O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Ricupero: "Ninguem quer sair na foto com o Brasil" - FSP entrevista

"Ninguém quer sair na foto com o Brasil"

Entrevista / Rubens Ricupero

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

Folha de S. Paulo, 26 de setembro 2017


Diplomacia não faz milagre. Hoje em dia, a imagem que o Brasil tem no exterior corresponde à realidade: um país com uma corrupção terrível, um presidente com uma segunda denúncia e a crise mais grave da história.
"Ninguém quer sair na foto com o Brasil", diz o embaixador Rubens Ricupero, 80, ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente, que lança na semana que vem "A diplomacia na construção do Brasil - 1750-2016", uma abrangente história da política externa brasileira.


Na obra, Ricupero, que foi secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD), retrata como a diplomacia, e não o poder militar ou econômico, asseguraram ao Brasil suas fronteiras atuais.
Ele analisa a influência dos EUA na política externa brasileira —"Eles não executaram (o golpe militar), mas foram os mandantes". Reserva críticas para a política externa "ideologizada" do PT, mas também faz elogios.
"Por que todo mundo queria estar com o Lula? O Lula era um vitorioso. Além do sucesso econômico e político, ele tinha o êxito moral, o combate à miséria e à injustiça. Hoje, deve ter muito pouca gente querendo sair na foto com o Temer. Ninguém pode imaginar que o Itamaraty vai alavancar o Brasil se o país não acabar com a corrupção, voltar a crescer e combater a miséria."
Abaixo, trechos da entrevista que ele concedeu à Folha.
*
Folha - O senhor testemunhou vários momentos importantes da história brasileira, relatados no seu livro. Pode contar algum?
Rubens Ricupero - Tem o encontro do Robert Kennedy com o ex-presidente João Goulart, em 1962. Era 17 de dezembro e eu era terceiro-secretário, um cargo bem baixo no Itamaraty. Brasília estava vazia e eu era o único diplomata respondendo pelo Itamaraty. O Robert Kennedy ia chegar e pediram para recebê-lo, em nome do governo brasileiro.
Podia parecer até uma ofensa, o terceiro secretário recebendo, e eu expliquei ao Lincoln Gordon (embaixador dos EUA na época) que eu era o único ali. Eu apertei a mão do Robert Kennedy.
No dia seguinte, às 11h, ele foi recebido pelo Goulart, no Alvorada. Eu fui, mas não entrei. Na sala estavam apenas Goulart, um intérprete do departamento de Estado, Kennedy e Lincoln Gordon.
Goulart não quis testemunhas porque provavelmente antecipava que ia ser uma conversa muito forte e não queria que ninguém ouvisse o que ele ia dizer.
Em 2014, foi revelado um memorando sobre o encontro, escrito por Gordon. Kennedy teria dito a Goulart: "Não temos problemas com independência na política brasileira, mas de fato objetamos a que essa independência se torne sistematicamente antiamericana, opondo-se a políticas e interesses americanos de modo regular".
Mais assombroso ainda, na primeira conversa que John Kennedy gravou no Salão Oval da Casa Branca, em julho de 1962, Goulart só estava no poder há 9 meses e os americanos já estavam convencidos de que era preciso levar os militares a dar um golpe no Brasil.
Eles reconheciam que os militares não queriam fazer isso, tanto que Gordon diz ser preciso "reforçar a espinha dorsal dos militares". Ainda falta escrever o livro sobre o papel dos americanos no golpe.
Não acho que eles deram o golpe, mas não tenho dúvida de que eles induziram e foram os primeiros a organizar. É como num homicídio, que tem o mandante e o executante. Os americanos não executaram (o golpe), mas foram os mandantes. Mesmo assim, estou convencido de que o Goulart caiu por culpa dele, quando ele recuperou os poderes e apostou na radicalização. Não havia ambiente para isso.

Por que?
Ele radicalizou em um momento de aguda Guerra Fria em que isso era inconcebível. Do Jacobo Arbenz em 54, na Guatemala, até o Salvador Allende em 73, no Chile, nenhum governo de esquerda na América Latina sobreviveu. O Lula só chegou ao poder porque a Guerra Fria tinha terminado.

Hoje em dia qual é o tom do relacionamento entre Brasil e EUA?
Os EUA, depois do fim da Guerra Fria e após os ataques de 11 de setembro de 2001, passaram a ter uma agenda internacional em que não há mais espaço para América Latina.
A pauta americana é dominada hoje por grandes temas de superpotência, como problemas no mar do sul da China e rivalidade estratégica com a Rússia, ou pela islamização da agenda internacional, por conflitos vinculados à radicalização de um de islamismo extremista.
Uma vez que desapareceu a ameaça comunista, para os americanos, o que se passa aqui pode incomodar um pouco, mas não muito. Até mesmo a Venezuela —eles prefeririam que fosse um país a favor dos EUA, mas podem conviver com isso perfeitamente.
Hoje em dia, na grande estratégia americana, não há espaço para o Brasil. O Trump até hoje não fez um tuíte especificamente sobre o Brasil —essa é a maior prova da insignificância do Brasil para o governo americano. Aliás, ainda bem, porque em geral, quando Trump põe alguém no Twitter, é para dar uma porrada.

