O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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terça-feira, 1 de setembro de 2020

Revolução Liberal do Porto: 200 anos - Homenagem da CD

Acredito que na ocasião será lançado este livro, com o qual colaborei com este artigo: 

3615. “Formação do constitucionalismo luso-brasileiro no contexto das revoluções ibero-americanas do início do século XIX”, Brasília, 2 abril 2020, 21 p. Colaboração a volume de José Theodoro Menck da série sobre o bicentenário da Revolução do Porto. Revisto em 3/08/2020. Publicado In: José Theodoro Mascarenhas Menck (org.), O constitucionalismo e o fim do absolutismo régio: obra comemorativa dos 200 anos da Revolução Constitucionalista do Porto de 1820 (Brasília: Edições da Câmara, 2020; ISBN: ; pp. ). Relação de Publicados n. 1464.


O destino da nação: declínio ou renovação da democracia brasileira? - Paulo Roberto de Almeida

Um paper para debate: 

3745. “O destino da nação: declínio ou renovação da democracia brasileira?”, Brasília, 31 agosto-1 setembro 2020, 7 p. Notas para uma palestra debate no quadro do projeto BNFB, Bolsonarismo Novo Fascismo Brasileiro, com apresentação em 8/09/2020. Disponível nas plataformas Academia.edu (link: https://www.academia.edu/43998324/O_destino_da_nacao_declinio_ou_renovacao_da_democracia_brasileira), Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/344037061_O_destino_da_nacao_declinio_ou_renovacao_da_democracia_brasileira).

destino da nação: declínio ou renovação da democracia brasileira?

Paulo Roberto de Almeida
[Objetivo: Notas para desenvolvimento oral no quadro de debates no âmbito do projeto BNFB; finalidadepalestra-debate, 8/09/2020; 16h00]

Sumário: 
1. Prolegômenos conceituais preliminares
2. A História não se repete, nem mesmo como farsa
3. O que fazer na ausência de algum estadista circunstancial?
4. Uma nova Idade das Trevas?


1. Prolegômenos conceituais preliminares
Sou bastante cético quanto ao primeiro B do projeto “Bolsonarismo Novo Fascismo Brasileiro”, provavelmente contra a opinião de certa parte dos cientistas políticos de nossa torre de marfim acadêmica, atualmente mais parecida a uma Torre de Babel no que concerne justamente a interpretação desse fenômeno. Recuso-me a atribuir tanta honra (invertida) a essa espécie de lumpen-fascismo, quando ele talvez não mereça sequer uma nota de rodapé nos futuros livros de história do Brasil a serem escritos até o final do século XXI.
Será que essa doença política superficial – uma mera alergia de pele? –, incômoda neste momento, desaparecerá sem deixar muitos traços na epiderme da sociedade brasileira, ao lhe aplicarmos uma pomada eleitoral em 2022? Ou será que ela persistirá por pelo menos mais um período de mandato presidencial – graças ao sucesso temporário dos remédios distributivos que estarão sendo aplicados neste terceiro ano de desgoverno – até que o fracasso previsível do populismo de direita conduza o país aos mesmos impasses econômicos já produzidos por certos populismos de esquerda?
(...)

Ler a íntegra nos seguintes links: 

CFP to RBPI: Systemic crises of the 21stcentury - March 31st, 2021

Received from Revista Brasileira de Política Internacional

01-Sep-2020

Dear Dr. Paulo Roberto de Almeida

The 21st century is only beginning, but that it has had a turbulent start cannot be denied. Successive crises of different natures have been accumulating over the last two decades, starting with the first major financial crisis of this century, that of 2008, which had enormous social and economic consequences. Out of the political turmoil that has occurred this “short 21st century”, perhaps the main one is the weakening of the European Union’s community project, with the painful political process of Brexit. After that, political crises have intensified worldwide because of international political realignments derived from the strong emergence of conservative governments in Europe, North America, and Latin America.

