O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 14 de junho de 2023

Kissinger-Metternich in 2014: accomodating Putin’s interests in Ukraine

 An opinion by the already old (91 years old) machiavellian strategist, always contemplating great powers ambitions over geopolitical matters. For the record, Finland would not be a suitable case forUkraine in 2014 (the year of this Opinion), as it has now joined NATO by its own decision

PRA

How the Ukraine Crisis Ends

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Ccruzando os Estados Unidos, 2014 - Carmen Lícia Palazzo e Paulo Roberto de Almeida


Relembrando uma das melhores viagens que fizemos na vida, junto com uma por toda a Escandinávia, até o círculo Boreal.

Across the Empire: cruzando os Estados Unidos, 2014

Viagem de Paulo Roberto de Almeida e Carmen Lícia Palazzo, em setembro de 2014

Postado no blog Diplomatizzando em 5 de maio de 2015 (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/05/across-empire-cruzando-os-estados.html )

No curso do mês de setembro de 2014, Carmen Lícia e eu atravessamos pela segunda vez os EUA de carro, de uma costa a outra. Em 2013, tínhamos feito o percurso pelo centro dos EUA – com um pequeno desvio no Colorado, que estava então submergido por inundações catastróficas, e tivemos de seguir pelo norte, pelos estados de Wyoming e Montana, antes de descer a Utah – e voltamos pelo sul. Em 2014, fomos e voltamos pelo norte, mas fizemos, justamente, uma descida até o Colorado, para visitar o que tinha sido impossível no ano anterior. Entramos duas vezes no Canadá, tanto no Pacífico, quanto por Detroit, até Toronto. Toda a viagem foi objeto de postagens constantes, quase diárias, e estão refletidas abaixo, linearmente, ou cronologicamente.

Lista de postagens no blog Diplomatizzando Across the Empire 2014:
Crossing the Empire (0): segunda viagem através dos EUA: 12,6 mil km em 30dias:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/crossing-empire-segunda-viagem-atraves.html
1) Across the Empire (1) First day: boring roads, sempre mais do que o planejado...:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/across-empire-1-first-day- boring-roads.html
2) Across the Empire (2) Second day: only the road, no more than the road...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/across-empire-2-second-day-only-road-no.html
3) Across the Empire (3): Des Moines, Omaha e o caminho dos pioneiros...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-3-des-moines-omaha-e-o.html
4) Across the Empire (4): de North Platte, Nebraska, a Denver, Colorado: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-4-de-north-platte.html
5) Across the Empire (5): em Denver, num jardim botânico de vidro (Chihuly): http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-5-em-denver-num-jardim.html).

6) Across the Empire (6): Leituras no Colorado:
7) Across the Empire (7): de Denver a Cody, leituras no velho Oeste:
8) Across the Empire (8): tinha um Yellowstone no caminho:
9) Across the Empire (9): de Twin Falls a Portland, pelo Oregon Trail:
10) Across the Empire (10): em Portland, buscando cultura:
11) Across the Empire (11): de Portland, OR, a Tacoma, WA:
12) Across the Empire (12): de novo com Chihuly, desta vez em Seattle:
13) Across the Empire (13): em Vancouver, fazendo o balance da metade do caminho:
14) Across the Empire, 2014 (14): Flanando em Vancouver:
15) Across the Empire, 2014 (15): Adieu, Vancouver (mas prometemos voltar):
16) Across the Empire, 2014 (16): De Vancouver a Missoula, Montana: dois países, três estados, quase 1000 km:
17) Across the Empire, 2014 (17): De Missoula, Montana, ao Mount Rushmore, South Dakota, via Little Big Horn:
18) Across the Empire, 2014 (18): De South Dakota a Minnesota, terras de cowboys, gado e milharais:
19) Across the Empire, 2014 (19): Wisconsin e Michigan, dos vidros ao lago:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-19-wisconsin-e.html
20) Across the Empire, 2014 (20): balanço quantitativo de 20 dias de viagem:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-20-balanco.html
21) Across the Empire, 2014 (21): Detroit, a Paris (falida) do MidWest?:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-21-detroit-paris.html
22) Across the Empire, 2014 (22): Detroit, entre a tecnologia e a arte:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-22-detroit-entre.html
23) Across the Empire, 2014 (23): de Detroit a Toronto, só turismo e gastronomia...:
http://diplomatizzando.blogspot.ca/2014/09/across-empire-2014-23-de-detroit.html
24) Across the Empire, 2014 (24): Toronto, cultura e pequenos prazeres:
http://diplomatizzando.blogspot.ca/2014/09/across-empire-2014-24-toronto-cultura-e.html
25) Across the Empire, 2014 (25): Back home, where there is workwaiting...:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-25-back-home-where.html
26) Across the Empire, 2014 (26): balanço final e avaliação:

27) Across the Empire, 2014 (27): listagem consolidada das postagens da viagem nosEUA, coast to coast:

No ano de 2013, tínhamos cruzado os EUA, e eu também postei muita coisa no meu blog, a despeito de não ter feito uma relação tão minuciosa quanto a que efetuei em 2014. Em todo caso, aqui está a informação consolidada sobre esta viagem:

