Acabo de terminar a revisão deste meu livro: agora é esperar a diagramação e confecção de capa, para o lançamento.
ALMEIDA, Paulo Roberto.
Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty –
Brasília: Edição do Autor, 2019.
100 p.
1. Política externa brasileira. 2. Relações
internacionais. 3. Ideologias. 4. Itamaraty. 5. Diplomacia. 6. Paulo Roberto de
Almeida.
Aguardem...
Sumário
Prefácio: onde está a política externa do Brasil? 11
1. Miséria da diplomacia, ou sistema de contradições filosóficas 17
1. No reino das contradições filosóficas 17
2. Quanto à forma de designação do
chanceler 19
3. Quanto à natureza do personagem
designado 21
4. Quanto à substância de alguns temas da
agenda diplomática 23
2. O Ocidente e seus salvadores:
um debate de ideias 27
1. A
decadência e o Ocidente: algum perigo iminente? 27
2. Quais são as “teses” principais de
“Trump e o Ocidente”? 30
3. O grande medo do Ocidente cristão:
realidade ou paranoia? 32
4. Contradições insanáveis no projeto de
salvamento do Ocidente cristão 34
3. O
marxismo cultural: um útil espantalho? 37
1. O
renascimento de uma tendência: a parábola do marxismo cultural 37
2. A trajetória do socialismo: o elefante
que voou, via opressão dos trabalhadores 39
3. O genérico substituto do gramscismo: em
socorro do socialismo 41
4. O marxismo cultural salvo do declínio
pela paranoia da direita? 44
4. A destruição da inteligência no Itamaraty: dialética
da obscuridade 47
1. No
começo era o verbo, depois fizeram-se as trevas... 47
2. Nas origens
da metapolítica: o romantismo alemão que derivou para o nazismo 49
3. Tribulações de um
antiglobalista improvisado: supostas “ameaças” ao Brasil 51
4. Dialética
da obscuridade: a diplomacia do antiglobalismo 60
5. O
globalismo e seus descontentes: notas de um contrarianista 63
1. Fixando os termos do debate: a
contracorrente do pensamento único 63
2. Nota pessoal do ponto de vista de quem
pratica ativamente o ceticismo sadio 64
3. Globalização real e globalismo surreal:
da física à metafísica 66
4. Do lado da direita: todo globalismo será
castigado, mesmo sem doutrina 69
5. Teorias conspiratórias sobre o
globalismo: déjà vu, all over again 71
6. A contrafação dos neo-Illuminati no
Brasil: globalismo, climatismo, marxismo 73
6. A revolução cultural na
diplomacia brasileira: um exercício demolidor 77
1. Euforia e tragédia das revoluções
culturais 77
2. O pequeno salto para trás do chanceler 79
3. A revolução cultural na prática 82
Apêndices:
Por que sou
um contrarianista? 87
Breve
nota biográfica: Paulo Roberto de Almeida 92
Livros e
trabalhos de Paulo Roberto de Almeida 94
Prefácio: onde está a política
externa do Brasil?
Este
meu livro pode ser lido na sequência de dois outros anteriores sobre o mesmo
tema: a diplomacia brasileira (tenho alguns outros, no meio, não exatamente
neste mesmo campo): Nunca Antes na Diplomacia…: a política externa
brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Appris, 2014; e-book:
2016) e Contra a corrente: Ensaios
contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil, 2014-2018
(Curitiba: Appris, 2019). Com uma peculiaridade, porém: como esse último, este
tampouco teria vindo à luz, se não fosse pelo fato singelo, mas que pode
ocorrer em carreiras hierarquizadas e disciplinadas como a diplomática, de eu
ter sido exonerado, no Carnaval deste ano, do cargo que ocupei no Itamaraty,
entre 3 de agosto de 2016 e 4 de março último, como diretor do Instituto de
Pesquisas de Relações Internacionais (IPRI) do Itamaraty.
Como
revelado no pequeno texto em apêndice, “Por que sou um contrarianista?”, tenho
essa característica de manter uma atitude que eu chamo de “ceticismo sadio”
desde a minha já longínqua adolescência, quando comecei a contestar aquilo que
Gustave Flaubert, no Dictionnaire
des Idées Reçues, chamava de verdades de senso comum. Sempre fui um
contestador das verdades aparentes, até conseguir comprová-las por meio de um
estudo mais inquisitivo, de evidências empíricas, de uma pesquisa sobre os seus
fundamentos, raízes e derivações. Daí, também, essa outra característica que
sempre mantive, desde essa época: o ato de anotar todas as leituras de estudo,
de encher cadernos e mais cadernos de notas com resenhas, resumos de palestras,
projetos de trabalho e tudo o mais que se apresentasse de intelectualmente
interessante ou apetitoso.