Such systemic crises in politics and the economy have not been temporary or limited. Over the years, their effects have penetrated several regions around the world, while there has been a broadening of systemic crises. Humanitarian crisis appears from Sudan to Venezuela, coinciding with great activism on the part of violent social actors; refugee crises spread from Syria to Italy, across Europe, and into Latin America; environmental disasters occur from Australia and the Amazon; the latest crisis, the global public health calamity generated by the spread of Covid-19, is another cumulative crisis that has been added, with far-reaching impacts across the globe.

How have those systemic crises impacted and reconfigured changes in traditional international governance? Put differently, how do global crises impact the set of rules and norms in the form of international regimes or international organizations that govern international society? Who are the new agents of international governance, and what are their governance dynamics? How do crises generate new demands and foster new forms of global (dis)governance?

Traditional governance, that is, the set of rules that regulate the life of national and international society (in the form of regional or global multilateralism), and whose primary source of regulation is the state, has been tensioned. In the same way, societies are witnessing the emergence of new forms of formal and informal governance. The latter range from informal regional political agreements, along the lines of Prosur or the Lima Group, in Latin America, or the Frugal Four in Europe– their differences notwithstanding –, to new forms of governance generated by non-state agents working in fields such as trade, the environment, and human rights, all the way to forms of informal governance offered by transnational “outlaw” agents.

Hence, this call for papers welcomes contributions addressing how systemic crises of the 21stcentury are impacting traditional and new forms of international governance according to the following topics:

1. Changes in the concepts, practices, and methodologies of international governance approach;
2. Variations on who the agents and actors of international governance are today;
3. Pressures on traditional forms of governance organized in the way of regimes and multilateralism;
4. Transformations in regionalism brought about by international crisis;
5. The emergence of forms of informal political regionalism in the Global South driven by nationalist or conservative governments;
6. New forms of informal governance within and without the law;
7. Pressures on state governance in the field of security and their consequences;
8. Reactions of international powers to changes in formal and informal governance; and
9. Great and intermediate power responses to the challenges that have arisen in global and regional governance.

Rafael Duarte Villa (Associate Professor at the Department of Political Science of the University of São Paulo) and Haroldo Ramanzini Júnior (Associate Professor at the Institute of Economy and International Relations of the Federal University of Uberlândia) will edit the Special Issue.

All submissions should be original and unpublished, must be written in English, including an abstract which does not exceed 60 words (and 4-6 keywords in English), and follow the Chicago System. They must be in the range of 8,000 words (including title, abstract, bibliographic references, and keywords). RBPI general author’s guidelines can be found at https://www.scielo.br/revistas/rbpi/iinstruc.htm. Submissions must be made at http://www.scielo.br/rbpi (Online Submissions).

Articles can be submitted until March 31st, 2021. As a result of the collapse of public funding for the Brazilian scientific journals, especially those granted by the National Council for Scientific and Technological Development, RBPI had to start charging processing fees for articles approved for publication. The RBPI charges an article publication fee payable by authors whose works are accepted for publication, which is used exclusively to cover the costs of the editorial production services. Authors are encouraged to seek support from their institutions for the full or partial payment of publication fees. RBPI maintains a policy of partial waiver for publication fees, upon the availability of funds, reserved exclusively for doctoral students (they have to prove they do not have support from their Graduate Studies Programs to cover full or partial payment of the fees).

RBPI is published exclusively online at Scielo (http://www.scielo.br/rbpi), following the continuous publication model. This model gives faster publication for authors and faster access for readers because the articles are published online at the very moment their editorial production is finished. The first segment will be released in March 2021.

Superávit comercial, a despeito de queda nos volumes; agricultura salvou a lavoura (OESP)


Balança comercial registra superávit de US$ 6,6 bilhões no melhor mês de agosto em 32 anos
Apesar da alta, tanto a média diária das importações quando das exportações caíram na comparação com 2019; agricultura foi o setor com os melhores resultados no mês
Idiana Tomazelli, O Estado de S.Paulo
01 de setembro de 2020 | 16h51

