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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Como vai estar o Brasil no seu bicentenario da independencia, em 2022? Endividado! (heranca maldita do PT)

Quando os companheiros tomaram posse, em 2003, eles foram logo inventando a sua versão da história, mentindo descaradamente para demonizar os seus antecessores.
Inventaram uma tal de "herança maldita", quando a deterioração da situação econômica tinha sido a consequência de sua própria postura anterior, ao ameaçar mudar tudo na economia e não honrar os compromissos externos do Brasil. Como consequência, o dólar disparou, o crédito do Brasil despencou, o risco subiu exponencialmente, a confiança dos mercados se deteriorou e a inflação subiu. Foi preciso um empenho extraordinário para consertar as coisas que tinham sido agravadas justamente pelo temor dos companheiros. E a despeito dessas evidências eles demonizaram aqueles que tinham feito de tudo para deixar um país em ordem para eles.
No setor externo, também inventaram uma fantasmagórica "submissão aos ditames do Consenso de Washington", uma inexistente adesão ao neoliberalismo (que só existia na imaginação e na propaganda mentirosa deles), e impingiram aos predecessores a pecha de uma política externa não comprometida com a soberania, que eles prometiam defender mais na retórica do que na realidade.
Pois bem, vinte anos depois, quando o Brasil chegar aos duzentos anos de sua independência, o que vamos encontrar? 
Um país falido pela incúria, inépcia e corrupção dos companheiros, uma nação endividada e com sua renda diminuida. Mais ainda, moralmente arrasada pela mais gigantesca operação de corrupção jamais vista nos anais da pátria.
Como mostra um relatório do FMI, de 2016, em 2022 o Brasil estará superendividado e tecnicamente insolvente, pois nenhum país consegue pagar juros de uma dívida total equivalente a mais de 90% do PIB num nível jamais visto anteriormente.
Este é o resultado da GRANDE DESTRUIÇÃO lulopetista, que este editorial do Estadão resume muito bem.
Paulo Roberto de Almeida

Um país afundado em dívidas

Editorial do  Estadão, 10/10/2016
Com o governo atolado em dívidas e sem perspectiva de arrumar suas finanças a curto prazo, as empresas brasileiras mais endividadas terão de buscar no mercado a solução para seus problemas. As condições internacionais ainda são benignas, mas poderão piorar quando os juros subirem de novo nos Estados Unidos. Quando isso ocorrer, muito dinheiro hoje disponível para os emergentes será provavelmente desviado para aplicação em ativos americanos. Riscos financeiros são hoje elevados em todo o mundo e a situação de alguns grandes bancos europeus preocupa os mercados. Mas governos do mundo rico e de alguns países emergentes têm algum espaço para socorrer companhias endividadas e facilitar o ajuste do sistema bancário. No Brasil, o setor público terá de se empenhar prioritariamente, por muitos anos, em melhorar o próprio balanço.
Este quadro resume informações importantes – e pouco animadoras – de dois documentos liberados na semana passada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e comentados por diretores da instituição. Um relatório sobre finanças globais mostrou um cenário de curto prazo melhor que o esperado e uma coleção de riscos significativos a médio prazo. Outro relatório mostrou como o enorme endividamento público e privado impôs desafios à política fiscal. Nos dois estudos, mas especialmente no segundo, o Brasil aparece em situação especialmente vulnerável.
A dívida bruta do setor empresarial, das famílias e dos governos atingiu US$ 152 trilhões no ano passado, valor correspondente a 225% do produto bruto mundial. Oito anos depois do estouro da última grande crise financeira, em 2008, o risco financeiro permanece elevado. A recessão foi superada na maior parte do mundo, mas o crescimento continua insatisfatório, desajustes importantes subsistem e o endividamento excessivo ameaça de novo a estabilidade mundial.
Vários fatores negativos diferenciam a posição brasileira nesse quadro. Depois de dois anos de recessão, a economia continua em marcha lenta, a inflação ainda é elevada, as contas públicas estão arrasadas e o setor não financeiro – público e privado – enfrenta os efeitos do endividamento acumulado nos últimos anos. Com a contração dos negócios e o aperto do crédito, a situação financeira das empresas, principalmente das grandes, ficou muito complicada.
Segundo o FMI, as firmas “fracas”, isto é, com dificuldade para cobrir os juros, devem cerca de US$ 51 bilhões, aproximadamente 11% de todo o débito corporativo. Num cenário adverso, a dívida em risco poderá subir para US$ 88 bilhões. A recomendação é aproveitar as condições internacionais por enquanto favoráveis.
Em países com menor aperto fiscal os governos poderão socorrer as firmas endividadas. O caso do Brasil é muito diferente. A dívida bruta do setor público bateu em 73% do Produto Interno Bruto (PIB), 30 pontos acima da média de outros emergentes. 
Se o governo conseguir arrumar as próprias contas nos próximos anos, já fará um serviço muito importante. Se mostrar forte compromisso com a pauta de ajustes e de reformas, empresários e investidores privados se animarão a intensificar os negócios e isso facilitará a recuperação geral da economia. 
Pelas projeções do FMI, o saldo primário das contas públicas – sem os juros, portanto – continuará deficitário até 2019. Para 2020 está estimado um saldo positivo equivalente a 0,3% do PIB. O resultado deverá chegar a 0,7% no ano seguinte. Mas isso ainda será insuficiente para impedir a deterioração geral das contas. O saldo nominal – com o custo dos juros – continuará no vermelho, com valores negativos de 7% em 2020 e 6,4% em 2021. 
Como o dinheiro, até lá, será insuficiente para o pagamento integral dos juros, a dívida bruta chegará a 90,8% do PIB em 2020 e a 93,6% no ano seguinte. Em 2021, a dívida pública dos emergentes e dos países de renda média corresponderá a 52,6% do PIB, de acordo com o FMI. Para a América Latina, a média projetada é 63,6%. Também a deterioração da situação financeira do setor público brasileiro expressa nesses números é parte da herança deixada pelo PT.

