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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

1330) Ingresso no Itamaraty: pequena polemica em copo d'agua

Uma matéria publicada no caderno de fim de semana do jornal O Globo (30.08.2009), sob a assinatura da jornalista Fátima Sá, despertou bastante interesse nos candidatos à carreira diplomática. Um deles me escreveu o que transcrevo mais abaixo, a que respondi o que segue in fine. Primeiro a matéria do Globo.

Quem quer ser um diplomata?
Por Fátima Sá - Enviada especial a Brasília
O Globo, Revista da Semana, 30.08.2009

Novas regras no concurso para o Itamaraty e maior projeção do Brasil no cenário mundial atraem candidatos dos mais diferentes perfis

Metido num terno cinza escuro, gravata caprichosamente apertada, sapato recém-engraxado, Amintas Angel Cardoso Santos Silva vive, sem se dar conta, um momento histórico.
Nascido há 32 anos num bairro de classe média baixa de Salvador, filho de professores duros mas que investiram tudo na educação da família, Amintas fez o que deu até chegar ao terno cinza escuro. Estudou psicologia, ensinou violão, foi recepcionista bilíngue da Prefeitura de Santos, trabalhou concedendo crédito agrícola para famílias pobres no sertão da Bahia e comandou até pesquisas de opinião em borracharias.
Há pouco mais de duas semanas, mudou-se para Brasília. E no último dia 12, deu nó na gravata, botou o celular pré-pago no bolso e correu para o Palácio do Itamaraty.
Aprovado no último concurso realizado pelo Instituto Rio Branco, entre março e junho deste ano, Amintas foi o 72º diplomata empossado naquela tarde no Ministério das Relações Exteriores.
Seus colegas de turma começaram a chegar ao Itamaraty uma hora antes da cerimônia de posse. Dois vinham do Piauí, um do Acre, três de Goiás, 59 do Rio e de São Paulo... Eram 109, ao todo — a maioria bacharéis em direito e relações internacionais.
Mas também havia físicos, jornalistas, engenheiros e até um zootécnico entre eles.
Do total, 70% eram homens. O mais jovem, com 22 anos. O mais velho, com 47. Uns poucos eram filhos de diplomatas, como Pedro Penha Brasil, que nasceu em Brasília e passou a maior parte de sua vida no exterior. A maioria não tinha mesmo qualquer contato com a carreira, como a carioca Paula Cristina Pereira Gomes, formada em história, filha de um bancário aposentado e de uma cabeleireira.
A turma reflete uma mudança de perfil que vem ocorrendo nos últimos anos entre os aprovados pelo Rio Branco.
Se no passado os diplomatas ficaram conhecidos por punhos de renda, o clichê da vez podem ser as mangas arregaçadas. E isso se deve a um conjunto de fatores, a começar pela própria diplomacia brasileira, que cresceu e apareceu.
— O país ganhou peso no cenário internacional, está mais atuante, é candidato declarado e reconhecido ao Conselho de Segurança da ONU, tem participação importante na Organização Mundial do Comércio e papel nevrálgico na América do Sul. Tudo isso fez as pessoas perceberem como a diplomacia é importante e tornou a carreira mais atraente — diz o embaixador Fernando Reis, diretor-geral do Instituto Rio Branco.
Luiz Fellipe Schmidt, aprovado em segundo lugar no concurso de 2007, reconhece que achava a carreira um bocado obscura a princípio. Engenheiro de telecomunicações, ele entrou na faculdade em 1999, um ano após a privatização das teles. Quando saiu, o mercado de trabalho era o paraíso. Mas logo vieram as fusões, as empresas começaram a se reestruturar, o cenário mudou do vinho para a água. Luiz Fellipe, que já sentia que faltava alguma coisa, começou a pesquisar e decidiu tentar o concurso.
Promovido recentemente, já é segundo secretário, lotado na Coordenação-Geral de Contenciosos do ministério.
— Tem todas as áreas: cultural, educacional, aeroespacial, ambiental, de direitos humanos, de direito internacional.
Isso aqui é um microcosmo do mundo — ele diz.
E esse microcosmo ganhou tanta importância que em 1998 havia apenas cinco cursos de graduação em relações internacionais no Brasil e hoje existem 150. Ao mesmo tempo, o concurso para o Itamaraty começou a chamar a atenção também pela oferta de vagas. Em 1999, eram apenas 20. Desde 2006 são mais de cem por ano.
A tendência é que o número seja mantido até o ano que vem.
Por tudo isso (e, naturalmente, pelo salário inicial, que já foi muito baixo mas hoje é de R$ 10.906,86), os candidatos à diplomacia triplicaram. Eram 2.500 há dez anos. Hoje, são mais de nove mil.
Professor de história com mestrado em relações internacionais, João Daniel Almeida tinha 26 anos quando percebeu o início dessa onda.
Vira e mexe era procurado por candidatos ao Itamaraty que queriam aulas particulares. E saiu-se tão bem que os alunos logo começaram a pedir indicações também de bons professores de inglês, português, geografia. Foi assim, “por acidente”, como ele diz, que nasceu o Curso Clio, um fenômeno na preparação de candidatos ao Instituto Rio Branco. Dos 109 aprovados no concurso deste ano, 98 passaram pelo Clio, o que fez de João uma espécie de celebridade na cerimônia de posse.