Ainda
conservo a maior parte desses cadernos – alguns perdidos em viagens, ou
esquecidos em livrarias –, nos últimos anos, ou décadas, substituídos por
registros eletrônicos em meu computador, que, no entanto, não substituem os
dois Moleskines de bolso que sempre carrego comigo, um médio, para o paletó,
outro menor, no bolso da camisa. Praticamente todos os meus livros brotaram dessas
notas meticulosamente rabiscadas nesses cadernos ou cadernetas, inclusive a
tese de doutoramento, que exigiu vários cadernos – cada um para cada assunto –
e muitos outros livros espalhados pela mesa e pelo chão.
Mas,
justamente pelo fato de ser um contrarianista, eu posso expressar certas opiniões
e argumentos que se chocam com certas verdades de senso comum, ou opiniões de
superiores hierárquicos. Pois foi justamente o que ocorreu recentemente, e que
motivou a publicação destes dois livros mais recentes. Estava eu tranquilamente
trabalhando no IPRI – uma espécie de think
tank da diplomacia brasileira, mas com pouco think e nenhum tank –,
quando fui surpreendido pela minha exoneração, decidida em pleno Carnaval pelo
chanceler do governo Bolsonaro pelo simples motivo que eu resolvi ser contrarianista
em relação às ideias de senso comum, mas absolutamente bizarras, que ele vinha
expressando desde antes de ser designado – por obra e graça de um guru da
Virgínia – para o cargo máximo da diplomacia brasileira.
Eu
já esperava ser substituído naquele cargo, por notória incompatibilidade com a
política externa que se anunciava desde meados de 2018, mas não esperava que
tal ato se efetivasse de maneira tão rápida e tão abrupta. O fato é que essa
exoneração me aliviou enormemente: eu me sentiria muito desconfortável em
servir uma administração que, tanto quanto a diplomacia do lulopetismo, eu já
julgava, antes mesmo do seu início, que seria nefasta do ponto de vista dos
bons padrões sempre preservados pelo corpo profissional do Itamaraty. Esse selo
de qualidade vem sendo atualmente conspurcado pela intromissão de amadores ou
lunáticos, que trouxeram temas e posturas absolutamente desprovidos de sentido
para a política externa, como o surrealismo do antiglobalismo, a novidade do
anticlimatismo, um estranho anticomercialismo, a luta contra a ideologia de
gênero e várias outras bobagens.
Já
paralisado desde o início do governo por uma ordem tão estúpida quanto
obscurantista – a de não empreender nenhuma atividade no IPRI, até que as
“altas chefias” decidissem o que eu poderia ou não fazer, como se eu fosse
apenas um executor de ordens superiores –, tive algum tempo, nas semanas
anteriores ao Carnaval, para reunir alguns textos que repousavam em meu
computador desde a publicação daquele primeiro, o Nunca antes na diplomacia, publicado em 2014. Os escritos cobriam os
dois anos finais do lulopetismo diplomático e os dois seguintes, do governo de
transição, uma transição para algo que ainda não sabíamos, exatamente, como
seria. Os textos estavam todos reunidos, mas eu não sabia, com precisão, se
iria publicar em seguida, tanto que a compilação sequer tinha título.
Pois,
foi surpreendido pela exoneração intempestiva, que resolvi achar um título e
publicar rapidamente esse livro, que de toda forma se estendia unicamente até o
final de 2018, sem sequer tocar na nova administração, que eu já imaginava
tempestuosa. O título definido, de forma algo provocadora, foi esse: Contra a Corrente: ensaios contrarianistas...,
o que reflete exatamente meu ceticismo sadio e meu espírito levemente
provocador em relação às verdades estabelecidas.