Banco de Basileia (BIS) publica um numero inteiro sobre teoria e pratica das medidas prudenciais

Para o que interessam pelo assunto, para os que trabalham no mercado financeiro, ou bancário, para os que estudam crises bancárias e financeiras, para os que dão aulas sobre o assunto, para aqueles que acham que o capitalismo vai se autodestruir por causa de uma coisa que os companheiros chamam de "financeirização" (qualquer que seja o significado dessa coisa), enfim, para amigos e inimigos dos loiros de olhos azuis que trabalham para essa entidade maléfica chamada "capital monopolista financeiro internacioonal" (como os antigos marxistas chamavam os magnatas do setor, eis aqui tudo o que você precisava saber sobre as medidas que o Banco Internacional de Compensações (que foi criado em 1930 para resolver a dívida externa da Alemanha), que é chamado de Banco Central dos bancos centrais, vem adotando, ou recomendando como medidas prudenciais para evitar aquilo que inevitavelmente ocorre: os bancos abusam da sua capacidade de fazer empréstimos, especulam em setores que parecem prometedores, e acabam dilapidando sua credibilidade no primeiro choque de surpresa...
Paulo Roberto de Almeida 

BIS PAPERS SERIES
Vol. 9, No. 3: Oct 12, 2016

Table of Contents

Macroprudential Policy
Bank for International Settlements, Bank for International Settlements (BIS)

Foreword to 'Macroprudential policy'
Erdem Basci, Central Bank of the Republic of Turkey

Macroprudential Policies and Integrated Inflation Targeting
Luiz A. Pereira da Silva, World Bank

Analysing the Effectiveness of Macroprudential Tools
José Viñals, Banco de Espana, Centre for Economic Policy Research (CEPR)

Macroprudential Regulation: History, Theory and Policy

Turalay Kenc, University of London - Imperial College

Credit Cycles and Macroprudential Policy Framework in Emerging Countries

Salih Fendoglu, Central Bank of the Republic of Turkey

Monetary and Macroprudential Policies – Exploring Interactions

Erlend W. Nier, International Monetary Fund (IMF)
Heedon Kang, The Bank of Korea & International Monetary Fund

Macroprudential Policies and the Lucas Critique

Bálint L. Horváth, University of Bristol
Wolf Wagner, Erasmus University Rotterdam (EUR) - Rotterdam School of Management (RSM), Centre for Economic Policy Research (CEPR)

Cross-Border Spillovers from Macroprudential Policy in the Euro Area

Luca Nocciola, European Central Bank (ECB)
Dawid Żochowski, European Central Bank, Warsaw School of Economics

Banking De-Globalisation: A Consequence of Monetary and Regulatory Policies?

Kristin J. Forbes, Massachusetts Institute of Technology (MIT) - Sloan School of Management, National Bureau of Economic Research (NBER), Bank of England - Monetary Policy Committee
Dennis Reinhardt, Bank of England
Tomasz Wieladek, Bank of England

External Shocks, the Exchange Rate and Macroprudential Policy

Philip Turner, Bank for International Settlements (BIS) - Monetary and Economic Department

Capital Flows, Credit Cycles and Macroprudential Policy

Yusuf Soner Baskaya, Government of the Republic of Turkey - Central Bank of the Republic of Turkey
Julian di Giovanni, Centre for Economic Policy Research (CEPR)
Sebnem Kalemli-Ozcan, University of Maryland - Department of Economics, National Bureau of Economic Research (NBER), Koc University, Graduate School of Business
Jose-Luis Peydro, Universitat Pompeu Fabra - Faculty of Economic and Business Sciences, Barcelona Graduate School of Economics (Barcelona GSE), Universitat Pompeu Fabra - Centre de Recerca en Economia Internacional (CREI), Centre for Economic Policy Research (CEPR)
Mehmet Faith Ulu, Government of the Republic of Turkey - Central Bank of the Republic of Turkey

Macroprudential Policies in a Commodity Exporting Economy

Andrés González Gómez, International Monetary Fund (IMF)
Franz Hamann, Central Bank of Colombia, Universidad de los Andes, Colombia - Department of Economics
Diego Rodríguez, Banco de la República, Colombia

Managing Systemic Risks in the Croatian Economy

Boris Vujčić, Croatian National Bank, University of Zagreb - Faculty of Business and Economics
Mirna Dumicic, Croatian National Bank

Macroprudential Policy Regulation: Some Continuing Challenges

Manuel Ramos-Francia, Banco de México
Santiago García-Verdú, Banco de México

The Use and Effectiveness of Macroprudential Policies

Eugenio Cerutti, Johns Hopkins University, International Monetary Fund (IMF)
Stijn Claessens, Board of Governors of the Federal Reserve System (FRB), University of Amsterdam - Finance Group, Centre for Economic Policy Research (CEPR), Tinbergen Institute, European Corporate Governance Institute (ECGI)
Luc Laeven, European Central Bank (ECB), Centre for Economic Policy Research (CEPR)

Financial Development and the Effectiveness of Macroprudential Measures

Yusuf Soner Baskaya, Government of the Republic of Turkey - Central Bank of the Republic of Turkey
Turalay Kenc, University of London - Imperial College
Ilhyock Shim, Bank for International Settlements (BIS)
Philip Turner, Bank for International Settlements (BIS) - Monetary and Economic Department

Macroprudential Measures for Addressing Housing Sector Risks

Dong He, International Monetary Fund (IMF) - Monetary and Exchange Affairs Department
Erlend W. Nier, International Monetary Fund (IMF)
Heedon Kang, The Bank of Korea & International Monetary Fund

Turkey's Experience with Macroprudential Policy

Hakan Kara, Central Bank of Turkey

The Macroprudential Policy Framework in New Zealand

David Hargreaves, Government of New Zealand - Department of Economics

A Liquidity-Based Approach to Macroprudential Policy

Jean-Pierre Landau, Bank of France

Crude Nation: a destruicao da Venezuela pelo petroleo - Raul Gallegos (Nebraska UPress)

Petróleo é uma maldição, para países mal organizados. O Brasil estaria muito melhor hoje, se não tivesse descoberto o pré-sal. Isso atiçou a sanha dos companheiros mafiosos, e quadruplicou sua vontade de roubar. Certo: eles teriam destruído a Petrobras de qualquer jeito, mas talvez muito antes de toda a tragédia, que continuou a ser alimentada pela exuberância do pré-sal, que elevou as ações da Petrobras, deu-lhe um grau de investimento que ela não teria na ausência do pré-sal, não a teria endividado exageradamente, o bandido do Lula não teria modificado a Lei do Petróleo de 1997, não teria criado a Sete Brasil, uma empresa feita inteiramente para roubar em grande escala, não teria criado um enorme problema constitucional na repartição desses royalties que derivaram da modificação da lei, enfim, a desgraça seria menor, e teria tido um desenlace bem antes da agonia que foram os anos da Madame Pasadena.
No caso da Venezuela, o desastre foi muito maior, e o roubo em escala ainda mais gigantesca. A Alba só existiu em função dos petrodólares chavistas, e deve deixar de existir dentro em breve. Enfim, o petróleo na Venezuela foi a maldição absoluta, e o livro de Raúl Gallegos deve trazer promenores a esse respeito.
Dá para ler um excerto, mas está ainda muito caro para comprar. Em seis meses dá para comprar na Abebooks por poucos dólares.
Paulo Roberto de Almeida



Crude Nation
How Oil Riches Ruined Venezuela
Raúl Gallegos

hardcover2016. 256 pp.
9 photographs, 1 map
978-1-61234-770-7
$34.95 t
 


Beneath Venezuelan soil lies an ocean of crude—the world’s largest reserves—an oil patch that shaped the nature of the global energy business. Unfortunately, a dysfunctional anti-American, leftist government controls this vast resource and has used its wealth to foster voter support, ultimately wreaking economic havoc.