Junto com a professora de inglês Raphaela Serrador, João Daniel inaugurou o Clio em 2003, numa salinha alugada em Vila Isabel. Tinha 18 alunos.
Hoje, o curso ocupa parte de um prédio no Centro, tem filiais em Brasília e em São Paulo e soma 1.105 estudantes.
Desses, 176 têm bolsas que vão de 5% a 100%. Até o fim do ano, o curso pretende abrir unidades em Porto Alegre, Salvador, Florianópolis, Curitiba, Recife e Belo Horizonte.
Para 2010, há mais 12 cidades na mira.
Atualmente, as provas do Itamaraty acontecem em 18 capitais, mas houve um tempo em que era preciso ir a Brasília para a seleção. A exigência já tirava do páreo candidatos que não podiam viajar naquele momento.
— Quando entrei no Itamaraty, nos anos 60, a grande fonte de futuros diplomatas era a Zona Sul do Rio de Janeiro.
Agora o processo está mais democrático. Há mais candidatos de outras cidades, com idades e histórias mais variadas. Afinal, o ministro Celso Amorim costuma dizer que nossa diplomacia deve ter o rosto do Brasil — lembra o embaixador Reis.
O professor João Daniel faz coro: — Os diplomatas de hoje são mais coloridos, pragmáticos e experientes. Podem não saber quem compôs “As bodas de Fígaro”, mas têm condições de refletir sobre a política internacional, porque estudaram bastante o assunto.
A citação à ópera de Mozart não é gratuita. Até o início da década, a primeira fase do concurso para diplomatas (que elimina mais de 90% dos inscritos) era composta de questões de conhecimentos gerais como essa. Havia perguntas sobre música (dodecafônica, até), literatura, artes plásticas e filosofia grega, que mediam muito mais o verniz do candidato do que sua capacidade de raciocínio e conhecimento real. Levava vantagem, naturalmente, quem vinha de um ambiente mais erudito e sofisticado. A maioria dos aprovados hoje ainda é de classe média alta, mas há um programa de estudos claro, que todos podem seguir.
— Antes era uma prova que media os conhecimentos de uma certa cultura aristocrática.
Selecionava quem vinha desse ambiente — diz o sociólogo e doutor em geografia humana Demétrio Magnoli, que integra o Grupo de Análises de Conjuntura Internacional (Gacint) da USP. — Os novos diplomatas eram os filhos dos diplomatas. E as mudanças que aconteceram no exame, de modo geral, democratizaram o acesso.
Vivendo no Qatar desde 2008 como segunda secretária e assessora direta do embaixador, a carioca Claudia Assaf conheceu os dois momentos da prova. Neta de sírios, formada em matemática, com pós em análise de sistemas, ela trocou um emprego na IBM pela possibilidade de estudar e praticar o idioma árabe na Universidade de Damasco.
Depois, rodou o mundo como aeromoça na companhia Gulf Air, do Barein. Quando batia saudade do Brasil, corria para uma embaixada e ficava lá, falando português e lendo revistas e jornais brasileiros. Foi numa dessas que teve a ideia: a diplomacia era o caminho ideal para continuar conhecendo outras culturas e, ao mesmo tempo, manter uma ligação forte com o Brasil. Em 1996, marcou férias para a época do concurso e veio fazer a prova.
— Eu não tinha ideia daquilo.
Keynesianismo, Diego Velázquez, Kant? Desisti e voltei para o Golfo desiludida — lembra ela, por email, de Doha, onde, entre outras ações, já ajudou a libertar uma brasileira que era mantida em cárcere privado pelo marido estrangeiro.
Em 2002, Claudia decidiu. Ia investir o que tinha na preparação.
E tentaria quantas vezes fosse preciso, até 2009. Afinal, o concurso mudou, mas ainda é difícil. E muito. Para ajudar, Claudia foi fazer um curso de relações internacionais. E em 2004 fez o concurso pela primeira vez “pra valer”. Passou na terceira tentativa e tomou posse em 2006, prestes a fazer 35 anos e duas semanas antes do nascimento de seu primeiro filho. Como todos os diplomatas recém-empossados, ela passou um ano e meio estudando no Instituto Rio Branco. Ao fim do curso, dedicou sua monografia à memória dos avós sírios, que eram muito pobres, analfabetos e a principal inspiração para ela estar ali.
Os diplomatas são empossados como terceiros secretários, passam seis meses apenas estudando no Instituto Rio Branco e, depois, estudam e fazem algum estágio no ministério.
Concluído o curso e passados um ou dois anos, podem ficar em Brasília ou parar em locais tão diferentes quanto Belmopan ou Paris.
Alexandre Siqueira Gonçalves, de 29 anos, tomou posse ano passado e faz estágio no cerimonial. No dia 12 de agosto andava de um lado para o outro trabalhando na cerimônia de posse, enquanto o secretáriogeral Samuel Pinheiro Guimarães discursava sobre diplomacia e os quatro milhões de brasileiros que moram no exterior.