BRASÍLIA - Com uma queda nas importações devido à pandemia da covid-19, a balança comercial brasileira registrou um superávit recorde em agosto. As exportações superaram as importações em US$ 6,609 bilhões, o maior resultado para o mês na série iniciada em 1989, ou seja, é o maior superávit em 32 anos. 
O superávit acontece quando as exportações superam as importações. Quando ocorre o contrário, é registrado déficit comercial. No ano, resultado positivo já soma US$ 36,594 bilhões.
O dado de agosto ficou dentro do intervalo das projeções de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que previam saldo positivo de US$ 3 bilhões a US$ 11,497 bilhões. A mediana indicava superávit de US$ 6,80 bilhões em agosto.
Apesar do recorde, tanto as exportações quanto as importações registraram quedas na média diária em comparação a agosto de 2019. As compras vindas do exterior, porém, desabaram em maior magnitude, o que fez a balança pender para o lado positivo.
Em valores absolutos, as exportações somaram US$ 17,741 bilhões em agosto, enquanto as importações ficaram em US$ 11,133 bilhões.
A média diária das importações caiu 25,1% em relação a agosto do ano passado, com tombo de 59,5% na indústria extrativa e queda de 23,8% na indústria de transformação. A média diária de importações da agropecuária caiu 0,8%, sempre na comparação com agosto de 2019.
Já no caso das exportações, a queda foi de 5,5%, puxada por indústria extrativa (-15,4%) e indústria de transformação (-7,7%). A agricultura teve alta de 14,6% na média diária. O mês de agosto de 2019 teve um dia útil a mais, observou o Ministério da Economia.
No oitavo mês de 2019, o saldo positivo da balança havia ficado em US$ 4,1 bilhões. O Ministério da Economia divulgou ainda os superávits de US$ 1,75 bilhão na 4ª semana de agosto (24 a 30) e de US$ 73 milhões na 5ª semana (31).

Revisão
As novas projeções do governo para a balança comercial, que devem ser anunciadas no início de outubro, podem apontar quedas menores nas exportações e importações, disse hoje o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão.
No início de julho, o governo anunciou uma estimativa de saldo positivo da balança em US$ 55,4 bilhões, um aumento de 15,2% em relação ao superávit de 2019. Porém, os cálculos apontavam que o resultado seria fruto de quedas de 10% nas exportações e de 17% nas importações.
Segundo Brandão, nos primeiros oito meses do ano houve uma queda menor das exportações e importações do que o inicialmente projetado. “Temos notado comportamento da exportação muito robusto, com volumes crescendo e batendo recordes”, disse.
No acumulado do ano, a queda na média diária de exportações foi de 6,6%, enquanto o recuo nas importações foi de 12,3%, sempre na comparação com igual período de 2019. O saldo até agora é positivo em US$ 36,594 bilhões.
“É possível que os resultados, as quedas de importação e exportação, sejam menores que projetamos”, afirmou o subsecretário.
Segundo ele, o governo fará as revisões ao longo do mês de setembro para divulgar no fim do terceiro trimestre.


Ccruzando os Estados Unidos, 2014 - Carmen Lícia Palazzo e Paulo Roberto de Almeida


Relembrando uma das melhores viagens que fizemos na vida, junto com uma por toda a Escandinávia, até o círculo Boreal.

Across the Empire: cruzando os Estados Unidos, 2014

Viagem de Paulo Roberto de Almeida e Carmen Lícia Palazzo, em setembro de 2014

Postado no blog Diplomatizzando em 5 de maio de 2015 (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/05/across-empire-cruzando-os-estados.html )

No curso do mês de setembro de 2014, Carmen Lícia e eu atravessamos pela segunda vez os EUA de carro, de uma costa a outra. Em 2013, tínhamos feito o percurso pelo centro dos EUA – com um pequeno desvio no Colorado, que estava então submergido por inundações catastróficas, e tivemos de seguir pelo norte, pelos estados de Wyoming e Montana, antes de descer a Utah – e voltamos pelo sul. Em 2014, fomos e voltamos pelo norte, mas fizemos, justamente, uma descida até o Colorado, para visitar o que tinha sido impossível no ano anterior. Entramos duas vezes no Canadá, tanto no Pacífico, quanto por Detroit, até Toronto. Toda a viagem foi objeto de postagens constantes, quase diárias, e estão refletidas abaixo, linearmente, ou cronologicamente.