Crude Nation reveals the ways in which this mismanagement has led to Venezuela’s economic ruin and turned the country into a cautionary tale for the world. Raúl Gallegos, a former Caracas-based oil correspondent, paints a picture both vivid and analytical of the country’s economic decline, the government’s foolhardy economic policies, and the wrecked lives of Venezuelans.

Without transparency, the Venezuelan government uses oil money to subsidize life for its citizens in myriad unsustainable ways, while regulating nearly every aspect of day-to-day existence in Venezuela. This has created a paradox in which citizens can fill up the tanks of their SUVs for less than one American dollar while simultaneously enduring nationwide shortages of staples such as milk, sugar, and toilet paper. Gallegos’s insightful analysis shows how mismanagement has ruined Venezuela again and again over the past century and lays out how Venezuelans can begin to fix their country, a nation that can play an important role in the global energy industry.
 
Raúl Gallegos, a senior analyst for the consulting firm Control Risks, has been a featured columnist for Bloomberg View, covering Latin American politics, business, and finance. He has been an oil correspondent with Dow Jones and the Wall Street Journal.
"A timely, important book."—Publishers Weekly

"Crude Nation brilliantly paints the reality, and comprehensively expounds the extent and implications of Venezuela’s mishandling of precious and finite oil riches, and its unpropitious economic mismanagement."—Impeccable Business

“Gallegos provides a compelling, enlightening view into the everyday—challenging readers to understand life in one of the world’s most volatile economies.”—Ian Bremmer, president of the Eurasia Group and author of Superpower: Three Choices for America's Role in the World
 
“An invitation to understand the tragedy of one of the richest economies in the hands of an irresponsible and tyrannical government.”—Álvaro Uribe, former president of Colombia
 
“Venezuela’s tragedy was not inevitable. Why did it happen? How could it have been avoided? Who pushed Venezuelan society into the abyss of misery, death and corruption where it now lies? These pages offer interesting clues to answer these questions.”—Moisés Naím, author of The End of Power 
 
“Raúl Gallegos is a sharp-eyed guide to the alternate universe that is contemporary Venezuela. His new book, Crude Nation, makes for a lively, surprising read.”—Paul M. Barrett, author of Law of the Jungle
 
Crude Nation ponders Hugo Chávez’s legacy: an economy run more on magical realism than on either Keynes or Marx. How does a country with the world’s largest oil reserves fail so miserably in virtually every critical sector? Gallegos has a compelling theory why and has more answers than most.”—Ann Louise Bardach, PEN award–winning journalist and author of Without Fidel: A Death Foretold in Miami, Havana, and Washington
Crude Nation is essential reading for those wanting to understand what is happening in Venezuela today and what it will take to turn that nation around.”—Shannon K. O’Neil, Nelson and David Rockefeller Senior Fellow for Latin American Studies at the Council on Foreign Relations and author of Two Nations Indivisible: Mexico, the United States, and the Road Ahead
 
“Raúl Gallegos does a superb job chronicling Venezuela’s myriad woes. No other account captures in such stark terms and vivid detail how calamitous the utter mismanagement of oil riches can be for an economy and society. Crude Nationtells a tragic, cautionary tale—one with untold costs for most Venezuelans.”—Michael Shifter, president of the Inter-American Dialogue think tank 

Historia Economica e Historia de Empresas, n. 1/2016: artigos excelentes - ABPHE

O menu da revista de História Econômica e História de Empresas, em seu número mais recente (vol. 19, n. 1, 2016). Artigos disponíveis neste link:  http://www.abphe.org.br/revista/index.php?journal=rabphe

Artigos

A Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas (FCEA) da Universidade de São Paulo (USP) e a escrita da História Econômica de Alice Piffer Canabrava
Otávio Erbereli Júnior
O QUE PENSAM OS PENSADORES DA ECONOMIA NO BRASIL? UM ESTUDO EMPÍRICO SOBRE A PRODUÇÃO EM HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO E METODOLOGIA NO BRASIL – 2004-2013
Emmanoel Boff, Conrado Krivochein
A Economia e a Alocação de Riqueza Bruta em Ribeirão Preto, 1889-1900
Luciana Suarez Lopes
O Fracasso do Trabalho Assalariado na Agricultura Fluminense: diplomacia, capitalismo e a imigração asiática (década de 1890)
Daniel de Pinho Barreiros
Heterodoxia e industrialização na Belle Époque do liberalismo brasileiro: o pensamento econômico de Amaro Cavalcanti
Ivan Salomão
Estagnação latino-americana e estratégia brasileira de desenvolvimento: análises do início do exílio de Celso Furtado
Renata Bianconi
Seria Fernando Henrique Cardoso um weberiano?
Rodrigo Straessli Pinto Franklin
Da Criação do Conselho Nacional do Petróleo à Política de Conteúdo Local: a trajetória histórica das políticas para a indústria do petróleo e gás natural no Brasil
Ricardo José dos Santos, Ana Paula Macedo de Avellar

Homenagem

Werner Baer, a economia e os economistas brasileiros
Armando João Dalla Costa

A reforma agrária que o Brasil NÃO fez - Percival Puggina

Essa misteriosa reforma agrária brasileira

O bandoleiro Stédile, chefão do MST, e o tirano Chávez.
Orlado Tambosi: Curto e grosso: a reforma agrária brasileira produziu apenas o MST e sua obsoleta ideologia anticapitalista. Uma ideologia de primatas, como diz Percival Puggina, que faz uma análise pontual dessa desgraça:

Há cerca de 20 anos, visitei diversos assentamentos do Incra no sul do Rio Grande do Sul. Alguns tinham barreira no acesso. Ninguém podia entrar sem autorização e a autorização era negada a curiosos. Eu era exatamente isso. Os que visitei estavam praticamente inativos, sem aproveitamento. Quase não se percebia sinal de vida. Em um deles, porém, encontrei animais de pasto e vasta extensão cultivada, prenunciando generosa safra. Pertencia a uma família de vários irmãos, procedentes da região noroeste do Estado, que trabalhavam seus lotes em conjunto. Fui conversar com eles e perguntei o motivo do contraste em relação aos demais assentados. A resposta foi surpreendente - eles plantavam. No entanto, fariam a colheita e iriam embora porque a vizinhança era perigosa. À menor desatenção, eram roubados.

***

Os órgãos destinados à Reforma Agrária no Brasil operam com a terceira geração de servidores. As duas anteriores se dedicaram a fazer a reforma agrária e hoje se beneficiam da aposentadoria. Uma terceira vai tocando o trabalho, olhos no desenvolvimento de suas vidas funcionais. Nada haveria de extraordinário nisso. É o que acontece em todo o órgão público longevo e os órgãos públicos costumam ser longevos. Depois que o Estado abre uma porta ou um guichê, dificilmente essa abertura se fecha. O que torna incomparável a atuação dos órgãos de reforma agrária, hoje convergentes no Incra, é a constrangedora falta de dados sobre aquilo que é objeto de seu oneroso trabalho, oficialmente iniciado há 54 anos com a criação da Superintendência de Reforma Agrária.

Nesse "já longo andar", nosso país optou por ir na contramão da tendência mundial, que é de concentração das propriedades rurais para torná-las mais produtivas e eficientes, com ganhos de competitividade e rentabilidade. Essa tendência, natural e inevitável, reduziu a menos de 5% a população rural dos países desenvolvidos, inclusive nas potências agrícolas com as quais o Brasil compete. Resultado? Maior renda per capita no campo, aproximando-a da renda média do meio urbano.

Para atender a esse projeto de desenvolvimento com farol voltado para o século XIX, o Brasil dedicou à Reforma Agrária uma formidável extensão de terras. "Quantos milhões de hectares?" perguntará o leitor. Pois é, meu caro. Ninguém sabe! Pelo que encontrei enquanto tentava descobrir, trata-se de algo entre 40 e 80 milhões de hectares. Por outro lado, ninguém - ninguém mesmo! - sabe o que acontece nos assentamentos. As perguntas mais naturais da sociedade, que paga a conta da "reforma agrária" e os salários dos servidores ativos e inativos do Incra, não têm resposta. O que produzem essas dezenas de milhões de hectares destinados a resolver o problema social do campo pelo tão ambicionado projeto do MST e seus assentamentos? Os técnicos sequer arriscam palpite. Provavelmente se trata de insignificante fração do que poderia ser produzido se adequadamente aproveitado. Não é por acaso que o Incra aparece, mesmo nos levantamentos do próprio governo, como um dos principais responsáveis pelo desmatamento em certas regiões do país.

Até agora, o que de mais robusto se produziu com essa política foi o MST, com aquele extraordinário suporte que as organizações internacionais a serviço do comunismo dedicam aos que abraçam estratégias e pedagogias revolucionárias. Venderam caro - e, mesmo assim, parcela significativa da sociedade comprou - a ideia de que todo brasileiro nasce titular de um direito natural a receber dos demais um lote de terra para dela fazer o que bem entender, inclusive nada.

Ah, se fosse produtivo o que já se destinou para reforma agrária! Ah se não houvesse o MST, pedagogicamente, ensinado violência, desrespeito à lei e uma ideologia de primatas! Ah, se tivesse sido aplicado em educação junto aos excedentes do meio rural tudo que foi gasto para promover algo cujo resultado não se vê nem se conhece! O Brasil estaria num outro estágio de desenvolvimento socioeconômico, regido com maior racionalidade e paz.

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Latin America in Global History - conference in FGV-Rio, 18-21/10/2016

Global History Conference 
(Fundacao Getulio Vargas - Rio de Janeiro, Brazil)
by Alexandre Moreli
For more information: http://ri.fgv.br/eventos/global-history-conference

2º Coloquio Internacional: Latinoamérica y la Historia Global
2nd Workshop Latin America in Global Context
(Fundação Getulio Vargas, Praia de Botafogo, 190, Rio de Janeiro, Brazil)

In the last years, an important shift has taken place within Latin American Studies, advocating a global approach to writing history. As rewarding and innovative as these new approaches are, they provide specific challenges regarding both methodology as well as implementation. So far, global history has been dominated by Asian and African studies and Latin America has only played a marginal role, both as an object and subject of study. Despite its huge potential for Latin America as a research field, it remains unclear how historians of Latin America might contribute to it.

This Conference, hence, explores new ideas and debates on how to write Latin American history within a global framework and how to trace the links and diffusions of ideas. The event will take place at the Getulio Vargas Foundation having in parallel the 2nd “Coloquio Internacional - Latinoamérica y la Historia Global” of the Red Latinoamericana de Historia Global and the 2nd “Workshop Latin America in a Global Context”. Both events jointly aim to bring together a range of researchers from distinct countries and academic cultures with the explicit long-term goal of facilitating regional integration, co-operations and collaborations, particularly between senior researches from Latin America and early career researchers. The overall goal is to facilitate a productive and enriching forum for discussion.

18/10
(18h00-20h00) Opening session (Auditório Engenheiro M. F. Thompson Motta – 12th  floor)
Opening & Welcome: Alexandre Moreli (Fundação Getulio Vargas) & Diego Holstein (Pittsburgh University)
eynote Speech by Luiz-Felipe de Alencastro (Fundação Getulio Vargas) “Brazil between Latin America and the South Atlantic in the 21st century”

19/10
(9h00-11h30) 1) Theories, concepts and the Global South (Auditório 537 – 5th floor)
Discussant: Alexandre Fortes (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)
Diego Holstein (Pittsburgh University) “The Global Turn in Latin America: A Live Survey”
Aldo Marchesi (Universidad de la Republica) “Writing the Latin American Cold War Between the "local" South and the "global" North”
Alexandre Moreli (Fundação Getulio Vargas) “Five questions to the debate on the global turn”
Melisa Deciancio (FLACSO) “International Relations (IR) from the South: A Regional Research Agenda for Global IR (GIR)”

(11h30-13h00) Lunch

(13h00-15h00) 2) Transnational networks and ideologies (Auditório 537 – 5th floor)
Discussant: James Cameron (Fundação Getulio Vargas)
Iwa Nawrocki (Princeton University) “Redeeming Socialism: Brazilian Left Catholic Intellectuals and the Socialist World”
Martín Bergel (CONICET & Universidad de Buenos Aires) “The Chinese Mirror. Haya de la Torre, Kuo-Min-Tang and the global origins of Latin-American populism”
Eline Ommen (London School of Economics) “Sandinista Nicaragua, Reagan, and the Anti-Intervention Movement, 1981-1982”

(15h00-15h30) Cofee-Break (Auditório 537 – 5th  floor)
(15h30-17h30) 3) Latin America between the Atlantic and the Pacific (Auditório 537 – 5th floor)
Discussant: Rafael Marquese (Universidade de São Paulo)
Ryan Crewe (University of Colorado) “Charting the Hispano-Asian Pacific World: Latin America on the Stage of Global History”
Ryan Musto (George Washington University) “The Limits to Desire: Latin America in India’s Diplomatic Imagination, 1962-1972”
Reinaldo Funes (Universidad de La Habana) “The Environmental History of Great Caribean and the Global History”

