalists is constant in Nirenberg’s history. I will focus on one moment in that history, Shakespeare’s England and The Merchant of Venice, which will give me a chance to illustrate the difference between his anti-Judaism and the anti-Semitism that is the subject of more conventional, but equally depressing, histories. Anthony Julius’s Trials of the Diaspora: A History of Anti-Semitism in Englandincludes a long and very intelligent discussion of Shakespeare’s play.1 Julius callsThe Merchant of Venice an anti-Semitic drama that is also a dramatization of anti-Semitism and the beginning of its literary investigation. Shakespeare, as always, writes from opposing perspectives, but he clearly leans toward Shylock’s enemies.
Shylock himself is the classic Jew: he hates Christians and desires to tyrannize over them; he loves money, more than his own daughter; he is a creature of law rather than of love. He isn’t, indeed, a clever Jew; in his attempt to use the law against his Christian enemy, he is unintelligent and inept. (A modern commentator, Kenneth Gross, asks: “What could [he] have been thinking?”) But in every other way, he is stereotypical, and so he merits the defeat and humiliation he receives—which are meant to delight the Elizabethan audience.
Julius doesn’t ask Nirenberg’s question: What put so many Jews (like Shylock or Marlowe’s Jew of Malta) on the new London stage, in “a city that had sheltered fewer ‘real Jews’ than perhaps any other major one in Europe”? His answer—I can’t reproduce his long and nuanced discussion—is that London was becoming a city of merchants, hence a “Jewish” city, and Shakespeare’s play is a creative response to that development, an effort to address the allegedly Judaizing features of all commercial relationships, and then to save the Christian merchants by distinguishing them from an extreme version of the Jew. But the distinction is open to question, and so the point of the play is best summed up when Portia asks, “Which is the merchant here, and which the Jew?” The play is about law and property, contracts, oaths, pledges, and promises. Shylock is the Jew of the gospels: “I stand here for law.” But he is defeated by a better lawyer and a more literal reading of the law: Portia out-Jews the Jew—which is surely an ironical version of Christian supersession.
So Shakespeare understands the arrival of modern commerce with the help of Judaism, though he knew no Jews and had never read a page of the Talmud. He knew the Bible, though, as Shylock’s speech about Jacob multiplying Laban’s sheep (Act 1, scene 3; Genesis 30) makes clear. And Paul and the gospels were a central part of his intellectual inheritance. Shylock emerges from those latter texts, much like, though the lineage is more complicated, Burke’s “Jew brokers” and Marx’s “emancipated Jews.” The line is continuous.
6.
Nirenberg’s epilogue addresses one major theorist’s denial of that continuity. In the preface to The Origins of Totalitarianism, Hannah Arendt mocks what she calls the doctrine of “eternal antisemitism” (this could serve, Nirenberg writes, “as an ironic title for my own book”) and insists that the “specifically Jewish functions” (banking and finance) in the capitalist economy made the Jews partly “responsible” (her word) for the hatred they evoked.2 This is much like Marx’s claim that “the Jews have eagerly contributed” to the triumph of their “worldly cult,” “Haggling,” and their “worldly God,” “Money.”
Arendt actually draws on the statistical work of Walter Frank, a Nazi economist, who headed an Institute for the History of the New Germany, to support her account of the role of the Jews in the German bourgeoisie. It can’t be the case, she argues, that the Nazis, who had “to persuade and mobilize people,” could have chosen their victims arbitrarily. There has to be a concrete answer, a local socioeconomic answer, to the question: Why the Jews?
Nirenberg agrees that the choice of the Jews was not arbitrary; nor does he find Arendt’s argument surprising—though he rejects all the usual hostile explanations: her assimilationist childhood, her long relationship with Heidegger, and so on. He does think it remarkable that Arendt “clung” to her argument about Jewish responsibility “even after the full extent and fantastic projective power of Nazi anti-Semitism (including its vast exaggeration of the Jews’ economic importance) became clear.” But his whole book is a kind of explanation for why she found it so easy to connect Jews and finance: the connection was one of “the a priori ideological commitments that structured her selection and interpretation of ‘facts’ about the Jews.”
The disagreement with Arendt nicely sums up Nirenberg’s book. His argument is that a certain view of Judaism lies deep in the structure of Western civilization and has helped its intellectuals and polemicists explain Christian heresies, political tyrannies, medieval plagues, capitalist crises, and revolutionary movements. Anti-Judaism is and has long been one of the most powerful theoretical systems “for making sense of the world.” No doubt, Jews sometimes act out the roles that anti-Judaism assigns them—but so do the members of all the other national and religious groups, and in much greater numbers. The theory does not depend on the behavior of “real” Jews.
Nirenberg’s history of anti-Judaism is powerful and persuasive, but it is also unfinished. It never gets to the United States, for example, where anti-Judaism seems to have been less prevalent and less useful (less used in making sense of society and economy) than it was and is in the Old World—and where philo-Judaism seems to have a much larger presence. The modern state of Israel also makes no appearance in Nirenberg’s book, except for one sentence on the next-to-last page:
We live in an age in which millions of people are exposed daily to some variant of the argument that the challenges of the world they live in are best explained in terms of “Israel.”
So we have a partial discontinuity (the US) and an unexplored continuity (contemporary Israel) with Nirenberg’s history. There is still work to be done. But here, in this book, anti-Judaism has at last found its radical critic.