Hoje nossa política externa para os EUA está mais para política externa independente, dos anos Jânio-João Goulart, ou alinhamento automático?
Hoje temos uma política independente. No discurso do Temer na ONU, que é o do Itamaraty, há defesa do Acordo de Paris e do multilateralismo, dois temas a que Trump se opõe. O Brasil tem o que dizer nessas duas questões.
O Brasil não é potência nuclear, nem militar convencional, nem econômico-comercial. A única área em que o país é potência é no meio ambiente, porque tem a maior floresta tropical do mundo, se o Temer e a bancada ruralista não destruírem.
Também na área de negociação agrícola comercial não se pode chegar a um acordo sem o Brasil. A última vez em que quase se chegou a um acordo, em 2008, foi um grande trabalho do (então chanceler) Celso Amorim, com apoio do Lula, um entendimento entre Brasil e UE para resolver um impasse. Mas aí os americanos e indianos torpedearam o acordo.

O Brasil nessas áreas é incontornável, mas com o Trump, como você pode ter um diálogo sobre o acordo de Paris, sobre a retomada da negociação multilateral de comércio agrícola, que é o que interessa ao Brasil?
Um dos momentos em que a política externa brasileira esteve mais em evidência foi em 2010, quando o Brasil, ao lado da Turquia, propôs um acordo resolver a questão nuclear do Irã...
Eu nunca fui um crítico do esforço que o Lula e o Celso (Amorim) fizeram. Há derrotas que honram mais que certas vitórias, essa é uma delas. Foi uma iniciativa inédita para um país latino-americano tentar chegar a um acordo numa área em que normalmente é privativa das grandes potências.
Quando se falava em multipolarismo, acreditava-se que as grandes potências nucleares e militares tinham finalmente aceitado que havia espaço para países intermediários como o Brasil, a Turquia, o México, a Índia.
Que esses países poderiam tentar solucionar um caso como o do Irã. Equivaleria hoje em dia ao caso da Coreia do Norte, se nós tivéssemos alguma influência sobre o governo de lá. O próprio Obama chegou a encorajar o esforço brasileiro por cartas.
Mas a Hillary (então secretária de Estado Hillary Clinton) era contrária e tanto o Brasil como a Turquia sobrestimaram sua influência sobre os iranianos. Conseguiram que os iranianos mostrassem alguma flexibilidade, mas não o bastante para permitir acordo naquele momento. E os Brics decepcionaram.
Se é verdade que os Brics constituem um agrupamento importante, como é que se explica que a Rússia e a China tenham se aliado aos americanos votando sanções adicionais ao Irã e arrancando o tapete debaixo dos pés do Brasil e da Turquia.
Meu livro mostra bem que era prematura essa percepção de que havia espaço para o multipolarismo. Na hora em que houve a prova de fogo, viu-se que as grandes potências não delegavam para ninguém.
Foi uma tentativa meritória, audaciosa, que longe de desonrar, deu prestígio para o país, que foi aplaudido no mundo inteiro. Perceba que eu não sou sectário. Discordo da política externa dessa época para América Latina, a política paralela do PT, feita por inspiração da ideologia, não pelos interesses do Brasil.

O senhor critica a ideologização do Itamaraty durante o comando de Celso Amorim, e o fato de ele e o então secretário-geral Samuel Pinheiro Guimarães terem se filiado ao PT...
Sim, eu sou uma espécie em extinção, da época em que o diplomata era um servidor que deveria servir imparcialmente o Estado. Fui treinado dessa maneira, hoje o pessoal novo não concorda.

Será que agora não está em curso uma ideologização, só que do lado oposto, contra a ideologia do PT?
Eu espero que não, me dizem que não houve expurgos. O embaixador do Brasil em Paris, Paulo Cesar de Oliveira Campos, foi indicado pelo Lula e não mexeram nele.
Eles, ao contrário, perseguiram muita gente, embaixadores de grande valor como o Marcos Caramuru, maior expert que tínhamos na China, o Gelson Fonseca Jr, intelectual mais brilhante do Itamaraty, foi embaixador na ONU e terminou a carreira como cônsul-geral no Porto. Como se explica isso, a não ser como perseguição ideológica?

O Brasil deveria romper com a tradição diplomática brasileira e impor sanções econômicas contra a Venezuela?
Eu não sou favorável às sanções, porque elas normalmente atingem o povo mais sofredor. O que o Brasil deveria fazer, e não está, é ser modelar no acolhimento dos refugiados venezuelanos. Deveria ser um exemplo para o mundo, e está sendo o contrário, os venezuelanos estão aí abandonados, e tem gente propondo que não deem refúgio. A melhor forma de o Brasil atuar seria dar acolhimento a esses refugiados.

O Brasil pode ser uma potência com relevância internacional?
A política externa é indissociável daquilo que nós somos em política interna e em economia. Tivemos nosso momento mais alto de prestígio na época do Lula, 2009, quando o Brasil conquistou o grau de investimento, a Copa do Mundo e os Jogos Ol
No entanto, houve uma percepção externa de que aquilo era irreversível. O próprio Lula semeou a destruição de suas conquistas, ao começar a arruinar as contas públicas, ao aceitar a corrupção —ele não a inventou, mas aceitou e levou a extremos. Ele e a Dilma, no fundo, foram autores de suas próprias ruínas e carregaram o Brasil junto.

