Antes de analisar o mais recente livro de Constantino, vale saudar o trabalho da editora Record (maior grupo editorial do país). Ao que parece, o público conservador (que é mais vasto do que imaginam muitos) tem agora uma editora disposta a lhe servir de bons livros: o também recente sucesso de vendas ‘O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota’ de Olavo de Carvalho, além de títulos essenciais para os interessados pelo debate político: ‘Fascismo de Esquerda’ de Jonah Goldberg e ‘O País dos Petralhas I e II’ de Reinaldo Azevedo. Também deve ser exaltada a figura de Carlos Andreazza nessa guinada à direita dos últimos títulos da Record.
O mais recente e sem dúvida melhor livro de Rodrigo, Esquerda Caviar, segue um estilo que MUITO me agrada: a precisão documental que muitas vezes só encontro em autores americanos ao elencar fatos de diversas ordens. Rodrigo faz um raio-X praticamente completo do esquerdista caviar: origens, postura, exemplos, justificativa, quem são, onde estão e tudo mais que há direito. Aquele espécime que adora o socialismo, desde que para os outros…
O estilo dessa obra de Constantino segue o de suas outras: claro e objetivo. É leitura extremamente informativa, para ser esgotado com rapidez, já que a prosa flui com naturalidade.
Vale comentar dois aspectos acerca da obra de Constantino, adendos ou coisas que podem passar desapercebidas ao leitor mais desatento:
A primeira é certa incapacidade (ou seria desonestidade?) de alguns de observarem o real problema exposto. Não espere que um esquerdista admita que comete uma contradição logo de cara, tampouco que ele se importe em cometê-la (como já tive a oportunidade de comentar, devido ao horizonte dialético da mentalidade esquerdista, uma contradição não é vista como um pecado intelectual irrepreensível, mas até mesmo como combustível para que se siga em frente, propagando e agindo sob a tutela do erro).
Muitos esquerdistas, por motivos diversos, não veem problema em defender o socialismo e servir-se dos recursos abastados que o capitalismo lhe proveu ou que apenas ele pode prover (“ser de esquerda não é fazer voto de pobreza” disse Sakamoto certa vez). Contudo, resta a pergunta: como o sujeito, dado seu referencial teórico (o socialismo), pode condenar o acúmulo de riqueza, pois segundo ele, “a ‘mais-valia’ é roubo” e condenar o método pelo qual qualquer um pode chegar à riqueza (o capitalismo de livre mercado) e deleitar-se com vinhos caros, viagens chiques e produtos eletrônicos oriundos de empresas “exploradoras” que “destroem o meio ambiente”?
Para quem conhece alguns desse tipo, como eu, Esquerda caviar é uma metralhadora, elenca praticamente TODOS os que incorrem nessa contradição sem piedade: dos ídolos tradicionais da esquerda, como Fidel e Che (com seus Adidas e Rolex) aos novos meninos de apartamento que consideram ser de esquerda como o novo cool, como Wagner Moura e Leonardo di Caprio.
Nunca espere que um esquerdista reconheça sua contradição; é da natureza de seu raciocínio que não o faça, é da natureza de seu raciocínio que ao chegar numa conclusão contraditória, não reveja as premissas e abandone o argumento caso confirme-se o caráter contraditório da ideia. Contudo, para mentalidades sãs, a obra de Constantino segue sendo um manual de consulta dessa impostura de diversas celebridades, heróis e políticos esquerdistas.
A segunda seria se essa condição, do esquerdista caviar, representa apenas um cinismo consciente, como indicamos acima, ou uma consequência imediata e inevitável da postura socialista, sendo o exemplo maior disso o relato da elite formada pelos porcos, logo a após a revolução ocorrida na Animal Farm, como relata George Orwell. Não apenas “todos são iguais, mas alguns são mais iguais que outros”, mas dentro do esquema socialista, é preciso que uns sejam “mais iguais” que outros, servindo-se das benesses capitalistas, enquanto deseja “o básico para todos” para os demais mortais.
A despeito desses dois detalhes, Esquerda Caviar segue sendo tanto um compêndio documental dos “filhos de Marx numa eterna transa promíscua com a Coca Cola”, quanto um manual para infernizar aquele seu amigo (ainda é seu amigo?) melancia, relativista cultural, natureba xiita ou simpatizante do islamismo militante (todas variantes do esquerdismo caviar, pois nenhum outro sistema político-econômico fez e pode fazer mais pelo ambiente e pela cultura). Não perca tempo, compre e leia (se morar em alguma cidade da rota de divulgação da obra, vá pegar um autógrafo)!
André Assi Barreto comigo no lançamento
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