Alexandre é doutor em engenharia química, formado nos Estados Unidos graças a uma bolsa de estudos. Mas jura que sua turma não sonha com postos em Londres ou Nova York.
— O pessoal está querendo desafios — ele diz.
Outra mudança que vem procurando democratizar o acesso à carreira é o programa de ação afirmativa. Criado em 2002, ele seleciona candidatos afro-descendentes por meio de provas e entrevistas para receber uma bolsa de estudos de R$ 25 mil.
Não é cota. O dinheiro deve ser gasto em cursos, livros e no que mais for necessário para que o candidato se prepare para o concurso. Amintas, Paula e outros dois diplomatas empossados com eles foram bolsistas do programa. Desde 2002, 170 candidatos já receberam a bolsa, e 15 deles conseguiram passar no concurso. O programa é polêmico.
Num país cujo corpo diplomático está muito distante de espelhar a diversidade étnica das ruas, há quem veja a bolsa como um ótimo instrumento de democratização. E quem pense o contrário.
— Sempre são lembradas as histórias de quem conseguiu entrar graças a programas assim.
E nunca as de quem ficou de fora por causa deles — pondera Demétrio Magnoli, que também vê com ressalvas a campanha brasileira por uma vaga no Conselho de Segurança da ONU. — É um objetivo que o Brasil não pode alcançar por meios próprios. E engajar a política externa numa campanha assim nos leva a desperdícios e distorções. Um reflexo disso é a recusa do país em condenar certas ditaduras.
Para ampliar a influência do Brasil lá fora, o governo Lula abriu 36 novos postos diplomáticos, em locais como Tanzânia, Bangladesh e Sri Lanka.
Temos hoje 1.623 diplomatas e 203 embaixadas, consulados, viceconsulados, representações e escritórios lá fora. Um deles fica em Kuala Lumpur, na Malásia, onde está o segundo secretário Luiz Fernando Deo Evangelista, que trabalha como chefe do setor comercial desde abril. Luiz Fernando é outro exemplo desses novos ventos no Itamaraty. Até 2007 era cirurgião do Hospital Miguel Couto.
Desanimado com os rumos da medicina pública, emocionado com a experiência que tinha vivido numa missão humanitária no Sudão e de olho na diplomacia, ele mudou de vida.
— Percebi que muitos problemas podiam ser resolvidos com iniciativas políticas, muitas vezes mais eficazes do que as pequenas ações que médicos praticam no dia a dia. O interesse por outras culturas e um certo ecletismo também contribuíram para a escolha.
Luiz Fernando tinha 41 anos quando tomou posse, em 2007.
Não teria a mesma chance se isso fosse antes de 1999. Até lá a idade máxima para ingressar na carreira diplomática era de 35 anos. Hoje não há mais limite.
Para disputar o concurso, basta ter curso superior. Qualquer um, de qualquer área.
Para passar, em 2007, o médico Luiz Fernando começou a se preparar seis anos antes. Fez relações internacionais, entrou para o curso Clio e surpreendia os colegas de plantão com a quantidade de livros que carregava para cima e para baixo.
A maioria nem desconfiava do motivo. O cirurgião só deixou o hospital quando passou na prova e, no Itamaraty, aprendeu que diplomacia, ao contrário de emergência médica, exige um tempo mais lento, conversa, digestão e avaliação.
Quem se prepara para enfrentar a maratona do concurso precisa mesmo aprender a lidar com o tempo. Passada a primeira fase, que é só de questões objetivas de história, português, direito, economia, política internacional e geografia, vêm as provas discursivas das várias disciplinas. Francês, antigamente, entrava na primeira fase. E já eliminava um monte de gente de cara. Hoje, é prova apenas classificatória, como espanhol.
Inglês era eliminatória até 2005. Deixou de ser, o que causou a maior polêmica. Mudanças como essas, além da abertura de mais vagas, têm deixado diplomatas mais conservadores indignados.
— Um ótimo inglês é prérequisito indispensável. É bom democratizar, sim, mas o corpo diplomático de um país tem que reunir sua elite intelectual — diz um egresso do Rio Branco que prefere não se identificar.
Os candidatos, por outro lado, juram que a prova ficou mais difícil. Em alguns dias do concurso, chega-se a ficar sete, oito horas fazendo provas — escrevendo, em média, duas páginas e meia por hora.
Henrique Paiva Nascimento da Silva, 28 anos, faz simulados periodicamente para se preparar para o próximo concurso.
Apaixonado por diplomacia, ele estudou na Academia Militar das Agulhas Negras e tinha esperança de ser um “militar diplomata”.
Com o tempo, viu que isso não dependia dele e ainda podia levar 30 anos para se realizar. Henrique estava a caminho de virar capitão quando decidiu “trocar o muito certo pelo extremamente duvidoso”.
Deixou o Exército e entrou no curso Clio. Hoje, dedica 12 horas por dia à preparação. Só não abre mão do chope sagrado das noites de sexta. Bate ponto, com a turma do Clio — incluindo aí o professor João Daniel — no sebo e bar Al-Fárábi.
Um jeito democrático de aliviar o estresse sem culpa, com cerveja.
Mas cercado de livros.