  • 1
    Oxford University Press, 2010, pp. 178–192. 
  • 2
    Harcourt, 1968, pp. 5–7, 9. 

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Inflacao e baixo crescimento: a contradicao nos termos da economia companheira - Editorial Estadao

Os furtadianos, em especial, e os keynesianos em geral, mesmo quando eles são keynesianos de botequim, como os nossos, sempre tentaram justificar a inflação pelo fato de que ela, desde que moderada, permitira maior crescimento, e portanto maior volume de empregos, e renda para os trabalhadores.
Essa era uma falsa suposição keynesiana, mas ainda assim aceita e incorporada nas suas receitas-milagre de crescimento pelos nossos keynesianos de botequim.
E só foi por causa dessa contradição nos termos, dessa quadratura do círculo, que os companheiros se opuseram à redução da meta de inflação para algo mais baixo do que 4,5%, onde ela está desde 2006, a última vez que companheiros menos malucos -- digamos Palocci e Paulo Bernardo --, tentaram, com um não companheiro, Henrique Meirelles, baixar a meta para 4 e além, com um aumento do superávit fiscal.
Foi vetado com um NÃO sonoro por aquela que dizia que se tratava de um "plano rústico", e que tinha recém substituído o chefe da quadrilha, devidamente afastado, com um afago e confiança renovada pelo Capo di Tutti i Capi, já que continuava a ser o que sempre foi, o Stalin sem Gulag, mas ainda assim Stalin.
Pois bem, a inflação permanece teimosamente alta, ainda que certas cavalgaduras nos assegurem que ela está "dentro da meta" (mas certas pessoas tem certa dificuldades com as palavras e com os raciocínios elementares).
O governo rouba de cada brasileiro, todo ano, entre 6 e 10% do poder de compra, bem mais da classe média, que consome mais serviços, ou seja, non-tradables, que não podem ser submetidos à competição de bugigangas chinesas. Mas mesmo neste terreno o governo trata de roubar os pobres também, colocando altas tarifas, e altos impostos, sobre as bugigangas chinesas que são consumidas pelos pobres.
O governo, além de roubar no poder de compra, rouba nos valores extraídos com seus impostos abusivos: ele pensa que ajuda os pobres colocando 35% de impostos sobre medicamentos, material escolar, 40% nas comunicações por celulares e um pouco por todas as outras coisas?
Os keynesianos de botequim vão ter de encontrar outras desculpas esfarrapadas para a sua inflação elevada...
Paulo Roberto de Almeida

Inflação e outros maus sinais

11 de abril de 2014 | 2h 07
Editorial O Estado de S.Paulo
A preocupante alta dos preços de 0,92% em março, a maior variação mensal desde abril de 2003 captada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - a medida oficial da inflação brasileira, calculada pelo IBGE -, é mais um dado entre os muitos aferidos nos últimos tempos que vão demolindo o cenário otimista montado pelo governo do PT para tentar convencer parte da população de que tudo vai bem na economia.
Embora não tenha citado números, o economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e Caribe, Augusto de la Torre, resumiu com precisão os problemas do País. O Brasil, disse ele, enfrenta uma "combinação difícil" de inflação alta e baixo crescimento. Para rompê-la, o governo deveria adotar uma política fiscal mais austera que abrisse espaço para o Banco Central reduzir a taxa de juros. Como não existem sinais críveis de que, nos próximos meses, o governo Dilma controlará com maior rigor seus gastos - especialmente sendo este um ano de eleição presidencial -, o melhor que os brasileiros podem esperar é que o quadro não piore até o fim do ano.
Não há, porém, nenhuma garantia de que, mesmo sendo essa uma expectativa medíocre, isso venha a ocorrer. Ao contrário, enquanto instituições internacionais e economistas não vinculados ao governo vão revendo para baixo a projeção já modesta (de no máximo 2%) para o crescimento da economia brasileira, a alta dos preços se acelera e se espalha para um grande número de produtos.
Em março, a seca em importantes regiões produtoras pressionou os preços de alimentos essenciais, como o tomate (alta de 32,85%), a batata-inglesa (35,05%), o feijão-carioca (11,81%) e as hortaliças e verduras (9,36%). É possível que a pressão se mantenha por algum tempo, com maior ou menor intensidade.
Mas o fato mais preocupante na variação dos preços no período de 12 meses até março é que a alta não se limita aos alimentos. Ela é generalizada. Dos nove grupos de itens que compõem o IPCA, pelo menos seis (alimentação e bebidas, habitação, artigos de residência, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais e educação) acumulam em 12 meses variação superior a 6,5%, que é o teto do generoso limite de tolerância da política de meta inflacionária.
O IPCA acumulado de 12 meses até março alcançou 6,15%, ainda dentro do limite de tolerância. Mas a persistência das pressões sobre diferentes grupos que compõem o IPCA e a eventual mudança de tendência de outros que até agora impediram alta mais acelerada do índice oficial sugerem dificuldades crescentes para manter a inflação dentro desse limite.
No mês passado, por exemplo, os serviços e bens cujos preços e tarifas são monitorados pelo governo, entre os quais o da energia elétrica, registraram deflação de 0,02%, um resultado notável se comparado à inflação mensal. Essa redução foi fortemente influenciada pela queda de 0,87% na conta de luz, resultante da redução de tributos como PIS/Pasep e Cofins. Mas, com o fracasso da política do governo Dilma de reduzir as tarifas à força e com o uso contínuo e prolongado das usinas termoelétricas - que produzem energia a um custo bem mais alto do que as hidrelétricas -, haverá necessidade de aumentos nos próximos meses.
Serão pressões adicionais sobre um índice já alto demais. Mesmo que, nos próximos meses, a alta mensal do IPCA se desacelere, é muito provável que a variação seja maior do que a registrada em igual período de 2013, o que deve resultar na aceleração do índice acumulado de 12 meses. Esse quadro pode mudar em novembro e, como a inflação de dezembro passado foi tão alta quando a de março, não é impossível que o índice de todo o ano fique dentro do limite de tolerância de 6,5%.
Será mais um resultado muito ruim, que se somará aos que o governo Dilma vem acumulando desde seu início (6,5% em 2011, 5,84% em 2012 e 5,91% em 2013). A manutenção de uma política fiscal frouxa pelo governo petista alimenta a inflação e exige uma política monetária mais dura, mas de limitada eficácia no combate à inflação no curto prazo, como mostram os dados do IBGE. É ruim para todos.

Corrupcao: tem mais casos porque se investiga mais, ou se investiga mais porque tem mais corrupcao??? - Reinaldo Azevedo

Questão altamente filosófica, como vocês podem perceber, igual à da antiga publicidade do Tostines (sorry young people, no offense on that, se vcs ainda não eram nascidos quando a propaganda desse produto estava em todas as bocas).
A questão é quase um palíndromo político, se vcs conhecem o significado da expressão, ou seja: de qualquer lado que se olhe, a corrupção corre solta na republiqueta dos companheiros. De vez em quando, a Polícia atrapalha um pouco ( mas ela também ajuda, devidamente aparelhada, ou submissa, em outros casos). 
Entretanto, nada que perturbe o curso natural das coisas na República Mafiosa do Brasil. 
A única coisa que me surpreende nessa cascata contínua de casos de corrupção, nessa verdadeira catarata do Iguaçu de CORRUPÇÃO DA GROSSA, é que ninguém se surpreende mais e os brasileiros parecem ter perdido a capacidade de indignação, tantos e tão contínuos são os casos, quase uma linha de montagem fordista, mas não chaplinesca, de casos de corrupção. 
Trata-se de coisa diferente daquela corrupção artesanal que sempre houve no Brasil, quando bandidos e políticos, ou os dois confundidos, roubavam individualmente. Hoje a corrupção se tornou um vasto empreendimento industrial, multinacional, aliás, sempre com a ajuda dos amigos cubanos, venezuelanos e dos bancos off-shore e paraísos fiscais. 
Alguém já se debruçou, por exemplo, sobre os honorários dos famosos e custosos advogados que defendem os companheiros quadrilheiros? De onde sai o dinheiro? Boa pergunta não é?
Quem é capaz de responder?
Paulo Roberto de Almeida 
O ex-ministro Alexandre Padilha (Saúde) tem aquele ar meio coxinha — é uma das razões que fizeram com que Lula o escolhesse candidato ao governo de São Paulo: ele parece um tiozão bacana… —, mas pode fazer um discurso bastante virulento. E torto. E em desacordo com a verdade.
Nesta sexta, ele esteve em Araçatuba, parte da tal “Caravana Horizonte Paulista”, um esforço do PT para torná-lo conhecido no Estado. Lula, o autor de mais este poste, estava lá. Indagado se o caso André-Vargas-Labogen pode prejudicar a sua candidatura, Padilha respondeu, informa a Folha, que nunca houve um contrato com a empresa de fachada, que a PF diz pertencer ao doleiro Alberto Youssef. Afirmou: “O Ministério da Saúde recebeu uma proposta em dezembro do ano passado, do laboratório da Marinha brasileira, de parceria com outras empresas privadas para produzir medicamento para o Ministério da Saúde. Da entrega dessa proposta até ter um contrato com o ministério, vários passos seriam tomados”.
Ah, bom! A resposta coincide, em linhas gerais, com a nota emitida pela EMS, a gigante do setor farmacêutico, quando indaguei o que fazia em associação com um troço chamado Labogen. Ao menos coincide com a parte compreensível da nota. Daqui a pouco, os personagens dessa história vão negar que, um dia, algo parecido com Labogen tenha passado por suas vidas.
O fato: o tal laboratório da Marinha, a Labogen e a EMS se associaram para fornecer citrato de sildenafila para o Ministério da Saúde. Valor da operação: R$ 31 milhões. A coisa estava em curso. Tanto é assim que o ministério anunciou a sua suspensão. Ou se suspende por lá o que não existe? A parceria foi firmada pelo Ministério, sob a gestão de Padilha, ignorando uma portaria da própria Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que, no dia 23 de agosto, indeferiu o pedido da Lobogen para atuar como fabricante de medicamentos.
Mais: a agência aplicou várias multas ao  Labogen, que não puderam nem ser entregues porque o endereço oficialmente fornecido não, como direi?, coincidia com a empresa. A última foi aplicada no dia 5 de dezembro de 2013. Mesmo assim, seis dias depois, no dia 11, a pasta de Padilha anunciou a parceria. Instaurou-se uma sindicância no Ministério para apurar a questão. Ora, se não existe nada, apurar o quê, candidato Padilha?:
Já em plena campanha eleitoral, o petista afirmou ainda o seguinte: “A diferença entre o PT e o PSDB é que o governo do PT apura. Quem começou essa apuração [Lava Jato] foi a Polícia Federal, diferentemente do governo estadual [do PSDB, em São Paulo]. Quem começou a apuração do escândalo do metrô, por exemplo, foram autoridades internacionais e a PF”.
Huuummm…
Então vamos ver. Eu achava que a Polícia Federal não fosse do PT, mas do Brasil. Assim, investigações conduzidas por esse órgão, sempre acreditei, são independentes, não? Logo, o que a PF apura é o que a PF apura e pronto!, não o que o PT autoriza que se apure. Ou não é assim? E pouco importa o partido.
Há uma outra diferença importante entre o PT e o PSDB — que, diferentemente do que dizem os idiotas, não me representa porque sou conservador, e os tucanos não são. Eu, ao menos, nunca vi tucano passando a mão a cabeça de larápio ou tentando nos explicar que os ladrões atuam para o nosso bem. Certamente há safados também no PSDB, como há no PT e no PMDB, mas, diga-se em nome dos fatos, ninguém chama tucano ladrão de “herói do povo brasileiro” nem  transforma ladroagem, seja em nome pessoal ou do partido, em ato de resistência.
Finalmente, há outra observação a fazer: há muito tempo os petistas vêm com essa cascata de que a explosão de casos de corrupção no Brasil se deve ao fato de que, agora, o PT investiga… É uma lógica torta, como a cabeça deles: quer dizer que, se chegarmos a um caso de corrupção por dia, será sinal de que estamos no cominho certo?
A PT só está ocupado com tantos ladrões porque há muitos ladrões no poder, não é mesmo?