2515. “Across the whale in (less than) a month: United States coast to coast”, Hartford,9-10 Outubro 2013, 27 p. Consolidação da informação postada no blog durante os 26dias de viagem pelos Estados Unidos, de uma costa a outra, entre os dias 13 de setembro e 9 de outubro, sem as fotos colocadas no blog Diplomatizzando.
Roteiro de viagem postado: 

Como escrevi nessa postagem:
Quem desejar ler tudo o que escrevi, durante a viagem, vai precisar acessar o instrumento de busca deste blog, usando as palavras-chaves: "Across the whale", e aí deve aparecer todas as postagens sob essa rubrica (1 a 20), como feito aqui:


quinta-feira, 30 de junho de 2016

Banqueiros centrais no divan do psicanalista financeiro? Nao, apenas reflexoes "banqueirais"... - BIS papers

Como eu leio de tudo, do portal Vermelho (alucinante, eu recomendo), até o Trump (quem diria), de vez em quando também me digno a ler o que andam pensando, ou fazendo, os banqueiros centrais deste nosso planetinha redondo, cada vez menor em termos de fluxos de capital, aquela coisa que os companheiros chamariam de "financeirização" (perceberam o que é?; eu não, deve ser algo profundo).
Pois bem, banqueiros centrais também se divertem, mas trabalhando, claro, e se mantendo informados sobre o que os demais anda fazendo ou pensando, como neste último convescote numa das mais belas cidades daquele paisinho que é justamente o centro da tal de "financeirização".
Depois de ler as belas coisas que eles escreveram, linkadas abaixo, eu recomendo ler Liaquat Ahmad, Lords of Finance: the bankers who broke the world (melhor, sempre, comprar uma edição original, ou em pocket, mas na Abebooks, que garanto vai sair dez vezes mais barato do que a edição brasileira, sempre...).
Paulo Roberto de Almeida

BIS PAPERS SERIES

"Towards a 'New Normal' in Financial Markets?" Free Download
BIS Paper No. 84

BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS, Bank for International Settlements (BIS)
Email: Service.MED-Publications@bis.org
The 14th BIS Annual Conference took place in Lucerne, Switzerland, on 26 June 2015. The event brought together a distinguished group of central bank Governors, leading academics and former public officials to exchange views on the topic "Towards 'a new normal' in financial markets?". The papers presented at the conference and the discussants' comments are released as BIS Working Papers nos 561 to 564.

BIS Papers no 84 contains the opening address by Jaime Caruana (General Manager, BIS), the keynote address by John Kay (London School of Economics) and remarks by Paul Tucker (Harvard Kennedy School).

While the full publication can be downloaded by using the above link, accompanying working papers are available separately as a part of the BIS Working Paper Series:

Mobile Collateral Versus Immobile Collateral

Expectations and Investment

Who Supplies Liquidity, How and When?

Moore's Law vs. Murphy's Law in the Financial System: Who's Winning?

About this eJournal

This series typically contains volumes of papers prepared for meetings of senior officials from central banks held at the BIS as well as one-off publications by members of the BIS staff. The contributions come from the central bank participants as well as from BIS staff. To access all of the papers in this series, please use the following URL: http://www.ssrn.com/link/BIS-Papers.html

sábado, 2 de janeiro de 2016

Recordar (2014) e' viver: o que "elles" prometiam entre os dois turnos

Permito-me postar novamente aqui comentários que fiz em resposta a "argumentos" feitos em defesa da candidata que ganhou no segundo turno de outubro de 2014, apenas para constatar o que se prometia, e comparar com o que efetivamente ocorreu.
Os argumentos vão em tipo regular, os meus comentários em negrito.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 2 de janeiro de 2016



Paulo Roberto de Almeida

Encontrei, num dos inúmeros sites que trabalham apaixonadamente pela causa companheira, uma postagem em defesa do voto na candidata do continuísmo, cuja introdução enaltece as qualidades daquele que foi Secretário-Geral do Itamaraty nos primeiros sete anos do governo Lula (deixando o governo para continuar servindo o regime em outras posição). Nela ele é chamado de “maior diplomata brasileiro”, o que pode até ser verdade – pelo menos nesse regime – mas não tenho condições de corroborar essa afirmação comparativamente: deve ter outros que concorrem à mesma distinção (ver a introdução neste link: http://www.ocafezinho.com/2014/10/15/maior-diplomata-brasileiro-enumera-razoes-para-votar-em-dilma/).
Mas isso não vem muito ao caso agora, pois logo após esse panegírico inaugural, vem transcrita uma lista, elaborada pelo dito maior diplomata brasileiro, contendo nada menos do que 31 razões que esse estupendo diplomata acredita que somente a sua candidata seria capaz de atender, para fazer do Brasil um país mais desenvolvidos, mais soberano, mais próspero, mais importante no mundo.
Como eu considero que a maior parte dessas razões são ridiculamente generalistas, ou seja, podem ser cumpridas por qualquer dirigente que tenha bom senso e uma boa equipe ministerial, vou separar, portanto, aquelas que não apresentam nenhuma “vinculação genética” com a candidata governista, daquelas que só ela, ou sua equipe partidária, seria capaz de perpetrar, e submetê-las, então a breves comentários de minha parte.
Ainda assim cabem observações sobre todas as supostas razões de sua lista. Resultou, dessa separação, que metade das razões são de propostas que poderiam ser cumpridas por QUALQUER presidente sensato, sendo que a outra metade, apresentada como contendo razões suscetíveis de serem preenchidas apenas pela candidata oficialista, demanda uma avaliação crítica, feita na lista B. Vejamos como se apresentaria a nova listagem dividida em duas partes, mas com seus números originais.

