Privatizações: os discursos não correspondem aos fatos
Ricardo Bergamini
A principal bandeira dos discursos para derrubada do governo de Dilma foram as privatizações das estatais federais, assim sendo vamos comparar os discursos com os fatos:
1 - No boletim número 1, relativo o ano de 2016, existiam 228 estatais federais. No boletim número 9, relativo ao ano de 2018, existiam 209, ou seja: no governo Temer, o Brasil ficou livre de 19 lixeiras. Nesse ritmo o Brasil levaria, no mínimo, mais 20,0 anos para se livrar de todo o entulho.
2 – O Bolsonaro pegou o governo com 209 estatais federais (boletim número 9), e em setembro de 2019 (boletim número 12) existiam 203 estatais federais, ou seja: nos 9 meses do governo, o Brasil ficou livre de 6 lixeiras. Nesse ritmo o Brasil levaria, no mínimo, mais 24,6 anos para se livrar de todo o entulho.
2020 começa com privatizações paradas
30/12/19 – ISTOÉ
Uma das principais bandeiras do governo Bolsonaro, o programa de privatizações, continua paralisado. Um ano depois da posse, a promessa de arrecadar R$ 1 trilhão com a venda de estatais, feita pelo ministro Paulo Guedes, virou pó. Banco do Brasil, CEF e Petrobras continuam intocadas. Esta última, apesar da venda das subsidiárias, ainda mantém sua autossuficiência. O governo nem se preocupou em rever o marco regulatório do Pré-Sal que garantiu à estatal o controle sobre a exploração da região e levou ao fracasso do megaleilão de campos do final do ano, espantando o capital estrangeiro. A Eletrobras, que já estava na agenda de privatizações do governo Temer, continua intocada e o governo não tem articulação no Congresso para levar adiante a venda. Pior: a quase totalidade do valor arrecadado foi utilizado para engordar as próprias estatais – não serviu para abater o déficit público nem para investimentos com infraestrutura ou para a área social.
Alguns dos maiores cabides de emprego e fontes de escândalos também continuam intactos: é o caso da Valec e da EBC. Esta última, aparelhada pelo PT com a desculpa de driblar as TVs não alinhadas, agora está sendo usada de forma despudorada pelo bolsonarismo como propaganda do governo. Para que esse quadro mude, é necessária a iniciativa do governo. O secretário de Desestatização Salim Mattar, apesar de favorável à transformação, não tem poder para mexer com as estatais e a burocracia. Dependeria do ministro Paulo Guedes e do presidente em um movimento articulado com o Congresso. Infelizmente, estes últimos não parecem dispostos a agir. A agenda mudou, apesar do discurso liberal.
Ricardo Bergamini
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