A espera dos barbaros - Konstantinos Kaváfis

À espera dos bárbaros
Konstantinos Kaváfis

O que esperamos na ágora reunidos?
É que os bárbaros chegam hoje.

Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?

É que os bárbaros chegam hoje 

Que leis hão de fazer os senadores?
Os bárbaros que chegam as farão.


Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?

É que os bárbaros chegam hoje. 

O nosso imperador conta saudar
o chefe deles. Tem ponto para dar-lhe
um pergaminho no qual estão escritos
muitos nomes e títulos.


Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos,
de ouro e prata finamente cravejados?

É que os bárbaros chegam hoje,
tais coisas os deslumbram.


Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?

É que os bárbaros chegam hoje
e aborrecem arengas, eloquências.


Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias!)
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?

Porque é já noite, os bárbaros não vêm
e gente recém-chegada das fronteiras
diz que não há mais bárbaros.


Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.


Konstantinos Kaváfis (Alexandria, 29 de abril de 1863 - Alexandria, 29 de abril de 1933) - Considerado um dos maiores poetas gregos modernos. Não chegou a publicar nenhum livro, apenas poemas em folhetins e jornais. Após sua morte, foi publicado um livro com os 154 poemas que escreveu. Todos os poemas foram traduzidos por José Paulo Paes.

Petrobras: o modus operandi dos companheiros

Outra matéria de alguns dias atrás apenas para refrescar a memória, se preciso fosse, sobre a forma de atuar dos companheiros, quando eles encontram uma bela vaca para ordenhar.
Pasadena, por exemplo, não tem nada a ver com Pasadena; poderia ser qualquer outra refinaria, qualquer outra companhia, qualquer outra operação. A intenção não era bem essa, e os objetivos eram outros, se vocês me entendem...
Como abaixo, por exemplo. 
O importante é a operação, não o negócio em si. 
Acho que agora ficou mais claro, não é mesmo?
Paulo Roberto de Almeida 

Petrobras

Empresa ligada a Petrobras e investigada pela polícia doou R$ 4,5 milhões ao PT 

Jaraguá Equipamentos, uma das fornecedoras da Petrobras, repassou dinheiro ao diretório do partido entre os anos de 2010 e 2012

