Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
1162) Pausa para a Metafisica...
Geralmente são alunos (folgados, talvez) pedindo ajuda para algum trabalho escolar ou até universitário. Preciso colocar um aviso no meu site e blogs, dizendo que não estou aberto a esse tipo de assessoria.
Mas, esta demanda abaixo é especial, pois adentra no terreno da Metafísica:
On 17/06/2009, at 17:30, Jose wrote:
Boa tarde,
Venho pelo presente solicitar informaçoes sobre auxilio metafisico, dentro de sua área de atuaçao, se possivel.
Agradecido,
José Carlos
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Pois bem, sem muito tempo para adentar nos arcanos da metafísica, respondi simplesmente isto:
Nao é meu departamento. Cuido de coisas materiais. Para a metafisica contate um departamento de filosofia.
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Paulo Roberto de Almeida
pralmeida@mac.com www.pralmeida.org
http://diplomatizzando.blogspot.com/
Après coup, como diriam os franceses, eu realizei que poderia ter sido mais simpático, mais receptivo e, sem fazer qualquer ironia, tentar esclarecer as dúvidas metafísicas do meu distinto correspondente.
Eu precisaria começar perguntando sobre o que seria um "auxilio metafisico, dentro de [minha] área de atuaçao", que não sei bem qual seja se a diplomacia, se a academia.
Nesta última, obviamente, estaríamos totalmente dentro da matéria, mas ainda não conheço alguma especialidade aparentada com "economia metafísica".
Não digo que não possa existir, pois a economia é uma disciplina abrangente, ambiciosa, voluntariamente predisposta a se meter em tudo, inclusive no amor e nas demais paixões humanas, e pode-se perfeitamente, portanto, conceber uma especialidade de tal teor filosófico para a velha ciência lúgubre... Vou pensar nisso.
Se fosse com a diplomacia, having second thoughts, como diriam os americanos, teria tudo a ver: metafísica se encaixa bem na maior parte dos discursos diplomáticos, e até em alguns tratados e protocolos bizarros, como na integração sul-americana, por exemplo. Não há nada mais metafísico do que o Tratado da Alba, e recomendo a quem ainda não o leu, que procure conhecer. Fica bem do lado de qualquer tratado wittgeinsteiniano, ou talvez kirkeggardiano, talvez até nietszcheano, quem sabe...
Em todo caso, caberia explorar essa possibilidade de se ter uma diplomacia metafísica, como aliás já deve ocorrer em vários experimentos aqui por perto.
Vou pensar no assunto e se tiver tempo vou escrever novamente ao meus metafísico interlocutor, agradecendo pala sugestão, e pedindo cessão de copyright pela idéia.
4 comentários:
Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.
"Vou pensar no assunto e se tiver tempo vou escrever novamente ao meus metafísico interlocutor, agradecendo pala sugestão, e pedindo cessão de copyright pela idéia."
ResponderExcluirHhahahhaha... boa!
E utilizando a idéia de um comentário em outro post: Tendo em vista que o Prof. Paulo não dorme, não me espantaria se daqui alguns dias nos depararmos com algum texto explicando a influência ou elementos da metafísica na diplomacia ou quiçá economia (uma forma de soft power transcendental talvez).
ResponderExcluirDurmo, durmo, embora tente fazê-lo nas horas vagas.
ResponderExcluirVou dormir agora mesmo, pois preciso me lvantar as cinco horas, para viajar ao Rio, dar uma entrevista de 10 minutos e depois voltar...
Até mais tarde...
PRA
Gostei da primeira resposta. A segunda me transpareceu uma certa inquietude; uma vontade de saber se há, realmente, algo no discurso das ciências humanas para o ramo da metafísica. Achei a pergunta interessante, embora em uma primeira leitura não tenhamos percebido o objetivo do metafísico, talvez ele nem tenha pensado deste modo, o fato é que, pelo sim pelo não, uma nova perspectiva abre-se para discussão. É um desafio, falar de algo que não dominamos é, sem dúvidas, um desafio. Abraço, Gustavo Tenório.
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