sexta-feira, 20 de maio de 2011

Escaramuças comerciais Brasil-Argentina: se foi para desfazer, por que fez?

Eu nunca vou deixar de me surpreender com a coerência, a constância, a racionalidade e sobretudo a persistência de nossas políticas públicas em geral, com a fundamentação empírica e legal de nossa política comercial em particular, e em especial com a fabulosa política bilateral Brasil-Argentina, feita de doçuras e belezuras durante mais de oito anos, de repente endurecida (estilo Ché Guevara?) e agora novamente acomodatícia e compreensiva.

Se as salvaguardas "automobilísticas" foram dirigidas a um problema real -- ou seja, as importanções maciças de automóveis estrangeiros que estariam prejudicando a indústria nacional, segundo alegado (e supostamente registrado na OMC) -- como é que agora, com um simples telefonema, cujo teor se desconhece, se volta atrás?
Parabens pela coerência?
Como diria o Garrincha, parece que combinaram tudo com os russos...
Era só para exercer um pouco de machismo comercial, como já escrevi aqui mesmo...
Paulo Roberto de Almeida

Brasil vai apressar entrada de automóveis da Argentina a partir desta sexta
Correio Braziliense online, 20/05/2011

A partir de amanhã (20/5), o Brasil vai agilizar a liberação das licenças de importação de automóveis da Argentina, informou hoje (19) à noite o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A medida ocorre em retribuição ao país vizinho, que vai fazer o mesmo com pneus, baterias e calçados exportados pelo Brasil.

O Ministério do Desenvolvimento esclareceu que as licenças de importação de automóveis continuam não automáticas. Na verdade, o Brasil vai apenas reduzir o prazo de análise da entrada de veículos da Argentina, que atualmente pode levar até 60 dias.

As medidas foram acertadas hoje pelo secretário executivo do ministério, Alessandro Teixeira, e o secretário da Indústria da Argentina, Eduardo Bianchi. Os dois conversaram por telefone e marcaram uma reunião na próxima segunda (25) e terça-feira (26) em Buenos Aires para discutir o impasse comercial criado pelas licenças não automáticas. De acordo com o ministério, a agilização das liberações representa um gesto de boa vontade dos dois países em chegar a um entendimento.

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