Veja.com, 7/04/2014
Estação de Serviços da Petrobras
Estação de Serviços da Petrobras (Divulgação)
Investigada pela Polícia Federal sob suspeita de lavagem de dinheiro na Operação Lava-Jato, a empresa Jaraguá Equipamentos doou 4,5 milhões de reais ao diretório nacional do PT entre 2010 e 2012. As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo.
A empresa, que fornecedora da Petrobras, é apontada pela PF como uma das financiadoras do esquema que seria comandado pelo doleiro Alberto Youssef, que está preso em Curitiba. A Jaraguá foi contratada pela Petrobras para a obra de refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, no valor de 1,2 bilhão de reais. 
Em 2010, ano de eleição presidencial em que Dilma Rousseff venceu a disputa pela presidência, a companhia doou, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, 2,5 milhões de reais para o PT. Em 2011 um novo repasse de dinheiro foi feito, desta vez no valor de 1 milhão de reais. Já em 2012, mais 1 milhão de reais foi repassado. 
A Jaraguá é uma das nove fornecedoras da Petrobras que depositaram 34,7 milhões na conta da MO Consultoria. 
A polícia suspeita que essa consultoria repassava propina para funcionários públicos e políticos. Segundo laudo elaborado pela PF, entre 2009 e 2013 passaram pela empresa um total de 90 milhões de reais. 
Além do diretório nacional do PT, parlamentares do PP também receberam em 2010 doações eleitorais da Jaraguá . Um dos deputados beneficiados é o ex-ministro Mário Negromonte (PP-BA), que recebeu um aporte de 500.00 reais. 
Encontro marcado – Negromonte afirmou que esteve com os donos da Jaraguá uma única vez, mas que não se recorda os nomes. “Foi um único contato.”
Procurados, o atual tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e a Jaraguá não responderam a e-mails da reportagem. 

No partido dos totalitarios, nada se faz por acaso...

... ou por distração.
Uma matéria antiga, de uma semana atrás, mas é justamente para refrescar a memória sobre quem são os companheiros. 
Nesse antro nada ocorre por acaso. E como na Mafia, a solidariedade entre iguais e mais iguais é de rigor. 
Quanto mais patife, mas fiel servidor, maior a solidariedade tribal. 
Paulo Roberto de Almeida

André Vargas e o PT 2.0

Elio Gaspari, O Globo, 02/04/14 

Quem não se lembra do deputado André Vargas (PT-PR)? Quando o ex-governador gaúcho Olívio Dutra sugeriu que o deputado José Genoino renunciasse ao mandato, o companheiro foi-lhe à jugular:
Quando ele passou pelos problemas da CPI do Jogo do Bicho, teve a compreensão de todo mundo. (...) Ele está sendo pouco compreensivo. Ele já passou por muitos problemas, né?
Falso. Olívio Dutra nunca assinou empréstimos fraudulentos, nunca foi acusado de envolvimento no caso do bicho e jamais foi condenado pela Justiça. Ao contrário, é uma das poucas lembranças da moralidade petista.
Quem não se lembra desse episódio talvez se recorde da cena em que o comissário Vargas, vice-presidente da Câmara, saudou seus companheiros com o punho cerrado, estando ao lado do presidente do Supremo Tribunal Federal. Parecia um Pantera Negra dos anos 60.
Vargas é um representante do PT 2.0. A repórter Andréia Sadi apanhou-o voando para as férias nas asas do doleiro Alberto Youssef, figurinha fácil de inquéritos policiais e poderoso intermediário na Petrobras.
Desde que os jatinhos tornaram-se símbolo de poder e conforto, hierarcas de todos os partidos recorrem a amigos para não voar com a patuleia.
Vargas, contudo, inovou na justificativa. Disse que cometeu uma “imprudência”. Teria sido imprudência se tivesse entrado por engano no avião fretado pelo doleiro, depois de ter sido chamado para embarcar num voo comercial. Não foi imprudência, mas onipotência.
Novo argumento: pediu o jatinho a Youssef porque os voos comerciais estão muito caros. Certo. A escumalha que vai para a rodoviária por esse mesmo motivo merece o desconforto porque não tem doleiro amigo.
O melhor momento do companheiro deu-se quando revelou que conhece Youssef há mais de 20 anos, mas não sabia com quem estava se relacionando. Seria então a única pessoa que não sabe a atividade de um amigo com quem se relaciona há mais de 20 anos.
Youssef fornece jatinhos para amigos poderosos desde 2001. Anos depois, frequentou o noticiário do escândalo do Banestado, passou pela cadeia, refrescou-se colaborando com o Ministério Público, mas não se livrou de uma condenação.
Numa troca de mensagens com Youssef (cuja atividade comercial Vargas desconhecia), o companheiro tratou de um interesse da empresa Labogen junto ao comissário Carlos Gadelha, do Ministério da Saúde. Por coincidência, essa pequena empresa teria sido usada pelo doleiro para remeter US$ 37 milhões ao exterior.
O amigo de André Vargas não é um doleiro petista, mas um operador suprapartidário. Já cedeu jatinhos para gente do PFL e tem relações no PP, pelo menos com o ex-deputado José Janene, um dos ases do mensalão.
A presença de Youssef em negócios da Petrobras, cobrando pedágios a fornecedores, é um sinal de que mudou de patamar. Ele tratava com o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, a quem presenteou com uma Range Rover. Há um enorme cheiro de outro velho escândalo no ar. Quando por nada, pelas coincidências.
Em 2005 descobriu-se que outro fornecedor da Petrobras presenteara Silvio Pereira, secretário-geral do PT, com uma Land Rover. André Vargas nunca diria uma palavra contra Silvinho, pois sabe quão compreensivo ele foi.

Elio Gaspari é jornalista.