Lista A: obrigações ou propostas que QUALQUER presidente sensato seria capaz de cumprir (na redação dada pelo maior diplomata brasileiro), sobre as quais algumas pequenas coisas ainda podem ser ditas (por um diplomata menor):

01. para aumentar o emprego, que é a maior preocupação de cada brasileiro, com carteira assinada; [caberia registrar que empregos produtivos são geralmente criados pela iniciativa privada, uma vez que governos não criam riqueza, apenas distribuem a riqueza criada pela sociedade]

02. para controlar a inflação sem prejuízo do desenvolvimento; [parece que a candidata não foi muito feliz em nenhum dos dois objetivos: a inflação só fez elevar-se, em seu governo, passando inclusive do teto, e o crescimento desceu de elevador, para o subsolo do PIB]

03. para aumentar o salário mínimo de que depende a enorme maioria dos brasileiros; [salario mínimo costuma provocar desemprego, ou pelo menos diminuir a empregabilidade daquela fração da PEA que não possui qualificação técnica]

04. para garantir as conquistas dos trabalhadores em termos de horário, férias, licença maternidade, previdência social, aposentadoria; [meritório, mas os países mais regulados nesses aspectos podem igualmente apresentar alto desemprego se a produtividade não acompanha o nível de requerimentos legais]

06. para eliminar a pobreza e a indigência no Brasil; [bem, os companheiros vem tentando fazê-lo desde 2003 e não é seguro que consigam esse objetivo no horizonte previsível]

07. para reduzir cada vez mais a mortalidade infantil; [parece que isso já vem sendo feito desde o ancien régime, e vai continuar, em governos sensatos]

08. para aumentar a expectativa de vida de todos os brasileiros; [parece que esse processo não depende tanto de mandatos presidenciais, e sim de condições sistêmicas que vem ocorrendo naturalmente desde muito tempo; não pode portanto ser apresentado como favor governamental]

09. para eliminar o analfabetismo inclusive funcional; [se poderia começar pela própria candidata, que parece apresentar sérios problemas com as palavras]

10. para ampliar cada vez mais o número de vagas nas escolas técnicas e nas universidades; [que bom]

11. para fortalecer a cultura brasileira em todos os seus aspectos; [cultura patrocinada por burocratas costuma ser da pior espécie; por que não deixar a sociedade livre para se expressar espontaneamente?]

13. para reduzir a violência e o número de homicídios; [no ritmo atual, vai exigir um mandato de 100 anos... e contando]

18. para defender os direitos humanos de todos os brasileiros e combater toda a discriminação, preconceito e violência que tenha como origem a raça, a orientação sexual, o gênero, o nível de renda, a crença religiosa e a origem regional; [a mania de separar as pessoas por raça e todos os outros quesitos listados acaba criando uma sociedade fragmentada em direitos exclusivos de certas categorias, ao passo que o cidadão comum se sente desamparado]

19. para demarcar as terras indígenas e eliminar o desmatamento ilegal; [os indígenas já são os maiores latifundiários os país; os antropólogos politicamente corretos do partido companheiro e do governo idem pretende deixá-los eternamente numa redoma protetora?]

24. para construir mais ferrovias, mais rodovias, mais portos e aeroportos; [cabe continuar tentando, mas pela experiência acumulada até aqui em matéria de obras públicas, a fatura sempre vai ser três vezes maior do que o planejado, senão mais, e ainda tem os 3% do partido companheiro]

25. para expandir o transporte urbano público e gratuito; [só um dirigente maluco, ou que pretende repassar a conta para todos os brasileiros, inclusive os que não usam transporte público, poderia prometer uma irracionalidade econômica como o transporte gratuito]

26. para fazer a reforma agrária, fortalecer a agricultura familiar e expandir a produção e a exportação agrícola; [parece que os companheiros não gostam do agronegócio]

Lista B: obrigações ou propostas que o maior diplomata brasileiro acredita que só a sua candidata seria capaz de cumprir (na redação dada por ele), mas sobre as quais permanecem fundadas dúvidas (daí os comentários adicionais do diplomata menor, aqui DM: ):

05. para expandir o programa Minha Casa, Minha Vida que atende a aspiração fundamental da casa própria;
            DM: O programa constitui uma enorme propaganda governamental, com subsídios pouco transparentes, num esquema que diminui a capacidade dos mercados de ajustar a oferta da construção civil à demanda existente; só não ocorreu ainda uma bolha imobiliária porque o governo é incompetente até para licenciar o número de casas potencialmente no programa.