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On 30/08/2009, at 22:04, [Fulano] wrote:

Caro Professor Paulo,
Primeiramente, desculpe importuná-lo.
Hoje no jornal O Globo saiu uma matéria onde afirmava que o Itamaraty estava de cara nova, sobretudo, devido as medidas socioafirmativas que incluíram dentre o corpo dos neófitos diplomatas, indivíduos que seriam inimagináveis a pouco tempo.
Sem adentrar no mérito das medidas “inclusivas” a qual compartilho a sua opinião de repulsa contra esse racismo velado, o que me preocupou foi um comentário de um anônimo, mas ao que parece membro do corpo diplomático, que ganhou coro. Esse indivíduo afirmou que paira no Instituto e nos corredores do Itamaraty que os jovens diplomatas são despreparados e que o ensino ministrado está bem aquém dos anos anteriores. Credita, o comentarista, essa piora a democratização do acesso ao IRBr.
Então, caro professor, como membro respeitado e dileto professor do IRBr (ao qual, conforme promessa feita a mim, ainda será meu orientador de Economia e Ciências Políticas), queria saber se esse tipo de impressão procede. Há uma deteriorização do ensino e, sobretudo, da chancelaria brasileira?
Faço essa pergunta, pois não nego, somente pude cogitar ser um “filho do Barão” com a democratização (aumento de vagas e modificação das provas) do acesso ao IRBr, pois por mais que me destacasse na minha terra, acreditava que estar no círculo pensante brasileiro era algo impossível para alguém de uma região incrustada no semi-árido brasileiro. Mas essa democratização, pelo visto, está dissolvendo uma parte que eu considero essencial do “ser diplomata” que é o amor a estudo, ao conhecimento.
E fico com medo de ingressar no IRBr (se Deus assim quiser ...) e for taxado como uma massa favorecida por medidas governamentais e não ser submetido ao estudo dado a tantas gerações de indivíduos que lá freqüentaram.
Não quero reviver essa mesma história, pois ao ser membro de uma classe de cotistas na Universidade, por mais que eu tenha sido aprovado pelo método tradicional (sem cotas ou nenhuma benesse estatal), era hodiernamente colocado em situações onde era taxado como pertencente a “turma de cota”. Não queria facilidades, não queria um ensino diferente. Queria ser tratado com o mesmo rigor dado a tantos outros. Deixar ao arbítrio da seleção natural selecionar os mais aptos, mas isso era repudiado por esses métodos socioarfimativos.
Desculpe-me esse desabafo e a pergunta indigesta, caro professor, mas ressalto a profunda admiração, pois retrata aquilo que coloquei como meta de vida: Ser um indivíduo crítico e pensante pela minha própria cabeça. Um Cogitant Homines.
Obrigado pela parcimônia.
Abraços.
[Fulano]