O Ipea-Venezuela envergonha o Ipea-Brasil, e todo o Brasil

Mas tinha de ser um chavista brasileiro a fazer esse trabalho sujo em nome do Ipea e do Brasil na Venezuela?
Já não bastava o trabalho sujo que fazem outras áreas do governo em favor de uma ditadura assassina?
Como diria certa pessoa: É uma vergonha!
Paulo Roberto de Almeida 

Folha de S. Paulo, 10/04/2014

Única representação internacional do órgão não trata de temas econômicos
País sofre com alta taxa de inflação e problemas cambiais; coordenador critica publicamente oposição a Maduro

Única representação internacional do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada),a filial do órgão na Venezuela prioriza análises favoráveis ao chavismo e projetos de integração com o Brasil ao estudo dos graves problemas macroeconômicos do país.
Desde a criação da filial venezuelana, em 2010, nenhum estudo sobre a economia venezuelana, que apresenta alta inflação e disparidade cambial crescente, foi feito.
A ausência desses temas contradiz a justificativa oficial dada pelo próprio instituto para a missão no seu início, pela qual "os grandes temas" seriam "macroeconomia e financiamento de investimento, acompanhamento e monitoramento de políticas públicas".
Nestes quatro anos, a Venezuela tem sofrido uma deterioração contínua de sua economia. A inflação fechou o ano passado em 56%, há desabastecimento de produtos básicos e um mercado de câmbio descontrolado.
Apesar da conjuntura, nos estudos produzidos sobre a Venezuela no período e enviados pelo Ipea à Folha via Lei de Acesso à Informação, os assuntos predominantes são cooperação da Venezuela com o norte do Brasil e o modelo político venezuelano.
Os tom varia entre neutro e elogioso ao chavismo. Nos estudos sobre cooperação, problemas como insegurança jurídica ficam praticamente de fora, apesar do recente histórico de nacionalizações e do relativamente baixo investimento estrangeiro.
Há também relatórios mais políticos, como o "Federalismo, Democratização e Construção Institucional no Governo Hugo Chávez", de três autores, onde se lê:
"O modelo bolivariano afasta-se, sem dúvidas, da democracia representativa despolitizadora que predomina ainda hoje no mundo. Supera o modelo idealizado pelos pais fundadores da república norte-americana".
A missão é chefiada pelo economista brasileiro Pedro Silva Barros, autor de textos no qual defende os governos de Chávez e o de seu sucessor, Nicolás Maduro, e critica a oposição venezuelana.
Segundo o Ipea, os gastos com estrutura são baixos. Barros tem salário de US$ 12.291 e ocupa uma sala na representação da Caixa Econômica Federal em Caracas. Trabalha com pesquisadores e bolsistas que permanecem curtos períodos no país.
Colaborador da publicação de esquerda "Carta Maior", ele escreveu, na visita recente a Brasília da deputada oposicionista radical cassada, María Corina Machado:
"[O senador tucano] Aécio Neves a saudou como representante da voz das barricadas, legitimando a violência que levou a morte de quase 40 venezuelanos."
A filial do instituto em Caracas foi criada por um acordo entre Lula e Chávez.
Na época, o Ipea era chefiado pelo petista Marcio Pochmann, criticado por ter politizado o instituto.
"Ele [Barros] está lá pra chancelar um governo estrangeiro, pra dar um ar de democracia, de legitimidade a um governo ditatorial", disse à Folha o economista Adolfo Sachsida, desde 1996 no Ipea.
Ele ressalva que a responsabilidade por isso é de Pochmann, e não do atual presidente, Marcelo Neri.

O representante da missão do Ipea em Caracas, o economista Pedro Silva Barros, afirmou que o objetivo principal da iniciativa sempre foi auxiliar a integração da Venezuela com o Norte do Brasil.
A gente trata sempre em cima das questões específicas dos acordos de cooperação e segundo a dinâmica desses acordos", disse à Folha, por telefone. "Nunca a parte macroeconômica foi central."
Questionado sobre a nota do Ipea de 20 de agosto de 2010, segundo a qual a macroeconomia era prioritária, disse que ainda não estava designado para o cargo.
"Fui designado em 6 de setembro de 2010. Desde então, os temas que a gente trata são de desenvolvimento regional." Ele afirmou que a missão do Ipea tem abrigado tanto colaboradores simpáticos quanto críticos ao chavismo.
Sobre a falta de estudos macroeconômicos, o Ipea em Brasília informou que "não nos cabe emitir juízo sobre os assuntos de política interna do país vizinho".
Questionado sobre a colaboração com o portal "Carta Maior", Barros disse que ele não se identifica ali como membro do Ipea para deixar claro de que se trata de uma posição pessoal, e não do governo brasileiro.
De acordo com a assessoria em Brasília, a missão do Ipea na Venezuela se encerrará em agosto. (FM)

Frases memoraveis! Eu disse MEEMOORAAVEEIS... (nunca antes...)

Bem, apenas reproduzindo o que me passaram, com uma única supressão (não por X-rated, mas para preservar um pouco do suspense...).
Aliás, não se pode dizer que além de memoráveis, as frases não sejam divertidas também.
Ou não são?

Uma das pessoas, inclusive, me disse: ‘o médico não me toca’. Ela queria que o médico lá tocasse… porque aquilo que a gente… pelo menos meu médico sempre me apalpou”.

