Sobre intervenções DE militares na política, em contraposição a intervenções DAS FFAA:
Só reconheço três, e apenas três, intervenções das FFAA na política brasileira: em 1930, em 1945 e em 1968-69. Todas as demais, inclusive o golpe da República (1889) e o de 1964, foram intervenções DE militares, em conjugação com forças políticas civis, no quadro de graves crises de funcionamento da administração política “normal” do país. Tivemos muitas crises — 1920s, 1937, 1955, 1961 —, com envolvimentos variados de militares e restrições posteriores.
Alguns experimentos de militares eleitos — Hermes, Bolsonaro — se revelaram desastrosos, para a política e para as FFAA, por incompetência própria, mais que por deficiências da vida de caserna.
Estamos em meio a um desses desastres da vida política nacional, por incompetência manifesta do comandante supremo das FFAA, em face de um envolvimento limitado e muito confuso DE militares num governo que possui notórias interferências ideológicas bizarras em seu funcionamento.
Não vejo uma atitude consensual das FFAA, propensas a um determinado e decisivo engajamento no confuso e caótico cenário político atual. Não existe, aliás, um diagnóstico preciso quanto ao que fazer, em face de uma nítida deterioração da governança, por incompetência e ignorância, situação doravante exacerbada pelo ressurgimento de um polo político deliberadamente opositor e propenso a criar ainda mais confusão.
O que farão AS FFAA?
Provavelmente NADA.
E quanto a militares, considerados individualmente?
Eles também estão confusos e dubitativos quanto ao que pode ocorrer na governança e na situação do Brasil, tanto quanto os políticos responsáveis, que são em menor número do que os claramente ambiciosos pela próxima alternância no poder da nação.
O que os militares e as FFAA farão, na perspectiva de 2022?
Na minha opinião serão mais contemplativos do que foram no passado, quando eram mais participativos e até mais intervencionistas, pelo menos até 1968-69 (pelas FFAA) e até a CF-1988 (pelos militares).
Desde 2013 e até agora, foram espectadores engajados, mas bem mais num estilo “maçônico” do que de forma aberta.
A questão está em saber se são “maçônicos” enquanto FFAA, ou apenas individualmente como militares. Isso faz toda a diferença.
Mas, aposto que nem eles sabem...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 10/11/2019
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