Diario do Poder, 5/02/2019
Correu o mundo como um buscapé flamejante a notícia de que um dos filhos do Presidente da República, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, aderiu ao Movimento, grupo político liderado por Steve Bannon, ex-assessor do presidente Donald Trump, sediado em Bruxelas.
A notícia sucinta que nos chegou – devemos aguardar maiores detalhes- é a de que não apenas o parlamentar passou formalmente a fazer parte da entidade de inclinação direitista, como será seu representante para a América Latina. Há outra versão de que essa representação seria apenas para a América do Sul.
Se assim o for, o jovem Eduardo (34 anos) – que foi o deputado federal (PSL-SP) eleito com maior número de votos em toda a História do Brasil- parece mesmo disposto a deixar marca não somente no âmbito da política interna, mas principalmente no da política externa brasileira, área em que trafega com grande desenvoltura.
Ele já demonstrou que tem gosto para a coisa em um e outro ramo da políticas, como observa a revista de negócios Exame, em sua edição corrente “ (Eduardo) pontifica sobre as diretrizes do governo, faz contatos internacionais em nome do pai, à margem do Itamaraty”, além de ter sido o único parlamentar a acompanhar o Presidente a Davos.
Tudo sugere que o parlamentar está movendo novas pedras para consolidar um espaço de influência nos assuntos externos do Brasil – mas com espectro ideológico diametralmente oposto – similar ao que Marco Aurélio Garcia ocupou nos governos Lula e Dilma. Troca-se o vento de bombordo pelo de estibordo.
Mas não ponhamos o carro antes dos bois. Devemos esperar a ver se de fato vai se consolidar uma nova influência de peso, exógena ao Itamaraty na formulação e execução de nossa política externa.
Bannon – estrategista da campanha de Trump em 2016 – está exultante, e neste final de semana declarou à imprensa espanhola (diário ABC), que “Jair Bolsonaro e sua família têm todo o meu apoio pelo que estão fazendo pelo Brasil”.
Segundo Bannon, partiu da família a proposta de fazer a avançar as bandeiras da entidade na América Latina, como caminho para corrigir as políticas de esquerda e o marxismo cultural, o que ele considera “um avanço enorme na política latino-americana e mundial”.
Para Bannon, governos de esquerda levaram a Argentina, e o Brasil à beira do colapso, enquanto a situação caótica na Venezuela “é uma lição do que ocorre quando a esquerda e o marxismo cultural se combinam com políticas econômicas socialistas”.
Mas se está com um olho na Venezuela, Bannon está com o outro nas próximas eleições (maio) no Parlamento Europeu, que ele considera as mais importantes da política contemporânea, na medida em que aponta para a possibilidade de o nacionalismo populista tomar um impulso decisivo.
Enquanto isso, em nosso Planalto Central, aguardemos os desdobramentos dessas notícias que nos chegam de fora,
Pedro Luiz Rodrigues é diplomata e jornalista. É secretário de Relações Internacionais do Governo do Distrito Federal. O artigo reflete sua opinião pessoal.
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