“É importantíssimo que o ensino médio, no Brasil, não seja um ensino pura e simplesmente livresco. Tem de ser livresco porque todo aprendizado é livre, mas tem de ser técnico também”.

“Estamos fazendo tudo isso para evitar a maldição do petróleo, e todos aqueles que teorizaram a maldição do petróleo foram os países que criaram a Opep, que é um país rico com nação e povo pobre, essa era maldição”.

“Os meninos têm tanta importância quanto as meninas, e eu sempre disse que é. É, sabe por quê? Uma vez uma moça me disse o seguinte: tá certo, nós mulheres somos mães, porque não tem homem na Terra, nessa Terra, que não tenha uma mãe. Então, na verdade, está tudo em casa e em família. Então, a importância das mulheres é uma coisa que beneficia todos os homens também”.

“Eu sempre lutei pelo CAPS AD 24 horas, sabe por quê, o 24 e todos os dias da semana? Por causa do seguinte, não dá para a gente acreditar que a pessoa não fica passando mal de madrugada. Às seis horas da tarde, se fechar o CAPS AD, o que é que a pessoa faz se passar mal às sete, às oito, às nove e às dez?”

“Porque, para se reservar água, é necessário ter onde reservar água”.
“Esse processo é um processo que ele é muito importante porque passa por uma compreensão diferenciada da situação. Isso que foi dito aqui: que não é necessário combater a seca, essa é uma visão errada, que nós todos concordávamos que nós temos que conviver com ela, e conviver com ela significará domá-la. É, na verdade, isso: conseguir gerenciá-la, conseguir fazer com que a população não tenha as consequências danosas que a seca produz”.

L'Illustration, 100 anos atras: abril de 1914 visto pela maior revista francesa da epoca



















Avril 1914 : c'est arrivé il y a 100 ans !