Lista de postagens no blog Diplomatizzando Across the Empire 2014:
Crossing the Empire (0): segunda viagem através dos EUA: 12,6 mil km em 30dias:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/crossing-empire-segunda-viagem-atraves.html
1) Across the Empire (1) First day: boring roads, sempre mais do que o planejado...:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/across-empire-1-first-day- boring-roads.html
2) Across the Empire (2) Second day: only the road, no more than the road...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/across-empire-2-second-day-only-road-no.html
3) Across the Empire (3): Des Moines, Omaha e o caminho dos pioneiros...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-3-des-moines-omaha-e-o.html
4) Across the Empire (4): de North Platte, Nebraska, a Denver, Colorado: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-4-de-north-platte.html
5) Across the Empire (5): em Denver, num jardim botânico de vidro (Chihuly): http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-5-em-denver-num-jardim.html).

6) Across the Empire (6): Leituras no Colorado:
7) Across the Empire (7): de Denver a Cody, leituras no velho Oeste:
8) Across the Empire (8): tinha um Yellowstone no caminho:
9) Across the Empire (9): de Twin Falls a Portland, pelo Oregon Trail:
10) Across the Empire (10): em Portland, buscando cultura:
11) Across the Empire (11): de Portland, OR, a Tacoma, WA:
12) Across the Empire (12): de novo com Chihuly, desta vez em Seattle:
13) Across the Empire (13): em Vancouver, fazendo o balance da metade do caminho:
14) Across the Empire, 2014 (14): Flanando em Vancouver:
15) Across the Empire, 2014 (15): Adieu, Vancouver (mas prometemos voltar):
16) Across the Empire, 2014 (16): De Vancouver a Missoula, Montana: dois países, três estados, quase 1000 km:
17) Across the Empire, 2014 (17): De Missoula, Montana, ao Mount Rushmore, South Dakota, via Little Big Horn:
18) Across the Empire, 2014 (18): De South Dakota a Minnesota, terras de cowboys, gado e milharais:
19) Across the Empire, 2014 (19): Wisconsin e Michigan, dos vidros ao lago:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-19-wisconsin-e.html
20) Across the Empire, 2014 (20): balanço quantitativo de 20 dias de viagem:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-20-balanco.html
21) Across the Empire, 2014 (21): Detroit, a Paris (falida) do MidWest?:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-21-detroit-paris.html
22) Across the Empire, 2014 (22): Detroit, entre a tecnologia e a arte:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-22-detroit-entre.html
23) Across the Empire, 2014 (23): de Detroit a Toronto, só turismo e gastronomia...:
http://diplomatizzando.blogspot.ca/2014/09/across-empire-2014-23-de-detroit.html
24) Across the Empire, 2014 (24): Toronto, cultura e pequenos prazeres:
http://diplomatizzando.blogspot.ca/2014/09/across-empire-2014-24-toronto-cultura-e.html
25) Across the Empire, 2014 (25): Back home, where there is workwaiting...:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-25-back-home-where.html
26) Across the Empire, 2014 (26): balanço final e avaliação:

27) Across the Empire, 2014 (27): listagem consolidada das postagens da viagem nosEUA, coast to coast:

No ano de 2013, tínhamos cruzado os EUA, e eu também postei muita coisa no meu blog, a despeito de não ter feito uma relação tão minuciosa quanto a que efetuei em 2014. Em todo caso, aqui está a informação consolidada sobre esta viagem:

2515. “Across the whale in (less than) a month: United States coast to coast”, Hartford,9-10 Outubro 2013, 27 p. Consolidação da informação postada no blog durante os 26dias de viagem pelos Estados Unidos, de uma costa a outra, entre os dias 13 de setembro e 9 de outubro, sem as fotos colocadas no blog Diplomatizzando.
Roteiro de viagem postado: 

Como escrevi nessa postagem:
Quem desejar ler tudo o que escrevi, durante a viagem, vai precisar acessar o instrumento de busca deste blog, usando as palavras-chaves: "Across the whale", e aí deve aparecer todas as postagens sob essa rubrica (1 a 20), como feito aqui:


