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domingo, 14 de março de 2021

Mini-reflexão sobre o embate entre adversários e apoiadores de medidas restritivas na luta contra a pandemia - Paulo Roberto de Almeida

 Mini-reflexão sobre o embate entre adversários e apoiadores de medidas restritivas na luta contra a pandemia 

Paulo Roberto de Almeida

Instalou-se no Brasil um “debate” insano entre, de um lado, os apoiadores das medidas restritivas adotadas pelos tomadores de decisões— governadores, prefeitos, chefes de governo em outros países que não o Brasil —, devidamente apoiados em recomendações de infectologistas, epidemiologistas e outros especialistas, assim como pela quase totalidade do pessoal médico e técnicos hospitalares, que não veem outras soluções de curto prazo para salvar vidas senão restringir as liberdades das pessoas e exigir o recurso a medidas preventivas e, do outro lado (no extremo oposto, eu diria) seus opositores, todos aqueles (não especialistas em sua quase totalidade e geralmente de ciências sociais ou leigos) que exigem o respeito à “liberdade” de não se submeterem a essas regras, chegando até a fazer campanha ativa contra as ações restritivas, tentando convencer que elas não só não funcionam, como também pioram a situação econômica de todos.

Só posso dizer que a virulência desse “debate” — em grande medida estimulada pelo insano presidente que nos desgoverna — me surpreende e me entristece.

As pessoas transformaram a CF-88 e o princípio genérico das “liberdades” em monstros metafísicos e acham que as “perdas colaterais” não têm nenhuma importância, desprezando todo o esforço que o pessoal médico e os especialistas fazem para salvar vidas, quantas sejam elas, uma única vida que seja. 

Vidas não têm para essas pessoas nenhuma importância, desde que elas estejam certas de que ninguém vai interferir em sua liberdade de circular como queiram ou em sua liberdade de culto. 

O desprezo pela vida pode assumir muitas formas. A do capitão genocida já sabemos como é e qual é: sua única obsessão é a sua reeleição, para se proteger dos crimes que lhe possam ser assacados, ou aos seus, mesmo se para isso tenha de acumular uma pilha de cadáveres (ele já confessou que o seu “negócio” é a morte).

Estamos descobrindo agora o culto a um contrato social de papel que está consagrado nesta Constituição (as anteriores não a tinham em sua forma absoluta e a próxima talvez não a tenha): palavras tidas por sagradas passam na frente do mais comezinho respeito à vida. 

Parabéns aos novos true believers: uma nova religião se instala no país, como se já não tivessemos tantas indústrias religiosas. Continuaremos contando os mortos, agora com a colaboração daqueles que dizem defender a vida em todas as suas formas.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 14/03/2021


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