Alors que l’année 2014 sera marquée par les commémorations du centenaire de la Première Guerre Mondiale, nous vous proposons de revivre le mois d'avril 1914, à travers le regard de L’Illustration, premier magazine au monde au début de la Grande Guerre.
En ce début du mois d’avril 1914, la France est touchée par une vague de froid exceptionnelle. La neige est particulièrement abondante en montagne et le village de Chamonix subit de nombreuses avalanches destructrices. A Noailhac, c’est toute la montagne qui bouge sur 200 hectares, donnant lieu à des glissements de terrains spectaculaires.
A cinq mois du début de la Première Guerre Mondiale, le journal revient sur la loi du 5 avril 1910, qui fixe la dotation en navire de la marine militaire française. Les journalistes sont confiants : la France devrait être dotée pour 1920 de 28 cuirassés ! L’occasion de découvrir les chantiers navals de la Loire à Saint-Nazaire, mais aussi ceux de Lorient, de Brest, de Gironde et de Méditerranée.
A Paris, la mode impose la voilette turque : « Ne laissant apparaitre que les yeux, elle en fait ressortir l’éclat » ! Ainsi vêtue, La Parisienne peut s’adonner à un nouveau plaisir en vogue, la foire à la ferraille, l’ancêtre de nos vides greniers.
Sur la Côte d’Azur, la nature conserve encore ses droits. Monsieur Piaget nous fait découvrir : « ses rives enchantées… A côté de Nice, fleurie d’œillets qui pimentent l’atmosphère… Les îles de Lérins à quelques encablures de la blonde Cannes, nous offrent en dépit du tourisme, les beautés d’une nature presque vierge » Plus loin,  il profite des baignades azuréennes : « Dès avril, la tiédeur du flot invite à un bain délicieux comme sans péril. Les Dauphins se montrent vers l’aube, charme du regard. »
Le sud-est de la France s’impose déjà comme un haut lieu de divertissements. A Marseille et Monaco, des meetings aériens et maritimes sont organisés. Des hors-bords, alors appelés « autocanots », font la course, tandis que l’on apprend que Roland Garros doit recommencer son périple aérien, son avion ayant pris feu au niveau d’Orange !
La « villégiature de printemps » du Président de la République, Raymond Poincaré, qui s’installe pour quelques temps sur la Côte d’Azur, afin d’y profiter d’un climataccueillant apparait dans ce contexte, presque, comme une évidence !
La France est en pleine mutation, le paysage se transforme. Souvenez-vous, enfin ! « Tous les parisiens dignes de ce nom ont connu « le maquis de Montmartre, à dix minutes de l’Opéra, derrière le moulin de la galette, un parc champêtre. Les maisons rustiques offrant à leurs habitants tous les plaisirs de la campagne... Le métro et l’autobus ont tiré Montmartre de son isolement; l’audace des constructeurs n’a plus connus de limites… ». Pour L'Illustration, bientôt : « le bruit des pianos succédera au chant des pinsons ». Ainsi va « la création d’un quartier moderne à Montmartre ».
L’Illustration, Journal Universel par vocation, s’intéresse aussi à l’international.
Au début du mois d’avril 1914, l’hebdomadaire tourne son regard vers le Royaume-Uni. L’application du Home Rule et la résistance de l’Ulster, en Irlande, embrase la chambre des communes. En effet, pour les officiers de l’Armée d’Irlande du sud, il n’est pas question d’intervenir contre les civils du nord. Une position qui provoque un tollé, chez les lords londoniens, qui refusent que l’armée interfère sur le politique. Loin de ces turpitudes, le roi Georges V parcoure son royaume et est acclamé par une foule d’enfants, portant haut l’Union Jack, à Chester.
En Russie, le tsarévitch âgé de dix ans, commence son éducation militaire, aux côtés de son père, le tsar Nicolas II, empereur de Russie et chef suprême des armées. L’arrivée des enfants royaux en Albanie fait la couverture du journal.
Au Maroc, le Résident-Général, le Général Lyautey est reçu en grande pompe par le Sultan Moulay Youssef à Rabat. En exclusivité, l’hebdomadaire nous fait aussi découvrir les mystérieuses beautés du pays, mises à jour par une expédition. Le journal revient sur les récentes avancées au Maroc, avec l’arrivée d’une locomotive à Msoun, marquant l’achèvement prochain d’une ligne reliant Oudja à Taza. Sur la locomotive, une devise de France a été écrite : « En avant, quand même ? ». 
Le journal revient aussi sur un fait-divers tragique. Deux aviateurs, le capitaine Hervé et le caporal Rooland, victime d’une panne moteur, ont été contraint de se poser en rase campagne. Leurs cadavres ont été retrouvés par des indigènes, ainsi que leur avion intact, ce qui laisse supposer qu’ils ont été « surpris par des rôdeurs et assassinés ».
L’Illustration consacre un reportage à « la belle et malheureuse Epire », qui est à feu et sang : Grecs et Albanais se disputent cette magnifique région qualifiée « d’Alsace-Lorraine grecque ».
Le journal lève le voile sur le mystère du Sphinx de Gizeh en Egypte, avec la contribution du Professeur Hippolyte-Boussac, membre de l’institut oriental du Caire. En Chine, le magazine s’attarde sur les sculptures de Loung Men, dans la province du Honan et l’incroyable beauté de la pagode Koan-Ti-Mao.
Au Canada, l’amitié entre la France et le pays à l'érable est célébrée. L’occasion pour L’Illustration de revenir sur le parcours de Sir Wilfrid Laurier, qui est à la tête du gouvernement canadien depuis 16 ans. Cet homme politique d’origine française a profondément transformé et modernisé son pays.
L’hebdomadaire consacre l’une de ses couvertures à un grand américain, le colonel Goethals, qui vient d’achever le percement du canal de Panama. Plus au nord, au Mexique, la révolution se poursuit. L’Illustration revient sur les faits d’armes de Pancho Villa, et nous décrit ce golfe du Mexique, étendue d'eau « où le pétrole suinte littéralement du sol ».
En Turquie, L’Illustration nous emmène à la rencontre des « Demoiselles du Téléphone ». Le pays est en pleine modernisation, sous l’impulsion de ses jeunes ministres, qui parfois bousculent la tradition. Ainsi depuis un mois, le téléphone a fait son apparition à Constantinople. Pour ce faire une équipe de dames trilingues, « parlant les trois langues indispensables ici : turc, français et grec » a été constituée. « Mais comment appliquer sur de petites oreilles les récepteurs du casque téléphonique, avec le voile traditionnel ? Il a fallu sacrifier le voile. On s’y est résigné ! »
L’Illustration achève le mois d’avril 1914, par une couverture sur un toast à l’Elysée. Le roi Georges V, souverain du Royaume Uni de Grande Bretagne et d’Irlande, de l’empire des Indes et des territoires au-delà des mers, déclare : « Je souscris de tout mon cœur, Monsieur le Président, à votre éloquente définition des desseins élevés et nobles que nos deux pays poursuivent en commun… ». Cinq mois après cette festive visite, c’est effectivement ensemble, que les deux pays vont plonger dans l’une des plus effroyables guerres de l’histoire de l’humanité.
Accédez, dès maintenant, à tous ces articles et à toutes les photographies en vous connectant sur www.lillustration.com

Marcelo de Paiva Abreu sobre os ativos em libras esterlinas do Estado Novo Portugues

Um texto de história econômica de um conhecido pesquisador dessa área no Brasil:

MARCELO DE PAIVA ABREU, Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro (PUC-Rio)


The British effort in the Second World War required massive external financing which depended on Lend‐Lease and the accumulation of sterling balances. Indebtedness in sterling balances corresponded to almost 38 per cent of this total at the end of the war. Portuguese sterling balances, although a small share of the total, were important because of pre‐emptive purchases, especially of wolfram, and because of the ‘gold clause’ which was to be applied to outstanding balances. Portugal's willingness to finance British purchases contrasts with the requirement of German payments in goods or cash for their purchases in Portugal. The settlement of Portuguese sterling balances in August 1945 was singular as it preceded the Anglo‐American settlement of December 1945 which had important consequences for sterling balance holders, as the US insisted that the US$3.75 billion loan should not be used to settle British war debts. Postwar settlement of British debt through a long‐term loan from Portugal to Britain contrasts with settlements that involved the sale of British assets. Salazar's concerns about the postwar international position of Portugal, the Portuguese Empire, and the survival of the Portuguese regime are relevant in explaining his pro‐British stance during and after the war.