Inventaram uma tal de "herança maldita", quando a deterioração da situação econômica tinha sido a consequência de sua própria postura anterior, ao ameaçar mudar tudo na economia e não honrar os compromissos externos do Brasil. Como consequência, o dólar disparou, o crédito do Brasil despencou, o risco subiu exponencialmente, a confiança dos mercados se deteriorou e a inflação subiu. Foi preciso um empenho extraordinário para consertar as coisas que tinham sido agravadas justamente pelo temor dos companheiros. E a despeito dessas evidências eles demonizaram aqueles que tinham feito de tudo para deixar um país em ordem para eles.
No setor externo, também inventaram uma fantasmagórica "submissão aos ditames do Consenso de Washington", uma inexistente adesão ao neoliberalismo (que só existia na imaginação e na propaganda mentirosa deles), e impingiram aos predecessores a pecha de uma política externa não comprometida com a soberania, que eles prometiam defender mais na retórica do que na realidade.
Pois bem, vinte anos depois, quando o Brasil chegar aos duzentos anos de sua independência, o que vamos encontrar?
Um país falido pela incúria, inépcia e corrupção dos companheiros, uma nação endividada e com sua renda diminuida. Mais ainda, moralmente arrasada pela mais gigantesca operação de corrupção jamais vista nos anais da pátria.
Como mostra um relatório do FMI, de 2016, em 2022 o Brasil estará superendividado e tecnicamente insolvente, pois nenhum país consegue pagar juros de uma dívida total equivalente a mais de 90% do PIB num nível jamais visto anteriormente.
Este é o resultado da GRANDE DESTRUIÇÃO lulopetista, que este editorial do Estadão resume muito bem.
Paulo Roberto de Almeida
Um país afundado em dívidas
Editorial do Estadão, 10/10/2016
Com o governo atolado em dívidas e sem perspectiva de arrumar suas finanças a curto prazo, as empresas brasileiras mais endividadas terão de buscar no mercado a solução para seus problemas. As condições internacionais ainda são benignas, mas poderão piorar quando os juros subirem de novo nos Estados Unidos. Quando isso ocorrer, muito dinheiro hoje disponível para os emergentes será provavelmente desviado para aplicação em ativos americanos. Riscos financeiros são hoje elevados em todo o mundo e a situação de alguns grandes bancos europeus preocupa os mercados. Mas governos do mundo rico e de alguns países emergentes têm algum espaço para socorrer companhias endividadas e facilitar o ajuste do sistema bancário. No Brasil, o setor público terá de se empenhar prioritariamente, por muitos anos, em melhorar o próprio balanço.
Este quadro resume informações importantes – e pouco animadoras – de dois documentos liberados na semana passada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e comentados por diretores da instituição. Um relatório sobre finanças globais mostrou um cenário de curto prazo melhor que o esperado e uma coleção de riscos significativos a médio prazo. Outro relatório mostrou como o enorme endividamento público e privado impôs desafios à política fiscal. Nos dois estudos, mas especialmente no segundo, o Brasil aparece em situação especialmente vulnerável.
A dívida bruta do setor empresarial, das famílias e dos governos atingiu US$ 152 trilhões no ano passado, valor correspondente a 225% do produto bruto mundial. Oito anos depois do estouro da última grande crise financeira, em 2008, o risco financeiro permanece elevado. A recessão foi superada na maior parte do mundo, mas o crescimento continua insatisfatório, desajustes importantes subsistem e o endividamento excessivo ameaça de novo a estabilidade mundial.
Vários fatores negativos diferenciam a posição brasileira nesse quadro. Depois de dois anos de recessão, a economia continua em marcha lenta, a inflação ainda é elevada, as contas públicas estão arrasadas e o setor não financeiro – público e privado – enfrenta os efeitos do endividamento acumulado nos últimos anos. Com a contração dos negócios e o aperto do crédito, a situação financeira das empresas, principalmente das grandes, ficou muito complicada.
Segundo o FMI, as firmas “fracas”, isto é, com dificuldade para cobrir os juros, devem cerca de US$ 51 bilhões, aproximadamente 11% de todo o débito corporativo. Num cenário adverso, a dívida em risco poderá subir para US$ 88 bilhões. A recomendação é aproveitar as condições internacionais por enquanto favoráveis.
Em países com menor aperto fiscal os governos poderão socorrer as firmas endividadas. O caso do Brasil é muito diferente. A dívida bruta do setor público bateu em 73% do Produto Interno Bruto (PIB), 30 pontos acima da média de outros emergentes.
Se o governo conseguir arrumar as próprias contas nos próximos anos, já fará um serviço muito importante. Se mostrar forte compromisso com a pauta de ajustes e de reformas, empresários e investidores privados se animarão a intensificar os negócios e isso facilitará a recuperação geral da economia.
Pelas projeções do FMI, o saldo primário das contas públicas – sem os juros, portanto – continuará deficitário até 2019. Para 2020 está estimado um saldo positivo equivalente a 0,3% do PIB. O resultado deverá chegar a 0,7% no ano seguinte. Mas isso ainda será insuficiente para impedir a deterioração geral das contas. O saldo nominal – com o custo dos juros – continuará no vermelho, com valores negativos de 7% em 2020 e 6,4% em 2021.
Como o dinheiro, até lá, será insuficiente para o pagamento integral dos juros, a dívida bruta chegará a 90,8% do PIB em 2020 e a 93,6% no ano seguinte. Em 2021, a dívida pública dos emergentes e dos países de renda média corresponderá a 52,6% do PIB, de acordo com o FMI. Para a América Latina, a média projetada é 63,6%. Também a deterioração da situação financeira do setor público brasileiro expressa nesses números é parte da herança deixada pelo PT.
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