12. para dobrar o investimento público em ciência e tecnologia;
            DM: Impossível fazê-lo, a despeito das intenções; caberia, sim, aperfeiçoar o ambiente produtivo para estimular mais investimento privado em inovação.

14. para fazer a reforma política, com ampla participação popular, eliminar a influência do poder econômico e criar uma verdadeira democracia;
            DM: Quando alguém começa a falar em “verdadeira democracia” deve ser porque já tem problemas com a democracia sem adjetivos ou condições; a reforma política dos companheiros representaria uma deformação legal tendente a assegurar-lhes o reforço de sua hegemonia e monopólio sobre o poder.

15. para lutar de forma legal contra a corrupção, punindo tanto os corruptos como os corruptores;
            DM:  Deve ser uma grande piada!

16. para democratizar os meios de comunicação e garantir a possibilidade e a liberdade de expressão para todos os brasileiros;
            DM: A palavra “democratizar’, como no vocabulário orwelliano, significa exatamente o contrário; trata-se de uma velha obsessão companheira com o controle do que chamam de “mídia”.

17. para ampliar radicalmente as oportunidades de mulheres, negros e pobres em todas as esferas da sociedade e do Estado;
            DM: O que os companheiros mais fizeram foi fragmentar a sociedade em categorias especiais, criando várias tribos que reivindicam “direitos” específicos.

20. para reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil;
            DM: Outra tarefa impossível, ou muito difícil de ser feita pelo governo, por qualquer governo; normalmente, as regiões são adquirindo suas dinâmicas ricardianas e se desenvolvem naturalmente de acordo com processos únicos e exclusivos; a pretensão de moldar regiões e estruturas econômicas é própria de engenheiros sociais, ou de regimes autoritários vocacionados para o estatismo e o intervencionismo, duas doenças tipicamente companheiras.

21. para fortalecer a soberania do Brasil;
            DM: Pura retórica vazia, como sempre foi feita; na prática, os companheiros alienaram a soberania brasileira para regimes bolivarianos e em benefício de Cuba.

22. para promover a integração e a cooperação com os vizinhos da América do Sul e da África;
            DM: Qualquer governo poderia fazer isso, mas no caso dos companheiros virou uma tal de diplomacia míope orientada para o chamado Sul, uma obsessão geográfico-ideológica que consiste em andar com uma perna só.

23. para defender a paz, a auto determinação, a não intervenção, e a solução pacífica de controvérsias como os princípios fundamentais da ação internacional do Brasil;
            DM: Mais retórica vazia, que na prática não se aplica; intervenção nos assuntos internos de outros países é o mais foi praticado durante todos os anos de diplomacia companheira, a exemplo de Honduras, Paraguai e outros casos.

27. para alcançar a autonomia energética;
            DM: Objetivo ilusório; um país aberto ao comércio e aos investimentos vai diversificar sua matriz energética de maneira mais eficiente do que excesso de intervenção governamental no setor, como aliás ocorreu com etanol, com biodiesel, petróleo, gás, nuclear, todos eles em total desequilíbrio em relação aos dados do mercado atualmente; o Brasil exibe um custo da energia dos mais elevados.

28. para reconstruir a indústria brasileira;
            DM: Bem, até agora o que ocorreu foi uma destruição pouco reconstrutora; duvidoso que se consiga fazer coisa melhor; aqui existe apenas um artigo de fé.

29. para tornar o sistema tributário mais justo e menos concentrador de riqueza;
            DM: Mas, se era essa a intenção, por que nada se fez em 12 anos; nesse período, a carga fiscal aumentou 4 pontos do PIB e só uma quarta parte disso foi para as chamadas camadas mais modestas; o resto foi para quem já é rico.

30. para reduzir as taxas de juros e democratizar o credito;
            DM: Os juros estão mais altos agora do que no início do governo, e os consumidores muito mais endividados.

31. para realizar uma Olimpíada ainda melhor do que a Copa.
            DM: Deve ser outra piada...

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 18 de outubro de 2014.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

TCU vs Executivo Federal: o voto sobre as contas do governo em 2014 - OESP

Este link conduz à matéria sobre a votação do parecer da TCU sobre as contas do Executivo em 2014, e sua rejeição por unanimidade (blog de Fausto Macedo no Estadão, em 8/10/2015:

http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/leia-a-integra-do-voto-do-ministro-augusto-nardes-do-tcu/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=manchetes

Leia a íntegra do voto do ministro Augusto Nardes, do TCU

Por FÁBIO FABRINI, JOÃO VILLAVERDE E BERNARDO CARAM -
08/10/2015, 03h00
   
Relator aponta 'distorções' de R$ 106 bilhões nas contas do Governo Dilma
Ministro Augusto Nardes. Foto: Eraldo Peres/AP
Ministro Augusto Nardes. Foto: Eraldo Peres/AP
No voto pela rejeição das contas de 2014 do governo Dilma Rousseff (PT) — acompanhado à unanimidade por seus pares do Tribunal de Contas da União (TCU) nesta quarta-feira, 7, em julgamento histórico -, o ministro Augusto Nardes destacou ‘irregularidades que representam distorções na ordem de R$ 106 bilhões’. Nardes esmiuçou o que definiu como ‘irregularidades’.
Foram R$ 40 bilhões relativos às pedaladas fiscais; R$ 28 bilhões pelo não contingenciamento em novembro de 2014, aliado à liberação de R$ 10 bilhões; R$ 14,7 bilhões por não considerar em fevereiro do ano passado e bimestres seguintes, manifestação do Ministério do Trabalho quanto à elevação de despesas obrigatórias e frustração de receitas; e R$ 13,7 bilhões pela edição de créditos suplementares.