Qual é a imagem do Brasil no exterior hoje?
Hoje a imagem do Brasil não é nem pessimista, nem otimista, corresponde à realidade: trata-se de um país com uma corrupção terrível, um presidente com uma segunda denúncia, ministros sendo investigados, uma crise que é a mais grave da história.
As pessoas dizem —por que a diplomacia brasileira não faz isso ou aquilo? Mas como, ninguém quer sair na foto com o Brasil. (Binyamin) Netanyahu veio para região e não se encontrou com o Temer, o vice-presidente americano, Mike Pence, também.
Por que todo mundo queria estar com o Lula? O Lula era um vitorioso. Além do sucesso econômico e político, ele tinha o êxito moral, o combate à miséria e à injustiça. Quem não queria ficar ao lado do Mandela? Hoje, deve ter muito pouca gente querendo sair na foto com o Temer. Ninguém pode imaginar que o Itamaraty vai alavancar o Brasil se o país não acabar com a corrupção, não voltar a crescer, não combater a miséria.

A certa altura do livro, o senhor diz que a "Dilma escondia debaixo da autossuficiência e da aspereza no trato com os diplomatas, insegurança nascida da falta de sensibilidade para relacionamento interpessoal."
Ela não tinha autoconfiança. Eu fiquei 10 anos na ONU. Em 2012, na reunião do G8 em Evian, o (então secretário-geral da ONU) Kofi Annan me levou como seu principal auxiliar. Nessa reunião, o (então presidente francês Jacques) Chirac tinha convidado o Lula, o líder chinês e o indiano, mas para uma reunião à parte.
Eu estava lá quando o Lula chegou, e pensei comigo: acho que o Lula vai ficar muito intimidado. Estavam presentes o Chirac, o (ex-presidente americano) George W. Bush, primeiro-ministro inglês Tony Blair, o (ex-chanceler alemão) Gerhard Schroder, (o ex-primeiro ministro italiano Silvio) Berlusconi e (o presidente russo Vladimir) Putin. Todos os grandes do mundo.
Houve uma sessão em que estavam falando sobre o problema da fome, e o Bush, que é evangélico, fez uma intervenção dizendo que tinha muito a ver com a Bíblia. O Chirac, com aquela arrogância francesa, disse: não tem nada a ver com religião ou a Bíblia.
Aí o Lula assumiu a defesa do Bush, disse —não senhor, tem tudo a ver, porque a Bíblia isso e aquilo. Ele estava com aquela cara de bravo, falando alto, e todo mundo afinou. Aí eu percebi: para o Lula, aquele pessoal eram os patrões da Fiesp, o líder metalúrgico não pode se intimidar com os patrões da Fiesp. A Dilma não é assim.

O senhor diz no livro que Dilma foi uma das piores presidentes em termos de vocação para política externa.
Eu não conheço nenhum outro que tenha deixado 40 embaixadores esperando, sem apresentar credenciais. São coisas elementares. Ela não tinha interesse, não valorizava, não se sentia bem. E tinha uma mentalidade de tecnocrata no sentido limitado, a ideia de que as únicas coisas que fazem diferença são as concretas.
Então tudo o que o Itamaraty fazia, ela mandava rasgar aqueles papéis. O Itamaraty, a não ser que você esteja negociando o fim de uma guerra ou uma fronteira, só lida com o longuíssimo prazo. Por que que o (ex-chanceler José) Serra saiu? Ele é engenheiro, gosta de fazer coisas.
No Itamaraty, você lida com conceitos. O Lula, que é muito inteligente, percebeu que a política externa era uma tremenda alavanca, inclusive interna, e usou muito. Ela não soube usar. Diplomacia e política são a mesma coisa, Lula era um grande diplomata.

Como o senhor avalia a política externa hoje?
Estamos em um momento de gradual recuperação, tanto da política e da economia, quanto a política externa. Só vamos ter algo mais determinado depois das eleições. Isto é, se a eleição não "der ruim". Se tivermos um Bolsonaro da vida, é hora de fechar a butique mesmo.

Há muita tensão entre o ditador norte-coreano Kim Jong Un e o presidente americano, Donald Trump. O mundo pode estar próximo de uma guerra nuclear?
Não. Nós estamos há 72 anos sem uma guerra nuclear, em parte por conta do poder destrutivo das armas nucleares, que atua como deterrence, mas em parte porque a ONU, com todos os defeitos, mostrou que era maleável o bastante para acomodar grandes mudanças.
O norte-coreano não é louco. Ele conduz uma política muito lógica e racional, pois viu o que aconteceu com o (ex-ditador iraquiano) Saddam Hussein e o (ex-presidente líbio) Muammar Gaddafi, que não tinham armas nucleares. E ele não vai acreditar nos americanos, no que ele tem absoluta razão.

Mas mesmo se considerarmos que o Kim Jong-un não é maluco, está desenvolvendo instrumento de dissuasão, do outro lado há um ator não necessariamente racional, o Donald Trump...
Trump é autor de "The Art of the Deal", diz que é preciso desestabilizar o adversário e nunca deixar o oponente saber o que a pessoa vai fazer. Os dois são negociadores se ameaçando mutuamente. Não vai acontecer nada.
O planeta não vai acabar com um apocalipse nuclear, mas pode acabar como diz o verso do TS Eliot "not with a bang, with a whimper" (não com um estrondo, com um suspiro). O maior perigo que nós enfrentamos hoje é o aquecimento global. Mas as pessoas não percebem, porque a explosão nuclear é um perigo imediato, enquanto o aquecimento leva 30, 40 anos. Mas já está chegando.