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Minha resposta:

Caro [Fulano],
Essas "percepcoes" de perda de qualidade da nova geracao de diplomatas sao eminentemente impressionistas e subjetivas. Elas so poderiam ser confirmadas numa avaliacao comparativa, numa série de anos, caso os requisitos de acesso fossem os mesmos e o recrutamento diminuisse; ou, ao contrario, caso esses critérios tivessem se tornado menos exigentes, justamente, e com isso se tivesse uma "enxurrada" de candidatos de baixo nível, o que obviamente não ocorre. Nenhuma das duas hipoteses, portanto, é valida, pois as informacoes de que disponho sao as de que os exames de selecao continuam tao rigorosos quanto antes. Eu até diria que os novos entrantes são melhores do que as gerações passadas, pois a idade média aumentou, muitos vêm com mestrado completo, vários com doutorado, a maioria com experiência de mercado e uma vida mais diversificado do que os "velhos" diplomatas, que entraram no segundo ou terceiro ano da universidade, como era o caso antigamente.
Nao creio, tampouco, que seja o caso do sistema de acao afirmativa. Podemos até contestar uma bolsa de 25 mil reais para poucos privilegiados ditos afro-descendentes, posto que isso é racismo declarado, mas isso nao interfere no recrutamento e selecao, que continuam a ser feitos com base em provas não indetificadas. Pode-se argumentar que isso deu uma vantagem indevida a um pequeno grupo de candidatos, mas o mesmo ocorre com filhos da classe média alta, que passaram o tempo todo estudando, sem precisar trabalhar e sem limitacoes na compra de livros e cursinhos preparatorios. Pode-se dizer que dinheiro publico está sendo distribuido com base em criterios racialistas, mas esse tipo de deformacao das politicas publicas ocorre amplamente em outras esferas das politicas publicas desde varios anos, tendo sido acelerado no governo atual, mas ja era praticado no governo anterior.
Acredito que se você pretende se preparar, deve faze-lo de modo totalmente independente desses comentários e programas de ação afirmativa. Você será tratado como qualquer outro candidato, posto que será um concurseiro completamente desconhecido até o resultado final...
Espero ter respondido a suas preocupacoes.
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Paulo Roberto de Almeida

2 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Paulo Roberto,
com as mudanças ocorridas no processo seletivo do CACD, pergunto qual o lado negativo de se ingressar na carreira contando com mais de 40 anos. Além da progressão na carreira ficar prejudicada, mais as demais implicações? Algum tipo de preconceito?
Abraço.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Nao creio em preconceito, mas nos problemas reais de ebtrar muito tarde: cargos subalternos, chefes mais jovens (possivelmente menos experientes) e bloqueio nas promocoes ao chegar aos 48 anos.