20/10
(9h00-11h30) 4) From Micro to Macro: different scales for Economic relations (Auditório 537 – 5th floor)
Discussant: Pedro Campos (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)
José Miranda (Pontifícia Universidade Católica/RS) “Small Money, Big Problems: How an investigation on small Latin American republics shaped the financial market for sovereign debt in the 19th century”
Sandra Kuntz (Colegio de México) “Latin American first export era: Parameters to reassess its economic contribution”
Andrea Lluch (CONICET & Universidad Nacional de la Pampa) “The South American meat industry from a global perspective: firms and markets until the Great Depression”
Jean-Jaques Sene (Chatham University) “The Pan-African Ideal: Historical Foundations and Perspectives for the Future”

(11h30-13h00) Lunch

(13h00-15h00) 5) Labour and social movements (Auditório 537 – 5th floor)
Discussant: Flávio Gomes (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Alejandro Velasco (New York University) “Place, Progress, Process: Urban History as Global History”
Paulo Drinot (University College London) “The Making of the Peruvian State: A Global History?”
Angela Vergara (California State University) “International Solidarity and Department-Store Workers: A Transnational Labor History of Gath & Chaves”

(15h00-15h30) Cofee-Break (Auditório 537 – 5th  floor)

(15h30-17h30) 6) The Legal Field between nationalism, regionalism and transnationalism (Auditório 537 – 5th floor)
Discussant: Albert Manke (Universität zu Köln)
Nicholas Miller (Georg-August-University of Göttingen) “Itinerant advisers and their Latin American entanglements, 1820-1870: Global careering, intellectual history and constitutional migration”
Juan Pablo Scarfi (Universidad Nacional de Quilmes) “Globalizing the Latin American Legal Field: Continental and Regional Approaches to the International Legal Order in Latin America after World War I, 1914-1933”
Fabia Veçoso (Universidade Federal de São Paulo) “Bandung in the Shadow: The Brazilian Experience”

21/10
(9h00-11h30) 7) The Politics of identity and the circulation of concepts (Auditório 537 – 5th floor)
Discussant: João Paulo Pimenta (Universidade de São Paulo)
Cristián Castro (Universidad Diego Portales) “The Transnational Imagined Community of the Black Press of Sao Paulo and Chicago, 1900-1950”
Marixa Lasso (Universidad Nacional de Colombia) “Feudal Haciendas to the ‘Vanguard of the Atlantic World’: the changing place of XIX century Latin America and Global History”
Marina Rocha (Universidade de São Paulo) “The concept of genocide under global perspective and its use in Argentina”
Alberto Arturo Harambour Ross (Universidad Austral de Chile) “Empires, States, and Frontier Expansion. Transnational sovereignties in Latin American postcolonial colonialism (1870s-1920s)”

(11h30-13h00) Lunch

(13h00-15h00) 8) Roundtable – Is the “global turn” shaping careers? (Auditório 537 – 5th floor)
Stella Krepp (Universität Bern) & Alexandre Moreli (Fundação Getulio Vargas)

(15h00-15h30) Cofee-Break (Auditório 537 – 5th  floor)

(15h30-18h30) Closing session (Auditório Engenheiro M. F. Thompson Motta – 12th  floor)
Final report by Jose Antonio Sanchez-Román (Universidad Complutense de Madrid)
Closing remarks: Diego Holstein (Pittsburgh University), Stella Krepp (Universität Bern), Alexandre Fortes (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) & Rafael Marquese (Universidade de São Paulo)

Support: PAEP/CAPES & APQ2/FAPERJ
Organization: Fundação Getulio Vargas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Universität Bern, Red Latinoamericana de Historia Global, Pittsburgh University, LabMundi/USP
For more information: http://ri.fgv.br/eventos/global-history-conference

Nuclear Policy Conference, Washington, March 2017


2017 Carnegie International Nuclear Policy Conference

Monday, March 20, 2017 - Tuesday, March 21, 2017

Ronald Reagan International Trade Center
1300 Pennsylvania Avenue NW
Washington, District of Columbia
United States
P + 1 202 459 0858  

Funcionarios publicos: os culpados pela crise? Provavelmente, pelo menos em parte - Ricardo Berrgamini

Ricardo Bergamini, o irascível economista, ao tratar dos déficits dos governos estaduais, coloca a culpa nos aumentos ao funcionalismo público, no que ele tem amplamente razão, embora esta não seja a explicação integral para o estado falimentar das contas públicas.
Mas, de fato, a irresponsabilidade dos políticos com sua clientela preferencial, os "indemissíveis", responde em grande medida pelo descalabro das contas públicas estaduais e municipais.
Eu começaria demitindo aspones e reduzindo salários e verbas de funcionamento dos legislativos municipais e estaduais, e depois acabaria com a estabilidade geral do funcionalismo público.
Estou sonhando? Provavelmente, mas não hesito em dizer o que faria.
Conseguiria fazer? Provavelmente não, mas não me escuso em dizer o que penso, e o que penso eu digo, e assino embaixo.
Paulo Roberto de Almeida

Ricardo Bergamini:
A melhor lei feita no Brasil sobre disciplina fiscal foi a “Lei de Responsabilidade Fiscal” que foi desmoralizada quando o senhor Temer(ário) anistiou os governadores perdulários em suas dívidas com a União, que concederam aumentos salariais, em média de 16,50% ao ano, nos últimos dez anos (período do falso milagre brasileiro) aos servidores públicos de seus estados.

O resto é “Oscar de efeitos especiais”.

Em que essa PEC mudará a imoralidade reinante no Brasil com os gastos com pessoal, conforme abaixo:

Um grupo de trabalhadores de primeira classe (servidores públicos) composto por 13,2 milhões de brasileiros (ativos, inativos, civis e militares) que representam apenas 6,39% da população brasileira, sendo 2,2 milhões federais, 4,5 milhões estaduais e 6,5 milhões de municipais gastaram em 2015 o correspondente a 14,98% do PIB. Esse percentual representou 46,18% da carga tributária que foi de 32,44% do PIB em 2015.
(recebido em 11/10/2016)
Não há solução para a tragédia acima colocada.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

A reforma do ensino medio sera longa, e dificilmente realizada a contento - Wagner Victer

A concordar com o secretário da Educação do RJ, um estado falido, literalmente arrasado por anos e anos de incúria, má gestão e roubalheira generalizada, a reforma do ensino médio nunca será realizada. Também acho.
Mas parece que políticos e sociedade não vão se comover por isso. Preferem ignorar o problema, e continuar lutando apenas por aumentos de salários.
O Brasil não corre o risco de dar certo...
Paulo Roberto de Almeida