O senhor conta no livro que, ao ser convidado para o ministério, disse ao presidente Itamar Franco não ser a pessoa mais adequada...
Eu disse a ele: não sou economista profissional, conheço muito pouco do plano, apenas o que a imprensa publicou. Disse que ele deveria convidar alguém que conhecesse profundamente o plano, até sugeri dois nomes, Edmar Bacha e Pedro Malan.
Ele me respondeu: nós já examinamos todas as opções e o senhor é a única alternativa. Embora a frase fosse um pouco críptica, uma frase em mineirês, eu entendi. Eu trabalhei a vida toda com mineiros, com Afonso Arinos, San Tiago Dantas, Tancredo Neves. O Tancredo dizia que eu era o mais mineiro dos paulistas. Percebi que o Itamar queria dizer que ele queria alguém fora da equipe, que devesse o cargo a ele, e não ao FHC.
O Itamar costumava dizer muito que eu era o sacerdote do real, em parte porque eu cumpria a função de pregar, na televisão, em parte era para chatear o Fernando Henrique, que ficou mais glorificado pelo real. Não deram muito crédito para o Itamar e ele deveria ter recebido, sem ele, o real não teria existido. Eu disse que era funcionário público, e aceitava.

 Livro é testemunho vívido do 'consigliere' diplomático do Brasil

CRÍTICA / MATIAS SPEKTOR
COLUNISTA DA FOLHA

Folha de S. Paulo, 26 de setembro de 2017




"Quem é o Rubens Ricupero da nova geração?", perguntou-me outro dia um brasilianista. Resposta satisfatória não há, pois Ricupero talhou para si um lugar na vida pública brasileira que continua sendo único.
Ele é o consigliere diplomático por excelência. Quando Bobby Kennedy pousou em Brasília para dar um ultimato a João Goulart, antes do golpe, Ricupero estava lá. Quando Tancredo Neves montou um périplo internacional para legitimar a presidência indireta, Ricupero estava lá. Quando José Sarney avisou aos argentinos (antes do mundo) que o Brasil enriquecia urânio, foi ele o portador do recado presidencial. Quando Fernando Collor precisou de um elo com a Casa Branca, lá foi o embaixador.
Foi Ricupero quem assumiu a Fazenda para FHC poder sair candidato no governo Itamar. Foi com ele que a candidatura de Marina Silva definiu parte de seu tom. E foi nele que o comando do Itamaraty encontrou sua principal referência no governo Temer. A classe política pede seu conselho uma e outra vez.
Só que este consigliere tem um estilo todo pessoal. Impaciente com o conforto dos gabinetes, Ricupero gosta de embate. Escreveu uma dúzia de livros, assinou por décadas uma coluna nesta Folha, e abraçou a causa do ambientalismo com a energia do mais aguerrido ativista.
Muitas vezes exercitou o ofício de historiador. Leitor voraz e dono de uma memória implausível, tem um domínio do passado que assombra qualquer interlocutor.
Seus inimigos disputaram-lhe as ideias, mas nunca lhe questionaram a integridade e honra pessoal. Discutir com ele foi, e continua sendo, um grande prazer da boa batalha intelectual. Não há no Brasil de hoje personagem igual.
Este livro é seu mais completo testamento. Na superfície, é uma história ambiciosa da diplomacia brasileira — com começo em 1640 e fim em 2016 — contada a partir das tradições do Itamaraty, com todas as vantagens e problemas que isso acarreta.
Trata-se, no entanto, de algo bem mais complexo e fascinante porque, na prática, há dois livros em um.
O primeiro sintetiza os dramas nacionais e internacionais de cada governo brasileiro. Dos imbróglios da Regência aos dilemas de Ernesto Geisel, há detalhes curiosos, passagens deliciosas e humor mordaz. Como em trabalhos anteriores, a idolatria por Rio Branco e San Tiago Dantas dá o tom.
O segundo livro embutido nesta obra é mais ambicioso e agressivo. Ricupero volta à história das batalhas diplomáticas do Brasil no Prata para desfechar seu golpe contra a política externa do PT, em pleno século 21.
Em sua narrativa, o grande acervo diplomático do Brasil está na prudência, na rejeição aos voluntarismos, na temperança e na desconfiança profunda da busca de prestígio de chefes de governo e chanceleres. Há nisso uma certa idealização do passado, haja vista os avanços da historiografia sobre o período.

ParlaSul: turismo parlamentar, ferias de luxo (Ultima Hora, Paraguay)


El Parlasur se convierte en consuelo para los que no ingresaron en listas

Ultima Hora (Paraguai), 25/09/2017


Varios nombres se están decantando para integrar la lista de parlamentarios al Mercosur. Un cargo en el Parlamento del bloque se convierte en un lujoso caramelito. Cobran mucho dinero y casi no trabajan.
Sede. Los parlasurianos sesionan en Montevideo, donde está la sede del bloque regional.

