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segunda-feira, 1 de março de 2021

Scholar, na tradição chinesa, o mais respeitado dos mestres desde tempos imemoriais - História Cultural na Terra do Dragão (verbete em livro)

 O respeito que a civilização milenar chinesa tem pelos intelectuais, pelos professores em geral, é extraordinário, a começar pela criteriosa seleção de funcionários governamentais, os famosos mandarins. 

Como verificamos eu e Carmen Lícia Palazzo, no museu dos concursos imperiais que visitamos a Noroeste de Shanghai, esses concursos, bastante rigorosos – como podem ser os nossos concursos atuais para carreiras de Estado e funcionários públicos de forma geral –, foram mantidos regularmente, rigorosamente, obrigatoriamente durante séculos, durante mais de mil anos, de 800 ou 900 d.C, até 1905, quando foram abolidos, já numa fase de crise do Império Qing.

Seleciono de um livro de Carmen Lícia as duas páginas dedicados ao verbete Scholar, e ofereço ao final, uma tradução livre das informações principais.

Paulo Roberto de Almeida









Tradução livre (PRA): 
 

(...)

Scholars [estudiosos, sábios], também conhecidos como os literati e, talvez mais precisamente, como o estamento-scholar, desempenharam um papel fundamental na sociedade chinesa tradicional. Eles constituíam o núcleo da classe dominante tanto nas cidades como no campo, e existia uma larga fratura de status entre eles e o resto da população. A definição mais estrita de um cavalheiro-scholar era a de um detentor de um título, alguém que tinha passado por duros exames governamentais para se qualificar para o serviço civil imperial. Esse sistema de exames começou na dinastia Han (206 AC-220AD) como uma forma de recrutamento de homens de talento e virtude, habilitados a servir o imperador. Entretanto, se esperava do verdadeiro scholar ser proficiente em diversas áreas de conhecimento, acima e além dos exames – por exemplo, Su Shi (1037-1101), o famoso scholar da dinastia Song, era, entre outras coisas, um escritor, poeta, calígrafo, pintor, estadista e conhecedor de comidas e objetos de decoração.

A partir da dinastia Ming (1369-1644), três camadas sucessivas de exames foram introduzidas para selecionar os scholars. O menor nível era o do Exame Distrital, efetuado na cidade local do candidato. Um punhado desses que conseguiam passar eram então enviados para os Exames Provinciais, e se fossem bem sucedidos, poderiam se tornar Scholar Graduados (juren) e estavam estabelecidos de forma permanente. Alguns podiam ir mais longe, e passar pelo Exame Literário de alto nível (dianshi), feito em Beijing. Passando por este exame, garantiria um bom posto no governo central, na capital, ou nas províncias. Os exames testavam o conhecimento dos candidatos nos textos clássicos de Confúcio, os princípios morais e questões administrativas práticas, e para os jinshi, eles também tinham de escrever poesias. Este sistema de exames em três etapas durou por muitos séculos, até quase o final da dinastia Qing, em 1905.

Enquanto muitos scholars se tornaram funcionários ricos e poderosos, eles não eram obrigados a irem todos para o serviço do governo. Outros preferiam uma vida mais tranquila – com preferência para governos estrangeiros ou de forma independente – para se dirigirem apenas a objetivos nobres, como a pintura, a caligrafia e a poesia. 

 

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