Militares no Brasil: uma vida pouco armada, bem mais pacífica e tranquila - Ricardo Bergamini

Gastos com Pessoal Militar das Forças Armadas – Fonte: ME

Base: Ano de 2019

Itens
Quantitativo
R$ Bilhões
%
Ativos
381.830
28,2
36,24
Reserva e Reforma
161.069
25,5
32,78
Pensionistas
226.783
24,1
30,98
Total Pessoal Militar
769.682
77,8
100,00


Em 2019 existiam 381.830 militares ativos das Forças Armadas, sendo que 212.543 eram recrutas rotativos que não faziam parte do RPPS (Regime Próprio da Previdência Social dos Militares), com isso o efetivo ativo contribuinte para o RPPS era de apenas 169.287 para um contingente de 387.852 inativos, gerando uma relação de 0,43 ativos para 1,00 inativos.

O quadro demonstrativo acima demonstra, de forma clara e indiscutível, para a distorção causada pela pensão das filhas de militares nas contas nacionais, gerando uma aberração econômica, onde se gasta 36,24% com pessoal ativo e 63,76% com pessoal inativo (reserva, reforma e pensões).

Essa anomalia econômica foi encerrada em 2001, mas em função do maldito direito adquirido existente para os trabalhadores de primeira classe (servidores públicos) seus efeitos financeiros somente ocorrerão em torno do ano de 2036. 

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.
Ricardo Bergamini


Mourão diz ser contra permissão para militares receberem acima do teto

Segundo jornal 'O Estado de S. Paulo', Defesa tem aval da AGU para que militares recebam acima do teto constitucional de R$ 39,2 mil. Mourão diz que não há recursos sobrando no país. 
Por Guilherme Mazui, G1 — Brasília
31/08/2020

Mourão diz ser contra militares com cargo no governo receberem acima do teto

Mourão diz ser contra militares com cargo no governo receberem acima do teto

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou nesta segunda-feira (31) que é contra a liberação para que militares recebam acima do teto constitucional do funcionalismo (R$ 39,2 mil, vencimento de ministro do Supremo Tribunal Federal).

Mourão comentou reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” sobre o desejo do Ministério da Defesa de permitir que militares que ocupam cargos no governo recebam acima do teto.

Conforme a reportagem, a Advocacia-Geral da União (AGU) deu parecer favorável ao desejo da Defesa e das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), porém a equipe econômica do próprio governo tenta barrar o pagamento.

Segundo a assessoria da AGU, o parecer está suspenso desde maio, para reexame.

Segundo Mourão, que é general da reserva do Exército, há decisão judicial que permite a prática defendida pela Defesa. No entanto, ao analisar a “questão ética e moral”, Mourão é contra o acúmulo, já que o país enfrenta situação fiscal difícil.

"Tem a questão ética e moral, que eu acho que, então, não é o caso. Eu, claramente, sou contra isso aí em um momento que nós estamos vivendo. Se a gente estivesse vivendo uma situação normal, país com recurso sobrando, tudo bem. Mas não é o que está acontecendo", disse o vice-presidente.

De acordo com "O Estado de S. Paulo", o aval obtido pela Defesa permite driblar o chamado “abate-teto”. O mecanismo reduz as remunerações de servidores públicos ao máximo permitido pela legislação, o teto constitucional, que equivale ao vencimento de um ministro do STF.

Segundo a reportagem, a Defesa argumenta que o aval corrigiria distorções. O ministério questionou a AGU para saber se poderia aplicar o abata-teto a cada provimento de forma separada, ou seja, sem somar aposentadoria com salário pago pela função exercida no governo.

Militares no governo


O presidente Jair Bolsonaro, que foi para a reserva como capitão do Exército, tem três ministros com gabinete no Palácio do Planalto que são generais da reserva: Walter Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

Vice-presidente, Mourão também é general da reserva, assim como o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva.