En estos días se definirán las listas de candidatos para los distintos cargos que están en disputa para las internas de diciembre y la nómina de candidatos a parlamentarios del Mercosur es una de ellas.
Varios políticos que no encontraron lugar para ser candidatos a diputados o senadores estarán integrando las nóminas para el Parlasur.
Es el caso de Arnoldo Wiens, quien ya no halló sitio en la lista de senadores de Colorado Añetete porque el vicepresidente Juan Afara y el gobernador Rodolfo Friedmann arribaron al movimiento y ocuparán los primeros lugares. Wiens estaría liderando una de las listas, y el diputado Dany Durand será el segundo candidato.
Hace varios meses se viene mencionando que Durand sería candidato a miembro del Parlasur, sin embargo, hace una semana habló de su interés de ser diputado nuevamente, sacando una encuesta que mandó a hacer y que le beneficia. Luego de crear tumulto en el interior de Añetete, finalmente, se quedó con lo pautado inicialmente.
Tras la decisión del oficialismo de que Marcelo Soto sea el candidato a gobernador de Caaguazú, el dirigente Jorge Torales optó por la diputación departamental. No obstante, el actual diputado Miguel Del Puerto le ganó la pulseada. Torales de esta forma será candidado a parlasuriano.
Asimismo, se menciona que la directora del Parque Tecnológico de Itaipú (PTI) será una de las candidatas para el Parlasur. La misma acompaña la campaña de Arnaldo Samaniego en Asunción.
La disidencia tendría otra lista paralela que liderará Wiens. El ex senador Nelson Argaña, quien se integró al movimiento Colorado Añetete, también es candidato al legislativo regional.
El actual diputado Jorge Baruja es el candidato número 2 de la lista de Argaña. El legislador es hermano del ministro de Agricultura y Ganadería, quien se candidata a gobernador de Paraguarí, pero no encontró lugar en la lista, por lo que arribó a la disidencia. El dirigente de Atyrá Alfonzo Romero es el candidato para el Parlasur del movimiento Progresista Colorado, de Nicanor Duarte Frutos. En el oficialismo, los nombres podrían variar con las negociaciones.
Beneficios. Los parlamentarios del Mercosur, de acuerdo a su ley constitutiva, deben reunirse de manera ordinaria una vez al mes; sin embargo, en lo que va del año apenas se reunieron una sola vez.
Perciben G. 32.744.840 mensualmente en concepto de salario más G. 4 millones en combustibles. El presupuesto total con que cuentan es de G. 27.054.198.048 poco más de USD 5 millones anuales.
El Parlasur es una asamblea parlamentaria que funciona como órgano deliberativo del bloque regional, pero sus decisiones todavía no son vinculantes.
Paraguay tiene 18 representantes que pasan absolutamente desapercibidos. Ellos son Alberto Aquino, Amanda Núñez, Emanuel Friedmann, Juan Antonio Denis, Miguel González Erico y Mirtha Palacios, del PLRA; Alfonso González Núñez, Antonio Attis, Calixto Bernal, Herminio Cáceres, José Torres, Luis Sarubbi, Miguel Sosa, Tomás Bittar, Zacarías Vera y Concepción Cubas, de la ANR; Ramón Domínguez del Unace y Ricardo Canese del Frente Guasu.

O euro pode ser salvo? Livro de um heterodoxo pessimista - Malcolm Sawyer

Este economista europeu, que define a si mesmo como um "economista heterodoxo" -- ou seja, do time da anti-austeridade -- afirma que o euro vem falhando desde a sua concepção, e que essas falhas de desenho intensificam a crise da Eurozona, condenando-a a uma "austeridade auto-derrotada".
Talvez ele prefira uma "self-sustaining expediture", como parecem preferir quase todos os economistas desse clube, esquecendo-se de examinar quem vai pagar a festa. Para ele, o euro não vai se salvar porque existem obstáculos políticos e ideológicos enormes, que certamente ele atribui à tal de austeridade. Ele só não diz como é que conseguiram restabelecer o equilíbrio fiscal Espanha e Portugal, e como a Grécia se safou do abismo (talvez ele prefira que os alemães continuem sustentando os anti-austeridade.
Não pretendo comprar o livro, nem com desconto, assim que quem preferir examinar o dito cujo pode aproveitar o meu código de desconto abaixo indicado.
Paulo Roberto de Almeida


 Social Europe Ltd.
Dear reader
we would like to draw your attention to a new publication by our partners from Polity Press.

The economies of the Eurozone countries are plagued by multiple crises, which cast major doubts over the future of the Euro. In this engaging new book, leading heterodox economist Malcolm Sawyer argues that the entire policy framework of the Eurozone was fundamentally flawed from its foundation. He shows how these ‘design faults’ intensified the effects of the crisis, made an effective response to the crash almost impossible, and are now locking in perpetual self-defeating austerity.
Sawyer proposes a bold alternative agenda for reviving the continent’s economic prosperity and saving the Euro, centred on a Federal fiscal policy and deep reform of the European Central Bank. He argues, however, that these solutions would require a fundamental transformation that is almost certain to encounter huge ideological and political obstacles. He therefore concludes that Europe faces a bleak economic future, blighted by low growth, high unemployment and social division.
This major contribution to one of the key economic and political issues of our time will be essential reading for everyone interested in Europe’s future.
PLEASE CLICK HERE OR THE COVER ABOVE FOR MORE INFO
Social Europe readers enjoy a special 30% discount when using the discount code PY879 at the checkout.
This message is sponsored by Polity Press
Social Europe Ltd., 31-33 High Holborn, London, London WC1V 6AX, UNITED KINGDOM

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

CNI convida para o lancamento do livro de Ricupero: A Diplomacia na Construcao da Nacao, 10/10, 17h30

OMC condena Brasil por politica automotiva discriminatoria - Jamil Chade (OESP)