Documento

Documento

“Revelou-se o desprestígio que o Poder Executivo devotou ao Congresso Nacional, não somente ao adotar medidas ao arrepio da vigente Lei de Responsabilidade Fiscal, mas também ao promover, por exemplo, a abertura de créditos suplementares sem prévia autorização legislativa, desmerecendo o papel preponderante que exerce o Poder Legislativo no harmônico concerto entre os Poderes da República, princípio fundamental da Nação, e descumprindo mandamento expresso da atual Constituição da República”, assinalou o ministro.
“Outro achado de gravidade acentuada se deve à abertura de créditos suplementares, da ordem de R$ 15 bilhões, quando a meta fiscal em vigor estava comprometida”, prosseguiu Nardes. “Por ocasião da edição dos decretos questionados a principal condição estabelecida na norma autorizativa – compatibilidade com a obtenção da meta de resultado primário -, não fora observada, eis que inexistia lei formal alterando a referida meta, pelo que concluo que não pode prosperar a tese da defesa, de que os dispositivos legais apontados são exatamente os fundamentos legais para a questionada edição dos decretos.”
O voto aponta ‘omissões reiteradas’, ainda no Âmbito da programação orçamentária e fiunanceira, ao longo do exercício de 2014 quanto a projeções atualizadas encaminhadas pelo Ministério do Trabalho. “Essa ocorrência induziu a um montante contingenciado de despesas discricionárias, no início do ano aquém do necessário.”
Segundo o relator, ‘ainda que se abstraiam os valores reais que deveriam ter composto as estatísticas fiscais, o Poder Executivo, já na avaliação relativa ao quarto bimestre de 2014, tinha conhecimento dos dados que apontavam para o descumprimento da meta de resultado fiscal’. Naquele momento, afirma o ministro, o cenário indicava a necessidade de contingenciamento no montante de despesas discricionárias. “A irregularidade se materializou, em definitivo, com a emissão do Decreto 8.367/2014, na avaliação do quinto bimestre, em paralelo com a submissão do PLN 36/2014 ao Congresso Nacional, ocasião em que não se contemplou novo contingenciamento, estimado em R$ 28 bilhões, além de ter havido condicionamento da execução orçamentária à aprovação do projeto de lei.”

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Crescimento do nao crescimento: o Brasil recua (menos o governo) - dados do 1 Trimestre 2014

O governo é patético: ele acredita que o Brasil tenha um problema de consumo, ou seja de demanda de particulares. Ele pretende continuar estimulando o consumo.
Os dados revelam exatamente o contrário: não há investimento, pois não há confiança no governo.
E existe inflação, que não está revelada nos números abaixo.



segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

2014: uma ficção política - Paulo Roberto de Almeida


2014: uma ficção política

Paulo Roberto de Almeida

            Em 2014 o Brasil chega a novas eleições exausto de tanto discurso, de tantas palavras, tantas promessas. Nunca falaram tanto, em doses tão concentradas, em tão poucos anos, dentro e fora do governo.
            As promessas de continuar avançando, de fazer mais e melhor, de distribuir mais justiça, mais igualdade, mais segurança redundaram no que se esperava: mais do mesmo, sem ao menos o conforto de uma mudança de linguagem, de hábitos, de comportamentos políticos, de práticas administrativas. A justiça continuou tão lenta quanto sempre foi, com alguns escândalos, novos e velhos, emergindo aqui e ali. O Executivo continuou inchado, inclusive porque era preciso contemplar a base congressual com novos cargos e novos aportes financeiros. O Congresso, bem o Congresso não precisou mudar em nada: apenas aprofundou suas práticas e costumes, o que significa que continuou afundando nas práticas delituosas e nos costumes imorais, com alguns novos personagens mas os mesmos hábitos de sempre, agora um pouco mais indecentes, já que novamente sancionados pelo eleitorado.
            O discurso político, venha de onde vier, continuará permeado de mentiras e de demagogia, tanto mais extensas quanto o eleitorado foi, continua sendo e promete permanecer leniente com aqueles que o iludem. A mistificação política terá sido elevada à condição de instrumento vital da governança, e toda atividade governativa será precedida de um estudo de marketing político. Os administradores de imagem ganharão precedência sobre os ministros setoriais, que terão de adaptar suas propostas e programas ao governo “participativo” (que de participativo possui apenas a propaganda governamental, assegurando que o povo está sendo consultado para esta ou aquela medida).
            Em 2014, teremos aperfeiçoado novos métodos de extrair recursos sem dor dos cidadãos-contribuintes. A Receita, escaldada por excesso de transparência, conseguirá determinar os meios de alcançar a renda dos agentes econômicos antes mesmo de qualquer fluxo de ativos e de qualquer iniciativa declaratória dos produtores primários. Apenas por esse meio será possível atender a todos os compromissos governamentais – com os pobres, de um lado, com os ricos, de outro, estes bem mais exigentes como sempre ocorre – sem ter de negociar a criação de novos impostos com o Congresso.
            A imprensa não se terá dobrado, mas terá sido domada, ou contornada: os meios de comunicação do governo serão suficientes para levar sua mensagem aos eleitores-complacentes; o restante se contentará com a internet, num processo entrópico e semicircular. Muita energia será gasta com debates vazios, o que parece o ideal para uma sociedade de baixa educação política. As escolas continuarão ruins, e as universidades públicas também vão aprofundar seu processo de mediocrização e de decadência. Nada mais será como antes, e tudo será bem pior do que antes. Não importa quem entrou, não importa quem estará entrando novamente. Tudo é uma questão de lógica elementar, dada a tendência.
            Bem, tudo pode ser uma ficção, ou não...

