O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Acordos de livre comercio: os que ganham, os que perdem; adivinhem onde esta o Brasil?

E alguem por aí acredita realmente que haverá um acordo UE-Mercosul?
O Brasil, junto com a Argentina, é um país instintivamente protecionista, o que não só explica seu atraso relativo, como também a desigualdade de renda: protecionismo costuma prejudicar (costuma não: prejudica) os mais pobres, e beneficia um punhado de já ricos.
Paulo Roberto de Almeida

País é dos que mais perdem com acordo de EUA e Europa

RENATA AGOSTINI
DE BRASÍLIA

Um acordo de livre comércio entre Estados Unidos e União Europeia pode redesenhar a economia global e ter o Brasil como um dos grandes prejudicados.

Caso seja de fato concluído, o tratado pode levar o país a experimentar uma queda em suas exportações, equivalente a uma redução de até 2,1% de seu PIB per capita, num cenário em que taxas de importação sejam zeradas e outras barreiras eliminadas, como padronizações conflitantes e reservas de mercado.

O cálculo, da Universidade de Munique, mede os efeitos, em 126 países, do acordo.

EUA e União Europeia discutem desde o início do ano um tratado de livre-comércio. A expectativa é que até o fim do ano que vem seja fechado um acordo que une quase metade do PIB global e um terço do comércio mundial.

 

AlexArgozino/Editoria de Arte/Folhapress

 

 

 

O estudo mostra que todos os países fora do novo bloco registrarão queda nas vendas ao exterior e, consequentemente, perderão receitas. A Coreia do Sul seria exceção.

Os países europeus terão ganhos variados de até 10% na renda média de seus cidadãos, e os Estados Unidos serão os maiores vitoriosos, com ganho de 13,4%.

A queda das receitas para o Brasil ocorrerá nos dois destinos, segundo o estudo. Somente para os EUA, a perda seria de 30% das vendas. Os dois blocos absorvem um terço das exportações do país.

"O mundo caminha para o fim das tarifas. Se houver um acordo entre EUA e UE, começará a haver um isolamento do Brasil", diz Carlos Abijaodi, diretor da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Entre os Brics, o Brasil perderá tanto quanto a Rússia (2,1%), será menos prejudicado que a África do Sul (3,2%), mas ficará em desvantagem em relação a Índia (1,7%) e China (0,4%).

OUTROS EFEITOS

O estudo não contempla os efeitos para o Brasil caso uma área de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia seja também criada.

Empresários brasileiros defendem que, diante das negociações entre EUA e europeus, o país deveria acelerar as tratativas para se proteger.

"Neste caso o ataque é a melhor defesa. Se eles fecharem um acordo antes do nosso, podem dizer que terão de seguir o padrão já fechado com os EUA. Teríamos de recomeçar toda a negociação e nos ajustar a outras condições", afirma Abijoadi.

Reportagem da Folha desta semana mostrou que a indústria nacional está defendendo um acordo de livre-comércio com os EUA. O Ministério de Desenvolvimento afirmou, porém, que não há conversas no momento sobre esse tema e que o foco é um acerto com a Europa.

2 comentários:

Pedro Erik Carneiro disse...

Muito interessante, Paulo, um acordo de livre comércio entre uma Europa (Zona do Euro) decadente e um EUA também caindo financeiramente e politicamente, durante governo Obama. Acho que não traria tantos benefício para o país mais aberto do mundo (EUA), mas penso no impacto sobre países como Grécia, Irlanda e Portugal, já em crise.

Sobre o Brasil, nada muito a acrescentar sobre o que você disse. Prejudicamos há décadas nosso povo, com a defesa de setores sindicais e industriais.

Abraço,
Pedro Erik

Carlos U Pozzobon disse...

O artigo analisa as perdas para o Brasil em termos de PIB. Este cálculo é muito adequado para avaliar nosso subdesenvolvimento. Se o Brasil tivesse um desenvolvimento capitalista normal, teria um PIB próximo ao dos EUA, em torno de 40 mil dólares percapita, o que daria 8 trilhões de dólares. A diferença pode ser medida, mas a contabilidade das perdas, se começasse a ser lançada em 1900 poderia revelar uma história econômica em que a pior opção seja reveladora de uma mentalidade produzida no nosso modelo político peculiar, como tentei demonstrar no artigo http://dnabrasilis.blogspot.com.br/2012/01/10-perda-do-capital-social.html