O Brasil poderia se passar dessa vergonha de ser condenado na OMC. A culpa não está com o Itamaraty, que hoje precisa suportar -- e essa palavra deve ser carregada ao extremo -- os equívocos tremendos realizados pelos companheiros, que -- eu acuso -- atuaram corruptamente, cometendo crimes econômicos para beneficiar seus aliados do cartel das montadoras (que por acaso financiavam o partido legal e ilegalmente) ao implementar políticas declaradamente e deliberadamente inconsistentes com, e contrárias às regras da OMC.
Lamentável tudo isso.
Paulo Roberto de Almeida


Brasil tenta evitar retaliação na OMC

Com impasse sobre novo regime automotivo, País deve recorrer nesta semana da condenação no órgão e jogar decisão final para 2018
Jamil Chade, correspondente
O Estado de S. Paulo, 25 de setembro de 2017
GENEBRA - Vivendo um impasse que ameaça atrasar o anúncio do novo regime automotivo, o governo deve recorrer nesta semana da decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) que condenou o programas de incentivos fiscais do País, entre eles o Inovar-Auto.
Europa e Japão, que saíram vitoriosos da disputa legal na OMC, colocaram a condenação dos árbitros na agenda de reuniões da entidade da próxima sexta-feira em Genebra. Se aprovada, a decisão passa a valer, dando ao Brasil três meses para retirar todos subsídios e incentivos considerados ilegais.
O governo, porém, já indicou que vai recorrer nos próximos dias, o que jogaria decisão sobre a retirada dos subsídios para 2018. No órgão de apelação da OMC, julgamentos estão levando de 6 a 12 meses para serem considerados.
Na prática, o Brasil ganha tempo para evitar ser retaliado, já que especialistas, e mesmo diplomatas, consideram que seria uma “surpresa” se a instância máxima da OMC anulasse a condenação. O Itamaraty foi derrotado em todos os pontos da queixa dos europeus e japoneses. Se não agir, o Brasil ficaria vulnerável a uma retaliação de dois dos seus principais destinos de exportações.
A decisão de recorrer vem num momento-chave. O Estado revelou em sua edição de domingo que um impasse entre a equipe econômica e o Ministério da Indústria (Mdic) travou as discussões sobre o novo regime automotivo e ameaça atrasar o lançamento do Rota 2030, programa que substituirá o Inovar-Auto. As novas regras precisam estar prontas até 3 de outubro ou não haverá tempo hábil para que a nova política entre em vigor no dia 1.º de janeiro.
Um dos problemas é a resistência da Fazenda e do Planejamento em manter, em meio ao ajuste fiscal, incentivos tributários de R$ 1,5 bilhão ao ano para montadoras. Os técnicos do Mdic acreditam que eles ajudarão a acelerar investimentos.
Também não há consenso sobre quais devem ser as exigências para dar descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Integrantes da equipe econômica afirmam que, da forma como está o programa hoje, o País pode ter problemas novamente na OMC.
Com o novo programa implementado, o governo poderia alegar na OMC que o Inovar-Auto foi reformado e que o caso, portanto, estaria encerrado. A meta seria evitar que europeus e japoneses entrassem com pedido para retaliar o Brasil, o que custaria milhões de dólares à balança comercial do País.
Estratégia. Ao recorrer, o Brasil joga uma decisão final para 2018, na esperança que até lá um novo regime automotivo já esteja em vigor. Ainda na primeira instância, na tentativa de se defender, o Brasil justificou que as medidas de apoio tinham um cunho social, ambiental, de saúde e foram implementadas até mesmo para proteger a “moral pública”.
Entre os programas condenados estão os incentivos fiscais e redução do IPI. Iniciativas que terão de mudar incluem não só o Inovar-Auto, mas também a Lei de Informática, o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores e Displays (Padi), o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Equipamentos para a TV digital (PATVD), além do Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras (Recap), que suspende a cobrança de PIS e Cofins para quem exporta.
No total, centenas de empresas nacionais foram beneficiadas por esses programas, entre elas Samarco e Embraer.

Ricupero: livro A Diplomacia na Construcao do Brasil, 1750-2016, disponivel para compra

Finalmente, acabo de receber o anúncio da Editora Versal: 










http://versaleditores.us3.list-manage.com/track/click?u=4cfd1ebdb06d2e3351475969f&id=31d4a5e2dd&e=85ed661b7f


Rubens Ricupero lança:
“A diplomacia na construção do Brasil – 1750-2016”
(Rio de Janeiro: Versal Editores, 2017)

Em edição de capa dura e ilustrada, obra única sobre a história das relações do Brasil com o mundo terá lançamentos em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, a partir do dia 3 de outubro

Poucos países devem à diplomacia tanto como o Brasil. Além da expansão do território, em muitas das principais etapas da evolução histórica brasileira, as relações exteriores desempenharam papel decisivo. Com seus acertos e erros, a diplomacia marcou profundamente a abertura dos portos, a independência, o fim do tráfico de escravos, a inserção no mundo por meio do regime de comércio, os fluxos migratórios, voluntários ou não, que constituíram a população, a consolidação da unidade ameaçada pela instabilidade na região platina, a industrialização e o desenvolvimento econômico.