Reforma do ensino médio demanda outra reforma 


Sem o equacionamento financeiro propostas podem não levar ao resultado esperado

Wagner Victer*
O Estado de São Paulo, Opinião, 10 Outubro 2016 | 05h00

Os recentes resultados divulgados do Ideb trouxeram de volta ao debate da sociedade as graves dificuldades enfrentadas na aprendizagem dos jovens brasileiros. Os resultados negativos reforçam a percepção de que o atual currículo do ensino médio é ultrapassado e merece profunda reforma. Um dos maiores desafios do Brasil é aumentar a atratividade das aulas, dando mais dinamismo ao processo ensino-aprendizagem, estimulando o protagonismo juvenil e reconhecendo as diferenças individuais e geográficas dos alunos, alinhados com a ampliação dos programas da formação inicial e continuada dos professores.
Como consequência desse cenário, o governo federal editou a Medida Provisória (MP) 746/2016, que se junta ao Projeto de Lei 6.840/2013, que já tramitava no Congresso, que propõe alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, tendo como pilar a instituição de jornada em tempo integral no ensino médio e a reorganização do currículo por áreas de conhecimento. 
Entre os maiores interessados nessas mudanças estão as Secretarias de Estado de Educação, responsáveis pela maioria dos alunos desse segmento de ensino. Esses avanços, no entanto, criam um dilema: por um lado, a MP traz sugestões importantes que realmente trarão melhoria ao ensino médio; por outro, até em função da crise econômica, não há no cenário atual como dar sustentabilidade financeira a essas importantes reformas. O projeto, por exemplo, estabelece jornada escolar de pelo menos sete horas diárias e determina que ao menos 50% das matrículas em 50% das escolas estejam em horário integral em um prazo de dez anos. O prazo para a implantação universal nas redes seria de 20 anos.
Além disso, e nada mais coerente para a solidez dessa iniciativa, que é louvável e desejada, a MP prevê a possibilidade de opção formativa ao estudante no último ano, podendo este seguir a ênfase em “linguagens”, “matemática”, “ciências da natureza”, “ciências humanas” e “formação profissional”. Para poder acompanhar as melhorias implantadas no ensino integral diurno, as turmas noturnas teriam um ano a mais, passando a quatro. Tais medidas envolverão, na maioria das escolas, um rearranjo em salas de aulas disponíveis, o que nem sempre é possível sem fazer grandes adaptações e, consequentemente, diversas obras.
Os planos são os melhores possíveis, mas nosso desafio também é matemático. Para dar um exemplo, o Estado do Rio de Janeiro tem atualmente cerca de 446 mil alunos no ensino médio público, 42 mil em horário integral. Alcançar 50% das matrículas em horário integral em dez anos significará o equivalente à necessidade de implantação de mais de uma centena de novas unidades escolares, considerando os importantes reflexos na folha de pagamento e nos recursos de merenda e manutenção. Com as metas estabelecidas pela MP, pelos cálculos preliminares o Estado do Rio de janeiro teria de construir 19 unidades escolares anualmente nos próximos 20 anos. Nos valores de hoje, ao fim da implantação e sem considerar o investimento nas novas escolas, o aumento estimado de gastos poderia chegar a R$ 1,5 bilhão ao ano, com reflexos atuariais futuros e permanentes na previdência estadual.
Os debates sobre o financiamento da educação também nos remetem ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e à compreensão equivocada de que os recursos direcionados a todos os Estados são procedentes de tributos federais. Diferentemente do que entende o senso comum, o Fundeb na maioria dos Estados não recebe recursos federais. O Fundeb destinado ao Rio de Janeiro, por exemplo, é financiado basicamente pelo ICMS do Estado. Essa transferência estadual é a principal fonte de receita dos municípios fluminenses para as políticas de educação infantil e do ensino fundamental. No ano passado, os recursos da arrecadação de ICMS repassados ao fundo que não foram revertidos diretamente à rede estadual chegaram a cerca de R$ 3 bilhões.
Somada a essas dificuldades, a importante e necessária ampliação da oferta de vagas nas creches públicas causa outro reflexo que não pode ser desconsiderado: aumenta-se o denominador de alunos e entes que compartilham os mesmos recursos do Fundeb sem que haja a alteração no numerador desta equação. Ou seja, cada vez mais cidadãos e administradores dos Estados e municípios disputam as mesmas verbas. O tema torna-se ainda mais crítico e controvertido se se adiciona a ele o debate em torno da eventual desvinculação das receitas voltadas para a educação prevista na PEC 241/2016, em discussão no Congresso Nacional, que prevê limitar o crescimento dos gastos públicos inclusive por segmentos, isso sem falar na redução dos repasses previstos pelo salário-educação, que tem caído vertiginosamente em razão do desemprego e da desaceleração econômica. Portanto, mesmo com as necessárias melhorias na gestão dos recursos por todos os entes federativos, se não tivermos a revisão e a apresentação de novas fontes de financiamento, o futuro da educação pode ser mais sombrio do que o presente. 
Assim como o ensino médio, o desenho do financiamento da educação pública – tão bem-sucedido na universalização do ensino fundamental após a Constituição de 1988 – precisa ser reformado. Para que a vitória daqueles que almejam uma educação de qualidade para os jovens brasileiros não se torne mais uma lei classificada como letra morta, é fundamental que a aprovação da MP traga consigo também os caminhos para pôr esse projeto verdadeiramente de pé e que uma questão fundamental se responda: haverá um novo imposto ou fonte com recursos significativos e permanente destinada a financiar fundo reservado para esse fim? Essa pergunta não pode ficar sem resposta, já que as propostas sem o equacionamento financeiro podem não levar ao importante resultado esperado por todos.
*Secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Muita noticia boa num unico dia: ate parece bilhete premiado...

MPF/DF denuncia ex-presidente Lula, Marcelo Odebrecht e outras nove pessoas por cinco crimes
Para investigadores, grupo montou um esquema criminoso para garantir a liberação de financiamentos do BNDES para obras em Angola
10 DE OUTUBRO DE 2016

O Ministério Público Federal (MPF/DF) enviou à Justiça Federal, nesta segunda-feira (10), uma ação penal contra 11 pessoas – entre elas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o empresário Marcelo Odebrecht – pelos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e organização criminosa. As práticas criminosas ocorreram entre, pelo menos, 2008 e 2015 e envolveram, segundo o MPF, a atuação de Lula junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros órgãos sediados em Brasília com o propósito de garantir a liberação de financiamentos pelo banco público para a realização de obras de engenharia em Angola. Os trabalhos foram executados pela Construtora Odebrecht que – em retribuição ao fato de ter sido contratada pelo governo angolano com base em financiamento para exportação de serviços concedida pelo BNDES –, repassou aos envolvidos, de forma dissimulada, valores que, atualizados, passam de R$ 30 milhões.

