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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

1332) Construindo o atraso educacional do Brasil

Desconstruindo a educação no Brasil
Paulo Roberto de Almeida

Sou terrivelmente pessimista quanto ao itinerário presente E FUTURO da educação no Brasil. Alguns diriam que sou excessivamente pessimista. Acho que não, inclusive porque não sou do setor, não acompanho em detalhes todas as bobagens que vem sendo cometidas pelas pedagogas "freireanas" (e delirantes) que atuam supostamente em nome do MEC para deformar as orientações curriculares do ensino nos dois primeiros graus da educação pública no Brasil e por todos os demais responsáveis pelo setor no Brasil.
Impossível não ser pessimista, mesmo não sendo especialista da área, apenas sabendo daquilo que se proclama como obrigatório aqui e ali.
O Brasil, na verdade, é o país das coisas obrigatórias, das leis que tornam compulsório aquilo que poderia (ou deveria) ser apenas voluntário, funcionar como sugestão, enfim, abrir uma oportunidade de ampliação das oportunidades educacionais, mas que acaba sendo um peso nos orçamentos de estados e municípios e que serve apenas para afundar ainda mais o nível de conhecimento médio dos alunos dos ciclos básicos.

Bem, toda essa introdução, para dizer que estou cada vez mais impressionado como as autoridades educacionais (Ok, autoridades é apenas uma deferência indevida) se empenham em deteriorar cada vez mais as chances de as crianças brasileiras aprenderem o que é verdadeiramente essencial, desviando-as para matérias absolutamente secundárias e até "desviantes" em relação ao que deveria ser um ensino adequado aos desafios da globalização.

Digo isto porque acabo de ler numa propaganda de uma grande editora educacional -- que obviamente ganha muito dinheiro com as exigências e obrigatoriedades inúteis que o governo impõe às escolas estaduais e municipais -- que o Espanhol passou a fazer parte do currículo escolar do ensino médio.
Permito lembrar que a língua espanhola já era obrigatória, desde o início da presente administração do currículo escolar do ensino fundamental, isso por uma suposta preparação para a integração com os vizinhos do Mercosul (sendo que NENHUM vizinho do Mercosul tornou o Português obrigatório, ou sequer opcional, nas suas escolas fundamentais ou de nível médio).

O Brasil, que vai ser obrigado a formar alguns milhares -- não sei quantos, talvez dezenas de milhares -- de professores de "Portunhol", oferece uma chance única, estupidamente auto-assumida, de desviar ainda mais os estudantes brasileiros de uma real concentração naquilo que é, ou deveria, ser, o foco essencial dos estudos: língua nacional, matemáticas elementares, ciências básicas, sendo todo o resto opcional e voluntário, inclusive estudos sociais e matérias afins (Ok, concedo em que história e geografia poderiam ser obrigatórias, mas não tenho muita certeza).

O Brasil continua a afundar mais um pouco seu sistema educacional, depois de outras medidas igualmente deletérias para a boa sanidade mental dos alunos.
Na presente administração, já se tornou obrigatória no ensino primário uma coisa chamada "estudos afrobrasileiros", que provavelmente vai ser uma mistura de reconstrução ideológico-mistificadora de um suposto passado glorioso africano que faz parte de nossa herança cultural e social. Certo, mas os imigrantes europeus também construíram este país, e eles não tem direito a "estudos eurobrasileiros".
Na presente administração, também foi tornado obrigatório -- sempre compulsório, não opcional, ou voluntário -- o ensino de sociologia e filosofia no ensino médio, o que nada mais é do que uma reserva de mercado para marxistas desempregados.

Em face de todos esses exemplos de má administração educacional, eu só posso prever um itinerário desastroso parda o ensino no Brasil, pelos próximos 25 anos, talvez um pouco mais.
Espero estar errado, mas temo que não...

Brasília, 11.02.2010.

2 comentários:

Vinícius Portella disse...

Paulo Roberto,

Creio muito oportuno deixar aqui o link de um post de meu blog:

http://oarqueiroprudente.blogspot.com/2010/02/para-comeco-de-conversa.html

O título do artigo é "A lógica e o lugar crítico da razão" de autoria de Aires Almeida. Nele Almeida começa por refutar a necessidade do ensino de lógica e filosofia no ensino secundário para a formação de bons cidadãos em Portugal. Parte, então, para maiores considerações sobre o tema, ressaltando dois dos grandes problemas que podem ser estendidos, a meu ver, não só à filosofia e à lógica, nem estão restritos somente ao país luso. A saber, são eles: "a tendência para a irrelevância cognitiva; e
a tendência para o acriticismo opinativo."

Um grande abraço!

Rubens disse...

Caro Professor, uma sugestão de leitura sobre o assunto:

http://www.city-journal.org/2009/19_2_freirian-pedagogy.html