Até recentemente, a história das relações diplomáticas do Brasil se refugiava quase em notas ao pé da página ou, no melhor dos casos, em parágrafos esparsos dissociados do eixo central da grande narrativa. Com uma carreira dedicada ao serviço público, especialmente ao Itamaraty e à ONU, o diplomata e professor Rubens Ricupero enfrentou o desafio de “inserir o fio da diplomacia na teia sem costura da vida nacional, da qual é indissociável”. Aos 80 anos,  lança obra que é fruto de uma vida de ensino da história da política exterior brasileira: A diplomacia na construção do Brasil (Versal Editores).

As primeiras de uma série de palestras seguidas de sessões de autógrafos pelo país serão realizadas nos dias 3/10 no CIEE,  4/10 na FAAP e em 7/10 na JAPAN HOUSE, São Paulo  nos dias 9 e 10/10, em diferentes lugares, em Brasília, e nos dias 18 e 20/10, no Rio de Janeiro, respectivamente na Livraria Argumento do Leblon e no Itamaraty.

Com capa dura, 784 páginas e ilustrado com mapas, desenhos cartográficos e 80 imagens da história e da diplomacia, o livro analisa a diplomacia como causa e consequência da política interna e da economia do período colonial até os dias de hoje, incluindo a atual crise brasileira. Mostra, ao mesmo tempo, como a política externa contribuiu para a definição dos valores e ideais da identidade do país, de como os brasileiros se veem a si mesmos e sua relação com o mundo.

 Com documentos originais dos arquivos norte-americanos, o livro traz revelações novas sobre episódios como a intervenção militar de 1964 nos seus aspectos externos. Recorre a perspectivas comparativas com países latino-americanos e os Estados Unidos e renova a maneira de examinar a diplomacia em estreita ligação com os fatos políticos e as condições econômicas. “A ambição da obra é dialogar com os estudantes e também com aqueles que se interessam pela história do Brasil e sentem curiosidade pela forma como o país se relacionou com o mundo exterior e foi por ele influenciado”, explica o autor.

A DIPLOMACIA NA CONSTRUÇÃO DO BRASIL
Autor: Rubens Ricupero
Editora: Versal Editores
Formato:  17,5 x 24 cm
Páginas: 784
Preço: R$ 89,90

EVENTOS DE LANÇAMENTO

3 de outubro – São Paulo
Horário: 19:00 h
Onde: CIEE – Centro de Integração Empresa-Escola
Rua Tabapuã, 540 Itaim Bibi

4 de outubro - SÃO PAULO
Horário: 18:30h
Onde: FAAP, Centro de Convenções,
Rua Alagoas, 903 Higienópolis

7 de outubro- SÃO PAULO
Horário: 10:30h
Onde: JAPAN HOUSE São Paulo, na Avenida Paulista, 52


9 de outubro – BRASÍLIA
Horário: 17:00h
Onde: Palácio Itamaraty, Brasília

10 de outubro – BRASÍLIA
Horário: 10:00h
Onde: Sessão Especial na Comissão de Relações Exteriores da CD
Presidida pela Deputada Bruna Furlan (PSDB-SP), presidente da CRE-CD

Horário: 14:30h
Onde: Auditório do Instituto de Relações Internacionais da UnB
Natureza: Apresentação-debate com a participação do professor Estevão Chaves de Rezende Martins, do diplomata Paulo Roberto de Almeida, sob coordenação do prof. Antonio Carlos Lessa

Horário: 17:30h
Onde: CNI: Confederação Nacional da Indústria, SBN Quadra 1, Bloco C, Ed. Roberto Simonsen
Natureza: Talk-Show, com José Augusto Coelho Fernandes


18 de outubro - RIO DE JANEIRO
Horário: 19:00h
Onde: Livraria Argumento Leblon

20 de outubro – RIO DE JANEIRO
Horário: 10:00h
Onde: Palácio do Itamaraty
Debate com a participação de Rubens Ricupero, Marcos Azambuja e Gelson Fonseca (e, possivelmente, Celso Lafer, ainda não confirmado)

SOBRE O AUTOR
Nascido em São Paulo em 1937, Rubens Ricupero ingressou no Instituto Rio Branco em 1958 e iniciou a carreira diplomática em 1961.

Embaixador do Brasil junto às Nações Unidas em Genebra, Suíça, nos Estados Unidos e na Itália, foi ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, ministro da Fazenda durante a implantação do Real, subchefe da Casa Civil e assessor especial do presidente José Sarney. Atuou como assessor de política externa de Tancredo Neves na campanha para a Presidência da República, em 1984/5, e registrou a experiência no livro Diário de bordo: a viagem presidencial de Tancredo Neves (2010). Entre 1995 e 2004, dirigiu como Secretário Geral a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), em Genebra.

Diretor, mais tarde Decano, da Faculdade de Economia e Relações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), professor do Instituto Rio Branco e da Universidade de Brasília, colaborador dos mais influentes órgãos de imprensa do país e de publicações especializadas nacionais e estrangeiras, Ricupero é autor de nove livros sobre história diplomática, política, comércio e economia internacional, entre os quais se destacam Rio Branco: o Brasil no mundo (2000), O Brasil e o dilema da globalização (2001), Esperança e Ação A ONU e a busca de desenvolvimento mais justo (2002). A diplomacia na construção do Brasil é sua mais recente obra.


 

Monetary Statecraft in Brazil, 1808-2014 - Kurt Mettenheim; review by Gail Triner

Published by EH.Net (September 2017)
Kurt Mettenheim, Monetary Statecraft in Brazil, 1808-2014. New York: Routledge, 2016. xi + 206 pp. $131 (hardcover), ISBN: 978-1-84893-619-2.
Reviewed for EH.Net by Gail Triner, Department of History, Rutgers University.

