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Diplomata e historiador brasileiro é um dos principais conhecedores da história e da cultura africana
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O GLOBO 31.05.14
Alberto da Costa e Silva é o 11º brasileiro a receber a distinção
Guito Moreto / Guito Moreto/11-12-2012
Guito Moreto / Guito Moreto/11-12-2012
LISBOA — O poeta, diplomata e historiador brasileiro Alberto da Costa e Silva recebeu, hoje, o Prêmio Camões, o mais importante destinado a um autor de língua portuguesa pelo conjunto da sua obra. O anúncio foi feito esta sexta-feira, em Lisboa, pelo júri, composto por Rita Marnoto, professora universitária, José Carlos Vasconcelos, jornalista, e os escritores Affonso Romano de Sant'Anna, Antônio Carlos Secchin, José Eduardo Agualusa e Mia Couto, vencedor em 2013.
— Foi um prêmio inesperado, não estava em minhas cogitações — disse o autor, que fez questão de destacar sua “constância e presença” em Portugal e na África. — É um prêmio que engrandece a história de um escritor. Já foi atribuído para os nomes mais expressivos da língua portuguesa. A notícia me deu grande alegria, embora eu ainda não esteja totalmente convencido de que sou merecedor.
Formado pelo Instituto Rio Branco em 1957 e membro da Academia Brasileira de Letras, Alberto da Costa e Silva serviu como diplomata em Lisboa, Caracas, Washington, Madrid e Roma, antes de ser embaixador na África. Participou de missões em Angola, Etiópia, Costa do Marfim, Camarões, Togo, Gabão, Guiné, Senegal, Libéria, entre outros países. Aproveitando sua longa passagem pela África, tornou-se um dos principais especialistas na cultura e na história do continente, com obras como “A enxada e a lança: a África antes dos portugueses” (1992) e “A manilha e o libambo: a África e a escravidão” (2002). Seu último livro, “Imagens da África” (2013), reúne fragmentos de textos de viajantes estrangeiros que passaram pela região, da Antiguidade ao século XIX
O escritor moçambicano Mia Couto, um dos membros do júri, lembrou a “arte e elegância” com que o historiador e poeta desmembrou a memória da África. Já o angolano José Eduardo Agualusa, também do júri, afirmou que a atribuição à Costa e Silva “também para a África”.
— Não creio que prêmios sejam para países ou continentes, mas sim para a ação e a reflexão de um escritor — avalia Costa e Silva, nascido em 1931. — Porém, fico muito feliz que me considerem um autor de interesse africano e emotivamente africano.
Para o escritor Antônio Carlos Secchin, ninguém melhor do que Alberto da Costa e Silva estuda e divulga, em alto nível, a confluência cultural e histórica dos povos de língua portuguesa.
— A isso se alia uma refinada expressão estilística em todos os gêneros em que se expressa: o poético, o memorialístico, o ensaístico — avalia. — Sinto-me feliz e honrado por ter feito parte do júri que lhe concedeu por unanimidade o prêmio, com toda justiça.
Com a atribuição, o Brasil se torna o país com mais vencedores do Camões. Já são 11 premiados, incluindo nomes como Dalton Trevisan, Ferreira Gullar, Autran Dourado, João Cabral de Melo Neto e João Ubaldo Ribeiro.
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