Shanghai, 2.10.2010.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Previsões imprevidentes para 2014 - Paulo Roberto de Almeida



Paulo Roberto de Almeida

Como sabem todos aqueles que me leem regularmente, e que já puderam ler, em especial, minhas previsões imprevidentes para vários anos anteriores, meus “chutes” bem humorados em direção ao ano que está prestes a se iniciar não são dirigidos aos crédulos, aos incautos, aos distraídos e aos true believers nas bondades daqueles que nos prometem um futuro radioso, desde que você cometa a bobagem de acreditar neles. Minhas previsões são destinadas, mais exatamente, a não se realizarem, a não se concretizarem, justamente, e quanto mais elas se tornam, ou se revelam, irrealizáveis, mais eu me sinto confortável no meu papel de astrólogo ao contrário. Afinal de contas, ninguém perde nada por acreditar na racionalidade do homem, no bom senso, ou no simples senso comum, para apostar que coisas boas podem, sim, acontecer, mesmo contra todas as evidências em contrário, não é mesmo? Como já disse um bookmaker inglês (estou inventando, claro), nunca, em nenhum país, em qualquer circunstância, alguém perdeu dinheiro apostando na estupidez humana.
Uau! Por que tanto pessimismo? Não se trata de pessimismo, apenas observação realista da realidade, com perdão pela redundância. Como todos sabem, 99% dos problemas que afetam a humanidade são plenamente “resolvíveis” com as técnicas atualmente disponíveis (e o 1% restante será resolvido com o avanço da ciência, da tecnologia, do bom senso, etc.). Estou sendo, talvez, otimista demais, mas essa é uma constatação absolutamente de senso comum, desde que se tenha presente aqueles “inevitáveis” de que falava Benjamin Franklin: “na vida, só tem duas coisas inevitáveis, a morte e os impostos”. Bingo! Ele tinha razão, e mesmo a mais avançada tecnologia não vai dar conta desses dois limites absolutos da vida humana, embora alguns se esforcem, os mais idealistas em prolongar a vida humana, por meio da medicina e da autoajuda, os menos idealistas pela elisão, evasão e a fraude fiscal. Ponto.
Mas, então porque eu insisto em pretender que o mundo – e o Brasil, principalmente – seja melhor, em face de tantas bobagens e equívocos que se cometem diariamente? Com efeito: não deveria haver nenhum obstáculo técnico, ou econômico, ou até político e ideológico, a que se realizem alguns fatos simples da vida: todo mundo deveria se alimentar normalmente, com seus recursos derivados do trabalho – e uma minoria ser atendida pela caridade pública, privada ou estatal – e todo mundo deveria poder desfrutar de uma vida sã, física e mentalmente (menos aqueles que insistem em ver porcarias ao estilo de BBB, claro, esses são irrecuperáveis mentalmente falando).
Problemas como transportes, poluição, habitação, segurança, escolas e muitos outros são totalmente resolvíveis com os meios disponíveis, tudo sendo uma simples questão de organização racional das coisas e das pessoas. E por que isso não acontece? Bem, isso já acontece de forma perfeitamente razoável em diversas sociedades do planeta, e se algumas ainda não chegaram a essa etapa de prosperidade e de bem-estar razoáveis, não há nenhum, repito, não existem nenhum obstáculo técnico ou econômico a que isso acontece também com as sociedades mais miseráveis do planeta. Com educação e boa governança tudo é possível, e se algumas sociedades ainda não o conseguiram – como o próprio Brasil, por exemplo – é por incapacidade das suas elites, má educação do povo em geral, falta de visão de quem é eleito com o voto dos sem visão, justamente. Mas tudo isso é corrigível, certo?
É exatamente por isto que eu insisto, todo ano, regularmente, idealmente, talvez ingenuamente, nas minhas previsões imprevisíveis, ou seja, coisas que deveriam acontecer, mas que, por artes do demônio, insistem em não acontecer. As razões? Bem, eu tenho as minhas e elas estão em parte expostas acima, mas vocês podem vestir a carapuça nos seus personagens favoritos e ficamos acertados assim: para alguns, os culpados de sempre são os perversos capitalistas, a burguesia egoísta, os mercados erráticos e imprevisíveis (que precisam ser corrigidos por burocratas governamentais), os políticos de direita (curiosamente aliados aos de esquerda, atualmente, vocês já repararam?), o neoliberalismo, o conservadorismo, os poluidores, enfim, toda aquela gama de inimigos habituais e irrecuperáveis da humanidade; para outros, serão justamente os representantes das opiniões, posturas e políticas inversas a essas proclamadas pelos amigos da igualdade, justiça e fraternidade.
Cada um, portanto, fique com a sua explicação; eu me contentarei apenas, como sempre faço de modo totalmente incompetente, em proclamar minhas previsões anuais imprevidentes, a serem conferidas ao final do período que nos espera (com vários imponderáveis e muitas outras certezas que vocês busquem nas dicas de astrólogos). Eu não ofereço garantias, nem faço apostas – embora pudesse, com base naquelas regras de senso comum dos bookmakers ingleses –, apenas me contento em tripudiar sobre a nossa inacreditável capacidade de sempre adiar as soluções mais óbvias e mais simples, em troca do mais complicado, equivocado e prejudicial exercício de insistência no que não deu certo. Com isso, começo agora.

