O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Planejando o futuro, dez anos à frente: Trabalhos que pretendo fazer, em médio prazo - Paulo Roberto de Almeida

Trabalhos que pretendo fazer, em médio prazo

Paulo Roberto de Almeida


Nos antigos sistemas socialistas, ou em quase todos os regimes de economia planificada – o que compreenderia igualmente, portanto, certos regimes fascistas e mesmo alguns sistemas capitalistas com forte presença estatal, como era o caso da França do pós-guerra – havia o hábito de se elaborar grandes planos multianuais, geralmente quinquenais (nos velhos tempos da União Soviética), ou até mais, como ainda recentemente ocorreu na China, onde o último pleno do PCC estabeleceu um programa de reformas (no sentido capitalista, ou de mercado) para os próximos dez anos. Não sei se funciona, mas parece que as pessoas, e as burocracias, se sentem mais seguras, quando dispõem de um mapa do caminho, de maneira a estabelecer, com alguma visão de futuro, as prioridades definidas por alguma equipe estatal, para poder planejar a aplicação de recursos, orientar os estudos pertinentes, fazer um calendário das tarefas atinentes e, sobretudo (ao que parece), cobrar resultados dos responsáveis.
Pode ser que todo esse planejamento produza (ou tenha produzido) algo de bom, mas não tenho certeza, do contrário os sistemas mais planificados e mais organizados do mundo – como o Gosplan soviético com seus poderosos computadores e milhares de funcionários, todos teoricamente versados em estatísticas – seriam estupendos exemplos de sucesso econômico, tecnológico, social, cultural, e não a miséria que efetivamente foram, antes de implodir deixando só ruinas atrás de si. O único sistema que se manteve socialista (se vocês acreditam nisso), supostamente planificado e, mais importante, com algum resultado aferível em termos de progressos econômicos e de realizações técnicas é o da China, mas tampouco tenho certeza de que isso se deva ao socialismo de tipo leninista, ou ao capitalismo de administração burocrática (mandarins) que funciona na China há mais ou menos 4 mil anos (com interrupções para acomodar queda de dinastias, vinte e seis, ao que parece, guerras civis, invasões, e toda a roubalheira dos mesmos mandarins, do Império, da República, do socialismo).
Qualquer que seja a opinião prevalecente (minha ou dos outros) sobre a eficácia relativa do planejamento, é um fato que eu mesmo mantenho um modesto planejamento sobre minhas atividades, que envolvem o trabalho profissional (obviamente), a ocupação docente e minhas próprias pesquisas e trabalhos escritos, feitos inteiramente em bases voluntárias. Mas esse “planejamento”, não costuma ir além dos seis meses à frente, em função de programas de aulas, viagens, leituras, e trabalhos associados. Há também os projetos de mais longo prazo, que geralmente também envolvem leituras e escritos de maior fôlego (invariavelmente atropelados pelos trabalhos mais urgentes, pelas demandas externas, pelas surpresas da vida, inclusive bons livros recentemente publicados).
Se eu me dedicasse apenas aos trabalhos estabelecidos como prioritários talvez eu já tivesse finalizado minhas “Obras Completas” (Gesamtwerke) em dez ou vinte volumes, mas as interrupções existem sob a forma de pareceres em artigos submetidos a revistas das quais sou consultor editorial (ou editor adjunto), pedidos de alunos para examinar projetos ou ler trabalhos, convites para bancas de dissertações ou teses acadêmicas, seminários, artigos ocasionais, resenhas de livros de colegas, enfim, todas aquelas minudências que nos desviam do foco principal e acabam terminando numa miríade de pequenos trabalhos que ocupam terrivelmente o meu tempo mas não se traduzem em alguma grande obra de referência ou permanente.
Por isso, vou agora estabelecer uma lista de prioridades de curto, médio e longo prazo, e tentar segui-la religiosamente (o que não vai acontecer obviamente), mas que pelo menos servirá para me dar dor de consciência suficiente para retornar à lista, assim que puder. Vou listar aqui apenas os trabalhos publicáveis, ou suscetíveis de serem divulgados publicamente, pois no meio haverá toda uma outra série diversificada de pequenos trabalhos, resenhas de livros e vários outros, impossíveis de serem listados. Retiro alguns dos itens do meu pipeline já pronto, que figura no começo das listas de trabalhos, e outros de pastas de “working files” ou de “books to work”, ou seja, de trabalhos de maior porte que ainda pretendo empreender ou continuar. Não se trata de pequena lista, sobretudo se considerarmos que vários ainda vão exigir pesquisas, muitas leituras e revisões contínuas dos rascunhos produzidos.
Com isso, vejamos o que pode aparecer no meu planejamento decenal pouco socialista, na verdade altamente individualista, e totalmente libertário. Espero que alguns projetos se completem, mas isso só saberemos ao final. Rendez-vous em 2024, portanto, e fica o registro no cartório das minhas listas de trabalho. Vale!


Trabalhos em processo de elaboração:
1) Introdução livro Stanley Hilton: apresentação geral e contextualização.
2) “Diplomatie économique brésilienne: changements de régime en perspective historique”; revue Géoéconomie sous la forme d’un article de 20-30.000.
3) Mercosul: Solução de Controvérsias e Questões institucionais; apoio a tese Uniceub.
4) Revisar: Padrões e tendências das relações internacionais do Brasil em perspectiva histórica: uma síntese tentativa” (2522).
5)Brazil’s Economic Dependency and the Transition of Empires: From British Preeminence to American Hegemony, 1890-1944”, paper to be prepared for the international conference on American (Inter)Dependencies: New Perspectives on Capitalism and Empire, 1898-1959; April 3-5, 2014 at New York University (2521).
6) “Economic regime change and political transitions in contemporary Brazil”; chapter for a book; paper for the LASA conference in Chicago (21-24 May 2014): March.
7) “A Agenda Econômica Internacional do Brasil: desafios para os próximos anos” (2271); reformulação dos trabalhos 2449 e 2011.

Trabalhos de médio prazo:
1) Volta ao Mundo em 25 ensaios; revisar, publicar.
2) Falácias acadêmicas, verificar textos contra corrente (2010); cooperação sul-sul.
3) Memórias de Rio Branco: avançar; terminar.
4) Festschrift Ricupero: cobrar trabalhos, escrever introdução.
5) Sun Tzu para Diplomatas: clássicos revisitados.
6) Rato de biblioteca: memórias de um roedor de livros.
7) Cartas a um jovem diplomata: projeto

Trabalhos de mais longa elaboração:
1) A Ordem Internacional e o Progresso da Nação, 1889-1944; segundo volume da série Formação da Diplomacia Econômica.
2) Autobiografia do Estado: a história de um fora-da-lei.
3) Diplomacia econômica contemporânea: o Brasil nas relações internacionais, 1945-2010; terceiro volume da série Diplomacia Econômica.
4) Cartas Persas: clássicos revisitados.
5) Atlas das relações internacionais do Brasil (com Hervé Théry).
6) Da Democracia no Brasil: Tocqueville em missão de prospecção.
7) Percival Farquhar: um investidor nos trópicos (Yale Research).


Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 2535: 19 de Novembro de 2013




Nenhum comentário: