Paulo Roberto de Almeida
Blogs e Colunistas
08/08/2014 às 10:47 \ Instituições, Protecionismo
A política externa em frangalhos. Ou: Nunca antes na diplomacia…
As constantes trapalhadas diplomáticas do lulo-petismo têm cobrado um preço cada vez mais alto para o país. O editorial
do GLOBO de hoje argumenta que a desgraça em nossa indústria tem
ligação direta com as políticas externas equivocadas do governo:
A
dependência crônica ao Mercosul, por opção ideológica, começa a cobrar
seu preço. Bem como o erro de ressuscitar o protecionismo das décadas de
70 e 80.
O resultado
tem sido manter o Brasil fora de cadeias globais de produção. Com isso,
mesmo que se queira agredir outros mercados, não se tem produtos de
última tecnologia, capazes de atender às exigências desses mercados.
Acertos feitos para trazer montadoras, sem dar-lhes maior liberdade no
uso de componentes importados, estreitam a margem de manobra da política
de exportações, neste momento de retração interna e crise no maior
parceiro do Mercosul.
Também
começa a cobrar seu preço a falta de acordos comerciais bilaterais, em
grande parte devido à subordinação, contrária aos efetivos interesses
nacionais, da política externa ao viés protecionista de um Mercosul cada
vez mais bolivariano.
[...]
Começam a
ficar mais nítidos os prejuízos decorrentes da diplomacia de aliança
cega com latino-americanos populistas e terceiro-mundistas, algo que há
tempos faz parte do lixo da História.
Tenho dedicado vários textos às críticas
ao nosso Itamaraty sob o petismo, justamente por compreender o enorme
custo que isso representa para os “interesses nacionais”. Cheguei a
sugerir que alguém escrevesse um livro inteiro sobre o assunto. Não
sabia que meu desejo já havia sido realizado, e por um diplomata de
primeira, que conheço há anos e respeito muito.
Estou lendo o livro Nunca antes na diplomacia…,
de Paulo Roberto de Almeida, que cai como uma luva para atender a minha
demanda. O livro é uma coletânea de artigos e ensaios do diplomata,
tudo muito bem organizado.
Começa explicando o que seria uma postura
diplomática ideal, quais suas funções, e define conceitos
importantes. Em seguida, traça uma historiografia de nossa diplomacia,
dividida em fases marcantes. Por fim, mergulha mais a fundo nas decisões
dos últimos anos, mostrando que houve uma quebra de paradigma.
Diplomatas costumam assumir uma forma
bastante cautelosa de crítica. Não Paulo Roberto. Ele adota postura
totalmente independente, e pode se dar ao luxo de realmente dizer o que
pensa. Eis o grande mérito do livro, além de sua capacidade ímpar de
observação dos acontecimentos externos relevantes e sua bagagem cultural
e intelectual.
Ainda pretendo voltar ao tema usando o
conteúdo do livro, que tem agregado bastante. Por enquanto, deixo apenas
uma constatação feita pelo embaixador Rubens Barbosa, que assina o
prefácio, tem postura mais moderada, mas mesmo assim tem feito
importantes críticas à política externa desse governo em suas colunas:
Nunca antes
na história do País – e de sua diplomacia -, preconceitos ideológicos e
plataforma partidária influíram tanto nas questões de competência do
Itamaraty de analisar e recomendar cursos de ação para que a chefia do
Executivo possa tomar decisões. [...] A marginalização do Itamaraty,
sobretudo no tratamento dos assuntos relacionados aos países vizinhos da
América do Sul, certamente não estaria agradando ao Barão do Rio
Branco, que ensinou que “a pasta das Relações Exteriores não é e não
deve ser uma pasta de política interna”.
Barbosa, meu colega de colunas no GLOBO, é
presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp, e sabe bem como a
nossa política externa atual, especialmente a insistência no modelo
fracassado e ideologizado do Mercosul, tem feito sangrar nossas
indústrias. Ele é assessor próximo do candidato Aécio Neves. Na
diplomacia, como em tudo mais, o Brasil necessita de grandes mudanças!
Rodrigo Constantino
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