1) O Brasil já é o “país do futuro” ou apenas um país que pode ter algum futuro, dependendo de quem estiver no comando de suas principais políticas?
Minha previsão, como já disse alguém, é a de que não só não sabemos o futuro que nos espera, como também que o passado nos é totalmente desconhecido, uma vez que ele está mudando todos os dias. Cada vez mais, nossos dirigentes vão se esquecer de planejar nossos desafios à frente, e continuar procurando ajustar o passado, para que ele se encaixe em suas convicções confortáveis sobre o belo país que pretendiam fazer, no passado distante, e que foi obstado pela sanha de todos aqueles malvados anti-povo, anti-democracia, anti-igualdade, anti-justiça, etc. Talvez desenterrem mais alguns cadáveres, e tratem de punir aqueles que os puniram, no passado, justamente por planejar um futuro de escravidão, sofrimentos humanos, ditadura. Esqueceram uma das lições de um desses homenageados recentes, supostamente por ter libertado um povo da escravidão: “vamos surpreendê-los, sendo tolerantes e generosos”. Parece que tolerância e generosidade não são traços do presente, e provavelmente nem do futuro.

2) Nossa inflação é convergente com a média mundial, e está cada vez mais sendo reduzida a patamares aceitáveis para países normais de economia de mercado.
Deve ser por algum acidente infeliz, não cooperação da natureza, complô dos especuladores e atravessadores, que a média inflacionaria tem insistido em ficar acima da meta nos últimos oito anos, insistindo em bater no teto por alguma tendência malévola dos mercados livres, onde os capitalistas e intermediários insistem em fixar preços acima do que seria justo e esperado. Certamente nossos dirigentes estão conscientes desses obstáculos e desafios, e vão continuar insistindo em baixar os preços, colocando limites às tarifas públicas, reduzindo impostos setorialmente, estimulando o crédito para aumentar a demanda, enfim, fazendo todas aquelas coisas boas que bons keynesianos sabem fazer para conduzir a economia de mercado a uma trajetória compatível com a vontade política de quem nos comanda.

3) As desigualdades estão se reduzindo dramaticamente e dentro em pouco todo mundo vai ser de classe média (média), sobrando pouca gente nos estratos inferiores da sociedade.
Ainda bem: é insuportável viver numa sociedade com tantos pedintes nas ruas, tantos delinquentes de ocasião, tantos bandidos aguardando seu lugar na fila para assaltar caixas eletrônicos, tantos andrajosos sujando a cidade, quando turistas começam a vir para cá para ver nossas maiores realizações em termos de aeroportos, metrôs, estádios, hotéis, restaurantes, trânsito fácil e transportes públicos praticamente de graça, segurança impecável e burocracia eficiente. Com mais algumas centenas de concursos públicos, um terço da população vai estar trabalhando no setor mais bem pago da economia, aquele justamente que apresenta alta produtividade, e garante um futuro tranquilo para todos os membros da corporação. Nada compensa mais do que ser um país majoritariamente de classe média, todos satisfeitos com os padrões atuais.

4) O crescimento econômico atingiu um patamar de estabilidade conhecido por poucos países no planeta, com uma linha tendencial apontando para o limite do PIB potencial, que é justamente o nível da produtividade total de fatores no país.
Países menos organizados que o nosso conhecem aqueles indicadores em dentes de serra, ou seja, para cima e para baixo, gerando toda uma instabilidade nos resultados em função de uma dependência malsã em mercados voláteis e manipulados. Graças à correta administração de todos os vetores de produção, dos principais insumos e de regras muito claras e detalhadas para o gerenciamento da mão-de-obra, por exemplo – inclusive com a constitucionalização dos empregados domésticos – o Brasil está próximo da perfeição na boa governança das políticas macroeconômicas e setoriais, o que traz previsibilidade aos empreendedores e trabalhadores: todos sabem o futuro que os espera, e podem se preparar para ele (em alguns casos, décadas à frente).