Já o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, é almirante da Marinha. O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, é tenente-coronel da reserva da Aeronáutica.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Os delírios e mentiras de Bolsonaro isolaram o Brasil da América Latina, China, Europa e até dos EUA - João Filho (The Intercept)



Os delírios e mentiras de Bolsonaro isolaram o Brasil da América Latina, China, Europa e até dos EUA

Da Amazônia aos direitos humanos, passando pelo coronavírus, Bolsonaro transformou o Brasil em pária do mundo.
The Intercept, 14 de Junho de 2020, 1h02
Se antes o Brasil era uma referência em diplomacia internacional e almejava ser protagonista nas relações com o mundo, hoje o país é rejeitado até mesmo pelos seus vizinhos.

O BEM-SUCEDIDO projeto de destruição da democracia do governo Bolsonaro está promovendo uma lenta e dolorosa morte da reputação do país. Com a chegada da pandemia, ficou claro para o mundo que o Brasil está nas mãos de conservadores xucros, fundamentalistas religiosos e psicopatas dispostos a empurrar compatriotas para o cemitério em nome da salvação da economia. Se antes já havia motivos de sobra para a desconfiança internacional, agora a coisa ficou escancarada.
Bolsonaro é, sob qualquer ponto de vista, o pior presidente do mundo no enfrentamento ao coronavírus. A extrema direita avançou no mundo inteiro, mas no Brasil esse avanço está se dando com requintes de crueldade. Mesmo Trump e Orbán, dois presidentes extremistas que são referências para Bolsonaro, basearam suas ações na ciência e determinaram o isolamento social como fundamental para a contenção da infecção. Já Bolsonaro, com base em misticismos forjados no WhatsApp e nos delírios do vovô da Virgínia, trabalha na direção contrária.


