Um leitor deste blog escreveu-me a propósito deste post:
sábado, 27 de fevereiro de 2010
1724) Maquiavel sempre atual: da tradicional arte do assassinato politico
Ele escreveu-me o seguinte:
"Prezado PRA,
Interessantíssimo artigo do George Friedman. A STRATFOR tem análises realmente muito boas. Mas faltou talvez seu comentário aprofundado sobre a questão do assassinato político. Você concorda com o autor?"
Sem tempo para elaborar a respeito, respondi o que segue:
Democracias não assassinam líderes políticos de outros países, mesmo achando que eles são detestáveis ou perversos, seja para si mesmas, seja para o próprio povo daqueles países.
A menos de uma situação de guerra declarada, o assassinato político não é um instrumento aceitável.
Diferente é a situação de entidades não estatais que já se engajaram em atividades clandestinas contra uma democracia qualquer. Acredito que neste caso, como medida de autodefesa, essas democracias têm o direito, e provavelmente o dever (isto é, proteger o seu próprio povo de ataques terroristas com armas de destruição em massa, por exemplo) de atacar não apenas os operativos (que são substituíveis), mas também os líderes políticos por trás dessas ações, mesmo antecipadamente.
Situações de guerra desse tipo são muito difusas, e acredito que não vale a pena esperar pelo pior.
Portanto, eu me pronuncio claramente pelo assassinato político nessas circunstâncias, posto que o "assassinato" nada mais é do que uma medida legítima de autodefesa.
Eliminar Bin Laden pode não afastar todas as ameaças terroristas contra os EUA e a Europa, mas certamente vai eliminar uma das fontes de ataques.
Não tenho nenhuma dúvida de que esses terroristas e seus líderes não hesitariam e não hesitarão um só segundo, se puderem lançar um ataque devastador -- por meios biológicos, radiológicos ou químicos -- contra as democracias ocidentais.
É direito delas afastar esse tipo de ameaça, eliminando essas pessoas que estão engajadas nessa guerra.
São as leis da guerra, desde Sun Tzu, aliás...
Paulo Roberto de Almeida
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
-
Países de Maior Acesso aos textos PRA em Academia.edu (apenas os superiores a 100 acessos) Compilação Paulo Roberto de Almeida (15/12/2025) ...
-
Reproduzo novamente uma postagem minha de 2020, quando foi publicado o livro de Dennys Xavier sobre Thomas Sowell quarta-feira, 4 de março...
-
Israel Products in India: Check the Complete list of Israeli Brands! Several Israeli companies have established themselves in the Indian m...
-
Itamaraty 'Memórias', do embaixador Marcos Azambuja, é uma aula de diplomacia Embaixador foi um grande contador de histórias, ...
-
Desde el post de José Antonio Sanahuja Persles (Linkedin) Con Camilo López Burian, de la Universidad de la República, estudiamos el ascens...
-
O Brics vai de vento em popa, ao que parece. Como eu nunca fui de tomar as coisas pelo seu valor de face, nunca deixei de expressar meu pen...
2 comentários:
Caro Professor,
Muito interessante o texto original e o seu comentário também. As justificativas do assassinato político são lógicas e bem fundamentadas, sem dúvida, mas é lastimável que povos civilizados tenham que recorrer a estes métodos e ainda possam encontrar justificativas morais para tirar a vida de um ser humano. Com certeza estamos ainda muito distantes do ideal de um mundo de cooperação, onde os conflitos possam ser solucionados pela diplomacia.
Tatiana,
Nao sao as democracias que recusam cooperacao, assistencia, projetos de desenvolvimento.
Sao os terroristas...
Paulo Roberto de Almeida
Postar um comentário