No caso de Lula, a denúncia separa a atuação em duas fases: a primeira, entre 2008 e 2010, quando ele ainda ocupava a presidência da República e, na condição de agente público, praticou corrupção passiva. E a segunda, entre 2011 e 2015, já como ex-mandatário, momento em que cometeu tráfico de influência em benefício dos envolvidos. Além disso, o ex-presidente deve responder por lavagem de dinheiro, crime que, na avaliação dos investigadores, foi praticado 44 vezes e que foi viabilizado, por exemplo, por meio de repasses de valores justificados pela subcontratação da empresa Exergia Brasil, criada em 2009 por Taiguara Rodrigues dos Santos, “sobrinho” de Lula e também denunciado na ação penal.

Outra constatação é a de que parte dos pagamentos indevidos se concretizou por meio de palestras supostamente ministradas pelo ex-presidente a convite da construtora. Nesse caso, a contratação foi feita por meio da empresa LILS Palestras, criada por Lula no início de 2011, menos de dois meses depois de deixar a presidência. Na ação, os procuradores da República Francisco Guilherme Bastos, Ivan Cláudio Marx e Luciana Loureiro Oliveira – que integram o grupo de trabalho responsável pelas investigações – explicam que as palestras foram o foco inicial da apuração. “Apesar de formalmente justificados os recursos recebidos a título de palestras proferidas no exterior, a suspeita, derivada inicialmente das notícias jornalísticas, era de que tais contratações e pagamentos, em verdade, prestavam-se tão somente a ocultar a real motivação da transferência de recursos da Odebrecht para o ex-presidente Lula”, destaca um dos trechos do documento.

Além do ex-presidente, de Marcelo Odebrecht e de Taiguara integram a lista de denunciados José Emmanuel Camano Ramos, Pedro Henrique de Paula Schettino, Maurício Bastianelli, Javier Chuman Rojas, Marcus Fábio Souza Azevedo, Eduardo Alexandre de Athayde Badin, Gustavo Teixeira Belitardo e José Madureira Correia. Na ação, os procuradores explicam que a apresentação da ação penal não significa o fim das investigações. A apuração continua – tanto no caso dos empreendimentos feitos em Angola e da participação da empresa Exergia Portugal na organização criminosa – como em relação a outros empréstimos liberados pelo BNDES no âmbito do financiamento para exportação de serviços. O programa beneficiou vários países da África e da América Latina e, além da Odebrecht, teve obras executadas por outras construtoras. Ao todo, outros cinco procedimentos investigatórios estão em andamento na Divisão de Combate à Corrupção (DCC) na unidade do MPF no Distrito Federal.

Entenda o caso - As investigações começaram em julho de 2015, quando o Ministério Público Federal instaurou um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) para apurar suposta destinação de vantagens econômicas por parte da Odebrecht ao ex-presidente Lula, como contraprestação ao fato de ele ter viabilizado vários empréstimos externos. Em um primeiro momento, a apuração se concentrou no período de 2011 a 2015, com Lula já na condição de ex-mandatário do país. No entanto, posteriormente, o período foi ampliado, alcançando o ano de 2008. Outra providência adotada pelos investigadores foi a solicitação de abertura de inquérito policial, o que aconteceu em dezembro de 2015.

Por uma questão estratégica, as investigações policiais se concentraram em desvendar a forma como se deu a liberação e as circunstâncias dos empréstimos que viabilizaram a realização de obras pela Odebrecht em Angola. É que, na comparação entre 10 países beneficiados por financiamentos do BNDES, Angola foi o que celebrou o maior número de contratos no período, recebeu o maior volume de dinheiro, teve o menor percentual de juros e onde foi verificado um dos menores prazos médios de concessão dos empréstimos.

Uma vez instaurado, o inquérito policial partiu das informações e de documentos já reunidos pelo MPF no âmbito do PIC, aprofundando, em seguida, as investigações. Também chamaram a atenção dos investigadores algumas evidências levantadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES, como a existência de vinculações comerciais entre a Odebrecht e a empresa Exergia Brasil, de Taiguara Rodrigues dos Santos que, “embora não tivesse qualquer experiência prévia no ramo de engenharia”, firmou, de forma repentina, 17 contratos para prestar serviços complexos à Odebrecht, justamente nas obras realizadas em Angola a partir do ano de 2011. Pelos supostos serviços, a empresa de Taiguara recebeu da Odebrecht, entre 2009 e 2015, R$ 20 milhões.

Na ação, os procuradores destacam que, ainda no início do esquema, foram cooptados empresários e funcionários da Exergia Portugal. Com a promessa de subcontratações, essa empresa concedeu a Taiguara, “de maneira praticamente gratuita”, uma filial no Brasil. Além disso, passou a bancá-lo, antes mesmo que fosse contratado no processo de terceirização promovido pela Odebrecht. Nesse período, o “sobrinho” do ex-presidente recebeu, segundo as investigações, R$ 699 mil a título de despesas de viagens internacionais. Posteriormente, o repasse passou a ter o caráter de “pro labore”, cujo valor era de US$15 mil mensais, totalizando ao menos US$ 255 mil dólares.

Provas coletadas - A análise de documentos e de materiais apreendidos na chamada Operação Janus, realizada em maio de 2016 por ordem judicial, além de vários depoimentos, permitiram aos investigadores constatar e comprovar a participação de cada um dos envolvidos no esquema criminoso. No caso do ex-presidente, lembram os procuradores da República que, além de assentir na criação da Exergia Brasil, ele “supervisionou todo o processo de captação de contratos” por Taiguara junto à Odebrecht, seja aconselhando o “sobrinho" sobre os negócios em Angola, seja apresentando-o a empresários e autoridades estrangeiras nas visitas realizadas àquele país ainda em 2010. Apenas nesse ano – último do mandado presidencial de Lula, o BNDES aprovou oito contratos em favor da Odebrecht que, juntos, somaram US$ 350 milhões. As concessões continuaram nos anos seguintes, quando a empresa firmou outros 22 contratos que chegaram a US$ 2 bilhões.

Como prova da existência e do esquema criminoso, o MPF encaminhou à Justiça documentos como e-mails trocados entre os envolvidos, fotos que registraram encontro do ex-presidente com o sobrinho e empresários em Angola, além de registros que confirmam a participação, em 2010, do então presidente em uma reunião da Diretoria de Administração do BNDES, oportunidade em que “por orientação do presidente Lula”, ficou decidido que o banco público elaboraria uma agenda de ações para o período de 2011 a 2014. “Ao findar o mandato de presidente da República em dezembro de 2010, Lula deixou criadas as bases institucionais, no âmbito do BNDES, para que tivesse continuidade, nos anos seguintes, o esquema de favorecimento, mediante financiamentos internacionais, a empresas 'escolhidas' para exportação de serviços a países da África e América Latina”, reitera um dos trechos do documento enviado à Justiça.