O
presente livro sequer deveria existir, pois eu normalmente preparo muitas notas,
faço reflexões, formulo um primeiro esquema e só depois me decido a empreender
uma nova obra. Esta aqui traz, portanto, as marcas da rapidez, mas não do
improviso. Desde meados de 2018, ao ler absolutamente de tudo – como digo
sempre, da extrema esquerda à extrema direita, com muita bobagem pelo caminho
–, eu já estava tomando notas sobre alguns dos absurdos que vão aqui
comentados, mas não pretendia publicar nada de muito crítico antes de
considerar que era chegada a hora, talvez no meio do mandato, salvo acidente de
percurso. Os absurdos, primeiro os conceituais, depois os práticos, foram se
acumulando, mas eu procurei guardar as peças analíticas para o futuro,
contentando-me em reportar matérias de imprensa e trabalhos de terceiros.
Alguma provocação pode ter ocorrido, quando eu reagi a bobagens desmesuradas do
sofista da Virgínia – o patrono, repito, do chanceler designado – e me referi
também a “fundamentalistas trumpistas” (o que estava dirigida ao assessor da Presidência
em temas internacionais, mas o chanceler tomou a carapuça para si). O simples
fato de ter reproduzido em meu blog, na madrugada do domingo de Carnaval, 3 de
março, uma conferência do embaixador Rubens Ricupero especialmente crítica em
relação à política externa, mais um artigo do ex-chanceler, ex-ministro da
Fazenda e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, seguidos de uma resposta do
próprio chanceler, tecendo ásperas críticas a ambos, trouxe a
fúria do Olimpo: zás, no Carnaval...
Depois
que fiquei livre das arbitrariedades dos novos mandarins – como a de proibir-me
de trabalhar, e a de pretender censurar ex-post
materiais do governo passado, o que eles deliberadamente fizeram – decidi
reunir minhas observações eletrônicas e de cadernos e publicar este livro, que
adota um outro título provocativo, mas que remete à minha herança de marxista
cultural, quando na juventude eu lia toda a literatura hoje condenada pelos
novos donos do pensamento único. Marx, em seu primeiro exílio, em Paris, escreveu
uma réplica ao livro de Proudhon, Philosophie
de la Misère, a quem ele chamou de “socialista utópico”.
Este
meu Miséria da Diplomacia se dirige
ao diplomata utópico que ocupa hoje a cadeira de Rio Branco – um realista
objetivo –, mas não só a ele: considero que o chanceler se situa no terceiro
escalão da cadeia alimentar da diplomacia brasileira, uma vez que ele ali se
encontra apenas por ser um fiel servidor de certas “teses” – se este termo
nobre se aplica – disseminadas naquele espectro difuso que já se convencionou
chamar de olavo-bolsonarismo. Essa alcunha, sem qualquer respaldo em qualquer
escola “filosófica”, cobre um amálgama insosso de posturas dúbias e opções francamente
risíveis, tendo em conta não apenas os padrões tradicionais com que sempre
trabalhou a diplomacia profissional, mas os interesses nacionais tão
simplesmente.
Venho
agora ao título deste prefácio: onde está a política externa do Brasil?
Confesso que não sei. Nas horas e dias seguintes à minha exoneração do cargo de
diretor do IPRI, vários jornalistas quiseram saber os motivos da demissão e a
minha opinião sobre a política externa do Itamaraty. Tive de perguntar a eles: vocês
conhecem alguma? Digam-me qual é, para que eu possa avaliar. Passados três
meses, desde então, já existem algumas luzes, onde antes só havia frases em
latim, grego e alemão, nenhuma muito esclarecedora sobre a política externa
enquanto tal. Essas poucas luzes resultam apenas da necessidade de fazer ou
falar algumas coisas, em função da agenda externa, não que tenhamos tido uma
exposição clara, abrangente, sobre quais são, ou deveriam ser, as prioridades
da política externa – além de lutar contra o marxismo cultural e a ideologia de
gênero – em relação aos grandes itens da agenda internacional, dos compromissos
regionais ou das oportunidades bilaterais.
O
fato é que nunca, repito, nunca, nos
foi oferecida uma apresentação abrangente, sistemática, completa, de qual seria
a estratégia internacional do Brasil, quais as prioridades regionais e
multilaterais, como pretendemos organizar a abertura econômica e a
liberalização comercial, o que fazer com o Mercosul, como resolver os desafios
da inserção global do país nos grandes circuitos da economia mundial, as
relações com os vizinhos e todo o resto. Recapitulando: o discurso de
inauguração do presidente apresentou poucas diretivas, apenas a da “política
externa sem ideologia” e um comércio exterior idem. Já o discurso de posse do
chanceler foi do grego ao latim, e até ao tupi-guarani, para dizer que tínhamos
sido muito subservientes com o marxismo cultural e que cabia “libertar o
Itamaraty” de todas as nefastas influências que subsistiam – descobrimos depois
– desde os tempos do Barão do Rio Branco. Entre Tarcísio Meira e Raul Seixas,
aprendemos que temos de nos desvencilhar da “ordem global”, e até fomos
confrontados a algo vergonhoso para nós, diplomatas: a notícia de que a
política externa “estava presa fora do Brasil”.
Aparentemente,
o chanceler acidental ainda não conseguiu desvencilhá-la dos inimigos externos
e trazê-la de volta ao país, pois ele continua insistindo no tal de marxismo
cultural, o que foi mais um motivo para este meu retorno a Marx. Mas o fato é
que, desde então, aguardamos uma manifestação mais concreta sobre qual seria
essa política externa até aqui desconhecida de meus colegas diplomatas e dos
brasileiros. O que tivemos, de modo altamente diáfano, foram eflúvios bizarros
contra o globalismo, sustentados naquelas teorias conspiratórias do guru da
Virgínia, que parece ter sido um grande eleitor do atual governo e que continua
dando as cartas em certas áreas. Todo o resto foram recuos e tergiversações.
Base militar americana no Brasil, como se anunciou no primeiro dia do governo?
De forma nenhuma, alertaram os militares! Mudança da embaixada em Israel para
Jerusalém? Alto lá, gritaram os agricultores e exportadores de carne halal para países islâmicos! Denúncia do
Acordo de Paris? Mas os ecologistas e os próprios empresários já disseram que
ele é até positivo para o Brasil e não implica em nenhuma renúncia de
soberania. E onde está a China “maoísta” que representaria, supostamente, uma
ameaça para nossa soberania? Essa China já não existe há mais de 40 anos: os
chineses só querem importar matérias primas, exportar manufaturados, assegurar
a sua segurança alimentar e energética, coisas que o Brasil pode fazer muito
bem (com mais investimentos... chineses). Alinhar-se a Trump para “salvar o
Ocidente”? Qual é o maluco que acredita numa coisa dessas?
O
tema mais relevante das relações regionais, a terrível crise na Venezuela,
recebeu num primeiro momento um tratamento pouco diplomático: primeiro a recusa
de qualquer diálogo com o governo ditatorial; depois a “instrução” dada a nossos
diplomatas em Caracas de que eles deveriam reportar-se unicamente a Guaidó, não
a Maduro, quando aquele não tem qualquer controle sobre os mais modestos
mecanismos administrativos do país; em seguida, a ruptura de quaisquer relações
militares com os bolivarianos, o que justamente irritou nossos militares e
levantou os alarmes ao seio do núcleo mais racional do atual governo. As
inconsistências nessa área foram tantas que logo instalou-se um “cordão
sanitário” em torno do chanceler para impedi-lo de fazer aquilo que está
expressamente proibido pela Constituição: imiscuir-se nos assuntos internos de
outros países, como planejado com a adesão ao plano americano de forçar a
introdução de ajuda humanitária em território venezuelano. Foi preciso que o
vice-presidente Mourão se tornasse o chefe da delegação brasileira na reunião
do Grupo de Lima de Bogotá para impedir mais algum gesto tresloucado do
chanceler: apoiar alguma aventura militar contra o nefando regime
chavista-madurista.
Volto
a perguntar: onde está a política externa do Brasil? Nos ridículos destemperos
olavistas contra o globalismo? Na luta contra o marxismo cultural? Numa aliança
com todos os regimes direitistas e xenófobos da Europa e com Trump? Na denúncia
do Pacto Global das Migrações, quando o Brasil justamente possui dez ou vinte
vezes mais emigrantes do que imigrantes e esse instrumento não afeta em nada
nossa soberania? Um desses tresloucados chegou até a dizer nos EUA que os
brasileiros apoiam a construção do muro que Trump continua insistindo em erigir
na fronteira com o México!
