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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 22 de outubro de 2011

Custo das corrupcao no Brasil: 2.3% do PIB (mais ou menos...) - revista Veja

Difícil medir a corrupção, não é? Afinal de contas, corruptos se apropriam dos recursos públicos (e não só dinheiro) por diversos meios, em todas as oportunidades disponíveis.
E não é só moeda sonante desviada para uma conta pessoal: geralmente é o uso indevido de recursos do patrimônio público, como transportes, diárias, bens diversos...
A revista Veja tenta estimar quanto se rouba no Brasil. 
Chegou ao valor de R$ 82 bilhões, e eu acho que é mais do que isso.
Com base no que observo todos os dias, enquanto funcionário público federal, estimo que deve ser muito mais do que isso, a começar por salários excessivamente elevados para uma produtividade vergonhosamente baixa.
Se fossemos estimar, por exemplo, o valor do trabalho (homem/hora) do funcionário público, comparativamente a tarefas equivalentes no setor privado, ou seja, se formos estimar o trabalho funcionalmente equivalente em um e outro setor, chegaríamos à conclusão de que o serviço público tem um custo DUAS VEZES mais elevado (talvez mais) do que se o mesmo serviço fosse prestado em bases de mercado.
Estou, sim, acusando o serviço público de ser perdulário com os recursos da população, inclusive os meus próprios, claro, que também pago impostos que considero excessivos para serviços públicos literalmente vagabundos de que dispomos como educação, saneamento, saúde e outros bens coletivos.
Portanto, o valor estimado por VEJA é apenas uma parte do problema, aquela monetizável, com base no orçamento. Eu estou estimando o CUSTO REAL, TOTAL da corrupção, que é também uma corrupção moral, uma indignidade ética, um comportamento desonesto da maior parte dos brasileiros.
Não estou, portanto, isentando cada um de nós pelo ambiente de lassitude moral que existe no Brasil.
Somos em grande parte responsáveis pelos ladrões que existem no serviço público. Tenho plena consciência disso, e acho que vai demorar um pouco para que isso seja corrigido.
Enfim, termino com o masoquismo complacente, e vamos para a matéria da Veja.
Paulo Roberto de Almeida


O custo da corrupção no Brasil: R$ 82 bilhões por ano
Revista Veja, 22/10/2011
Nos últimos dez anos, segundo estimativas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), foram desviados dos cofres brasileiros R$ 720 bilhões. No mesmo período, a Controladoria-Geral da União fez auditorias em 15.000 contratos da União com estados, municípios e ONGs, tendo encontrado irregularidades em 80% deles. Nesses contratos, a CGU flagrou desvios de R$ 7 bilhões - ou seja, a cada R$ 100 roubados, apenas R$ l é descoberto. Desses R$ 7 bilhões, o governo conseguiu recuperar pouco mais de R$ 500 milhões, o que equivale a 7 centavos revistos para cada R$ 100 reais roubados. Uma pedra de gelo na ponta de um iceberg. Com o dinheiro que escoa a cada ano para a corrupção, que corresponde a 2,3% de todas as riquezas produzidas no país, seria possível erradicar a miséria, elevar a renda per capita em R$ 443 reais e reduzir a taxa de juros.
(…)
As principais causas da corrupção são velhas conhecidas: instituições frágeis, hipertrofia do estado, burocracia e impunidade. O governo federal emprega 90.000 pessoas em cargos de confiança. Nos Estados Unidos, há 9.051. Na Grã-Bretanha, cerca de 300. “Isso faz com que os servidores trabalhem para partidos, e não para o povo, prejudicando severamente a eficiência do estado”, diz Cláudio Weber Abramo, diretor da Transparência Brasil.

Há no Brasil 120 milhões de pessoas vivendo exclusivamente de vencimentos recebidos da União, estados ou municípios. A legislação tributária mais injusta e confusa do mundo é o fertilizante que faz brotar uma rede de corruptos em órgãos como a Receita Federal e o INSS. A impunidade reina nos crimes contra a administração pública. Uma análise de processos por corrupção feita pela CGU mostrou que a probabilidade de um funcionário corrupto ser condenado é de menos de 5%. A possibilidade de cumprir pena de prisão é quase zero. A máquina burocrática cresce mais do que o PIB, asfixiando a livre-iniciativa. A corrupção se disfarça de desperdício e se reproduz nos labirintos da burocracia e nas insondáveis trilhas da selva tributária brasileira.

Um comentário:

Kaio de A. Santos disse...

Desculpa a franqueza, mas a VEJA gosta de dar uma manipulada, essa revista tem que ser lida com cautela, é uma lavagem cerebral para os ignorantes.

Parabéns pelo Blog!