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segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Boatos, desinformações, e alusões envolvendo minha pessoinha - Paulo Roberto de Almeida

Notícia desta data no Valor Econômico, com destaque para o final. Volto, também ao final para reproduzir o que já escrevi, desmentindo, portanto, por uma quarta vez, o que andam dizendo por aí...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 24 de setembro de 2018


Por Daniel Rittner | De Brasília, 

Bolsonaro e filhos em Taiwan: aparente desconhecimento sobre temas-chave das relações internacionais preocupa

Indesejado pela União Europeia, admirado por Israel, visto com cautela pela China. Nos últimos meses, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) tem despertado impressões difusas na comunidade de diplomatas estrangeiros em Brasília, que ainda tenta decifrá-lo em relatórios confidenciais encaminhados para seus países.

Em um meio regido por protocolos e códigos de etiqueta, algumas cenas causaram surpresa, como a das cozinheiras e dos garçons na Embaixada da Espanha, que largaram suas atividades para fazer um pedido ao fim do almoço de embaixadores europeus com Bolsonaro. O espanhol Fernando Villalonga, anfitrião do encontro, jamais havia presenciado algo semelhante: funcionários não deixaram o capitão da reserva ir embora sem antes tirarem um punhado de "selfies" com ele.

O mesmo frisson foi visto na chegada de Bolsonaro à comemoração dos 70 anos do Estado de Israel, quando integrantes da Polícia do Exército fizeram rodinhas em torno dele e sacaram seus celulares para um registro.

A falta de um assessor específico para política externa e o aparente desconhecimento de Bolsonaro sobre temas-chave das relações internacionais dificultam a vida dos representantes diplomáticos. Para levá-lo à embaixada, Villalonga precisou recorrer a antigos contatos dos espanhóis nas Forças Armadas. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), um de seus principais articuladores na campanha, costuma acompanhá-lo nas reuniões. Uma crítica frequente entre os estrangeiros, no entanto, é que a linha de ação externa não ficou clara até agora.

O israelense Yossi Shelley tornou-se um dos embaixadores mais próximos de Bolsonaro, que já prometeu mudar a representação brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, mesma medida tomada recentemente pelo americano Donald Trump. Ele disse que, caso eleito, fará a Israel sua primeira viagem ao exterior. O candidato do PSL também pretende expulsar do país a embaixada da Palestina, vizinha ao Palácio do Planalto e inaugurada em 2016, após seu reconhecimento como um Estado independente pelo Brasil.

Na UE, não existe consenso em torno do tratamento a Bolsonaro. Enquanto alguns países buscaram uma aproximação para ouvi-lo melhor, como Itália e Reino Unido, outros optaram pelo distanciamento. A Alemanha preferiu ignorá-lo em convites para encontro com os presidenciáveis em sua embaixada. Fontes em Bruxelas acreditam que uma vitória do ex-capitão faria a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, suspender sua visita prevista para o Brasil em 2019.

Reservadamente, um alto funcionário da Comissão Europeia diz que não há preferências políticas para a sucessão presidencial, mas que um governo Bolsonaro poderia representar o fim de uma parceria calcada em "valores compartilhados" e "defesa conjunta do multilateralismo". O deputado já manifestou sua intenção, por exemplo, de retirar o Brasil do Acordo de Paris contra as mudanças climáticas e do conselho de direitos humanos da ONU.

Essa mesma fonte, que exerce um papel de destaque no diálogo entre UE e Brasil, faz a seguinte comparação: "Ninguém gosta do governo Trump em Bruxelas, mas a densidade das relações transatlânticas impede que haja maior deterioração. Não estou seguro de que as nossas relações têm semelhante grau de maturidade".
Um tom parecido de dúvida sobre o futuro do relacionamento bilateral se vê entre diplomatas chineses. Logo após visita de Bolsonaro a Taiwan em março, acompanhado por seus três filhos e Lorenzoni, os representantes de Pequim enviaram carta à Câmara dos Deputados para lembrar que isso representava "violação do Princípio de Uma Só China" - um dos pilares na política externa do gigante asiático.