O
que pretende, exatamente, o chanceler? Ele começou subvertendo toda a
hierarquia do Itamaraty, colocando “coronéis” dando ordens a “generais”, ou
seja, ministros de segunda classe comandando embaixadores mais experientes, Depois
impôs uma reforma autoritária, feita secretamente no bunker do governo de
transição, inclusive por amadores externos, e alterou significativamente
estruturas mais racionais, ainda que extensas, da administração anterior. Os
EUA constituem agora um departamento exclusivo, mas a Europa encontra-se
relegada à vala comum da África e do Oriente Médio, já que ela seria um “vazio
cultural”, segundo um artigo surrealista publicado nos Cadernos de Política Exterior do IPRI, que eu dirigia até ser exonerado.
Mas, e como fica a recomendação de ler menos o New York Times? Certas pessoas não se pejam do ridículo...
Sobre
a minha exoneração, não há muito mais a ser dito. Permito-me apenas registrar
que o chanceler atual pretendeu negar-me a mesma liberdade de opinião que ele
teve, na gestão Aloysio Nunes, e que ainda tem, para alimentar seu blog com
vituperações direitistas, quando ele nada tinha feito nos 13 anos da hegemonia
companheira, durante os quais eu não tive nenhum cargo na Secretaria de Estado,
fazendo da biblioteca do Itamaraty o meu escritório de trabalho, Foi num
destempero que decidiu punir-me no direito de alimentar um blog com materiais
que, aliás, são veiculados nos próprios clippings de notícias da Casa. Fui exonerado
do IPRI, mas sigo sendo funcionário do Estado, agora humildemente lotado na
Divisão do Arquivo do Itamaraty.
Cabe
talvez um aviso aos que pretendem cercear-me a liberdade de opinar e de debater
ideias e posturas da diplomacia brasileira. A despeito de várias punições funcionais,
por publicar artigos que eu sempre entendi adequados à minha condição de
diplomata e de acadêmico, creio ter adquirido o direito de dissentir das verdades
reveladas. Depois do meu livro de 2014 – Nunca
Antes na Diplomacia – e do seguinte, poucos meses atrás – Contra a Corrente: ensaios contrarianistas...,
2014-2018 –, este Miséria da Diplomacia
pretende, como todos os outros, deixar registro de minhas reflexões sobre um
método, o da diplomacia, e sobre um conteúdo, o da política externa.
O
tempo que agora passarei na Divisão do Arquivo me permitirá consultar velhos
maços de documentos históricos, em vista de mais um livro sobre a fase
republicana da diplomacia econômica do Brasil, na primeira metade do século XX,
até Bretton Woods. Mas não deixarei de acumular também material sobre o tempo
presente, a história imediata, tantos são os desafios para, primeiro entender,
depois interpretar a diplomacia miserável que estão obrigando os diplomatas
profissionais a executar.
Esses
novos materiais ficam reservados para um próximo livro, que não sei quando virá.
Tudo depende das circunstâncias e do estado da nossa diplomacia...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4 de julho de 2019
Nota:
Todas as opiniões aqui expressas são da inteira
responsabilidade deste autor, não coincidindo necessariamente com as posições
do órgão público cujos quadros o autor integra nem de qualquer outro órgão do
governo brasileiro.
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Uma cegueira persistente – o sentimento de uma
superioridade ilusória – mantém a ideia de que todos os países de grande
extensão existentes em nosso planeta devem seguir um desenvolvimento que os
levará ao estado dos sistemas ocidentais atuais, teoricamente os melhores,
praticamente os mais atrativos; que todos os demais mundos estão apenas
impedidos temporariamente – por causa de governantes malvados ou por graves
desordens internas, ou por barbárie e incompreensão – de se lançar na via da
democracia ocidental, com partidos múltiplos, e de adotar o modo de vida
ocidental. E cada país é julgado segundo seu grau de avanço nessa via. Mas, na
verdade, esta concepção nasceu da incompreensão pelo Ocidente sobre a essência
dos demais mundos, que são abusivamente medidos segundo o padrão ocidental. O
cenário real do desenvolvimento em nosso planeta tem pouco a ver com isso.
Alexandre Soljenitsyn,
discurso na 327ª. formatura na Universidade de Harvard, junho de 1978.
Este
livro é dedicado a Carmen Lícia Palazzo, companheira exemplar de toda uma vida
e de todas as nossas jornadas, plenas de viagens, de aventuras e de muitas leituras,
com todo o meu amor...
Também
a Pedro Paulo e Maira, e aos nossos netos queridos, Gabriel, Rafael e Yasmin,
que encantam doravante nossas jornadas de felicidade, com a promessa de novas
aventuras, de viagens, de mais leituras, com todo o nosso amor.
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