5) A autossuficiência em petróleo e os recursos do pré-sal vão garantir um futuro brilhante para o país, faltando apenas mais duas estatais: uma para o etanol, outra para o biodiesel.
Pior coisa que pode acontecer são essas altas e baixas nos preços dos combustíveis, e bem fazem as autoridades do setor em manter estáveis os preços na bomba. Seria preciso aumentar apenas a oferta de combustíveis alternativos, o que o setor privado tem se revelado incapaz de fazer, cabendo então ao preclaro governo um passo à frente para realizar grandes investimentos no setor. Nada que algumas leis – que o Congresso prontamente aprovará – não possam corrigir em tempo hábil, colocando o Brasil à frente de qualquer outro país na sua matriz limpa, eficiente, sustentável.

6) As relações raciais caminham enfim para a paz de todas as cores, sobretudo agora que os afrodescendentes são maioria e podem se beneficiar de uma miríade de políticas de ação afirmativa que vão determinar, realmente, quem são os grandes criadores da cultura nacional, os que mais contribuíram para fazer do Brasil o país que ele é hoje.
Mais um pouco, até loiros de olhos azuis poderão se declarar afrodescendentes (o que aliás já ocorre), com o que o país terá alcançado uma situação de justiça social poucas vezes vista neste planeta tão injusto e desigual, embora também marcado por um mosaico de povos com suas religiões particularistas (e várias teologias associadas). As cotas raciais vão certamente acompanhar as novas realidades demográficas, com o que a maioria da população será contemplada por medidas especiais, alcançando-se, assim, uma maioria de beneficiados com programas de inclusão (poucos serão os que ficarem de fora, e esses já são privilegiados e não precisam da assistência governamental em matéria de felicidade redistributiva).

7) O agronegócio já é vitorioso, por isso o essencial das políticas públicas nessa área será dirigido para os agricultores sem terra, pequenos produtores não competitivos em situação de mercado, cooperativas de aprendizes, quilombolas em fase de reciclagem e índios desejosos de sair do neolítico para a era dos tablets.
O governo já gasta a maior parte das verbas com programas de assistência à agricultura familiar, que é onde está o futuro do Brasil, como todos sabem e aceitam. O agronegócio tem condições de buscar no mercado a solução para os seus problemas, inclusive endemias e epizootias, crédito e seguro rurais, logística e acordos comerciais. Um imposto sobre as exportações de commodities agrícolas será criado para financiar aquelas medidas prioritárias, com o que esse setor menos competitivo chegará enfim perto da perfeição do que já é o Bolsa Família, que tem um quarto da população inscrita nas suas listas. País rico é país com pequenos agricultores ricos, e para isso, o Estado é indispensável para corrigir as desigualdades atualmente existentes.

8) Os empresários reclamam com razão do ambiente de negócios. O governo vai justamente criar um novo ministério do empreendedorismo, para facilitar a vida de todos aqueles que não querem ser funcionários públicos ou empregados de alguém. O ambiente vai melhorar radicalmente.
O problema, hoje, é que os empresários precisam ser atendidos numa enorme variedade de serviços públicos, nos três níveis da federação, para poder começar a trabalhar nos seus negócios. O governo vai reduzir a multiplicidade de janelas, criando apenas um grande guichê informatizado para acelerar a inovação e o gênio privado. O empresário necessitará apenas dirigir os seus pleitos online, e o novo ministério terá como função responder as suas dúvidas em 24 horas. Testes estão sendo feitos e um novo concurso público será prontamente organizado para começar os serviços.

9) O déficit orçamentário e a dívida pública serão problemas equacionados em pouco tempo, com novos princípios de contabilidade pública que passam a corrigir automaticamente os desequilíbrios existentes numa área com saldos favoráveis em outras esferas. Esta será a função da “Secretaria dos Vasos Comunicantes”.
Como nessas experiências de laboratórios infantis, o governo também terá o seus superávit primário – e o nome se aplica – imediatamente preenchido, abrindo-se a válvula correspondente da drenagem de recursos obtidos na sociedade por todos os escaninhos governamentais. O Congresso prometeu colaborar na montagem desse novo mecanismo de equilíbrio imediato das receitas e despesas públicas.

10) O Mercosul e a diplomacia Sul-Sul estão finalmente produzindo seus melhores resultados, como consequência de dez anos de insistência governamental nessa via estratégica para as relações internacionais do Brasil.
Como não podia deixar de ser, nenhum país é uma ilha, e o fato de o Brasil estar no hemisfério sul determina, naturalmente, os cenários prioritários para a atuação de nossa gloriosa diplomacia, sempre previdente e sempre orientada para os terrenos de maior retorno potencial. A sábia orientação dessa política, devidamente confirmada em foros relevantes das nossas relações exteriores (como Ibas, Brics e o próprio Mercosul), já provou que esse é o caminho de nossa crescente afirmação mundial: os emergentes são os que mais crescem no planeta e devem contribuir para mudar a relação de forças no mundo, por meio de uma nova geografia comercial. É preciso persistência, e até mesmo insistência, com grande vontade política a sustentar esse curso de ação, para que os bons resultados apareçam no futuro próximo. Persistir nessa linha pragmática.

Paulo Roberto de Almeida, Hartford, 14 de dezembro de 2013.