O estado da nação
Paulo Roberto de Almeida
O Brasil aparece, no mais recente relatório anual do Fraser Institute, Economic Freedom of the World 2018 (dados de 2016), no último quartil de 162 países, os menos livres, num vergonhoso 144. lugar, menos livre economicamente do que a China comunista e supostamente estatizante (classificação 108).
Nosso retrocesso do terceiro quartil se deveu inteiramente às políticas econômicas do lulopetismo exacerbado. Um retrato mais completo, com todas as variáveis incluídas pode ser vista no relatório, cujo link eu postei em meu blog: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/economic-freedom-of-world-2018-report.html?spref=fb&m=1
Minha diferença com a direita rústica do anti-lulopetismo econômico (à parte o fato óbvio que eu não sou de direita, e sim um liberal pragmático e racionalista), se situa no fato de que eu em nenhum momento acredito que os lulopetistas pretendam transformar o Brasil em país socialista, levar-nos ao comunismo, implantar uma ditadura de esquerda ou outras bobagens do gênero.
Os lulopetistas não pretendem, de nenhuma forma, acabar com o capitalismo no Brasil. Ao contrário: eles pretendem fortalecê-lo ao máximo, com grandes empresas internacionais brasileiras, tecnologia própria, essas coisas. Mas eles pretendem a existência de um capitalismo especial: em estreita simbiose com o Estado, tutelado, guiado e controlado pelo Estado, que eles pretendem obviamente controlar estando em seu poder, legalmente eleitos pelo voto popular para formar governos perfeitamente aparelhados por eles. Pessoalmente, os lulopetistas pretendem enriquecer por todas as formas e vias possíveis, fazendo do partido o mecanismo básico para isso, saqueando empresas e agências estatais, extorquindo capitalistas privados, em colusão com os banqueiros, reforçando os sindicatos e as corporações de Estado, controlando “movimentos sociais” como correias de transmissão do partido, etc. Nada que já não tenhamos observado em outras experiências socialistas no decorrer do século XX, com as variantes e diferenças que se impõem no nosso contexto.
Trata-se de um stalinismo soft — por enquanto baseado em carisma construído—, combinado a maciças doses de propaganda mentirosa e de gramscismo empírico (ou seja, dispensando qualquer teoria ou mesmo estudo das tábuas sagradas da doutrina), o que é tremendamente facilitado pela indigência sub-intelectual de formadores de opinião no jornalismo e na academia (dois poderosos focos de transmissão e alimentação de true believers na causa em todos os estratos da sociedade).
A estratégia tem sido eficaz e exitosa, o que deve levar o Brasil a atravessar mais alguns anos de mediocridade econômica e de indigência cultural, até que uma crise mais séria force uma mudança de maioria política. Mas atenção: não haverá, antes de muito tempo, qualquer mudança de mentalidade, pois isso é muito mais difícil de ocorrer.
Em resumo: sinto ter de profetizar uma longa decadência ao Brasil, tanto mais constrangedora que o lulopetismo atualmente dominante é do tipo gangsterista, o que me faz acreditar que o país continuará dominado, nos próximos anos, pela mesma organização criminosa que já esteve no poder entre 2003 e 2016.
Estou sendo muito pessimista?
Não creio...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 29 de setembro de 2018
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