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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Francis Fukuyama's The End of History? 30 years later - Paulo Roberto de Almeida

Hoje, no curso de uma defesa de dissertação, o nome de Fukuyama e sua famosa tese sobre o Fim da História vieram à baila, o que me lembrou de um artigo que escrevi 20 depois de sua publicação original. Agora já são 30 anos, e eu talvez considere retomar o tema, para uma nova leitura e uma nova avaliação de como se apresenta o mundo com uma Rússia ressurgente e uma China decididamente assumida a desempenhar um papel mais assertivo não só em sua região mas no mundo.
Enquanto isso, aquela coisa que responde pelo título de presidente americano, manda parar o ônibus da globalização, retira os EUA dentro da geringonça caótica, e deixa o campo livre para chineses, russos, gregos e goianos se divertirem como crianças no salão. Mas o adulto não é exatamente aquele, e sim talvez os europeus. Pena que eles tenham tão pouco poder, mesmo tendo construído uma catedral gótica em Bruxelas, atualmente com problemas de manutenção e adesão (Brexit, populismos de direita, contestações nacionalistas, etc.).
Em todo caso, eis o que eu escrevi vinte anos atrás em torno do trabalho de Fukuyama:

O “Fim da História”, de Fukuyama, vinte anos depois: o que ficou?, por Paulo Roberto de Almeida

1. O que restou, vinte anos depois, da tese controversa de Fukuyama?
No verão de 1989, a revista americana National Interest publicava um ensaio teórico – mais exatamente de filosofia da História – do intelectual nipo-americano Francis Fukuyama sobre os sinais – até então simplesmente anunciadores – do fim da Guerra Fria, cujo título estava destinado a deslanchar um debate ainda hoje controverso: “The End of History?”.[1] Vinte anos depois, em vista das muitas críticas feitas naquela conjuntura – e ainda hoje –  às principais teses do autor, vale a pena retomar seus principais argumentos e verificar se eles ainda conservam alguma validade para nossos tempos, que poderiam ser considerados como de pós-Guerra Fria, mas que alguns interpretam, ou consideram efetivamente, como de volta à Guerra Fria, ainda que sob novas modalidades (com uma Rússia singularmente diminuída e uma China hesitante em se posicionar como contendor estratégico dos Estados Unidos).
Antes, contudo, de ingressar numa descrição linear desses argumentos, qualquer que seja sua validade relativa ou absoluta para o tema que nos interessa – qual seja, o da natureza das opções abertas aos países em termos de reforma e desenvolvimento paralelos do sistema econômico e do  regime político, que Fukuyama identificava com a redução dessas opções à democracia de mercado – cabe chamar a atenção para uma peculiaridade geralmente descurada no debate anterior (e talvez atual) sobre a validade das teses de Fukuyama, sobretudo por aqueles que recusavam, in limine, a essência mesma do argumento do autor. Esta peculiaridade tem a ver, basicamente, com um simples sinal diacrítico: o ponto de interrogação ao final do título, geralmente ignorado pelos críticos das teses de Fukuyama, e provavelmente também por aqueles que apóiam, em grande medida, o sentido dos seus argumentos. Ou seja, Fukuyama não fazia uma afirmação peremptória, mas levantava uma hipótese, a do final presumido da história, numa análise de corte essencialmente conceitual, ainda que fortemente embasada nos fatos históricos, e nunca pretendeu formular uma sentença de caráter terminativo, indicando um “congelamento” das formas possíveis de organização social, econômica e política. O interrogante básico de seu argumento tem a ver com a possibilidade de alternativas credíveis às democracias liberais de mercado, ponto.
O ponto de interrogação, por si só, tem o poder de desmantelar boa parte das críticas superficiais, embora ele não elimine uma discussão responsável sobre a essência de sua tese, que caberia discutir, após o resumo inicial de seus argumentos. A tese – vale a pena resumir desde o início – tem a ver com o caráter incontornável da democracia de mercado como sendo uma espécie de ‘horizonte insuperável de nossa época’, como poderia argumentar – mas a propósito do marxismo – Jean Paul Sartre, um dos estudantes, junto com Raymond Aron, da tese original de Hegel, através de Alexandre Kojève.
2. O que Fukuyama de fato escreveu?
(...)
Para ler este longo ensaio, veja este link: 
(Confirmo que vai ser longo...)

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