O embaixador Li Jinzhang manifestou a colegas em Brasília especial preocupação com discurso recorrente de Bolsonaro de que "a China está comprando o Brasil", referindo-se sobretudo a investimentos no setor elétrico e no interesse pela aquisição de terras agricultáveis. Nos bastidores, disse temer que o nível de hostilidade tenha reflexos efetivos na presença chinesa no país.

O clima de apreensão e desconfiança se espalha na ausência de um interlocutor da campanha com as embaixadas - função desempenhada por Celso Amorim no PT e por Rubens Barbosa no PSDB. A incerteza alimenta especulações em torno de quem poderia assumir o Itamaraty em uma eventual gestão Bolsonaro.

Além do "príncipe" Luiz Philippe de Orléans e Bragança, que foi cotado para vice na chapa e acabou perdendo lugar para o general Hamilton Mourão, outros nomes no Ministério das Relações Exteriores foram ventilados porque Bolsonaro disse ter preferência por alguém da casa.

Nos últimos dias, o diplomata Paulo Roberto de Almeida se viu obrigado a desmentir três vezes, em seu blog, que ganharia cargo de relevo em um governo do ex-capitão. Ex-ministro-conselheiro em Washington e atual chefe do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri), ele declarou voto em João Amoêdo (Novo) e postou a seguinte mensagem: "Pela terceira vez em menos de dois meses, sou surpreendido com boatos, circulado entre amigos e colegas, de que eu teria sido escolhido como chanceler do candidato Bolsonaro. Não sou eleitor de Bolsonaro, nem vou integrar seu governo".

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Não foram exatamente nos últimos dias, mas eis o que escrevi nesta data (24/09/2018): 

Como continuam a ser disseminadas informações ou boatos desencontrados sobre minhas posições a respeito do presente (2018) processo eleitoral presidencial, eu poderia, neste momento, agregar uma firme declaração de princípios sobre o que eu considero aceitável e não aceitável nesse terreno pantanoso das opções políticas e preferências eleitorais.
Sou terminantemente contrário a quaisquer movimentos antidemocráticos, autoritários, totalitários, populistas, demagógicos, salvacionistas, excludentes, intolerantes, fascistas, comunistas, maoistas, cubanistas, stalinistas, militaristas e outros "istas" e "ismos".
Por isso mesmo, consideraria uma terrível tragédia política para o Brasil a vitória de qualquer um dos polos que se apresentam atualmente no processo eleitoral que vai desembocar em outubro próximo. Recuso, em primeiro lugar, a volta dos companheiros ao poder, pois conheço a natureza da organização criminosa que está por trás do candidato dito "poste", pela imprensa, assim apelidado por ter se prestado ao indigno papel de representante de um chefão mafioso, justamente condenado e encarcerado por crimes comuns (corrupção passiva e lavagem de dinheiro). Espero a condenação do dito cujo por muitos outros crimes mais, a pelo menos 300 anos de cadeia firme. Creio ser patética a postura do poste, ao servir a tão indigno projeto.
Recuso, em segundo lugar, a postura de um candidato despreparado, defensor da ditadura militar, admirador de um torturador, e defensor de medidas extra-legais para a resolução de determinados problemas sociais. Acredito que seria um convite a uma crise política permanente e a uma formidável confusão nas políticas econômicas e setoriais, pelo comportamento intempestivo e autoritário do candidato em questão, podendo nos precipitar em nova agonia política por mais alguns anos.
Considero a vitória de qualquer um dos dois nefasta para a democracia no Brasil, e por isso declaro desde já minha abstenção preventiva, caso estas sejam as opções.
Dito isto, considerarei legítima a eleição, por se tratar da escolha livre dos cidadãos eleitores, ainda que eu possa declarar minha desconformidade, por s
er fruto da ignorância, da inconsciência, dos instintos mais baixos em matéria política.

A postagem total figura neste link: 

Princípios, valores e causas: manifesto renovado - Paulo Roberto de Almeida (2006 e 2018)

https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/principios-valores-e-causas-manifesto.html

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