Kurt Mettenheim’s Monetary Statecraft in Brazil, 1808-2014 tackles a useful and under-examined topic: the politics involved in making monetary policy in Brazil over the broad sweep from the origins of Brazil (in 1808, with the transfer of the monarchy from Portugal to Lisbon) through the early twenty-first century. The book’s central tenet is that politics, independently of economic circumstance and ideology, has driven monetary policy. Mettenheim takes the idea further in two directions by finding that monetary policy has been, first, the result of “muddling through and adapting ideas from abroad” (p.2; Mettenheim’s emphasis, although its relevance is not clear) and second, “central to democratisation and political development” (p. 171.)
The book offers a detailed continuous history of Brazilian monetary policy, and the politics that produced policy. In parallel with Brazilian political history, the rules governing money successively represented the interests of monarch, oligarchs, populist leaders, dictators, and emerging democrats/technocrats. This interpretation gives heavy weight to the original sin of monetary absolutism at the beginning of the nineteenth century, which initiated a path-dependent process that endured for two centuries. By responding to the interests of political elites and selectively adapting ideas developed elsewhere, monetary policy contributed to Brazilian poverty and inequality until the late twentieth century. At the end of the twentieth century, the politics of reaction against deeply embedded, long-term inflation and global financial crises facilitated fundamental monetary reform that has resulted in monetary stability and modernized central banking. With time, these reforms also created new monetary channels that responded to a wide range of social groups, including the working class and those aspiring to the working class.
The second important contribution of Monetary Statecraft is to articulate the role of monetary decisions in social welfare. Mettenheim emphasizes the benefits of monetary stability after decades of high inflation and of financial inclusion (policies extending access to the financial system) allowed widespread improvement in the standard of living in Brazil. The “positive sum relations between political development and monetary policy” (p. 169) generated large political returns to stability and financial inclusion. Monetary historians seldom make the connection between monetary policy and broader political aims; asserting a causal direction from monetary policy to political democracy occurs even more rarely. This conclusion is one that has the potential for engaging much future debate.
Methodologically and analytically, Monetary Statecraft reflects Mettenheim’s perspective as a political scientist in the School of Business Administration (Social and Legal Studies Department) at the Fundação Getúlio Vargas in São Paulo. The monograph is a model of clarity about is methods: it relies on historical analysis of monetary institutions and on recursive policy tracing in preference to the economist’s tools of quantitative analysis. Since its goal is to trace politics, this choice of methods is commonsensical. Economic historians may find that asserting the primacy of politics comes at a cost to understanding the interrelationship of politics with ideology, economic dynamics and circumstances. Additional research to integrate Mettenheim’s questions and perspective with existing literature may provide a follow-up to the current book.
Perhaps as a result of the disciplinary divide between the orientations of the author and readers of this review, much of the book’s terminology may be unfamiliar and merits more attention than it receives. Mettenheim defines monetary statecraft as “a theory that accounts for the open-ended, autonomous character of politics” (p. 1.) Some may wonder about the value-added of the term “statecraft” relative to “policy-making.” Further examples of the concern about terminology include: “policy tracing,” “epistemic communities,” “national liberalism,” “Kemmerer coalitions” (especially confusing, since Edwin Kemmerer did not ply his trade in Brazil) and most importantly “muddling through.”
We all know what “muddling through” means when we have not prepared for a class or read a seminar paper; in this context, Mettenheim seems to mean that short-term political reaction shaped monetary policy more than economic circumstance or ideology. One wonders how policy-making and governing could, at a first approximation, proceed otherwise. The argument does not take seriously the possibility that shifting ideological competition, emerging economic ideas and economic circumstance could define short-term politics. The framework minimizes the relevance of ideas and ideology in monetary policy-making. Ignoring the importance of the (dynamic) history of Brazilian economic thought deserves justification. Such late twentieth-century economic experiences as hyperinflation, debt and petroleum crises, and state-led developmentalism created economic circumstances that deeply implicated monetary policy. Insistence on the primacy of political competition, rather than the economic dynamics of these circumstances, relegates the economic effects to the background. Economic historians will approach that view with a great deal of skepticism. A deeper dive into the underlying economic and ideological formation of immediate politics would have been useful in this regard.
Finally, the presentation of the narrative is of concern. Scholars of Brazilian economic history will be able to work with the book’s ideas. The uninitiated may have trouble making sense of the (unexplained) importance of specific individuals and organizations, as well as accommodating the inconsistencies of naming conventions, currency denominations and some terminology. The book’s clarity also would have benefited from comprehensive editing of the text, graphs and tables.
Monetary Statecraft in Brazil: 1808-2014 traces two centuries of Brazilian monetary history in detail and addresses important issues in the formulation of policy. It can serve to open a spirited debate about the political and economic roles of monetary policy-making.

Gail Triner is the author of Mining and the State in Brazilian Development (Pickering & Chatto, 2010) and Banking and Economic Development: Brazil, 1889-1930 (Palgrave, 2001) as well as articles on Brazilian economic history.
Copyright (c) 2017 by EH.Net. All rights reserved. This work may be copied for non-profit educational uses if proper credit is given to the author and the list. For other permission, please contact the EH.Net Administrator (administrator@eh.net). Published by EH.Net (September 2017). All EH.Net reviews are archived at http://www.eh.net/BookReview.