Matéria da FSP (16/12/2019)
Encontro do clima fracassa com bloqueio do Brasil
A COP-25, conferência climática da ONU, terminou na madrugada de domingo (15) em Madri, sem alcançar seu principal objetivo: regulamentar o artigo 6 do Acordo de Paris, que trata sobre a criação de um mercado de carbono para incentivar ações de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. O Brasil foi o principal bloqueador do consenso. Embora o Itamaraty não tenha mudado os posicionamentos brasileiros, a mudança de tática de negociação imposta pelo comando do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, dificultou as negociações, segundo observadores e também diplomatas de delegações de países desenvolvidos. Chefe da delegação brasileira na COP, Salles usou as reuniões bilaterais com países desenvolvidos para pedir dinheiro ao Brasil, como contrapartida para desbloquear a negociação, conforme a Folha revelou na sexta-feira (13). Mensagens trocadas entre negociadores de diferentes países qualificaram a tática brasileira como uma ‘chantagem imatura’. O Brasil também se opôs, de forma inédita, à inclusão das conclusões científicas no texto final da conferência. O Brasil foi o único país a se opor à menção dos estudos, mas acabou cedendo ao final.
Notas da Veja (15/12/2019)
Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima:
Brasil foi à COP25 negociar mercado de carbono e saiu sem recursos, diz Carlos Rittl
“O Brasil chegou aqui dizendo que viria buscar financiamento inclusive para as ações da Amazônia, as ações que não existem, a gente não tem plano, política em curso para a região, para proteger a floresta, combater o desmatamento. Saiu sem nenhum recurso. Enquanto isso temos a Indonésia, saiu com 1 bilhão de dólares, Colômbia, mais de 300 milhões de dólares, a partir de modelos inspirados no nosso Fundo Amazônia, ou seja, que está gerando resultados. Enquanto a gente não usa recursos que estão disponíveis e não contrata novos projetos, outros países estão seguindo o modelo do Brasil", afirmou em entrevista à GloboNews.
Fabiana Alves, especialista em clima do Greenpeace Brasil:
"A delegação brasileira estava em Madri, o ministro Ricardo Salles ficou as duas semanas, mas mostrou pouco conhecimento sobre o tema."
Fernanda Viana de Carvalho, gerente de políticas de clima e energia, da WWF:
"O resultado da COP25 mostra uma lacuna entre os representantes do governo e a sociedade que eles deveriam representar. Uma parte dos países dos quais o Brasil é membro infelizmente trabalhou para minar o escopo e o poder dos textos que estão sendo negociados. Isso em um ano em que jovens e outras pessoas tomaram as ruas ao redor do mundo pedindo mais ação climática, quando o IPCC divulgou novos e alarmantes relatórios sobre o futuro, se não agirmos de modo rápido e ambicioso."
Um comentário:
Fez muito bem, o Ministro.
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