Na ação, os procuradores frisam que, pela atuação em favor da construtora, o ex-presidente aceitou, além da remuneração pelas palestras, outras vantagens indiretas que incluíram pagamentos de despesas pessoais de seu irmão José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico. Como exemplos de contas que foram arcadas pelas empresas Exergia Brasil, a ação menciona mensalidades de plano de saúde e despesas com combustíveis (10 mil reais em plano de saúde, ao menos, e, pelo menos, 10 mil reais em posto de combustível). Outros indícios de que os envolvidos agiram para ocultar a origem dos recursos foi a descoberta de inúmeros saques em espécie realizados pelos funcionários da Exergia Brasil (mais de R$ 1 milhão) e pela T7Quatro (mais de R$ 160 mil), ambas de Taiguara.

Os pedidos - O principal pedido do MPF é para que os envolvidos respondam, na medida da participação de cada um, aos crimes enumerados na ação, com os respectivos agravantes. No caso do ex-presidente, as penas máximas somadas chegam a pelo menos 35 anos de reclusão, além de multa. Já o empresário Marcelo Odebrecht, se condenado, poderá pegar ao menos 30 anos de prisão.

Veja a lista completa dos denunciados e os respectivos crimes imputados pelo MPF:

Luiz Inácio Lula da Silva – Organização criminosa, lavagem de dinheiro, tráfico de influência, corrupção passiva
Marcelo Bahia Odebrecht – Organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção ativa
Taiguara Rodrigues dos Santos – Organização criminosa, lavagem de dinheiro
José Emmanuel de Deus Camano Ramos – Organização criminosa, lavagem de dinheiro
Pedro Henrique de Paula Pinto Schettino – Lavagem de dinheiro
 Maurizio Ponde Bastianelli – Lavagem de dinheiro
 Javier Chuman Rojas -– Lavagem de dinheiro
 Marcus Fábio Souza Azevedo – Lavagem de dinheiro
 Eduardo Alexandre de Athayde Badin – Lavagem de dinheiro
 Gustavo Teixeira Belitardo – Lavagem de dinheiro
 José Mário de Madureira Correia – Lavagem de dinheiro

15 anos sem Roberto Campos - Jose Pio Martins (Gazeta do Povo)

15 anos sem Roberto Campos

 Roberto Campos faleceu no dia 9 de outubro de 2001 – portanto, há quase 15 anos, um mês após o atentado terrorista contra as Torres Gêmeas do World Trade Center e o Pentágono. Formado em filosofia e economia, em seus 84 anos de vida ele teve longa carreira de diplomata, embaixador, ministro, senador, deputado e escritor. Era um gênio de cultura enciclopédica, economista preparadíssimo, polemista de lógica implacável, um futurista que via à frente de seu tempo.
Como secretário da embaixada brasileira nos Estados Unidos, Roberto Campos participou, em 1944, da conferência de Bretton Woods, em New Hampshire, nos Estados Unidos, que criou o padrão-dólar em substituição ao padrão-ouro, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e as regras que moldaram a ordem econômica do mundo atual. Sua sabedoria econômica e a enorme competência técnica levaram governos de diferentes matizes ideológicos e partidários a dar-lhe importantes funções e missões.
Foi o criador do BNDES e seu primeiro presidente, autor do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek e, como ministro do Planejamento de Castello Branco, foi o principal idealizador e executor das reformas tributária, trabalhista e bancária, do que resultou a criação do ICMS, do FGTS, do Banco Central e da Lei do Sistema Financeiro Nacional. A partir dos anos 80, ele passou a dizer que sua obra fora deturpada e transfigurada por modificações deletérias, inclusive pela Constituição de 1988.
A experiência internacional de Roberto Campos foi consolidada nas funções de embaixador do Brasil nos Estados Unidos, durante o governo João Goulart, e embaixador na Inglaterra, no período de Ernesto Geisel, retornando ao Brasil em 1982 para se eleger senador pelo estado de Mato Grosso e duas vezes deputado pelo Rio de Janeiro. Roberto Campos era um liberal clássico, defensor da liberdade, dos direitos individuais, da democracia política e da economia de mercado.
Como secretário da Embaixada do Brasil nos Estados Unidos na época da Segunda Guerra Mundial, desenvolveu a crença de que a intervenção estatal, sobretudo na infraestrutura física, era necessária para promover o desenvolvimento dos países; que a superação da pobreza dependia da abertura ao exterior; e que o governo devia regular as atividades privadas para direcionar os investimentos e o sistema produtivo.
Após longa experiência no setor público, ele se desiludiu com o governo, ao qual acusava de precária conduta moral e baixa capacidade gerencial. Descrente do Estado como agente do desenvolvimento, aderiu ao liberalismo como saída para a superação do atraso. Após acreditar nas ideias e soluções estatizantes de John Maynard Keynes e ver que elas acabariam em desastre, aderiu às ideias de Friedrich von Hayek, para quem a solução está na iniciativa individual, não na intervenção estatal.
Roberto Campos era pessimista com a América Latina, a cujos esquerdistas ele acusava de brigar com a lógica e ignorar a racionalidade econômica, e os ironizava, dizendo: “Se os esquerdistas latino-americanos fossem administrar o deserto do Saara, logo haveria escassez de areia”. Durante décadas, alertou sobre a vocação do governo para se tornar, cada vez mais, um guloso sugador e um péssimo provedor.
Nos tempos modernos, em que homens brilhantes andam raros, reler Roberto Campos é um prazer e um alento contra a mediocridade. Ele se foi há 15 anos, mas suas ideias continuam válidas e atuais.

Fonte: “Gazeta do povo”, dia 30 de setembro de 2016.

Palestra: Tendencias geopoliticas na America do Sul - Diego Solis

Palestra: Tendências geopolíticas na América do Sul

O presidente da Funag e o Diretor do IPRI têm o prazer de convidar todos os interessados para a palestra, em espanhol, de Diego Solis, diretor para a América Latina da Stratfor, sobre “Tendências geopolíticas na América do Sul”.
O palestrante pretende fazer uma introdução das tendências geopolíticas e os desafios futuros para os diversos países da América do Sul, da Colômbia ao Brasil, dando ênfase à crise venezuelana e ao papel da China na região.
Diego Solis é mestre em geopolítica e segurança pela Universidade de Londres, fundador da Latam Image Consulting Group, com sede na Guatemala, e consultor independente especializado em riscos geopolíticos e no planejamento de cenários para investidores; trabalha com bases na Guatemala e em Austin, TX.
A Stratfor é a mais importante consultoria americana em inteligência geopolítica, analisando tendências, anomalias e projeções geopolíticas em diversos cenários do mundo contemporâneo.
A palestra será feita no Auditório Paulo Nogueira Batista, no Anexo II do Itamaraty, às 16:00hs da quinta-feira, 13 de outubro.