Comemorar ou não 31/03/1964?
Os militares, que deram o golpe, sempre comemoraram, durante toda a extensão do regime militar e mesmo além, assim como continuaram “comemorando” 1935 durante décadas e décadas. Aliás, conectaram 1935 e 1964 num embate simplificado contra o “comunismo”.
Pararam bem depois, já sob o lulopetismo, com vários “derrotados” no poder. O assunto estava quase esquecido, quando uma Comissão Nacional da “Verdade” resolveu tratar do assunto essencialmente da ótica dos crimes militares, sem qualquer condenação das “provocações” da esquerda armada, que atiçou os “tigres”.
O Brasil ainda não superou essa divisão.
A esquerda não reconhece que havia uma crise político-militar no país em 1964, que exacerbou tensões em todas as esferas do pais, basicamente por incompetência do governo Goulart e desafios da esquerda à hierarquia militar, ao incitar suboficiais e soldados contra os superiores.
A direita não quer que 1964 seja visto como o golpe que foi, mas a “libertação do comunismo” (como se a esquerda tivesse condições de implantá-lo).
Esquerda e Direita teriam de superar esse passado de interpretações equivocadas sobre o que houve em 1964 e passar a olhar para o futuro.
Farão isso?
Altamente duvidoso que o façam: ambas teimam, insistem em repetir suas teses, suas versões de 1964.
Os militares ajudariam se parassem de celebrar um golpe: o que deveriam ter feito em 1964 teria sido garantir o funcionamento das instituições até as eleições de 1965. Não o fizeram então e não pediram desculpas depois. Parece que também são teimosos.
Ainda há tempo que o façam e pacifiquem de vez o país. Enquanto não o fizerem, o país continuará dividido.
Poderiam aproveitar a próxima oportunidade para encerrar a divisão do Brasil.
O atual presidente também ajudaria se não insistisse em alimentar a divisão. E os comandantes das três forças podem sentar-se para discutir a questão, fazendo um texto diferente do que sempre fizeram.
É preciso superar 1964!
Se precisarem de ajuda, posso colaborar oferecendo sugestões para um texto apropriado.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 18/03/2021
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