O enterro está sendo agora, mas o velório começou antes mesmo do bolsonarismo tomar posse. Ainda em novembro de 2018, a xucrice bolsonarista já exibia suas credenciais para o mundo: desrespeitaram abertamente a China, nosso principal parceiro comercial. Atacaram o Mercosul. Criaram atrito com os países árabes ao anunciar mudança da embaixada de Israel para Jerusalém. Ameaçaram sair do Acordo de Paris. Tudo isso aconteceu ainda faltando um mês para a posse. O estrago feito em poucos dias já era um indicativo da tragédia que viria nesse ano e meio de mandato.
A política internacional bolsonarista é guiada exclusivamente pela ideologia barata de Steve Bannon, o promoter da extrema direita no mundo. É uma ideologia que considera razoável o filho do presidente, que mal sabe falar inglês, se tornar o embaixador brasileiro nos EUA. Estar preparado para o cargo não é uma condição para assumi-lo. Para isso basta ser reaça. As ações internacionais desse governo, portanto, não são pensadas para trazer bons negócios para o país e melhorar a vida do povo brasileiro, mas para cumprir a agenda “anti-globalista” de uma turminha delirante. A expectativa era fazer nosso comércio exterior se aproximar dos capitalistas dos EUA e se afastar dos comunistas chineses. A realidade está sendo outra: EUA e China se afastando cada vez mais do Brasil.
Essas patacoadas internacionais foram se acumulando e atingiram o pico com a maneira esotérica como enfrentamos o coronavírus. A comunidade internacional está nos isolando progressivamente. Mesmo o principal aliado, Trump, tem criticado reiteradamente o Brasil e proibiu a entrada de brasileiros em seu país. Este 2020 pode ser considerado o ano em que o Brasil se transformou em pária internacional.
O bolsonarismo prometeu acabar com a política internacional ideologizada dos governos do PT, ignorando que a relação política entre Brasil e EUA, por exemplo, já foi tão boa que Lula quase virou amigo do direitista George Bush. Ainda antes de tomarem posse, Eduardo Bolsonaro esteve nos EUA com Steve Bannon e desfilou com um boné da campanha Trump 2020. Essa vergonhosa puxação de saco com Trump foi, por óbvio, uma tragédia em termos diplomáticos. Trump não é o dono dos EUA e praticamente todas as importantes decisões do governo precisam de aprovação da Câmara, que hoje é composta por uma maioria democrata.
Na semana passada, uma comissão da Câmara americana declarou que rejeitará qualquer parceria econômica com “o Brasil do presidente Jair Bolsonaro”. Sim, a rejeição não é ao país, mas especificamente ao país presidido por Bolsonaro. Em carta enviada ao principal negociador comercial dos EUA, o embaixador Robert Lighthizer, a Câmara justifica a rejeição: “há um completo menosprezo (do governo Bolsonaro) por direitos humanos básicos, pela necessidade de proteger a floresta amazônica e pelos direitos e dignidade dos trabalhadores (…) O aprimoramento do relacionamento econômico entre os EUA e o Brasil, neste momento, iria minar os esforços dos defensores dos direitos humanos, trabalhistas e ambientais brasileiros para promover o estado de direito e proteger e preservar comunidades marginalizadas”.
Outra razão para a rejeição de acordos comerciais com o Brasil: “as declarações depreciativas sobre mulheres, populações indígenas e pessoas identificadas por gênero ou orientação sexual, além de outros grupos”.  É claro que também há interesses econômicos por trás dessa rejeição dos democratas, mas é inegável que a imagem manchada do país atrapalha os negócios.
Na Europa, há uma enxurrada de países rejeitando parcerias comerciais com o Brasil. Na última quarta, o parlamento holandês se colocou contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que ainda depende da aprovação de países participantes. Motivos? A devastação da Amazônia e o descaso com os povos indígenas comandados por Jair Bolsonaro.
Em fevereiro, um parlamento regional na Bélgica rejeitou por unanimidade o mesmo acordo, usando as mesmas justificativas. Além desses países, França, Irlanda e Alemanha também já deram sinais claros que não vão assinar acordos comerciais com o Brasil pelos mesmos motivos.
Mês passado, Yasmin Fahimi, deputada alemã que preside o Grupo Parlamentar Brasil-Alemanha, afirmou que não sabia como seria possível conciliar as políticas de Bolsonaro com as exigências para o acordo União Europeia-Mercosul. E completou: “Bolsonaro representa um perigo para a democracia, para o estado de direito e para a existência da floresta amazônica”. O bolsonarismo está descobrindo na prática que se apresentar ao mundo como inimigo do meio ambiente e dos direitos humanos não é bom para os negócios — uma obviedade que nem o chimpanzé mais esperto do bando, o Paulo Guedes, conseguiu enxergar.
Além dos EUA impedirem a entrada de brasileiros no país pelo descaso do governo no combate à pandemia, outros países estão fazendo o mesmo. Nossos vizinhos de continente temem que o descaso do governo brasileiro respingue em seus países. O Paraguai fechou as fronteiras do país por temer, segundo uma autoridade paraguaia, que a “situação caótica” vivida pelo Brasil chegue ao país. Argentina e Uruguai também reforçaram o controle nas fronteiras com o Brasil, levando motoristas de caminhão brasileiros a sofrerem discriminação pelas autoridades estrangeiras.
Na Colômbia, o maior número de casos de coronavírus está em uma cidade amazônica que faz fronteira com o Brasil. O ministro da Saúde colombiano atribuiu o problema à falta de diálogo com as autoridades brasileiras.  Na Bolívia, o quadro se repete. As cidades que fazem fronteira com o Brasil estão entre as que  mais têm casos no país. O sistema de saúde da região boliviana na Amazônia já entrou em colapso.
Apesar da profunda recessão econômica, o governo que prometeu ultraliberalismo na economia vem implodindo todas as pontes comerciais do país. A nossa diplomacia não está a serviço dos brasileiros, mas de uma agenda global da extrema direita. Em nenhum outro momento da República, o Brasil esteve tão isolado. Se antes o país era uma referência em diplomacia internacional e almejava ser protagonista nas relações com o mundo, hoje é rejeitado até mesmo pelos seus vizinhos. A transformação do Brasil em pária internacional é consequência direta do até aqui muito bem-sucedido plano de destruição progressiva da democracia.
Hoje, nós somos vistos pelo mundo como uma republiqueta das bananas cujo líder é um homem autoritário que renega a ciência, esconde dados fundamentais para a segurança sanitária e faz ameaças semanais de golpe de estado. Esse é o paiseco que nós viramos.